DETERMINISMO E CONHECIMENTO DE DEUS COMO LIBERDADE NA FILOSOFIA DE ESPINOSA DETERMINISM AND KNOWLEDGE OF GOD AS FREEDOM IN THE PHILOSOPHY OF SPINOZA

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "DETERMINISMO E CONHECIMENTO DE DEUS COMO LIBERDADE NA FILOSOFIA DE ESPINOSA DETERMINISM AND KNOWLEDGE OF GOD AS FREEDOM IN THE PHILOSOPHY OF SPINOZA"

Transcrição

1 DETERMINISMO E CONHECIMENTO DE DEUS COMO LIBERDADE NA FILOSOFIA DE ESPINOSA DETERMINISM AND KNOWLEDGE OF GOD AS FREEDOM IN THE PHILOSOPHY OF SPINOZA Carlos Bezerra de Lima Júnior 1 Renan Pires Maia 2 Recebido em: 07/2018 Aprovado em: 10/2018 Resumo: O presente estudo procura mostrar a relação do conhecimento com as afecções na filosofia de Espinosa, e como isso se dá dentro de uma realidade determinista. O artigo demonstra como o conhecimento adequado da natureza, que é a intuição, conduz o homem à liberdade, que é a autodeterminação. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica concernente às obras de Espinosa e comentadores como literatura de apoio. Palavras-chave: Espinosa. Determinismo. Intuição. Afecções. Liberdade. Abstract: This study aims to show the relation of knowledge to the affections in the philosophy of Spinoza, and how it takes place within a deterministic reality. The article demonstrates how the adequate knowledge of nature, which is the intuition, leads man to freedom, which is the selfdetermination. This is a bibliographical research concerning the works of Spinoza and commentators as supporting literature. Keywords: Spinoza. Determinism. Intuition. Affections. Freedom. Introdução A filosofia de Espinosa é essencialmente prática ela tem como fim acertar a conduta humana, acertar no sentido de corrigir e direcionar. Para o autor, um intelecto que pensa corretamente alcança a felicidade. Contudo, para se chegar a essa felicidade, é necessário pensar em como o homem deve agir no mundo. O mundo não poderia aparecer sendo simplesmente admitido é por isso que a Ethica começa a partir de noções universais e abstratas sobre a 1 Graduado em Filosofia pela UFPB. Mestre em Filosofia pela UFPB. carlosbljr@gmail.com 2 Graduado em Psicologia pela UFPB. Mestre em Filosofia pela UFPB. Doutorando em Filosofia pela UFPB. Docente da Faculdade Santíssima Trindade, Nazaré da Mata- - PE. renanpmaia@gmail.com Problemata: R. Intern. Fil. V. 9. n. 4 (2018), p doi:

2 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 92 Natureza, identificada com Deus 3. E uma das coisas que são logo abordadas insistentemente pelo autor na parte I, que Espinosa nomeará De Deo, é aquilo que chamamos de determinismo. Espinosa insere seu leitor na ideia de que não há espaço para o possível, ou o provável. Tais termos são pensados pelo homem de modo imaginativo, que é uma espécie de defecção de sua inteligência. Uma vez que o homem compreende adequadamente a realidade, vislumbrará o mundo como é: sem um possível, mas com um inevitável. Porém, se todas as coisas são do jeito que são necessariamente, onde o homem encontra, na esfera da amplitude de suas forças, a possibilidade de adquirir liberdade ou a potência de agir autonomamente? A ética de Espinosa é um sistema interconectado com sua epistemologia, e dependente dela. Está sob a égide do conhecimento a possibilidade de liberdade, e também da servidão, pois é o conhecimento que determina a dinâmica interativa do homem com o mundo: tal dinâmica faz do homem padecente por impotência, ou ativo por autodeterminação. A estrutura ética do autor é logicamente concatenada nesse sentido. Faz parte dessa ascensão do homem à condição de livre o entendimento da inevitabilidade do fato que constitui a vida em cada momento, a visualização do que lhe está à mão dentro de uma realidade pétrea, mas regozijável. Trata-se de um conhecer adequado ao que é. Espinosa procurará explicar o modus operandi da mente humana, e nesse intercurso mapeia os modos em que o homem adquire conhecimento. Dependendo de como o homem conhece, ele é afetado de maneira a padecer. A paixão é, para Espinosa, produto de um conhecimento inadequado. É curioso que para o autor, menos importa que o mundo seja dado ao homem: mas o homem é dado ao mundo, e o perigo se encontra na ignorância, pois esta está atrelada à servidão humana. A intuição, que Espinosa chama na Ethica de terceiro gênero de conhecimento, é um tipo adequado de conhecimento que capta a essência das coisas, e de Deus. Através dessa ciência o homem sobrepuja a pressão ambiental; mas nem por isso deixa de estar sendo determinado, só que com uma diferença, e este é o presente que lhe é dado pela intuição: a determinação será autodeterminação. Portanto, o presente estudo busca explicar como se dá a liberdade humana em um corpus teórico determinista, ou necessitarista. Determinismo e afecções 3 Daí a expressão Deus sive natura. Embora, para o autor, natureza não seja o mesmo que matéria, que seria correspondente à extensão, um dos infinitos atributos de Deus.

