Qual a natureza da língua? O que é a língua? Comecemos pelo princípio no princípio era o verbo
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- Terezinha Quintão
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1 European Union Comenius Multilateral project: Teacher Learning for European Literacy Education (TeL4ELE) Formação de professores para o desenvolvimento da literacia na Europa Ação de formação de professores Ler e escrever para aprender nas diferentes disciplinas: ensino de leitura e escrita de base genológica Comecemos pelo princípio no princípio era o verbo Isto é, comecemos com algumas interrogações fundamentais EXPOSIÇÃO 1 A variação funcional dos textos Carlos A. M. Gouveia Comecemos pelo princípio isto é, comecemos com algumas interrogações fundamentais Comecemos pelo princípio isto é, comecemos com algumas interrogações fundamentais O que é a língua? Qual a natureza da língua? Porque usamos nós a língua como usamos? Para que me serve a língua? O que é a língua? Qual a natureza da língua? Língua e uso As línguas (enquanto expressão da capacidade humana da linguagem) são estruturadas pelo uso. Foram usos linguísticos que deram forma aos sistemas linguísticos. A linguagem desenvolveu-se para satisfazer necessidades humanas, ou seja, a sua natureza está intimamente relacionada com os requisitos de uso que lhe colocamos. Língua Mais do que uma realidade cognitiva, como advogam as correntes teórico-descritivasdominantes nos estudos linguísticos, a língua é uma realidade social, concretizada na materialidade discursiva dos textos e da interação verbal. 1
2 Porque usamos nós a língua como usamos? Para que me serve a língua? Língua e O uso tem motivações situacionais e is. As necessidades is e a sua expressão em uso linguístico denotam uma visão, uma leitura da realidade. As línguas estão no centro de cosmovisões. Hipótese de Sapir-Whorf na sua versão fraca. Funções da linguagem Subjacentes a instanciações linguisticois particulares, há funções gerais comuns a todas as s, porque próprias da espécie e do modo como esta se desenvolveu: as funções da linguagem. O texto é a forma linguística de interação social. É Os significados são as seleções feitas pelo falante significado; o texto é a atualização desse potencial Halliday(1978: 122) O texto é a forma linguística de interação social. É Os significados sãoo as texto selecções é o objeto feitas da comunicação pelo falante e da interação social. É troca. Comunicamos por textos, não por significado; o texto é a actualização desse potencial palavras ou frases. Halliday (1978: 122) O texto é a forma linguística de interacção social. É Os significados são as selecções feitas pelo falante significado; o texto é a actualização desse potencial de Ênfase significado, na combinação o processo simultânea, de escolha semântica. no eixo paradigmático, e não apenas na sucessão, no eixo Halliday (1978: 122) sintagmático. O modelo é de base paradigmática. O significado resulta de escolhas no âmbito de um potencial, na relação O texto é a forma entre linguística o que foi de dito interacção e o que poderia social. É uma progressão ter contínua sido dito. de significados, em Os significados são as seleções feitas pelo falante significado; o texto é a actualização desse potencial Como compreendemos Halliday a língua (1978: em uso? 122) Olhando para o poderia ter dito, mas não disse, como uma concretização na 2
3 O texto é a forma linguística de interacção social. É Os significados são as selecções feitas pelo falante significado; o texto é a atualização desse potencial Como compreendemos Halliday(1978: a língua em122) uso? Olhando para o poderia ter dito, mas não disse, como uma concretização na Como compreendemos a língua em uso? Olhando para o poderia ter dito, mas não disse, como uma instanciação na As escolhas são situacionalmente motivadas, determinadas contextualmente, por fatores que têm a ver com: As escolhas são situacionalmente motivadas, determinadas contextualmente, por fatores que têm a ver com: 1. com quem falamos/para quem escrevemos 2. aquilo sobre o que falamos/ escrevemos 3. o meio, a forma como falamos/ escrevemos Como compreendemos a língua em uso? Olhando para o poderia ter dito, mas não disse, como uma instanciação na Vejamos alguns exemplos Vejamos alguns exemplos Porque é que nao deixa os alunos fazerem um teste de recuperação? Eu sei que o Professor é uma pessoa estremamente ocupada, mas também acho que sabe que os meus conhecimentos são muito maiores do que os expressos na última prova de avaliação, algo que se vê pela participação nas aulas... Um abraço e o desejo de umas férias descansadas (Você bem as merece...) [nome próprio] 3