3 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 93 Nos é conveniente considerar que em muitas passagens Espinosa leva seu leitor a entender que há uma espécie de determinismo no seu pensamento. Uma das passagens em que isso fica positivado com fim de estabelecer essa própria ideia se dá na seguinte proposição: Na natureza das coisas nada é dado de contingente, mas tudo é determinado pela necessidade da natureza divina a existir e operar de maneira certa (prop. XXIX, pt. I). 4 Nada é ou está por acaso. As coisas ou fatos não se dão contingentemente, mas necessariamente. Dizemos que não há nada contingente na filosofia de Espinosa na medida em que todas as coisas são determinadas são necessárias. Na verdade, é natural contrapor aquilo que é necessário com aquilo que é contingente e, ao dizer que não há nada contingente, Espinosa poderia parecer excluir a possibilidade de pensarmos na contingência em sua filosofia. Entretanto, ele incorpora também na sua Ethica a noção de contingente: Chamo contingentes as coisas singulares, enquanto, ao prestarmos atenção à só essência delas, nada encontramos que ponha necessariamente sua existência ou que necessariamente a exclua (def. III, pt. IV). Isso não contradiz o que o autor expõe na parte I, conforme citamos acima, porque as coisas seriam contingentes conquanto pensamos em suas essências isoladamente: sua existência factual ou não é sempre necessária, e não pode não a ser. Bennett distingue duas formas de necessidade no interior da filosofia de Espinosa: uma que se dá em relação às próprias leis da física, uma vez que a extensão, enquanto atributo de Deus, possui também um caráter absoluto, o que satisfaz as demandas explanatórias do racionalismo na medida em que as leis físicas são consideradas (BENNETT, 2006, p. 74), e um que se aplica às questões factuais, tais como o fato de uma telha ter recém caído do meu telhado (...), tal foi causado por um vento, que foi causado por outro movimento do ar, o qual foi causado por... e assim por diante; o determinismo estrito reina, e a cadeia causal deve voltar para sempre (BENNETT, idem). Para Espinosa, até mesmo as coisas livres são determinadas: É dita livre aquela coisa que existe a partir da só necessidade de sua natureza e determina-se por si só a agir (def. VII, pt. I). A coisa livre é autodeterminada a agir, mas ainda determinada. Deus, que é sumamente livre, existe necessariamente: Deus, ou seja, a substância que consiste em infinitos atributos, 4 As referências de Espinosa remetem sempre à edição crítica de C. Gebhardt. Contudo, na citação em português contemplamos a literatura nacional utilizando edições brasileiras e, no caso do Tratado Breve, a edição espanhola. Organizamos as citações da Ethica da forma seguinte ao exemplo: prop. XXIX, pt. I se refere à proposição XXIX da parte I da Ethica. Ainda outro exemplo: def. III, pt. IV se refere à definição III da parte IV da mesma obra.

4 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 94 dos quais cada um exprime uma essência eterna e infinita, existe necessariamente (prop. XI, pt. I); ele age pela necessidade de sua natureza (prop. XVII, pt. I). De outra forma, Espinosa diz que As coisas não puderam ser produzidas por Deus de nenhuma outra maneira e em nenhuma outra ordem do que aquelas em que foram produzidas (prop. XXXIII, pt. I). Ademais, Tudo que é, é em Deus, e nada sem Deus pode ser nem ser concebido (prop. XV, pt. I). Espinosa é um crítico de sua tradição na medida em que se coloca adverso à ideia de um Deus transcendente, separado do mundo, como diz na sua prop. XVIII da pt. I: Deus é causa imanente de todas as coisas, sobretudo porque não mede esforço para demonstrar que o homem não deve ser tomado como especial, sobre a natureza, mas dentro e sob ela, ao jugo das leis naturais. Há momentos na Ethica em que o leitor mais conhecedor da tradição percebe certas linhas dedicadas à referência tradicional, quase sempre em crítica. Espinosa se contrapõe em vários momentos a Descartes, quando fala sobre a relação entre alma e corpo, ou aos escolásticos, no que se refere à ideia de Deus antropomórfico. Enfim, ao tratar da questão das afecções, Espinosa logo de início, no prefácio da pt. III diz: Quase todos que escreveram sobre os Afetos e a maneira de viver dos homens parecem tratar não de coisas naturais, que seguem leis comuns da natureza, mas de coisas que estão fora da natureza. Parecem, antes, conceber o homem na natureza qual um império num império. Pois creem que o homem mais perturba do que segue a ordem da natureza, que possui potência absoluta sobre suas ações, e que não é determinado por nenhum outro que ele próprio. (SPINOZA, 2015, p. 233) No que se refere às afecções, Espinosa se mantém firme ao dizer que os afetos do homem também são coisas da natureza, e não são especiais, mas participam da dinâmica da vida assim como os corpos que com o homem interagem e o afetam: os Afetos de ódio, ira, inveja, etc., considerados em si mesmos, seguem da mesma necessidade e virtude da natureza que as demais coisas singulares, e admitem, portanto, causas certas pelas quais são entendidos, e possuem propriedades certas, tão dignas de nosso conhecimento quanto as propriedades de qualquer outra coisa cuja só contemplação nos deleita. (prefácio, pt. III). Se o homem e seus afetos também são determinados, se sua relação com os demais elementos que compõem seu mundo é uma sequência de efeitos necessários e fatos certos, isso quer dizer que as coisas ocorrem porque precisam ocorrer. Entre duas escolhas, a partir do ponto de vista da eternidade, o homem é determinado a escolher uma, muito embora que do seu ponto

5 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 95 de vista, ele imagine que ambas sejam possíveis (trata-se de um olhar inadequado sobre a realidade, como será mostrado adiante). Rizk, em comentário sobre a dinâmica dos afetos, diz que Um indivíduo tem, de fato, necessidade de outras coisas para existir, e muitas coisas têm uma potência que excede à sua; a existência dos indivíduos singulares implica uma interação modal, quer dizer, uma forma de co-pertença dos indivíduos uns aos outros, a vis existendi (força de existir) própria a cada essência singular está ligada às determinações externas que permitem atualizar-se. É preciso, por conseguinte, conceber uma reciprocidade entre, de um lado, a potência imanente a cada essência e, de outro lado, a composição em exterioridade dos modos: a atualização de cada essência constitui a condição da atualização das outras essências, ao mesmo tempo que ela se encontra condicionada por elas (RIZK, 2006, p. 115). O que caracteriza os afetos, portanto, é não apenas a necessidade que cada coisa tem de outras o que poderíamos chamar de inclinação interna, para distinguir da necessidade causal mas também a necessidade que as outras coisas também têm, formando toda uma teia de relações e, sobretudo, de tensões. As diferentes coisas que compõem (relativamente) a realidade enquanto modificações do próprio Deus imanente estão, deste modo, atadas umas às outras, e vivem não de modo isolado, como mônadas fechadas em si e que não se afetam reciprocamente