4 [Nome] Exmo. Sr. professor [nome], [data] Em virtude de o meu pai ter sido hospitalizado hoje para ser eventualmente submetido a uma operação cirúrgica amanhã, não me será possível estar presente no dia 7 do corrente para efectuar o teste de [nome de disciplina], marcado para essa data. Face ao exposto, solicito ao Sr. professor permissão para fazer o referido teste em data, próxima, a combinar. Agradecendo antecipadamente, subscrevo-me Atentamente [Nome completo] LOCALIZAÇÃO Vindo do Aeroporto da Madeira: À saída siga as indicações para a VR1 (Via Rápida) em direcção a Santa Cruz. Saia para Santa Cruz Este e vire à esquerda, direcção Santa Cruz. Passe uma rotunda, siga sempre a direito e entre no túnel. Chegando a uma rotunda, vire à esquerda, passe uma pequena ponteevireàdireita. À suaesquerda encontraráohotel VilaGalé Santa Cruz. Vindo da cidade do Funchal: VindodocentrodoFunchal entrenavr1(viarápida)seguindoas indicações Santa Cruz/Aeroporto. Pouco antes do Aeroporto, saia na indicação Santa Cruz (centro). Na rotunda vire à direita e siga em frente passando pelo túnel. Chegando a uma rotunda, vire à esquerda, passe uma pequena ponte e vire à direita. À sua esquerda encontrará ohotelvilagalésantacruz. Podemos começar por olhar para estes textos, dando conta de respostas que respondam aos aspetos que enunciámos há pouco: 1. com quem falamos/para quem escrevemos 2. aquilo sobre o que falamos/ escrevemos 3. o meio, a forma como falamos/ escrevemos Ou seja, à boa maneira da retórica clássica, falemos sobre: o quê? sobre o quê conhecimento quem? para quem, com quem assunto atividade poder solidariedade o quê dos textos?(que assunto, que atividade, que experiência) o quem dos textos? (quem são os participantes, como se relacionam) o como dos textos?(modo, características textuais) como? de que forma formatação textual meio mensagem Considerar os aspetos atrás enunciados é como fazer uma radiografia textual que mostra como o texto contém traços, vestígios do contexto situacional que o motivou, enquanto confluência de, simultaneamente: conhecimento(assumido, anterior, novo), (quem enuncia para quem) formatação textual(como se enuncia). Assim, tal como os textos apresentam marcas contextuais na sua realização, também os contextos situacionais se apresentam como configurações delimitadoras das realizações semânticas, permitindo uma previsão dos textos que neles são produzidos. Os aspetos anteriormente focados 1. quem falamos/para quem escrevemos 2. aquilo sobre o que falamos/ escrevemos 3. o meio, a forma como falamos/ escrevemos dão-nos conta do modo como os textos são diferentes uns dos outros, ou seja, funcionam como uma força centrífuga, de diversificação linguística. 4
5 Ao invés, as respostas a perguntas como: Quais os objectivos is dos diferentes textos? Como é que linguisticamente eles cumprem esses objectivos? dão-nos conta do modo como os textos são semelhantes entre si, ou seja, permitem-nos uma caracterização dos contextos como uma força centrípeta, de regularidade linguística. Tal como acontece com a trajetória de um corpo, definida como o percurso realizado por esse corpo no espaço, são estas duas forças, centrífuga e centrípeta (diversidade vs. regularidade) que estabilizam, enquanto como forças atuantes opostas, a trajetória da língua, em termos de uso. Tal como acontece com a trajetória de um corpo, definida como o percurso realizado por esse corpo no espaço, são etas duas forças, centrífuga e centrípeta (diversidade vs. regularidade) que estabilizam, enquanto como forças atuantes opostas, a trajetória da língua, em termos de uso. Ou seja, tal como se fazem cálculos da trajetória dos corpos no espaço, em termos de previsibilidade, também se podem fazer, em termos da mesma previsibilidade, cálculos sobre as manifestações linguísticas, a partir das manifestações extralinguisticas. Níveisextralínguísticos CONTEXTO DE CULTURA CONTEXTO DE SITUAÇÃO CONTEXTO DE CULTURA Níveisextralínguísticos CONTEXTO DE SITUAÇÃO realizado em NÍVEIS DE CONTEÚDO Semântica ( significação) Níveis linguísticos realizado em Lexicogramática ( fraseados) Sistemas em interacção nas sociedades realizado em NÍVEL DE EXPRESSÃO Fonologia ( sons) Linguagem gestual ( gestos) Grafologia ( escrita) (Adaptado de Butt, Fahey, Feez, Spinks & Yallop 2001: 7) 5
6 t r o c a t r o c a Sociedades humanas Contexto de Contexto de situação Sistema t r o c a TEXTO 6
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