senão fenomenicamente 5, mas se encontram numa rede na qual cada coisa afeta a outra e cada uma se vê arrastada num fluxo contínuo e irresistível de necessidade causal, da qual ela própria faz parte, e que não apenas a afeta mas, em última instância, a define e determina. Percebemos de modo ainda mais nítido a natureza desse fluxo quando consideramos conceitos como o de Conatus, que é o esforço de cada coisa por perseverar em seu ser (prop. VI, pt. III) e que nada mais é do que a essência atual de cada coisa (prop. VII, pt. III) e a dinâmica que os diferentes conati mantêm entre si. O conatus, poderíamos dizer, nada mais é do que a resistência que cada coisa oferece frente à torrente causal que a tudo tende a arrastar. Este é possivelmente um dos motivos para Spinoza introduzir, na pt. III, o conceito de conatus após tratar, nas prop. IV e V sobre contrariedade e luta entre os diferentes modos. Considerando que, para perseverar na existência, muitas coisas precisam afetar ou mesmo aniquilar outras, podemos constatar que a realidade na qual cada coisa particular está imersa é uma realidade de constante luta e contrariedade, a qual se manifesta no interior do corpo através das afecções e, no interior da mente, através das ideias. Os afetos nada mais são, 5 Vide a Monadologia de Leibniz.

6 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 96 por assim dizer, do que manifestações da causalidade entre as coisas, e como tal, seguem uma necessidade. São manifestações do conatus do homem em sua interação com todos os demais conati que, não só igualmente se esforçam para perseverar na existência, mas também, nesse perseverar, se esforçam para sobrepujar o conatus do homem. Além disso, poderíamos dizer que os próprios afetos estão, entre si, em luta e em relação de contrariedade no interior do homem. É o que Espinosa diz quando afirma, na def. V da pt. IV, que há afetos contrários que arrastam o homem para direções diferentes e que, na prop. VII da pt. IV, um afeto não pode ser refreado nem anulado senão por um afeto contrário e mais forte. Assim sendo, os afetos estão completamente no reino da necessidade da natureza, diferentemente do que postula toda uma tradição que vê na vontade do homem algo incondicionado e livre, exterior ao reino natural. Uma visão necessitarista e determinista permeia o pensamento de Espinosa, de modo que nada existe que não siga uma ordem certa e necessária, o que se aplica tanto às coisas exteriores ao homem quanto às interiores (como seus afetos). Desse modo, poderíamos dizer que Espinosa, antes de defender a existência de um libero arbitrio, defende a existência de um servo arbítrio para usar uma linguagem teológica -, sendo a vontade humana arrastada por uma necessidade inevitável, que inclui seus afetos e paixões, que mediam sua relação com as demais coisas. De fato, no capítulo VI do Breve Tratado (SPINOZA, 1990, p ), Espinosa chega a falar da necessidade com que todas as coisas procedem de Deus como sendo predestinação, predestinação esta que se aplicaria a todas as coisas em todos os âmbitos da existência. 6 Mas, como na teologia, cujo determinismo a que parece conduzir noções como predestinação, providência, presciência etc. levanta imediatamente a questão de que espaço há para o livre-arbítrio humano, o necessitarismo espinosano nos impulsiona a questionar sobre o conceito de liberdade, o qual, independente de determinismo, não deixa de ser abordado, principalmente na parte V da Ética, cujo título é A potência do intelecto e a liberdade humana. A tentativa de conciliação entre a liberdade do homem e a soberania de Deus e de seus eternos decretos misturaram historicamente teologia e metafísica naquilo que ficou conhecido como o problema dos futuros contingentes, abordado já por Santo Agostinho e também, nos tempos de Espinosa, por Leibniz. Diante da conclusão de que não há contingências na filosofia de 6 Domínguez, em comentário ao capítulo, afirma que há estudos (realizados por M. Francès) sobre o impacto da obra do reformador João Calvino que se distingue por sua ênfase na noção de predestinação no pensamento de Espinosa, considerando que o calvinismo era a religião de Estado na Holanda do séc. XVII (DOMÍNGUEZ, 1990, p ).

7 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 97 Espinosa, podemos pensar que não há espaço algum para a liberdade. Se entendermos a liberdade como o agir independentemente de qualquer necessidade ou determinado por causas finais (que no plano do agir são as intenções), certamente ela inexiste. 7 O ponto central no tocante à liberdade em Espinosa está precisamente na definição. Já na primeira parte da Ética, Espinosa define como livre a coisa que existe a partir da só necessidade de sua natureza e determina-se por si só a agir (def. VII, pt. I). Parece estranho que Espinosa coloque numa mesma e única definição termos como livre e necessidade, em geral entendidos como antitéticos. A liberdade, segundo a definição, é necessidade, embora necessidade interna, não coagida por outros fatores, como nos fica claro na continuação da definição: Porém, necessária, ou antes coagida, aquela que é determinada por outro a existir e a operar de maneira certa e determinada (idem). Chauí, a respeito da noção de liberdade de Espinosa, diz: Espinosa retoma a noção clássica da liberdade como espontaneidade de uma natureza na ausência de constrangimento externo, acrescentando-lhe, porém, a ideia paradoxal de necessidade livre, isto é, de uma necessidade espontânea que brota da essência do próprio ser, contrapondo-a à necessidade de uma causa externa que força alguma coisa a uma existência ou ação que, por si mesma, não possuiria nem realizaria. A diferença, portanto, não se estabelece entre liberdade e necessidade, e sim entre liberdade e constrangimento, e o que diferencia o constrangimento da liberdade não é a ausência (nela) ou a presença (nele) da necessidade, mas a interioridade ou exterioridade da causa que a incita a existir e agir (CHAUI, 1999, p. 78). Após desenvolver na parte I sua visão imanentista e também determinista e, na parte II, sua epistemologia, Espinosa introduz, na parte III, o conceito de ação, o qual será contraposto ao conceito de padecimento. O agir para Espinosa estará estreitamente vinculado com a noção de liberdade, e o padecimento, com a noção de servidão. De acordo com o autor, na def. 2 da pt. III, agimos quando ocorre em nós ou fora de nós algo de que somos causa adequada, isto é, quando de nossa natureza segue em nós ou fora de nós algo que pode ser entendido clara e distintamente só por ela mesma, e que padecemos quando em nós ocorre algo, ou de nossa natureza segue algo, de que não somos causa senão parcial, entendendo causa adequada como aquela cujo efeito pode ser percebido clara e distintamente por ela mesma (def. I, pt. III) e, inadequada ou parcial, aquela cujo efeito não pode só por ela ser entendido (idem). 7 Sobre a inexistência das causas finais, Espinosa afirma, no apêndice da pt. I: não é preciso muito trabalho para que agora eu mostre que a natureza não tem para si nenhum fim prefixado e que todas as causas finais não são senão humanas ficções (SPINOZA, 2015, p. 115).

8 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 98 Nesse sentido, a liberdade, como se depreende da definição VII da parte I e das definições. II e III da parte III, é o mesmo que agir, isto é, é ser causa adequada. Mas isso não exclui a necessidade, mas é um agir segundo a necessidade interna da própria natureza observe-se que na própria definição de liberdade já figura o conceito de ação. Aquilo que é coagido, por outro lado, é aquilo que é determinado por outra coisa a existir e a operar, ou, em outras palavras, aquilo que não é causa adequada de sua própria existência ou operação. Há um íntimo entrelaçamento entre todas estas definições. O poder [de agir] ou esforço que constitui a essência de qualquer indivíduo, enquanto sempre "ligado" e constante, não permanece inalterado durante toda a vida de uma pessoa, mas é constantemente sujeito a alterações. Em particular, o poder pode desfrutar de um aumento ou reforço ou pode sofrer uma redução ou diminuição. (Um extermínio completo ou mesmo uma transformação radical dessa potência é, é claro, a morte.) Qualquer tal mudança no poder de um indivíduo de agir, para melhor ou para pior, é o que Spinoza chama de "afecção". (NADLER, 2006, p. 200) Na definição III da parte III Espinosa define afeto como as afecções do Corpo pelas quais a potência de agir do próprio Corpo é aumentada ou diminuída (...) e simultaneamente as ideias destas afecções, especificando que quando somos causa adequada de uma afecção, o afeto é uma ação, e quando não o somos, o afeto é uma paixão (SPINOZA, 2015, p. 237). Disso se segue que nem todo afeto faz o homem padecer ou é uma paixão, mas há também aqueles que estimulam a potência de ação do homem. Atendo-nos um pouco mais a esta última definição, perceberemos que Espinosa coloca como fatores que aumentam ou diminuem a potência de ação não apenas as afecções do corpo, mas suas ideias correspondentes, o que nos abre um caminho para o conhecimento e para consequente relação entre a ação ou paixão e as potências cognoscitivas da mente. A mente age seguindo sua própria natureza e suas próprias leis quando sua condição é resultado de seus próprios recursos cognitivos. E um estado da mente resulta dos próprios recursos da mente quando tem idéias adequadas. Por outro lado, quando um estado da mente é resultado não de idéias adequadas na mente, mas da uma ideia inadequada do corpo humano, juntamente com a ideia inadequada de alguma coisa externa que está presentemente causando alguns efeitos no corpo humano, aquele estado mental não resulta dos próprios recursos da mente e é consequentemente uma paixão. (NADLER, 2006, p ) Esta abordagem dos afetos sob um duplo aspecto o de nível corporal e o de nível

9 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 99 mental é um desenrolar lógico da relação de identidade existente entre o corpo e sua ideia, que é a mente, relação esta explorada ao longo da parte II (a partir da prop. XI). Corpo e mente nada mais são do que uma e mesma coisa, compreendida sob dois aspectos ou dois atributos diferentes de Deus: o atributo da extensão e o do pensamento. O ser humano é o ser humano em sua totalidade, e O que quer que aconteça no objeto da ideia que constitui a Mente humana deve ser percebido pela Mente humana (prop. XII, pt. II), isto é, todas as afecções do corpo estão referidas à mente, e a mente nada conhece, nem de si mesma (prop. XIX e XXIII, pt. II) nem de qualquer outra coisa, senão na medida em que o corpo é afetado. A relação entre o corpo e a mente é, novamente, uma relação de identidade, e afetos, paixões, ações etc. e conhecimento possuem uma relação indissociável. O conhecimento de Deus como liberdade O projeto de Espinosa mostra como é possível uma ética num mundo onde tudo é determinado. Segundo o autor, a liberdade no homem, bem como sua beatitude e felicidade estão intimamente ligados ao conhecimento, no Tractatus de intellectus emendatione, Espinosa diz que faz parte de minha felicidade o esforçar-me para que muitos outros pensem como eu e que seu intelecto e seu desejo coincidam com o meu intelecto e o meu desejo; e, para que isso aconteça, é necessário compreender a Natureza [Deus] tanto for preciso para adquirir aquela natureza (SPINOZA, 2004, p. 11). 8 Essa compreensão que Espinosa se refere coincide com uma união, porque para o autor, como diz Lívio Teixeira (2004, p. XII), Amamos aquilo que conhecemos. Porém, para alcançar esse bem, que é identificado na passagem citada como felicidade, o autor reconhece que é necessário Conhecer exatamente nossa natureza, que desejamos levar à perfeição e, igualmente, conhecer a natureza das coisas (SPINOZA, 2004, p. 17). No caso, a condução em direção ao bem se dá pela via do conhecimento. Para isso, Espinosa estabelece, na Ética (escólio II, prop. XL, pt. II), três níveis de conhecimento. O primeiro abrange dois subníveis: 8 Longe de pensar, com estes termos, de modo anti-democrático, como alguém que quer apenas adequar os demais a si, Espinosa fala como alguém que decobriu em Deus e no correto conhecimento de Deus o provavelmente único fundamento para uma ética, algo que deve ser compartilhado com os demais a fim de que todos alcancem a virtude e a felicidade, que, no pensamento espinosano, são inteiramente conciliáveis.

10 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 100 I a partir de [coisas] singulares, que nos são representados pelos sentidos de maneira mutilada, confusa e sem ordem para o intelecto. (...) IIº A partir de signos; por exemplo, de que, ouvidas ou lidas certas palavras, nos recordamos das coisas e delas formamos ideias semelhantes àquelas pelas quais imaginamos as coisas (SPINOZA, 2015, p. 201). A este primeiro modo de conhecimento Espinosa chama conhecimento de primeiro gênero, opinião ou imaginação. Há ainda o segundo gênero, que se dá a partir de noções comuns e ideias adequadas das propriedades das coisas (SPINOZA, idem), que é o conhecimento racional, e um último, que procede da ideia adequada da essência formal de alguns atributos de Deus para o conhecimento adequado da essência das coisas (SPINOZA, idem), conhecimento este que se dá de modo imediato como Espinosa o expressa no exemplo da quarta proporcional, e o qual é posteriormente chamado de conhecimento intuitivo. Como diz Nadler (2006, p. 181), Intuição representa um tipo de compressão epistêmica de informação. Ela envolve uma apreensão direta da relação causal e lógica entre os termos, de tal modo que a informação é unida em algo agarrado em um simples ato da mente. Convém observar que o conhecimento imaginativo é a fonte de todo erro, enquanto que a razão e a intuição são necessariamente fontes de todo conhecimento verdadeiro (prop. XLI, pt II). Espinosa define o conhecimento adequado como uma ação da mente, isto é, quando a mente é causa adequada de uma ideia (ou quando a ideia é explicada apenas pela natureza da mente), enquanto o conhecimento confuso ou imaginativo é fruto de um padecimento da mente, isto é, de quando a mente não é causa adequada de suas ideias. Poderíamos dizer que a mente, quando conhece adequadamente, é livre, e quando padece e é coagida, erra. Mas é preciso lembrar, uma vez mais, da totalidade que é o homem, de modo que, se a mente padece, também padece o corpo, e vice-versa, de modo que conhecimento e prática são indissociáveis, formando uma ética. Mas a pergunta que fica é: diante do fato de que Espinosa está tentando construir uma ética, e considerando o fato de que tudo o que acontece na ordem das coisas (seja a partir do prisma da extensão ou do pensamento, pois nada é contingente) segue uma ordem necessária, o que pode o homem fazer para alcançar a virtude? O determinismo espinosano parece, à primeira vista, conduzir à conclusão de que ao homem tanto faz a virtude ou a não-virtude (se é que se pode fazer tal distinção num sistema absolutamente determinista), uma vez que nada pode fazer por si. É verdade que, no pensamento espinosano, o homem não pode mudar o rumo das coisas,

11 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 101 quer no nível das coisas corporais ou no nível da mente, no tocante ao querer (apêndice, pt. I; e prop. XLVIII, pt. II), e que tampouco o corpo pode determinar a mente a pensar ou a mente determinar o corpo ao movimento ou ao repouso (prop. II, pt. III), visto que são uma mesma coisa, e não duas coisas diferentes que se afetam. Deleuze afirma que uma das teses mais célebres de Espinosa é conhecida pelo nome de paralelismo: ela não consiste apenas em negar qualquer ligação de causalidade real entre o espírito e o corpo, mas recusa toda a eminência de um sobre outro. Se Espinosa recusa qualquer superioridade da alma sobre o corpo, não é para instaurar uma superioridade do corpo sobre a alma, a qual não seria mais inteligível. A significação prática do paralelismo aparece na inversão do princípio tradicional em que se fundava a Moral como empreendimento de dominação das paixões pela consciência: quando o corpo agia, a alma padecia, dizia-se, e a alma não atuava sem que o corpo padecesse por sua vez (regra da relação inversa, cf. Descartes, Tratado das Paixões, artigos 1 e 2) (DELEUZE, 2002, p. 24). A noção de paralelismo psicofísico à qual Deleuze se refere não deixa de ter as devidas limitações e problemas, como nos aponta Chauí na Nervura do real (CHAUI, op. cit., p ). Independentemente disso, é indiscutível que a relação entre o espírito e o corpo não é causal, mas de identidade 9. Todavia, podemos dizer que há no pensamento de Espinosa um espaço para que o conhecimento que é em si mesmo uma ação da mente - opere como um fator que faz com que o homem se veja livre do padecimento e das paixões (embora não dos afetos em geral), não no sentido de que o conhecimento pode determinar o homem a se movimentar em uma direção ou outra de modo contingente, mas no sentido de que o próprio (re)conhecimento da necessidade inevitável e eterna do curso das coisas faz com que o homem sofra menos e mantenha-se resignado e, inclusive, alegre diante dos diferentes acontecimentos que a necessidade causal do mundo traz para si. Conhecer, para Espinosa, é conhecer através das causas (axioma IV, pt. I), o que é condizente com seu método sintético e geométrico, o qual parte de causas adequadas para daí deduzir os efeitos. Tal modo de proceder se aplica de igual modo aos acontecimentos do mundo e da vida de um ser humano. Não há causas finais, causas livres, acasos ou contingências em Espinosa, mas apenas causas eficientes que determinam seus efeitos, de modo que o conhecimento de tudo o que acontece depende do conhecimento da necessidade da conexão entre o efeito e sua causa eficiente. Não cabe, portanto, diante do conhecimento adequado de 9 Prop. XXII, pt. II: a ideia do corpo e o corpo, isto é, a mente e o corpo, são um único e mesmo indivíduo, concebido ora sob o atributo do pensamento, ora sob o da extensão (SPINOZA, op. cit., p. 115).

12 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 102 um acontecimento que consideramos um revés, o pensamento de que aquilo poderia ser evitado ou poderia ter se dado de uma outra maneira. Por essa perspectiva, o reconhecimento e a compreensão da necessidade é a própria liberdade, um refreador das paixões que fazem o homem sofrer, se ressentir ou se revoltar com o curso das coisas. Tal é, por exemplo, demonstrado na prop. VI da parte V, onde Espinosa afirma que Enquanto a Mente entende todas as coisas como necessárias, nesta medida tem maior potência sobre os afetos, ou deles padece menos. A compreensão da necessidade das coisas e também dos afetos é um conhecimento claro e distinto que formamos. No caso dos afetos que são paixões, tal conhecimento faz com que o afeto deixe de ser uma paixão, como diz o autor na prop. III da parte V. É preciso pontuar, ainda, que a liberdade em relação às paixões que o conhecimento adequado do curso das coisas e das próprias coisas proporciona não para apenas com o reconhecimento da necessidade, mas vai além, vinculando-se de modo íntimo ao conhecimento de Deus. Na parte V Espinosa explora a relação de todas estas coisas com o conhecimento de Deus que nasce por meio do terceiro gênero, que se dá de modo imediato ou intuitivo isto é, não se dá a partir de mediações, e é suprarracional, posto que é distinto do conhecimento do segundo gênero e ao qual Espinosa vincula um modo de conhecimento sub specie aeternitatis, como nos fica claro na demonstração da prop. XXXI, da parte V. O conhecimento das coisas sob a perspectiva da eternidade é o conhecimento das coisas tal como Deus as conhece, isto é, como concebida necessariamente pela própria essência de Deus (demonstração da prop. XXII, pt. V). O conhecimento de Deus e o conhecimento da necessidade do curso das coisas são duas coisas intimamente ligadas. Fugindo das discussões e controvérsias a respeito de que Deus é o Deus de Espinosa para todos os efeitos, Espinosa fala de um Deus -, podemos dizer que ele, inclusive, deduz a necessidade do curso das coisas de sua suprema causa, Deus, ou, o que é o mesmo, a substância única. Chauí, a esse respeito, afirma que Nada há de contingente na Natureza, explica Espinosa no Breve tratado e nos Pensamentos metafísicos, e o demonstra na Ética. Assim como a essência e a potência necessárias da substância a fazem causa de si livre porque necessária, isto é, espontaneidade infinita que é sua própria natureza, assim também a necessidade se transmite a todas as suas modificações. Os modos finitos são duplamente determinados: sua essência é determinada pela essência e potência dos atributos substanciais, e sua existência é determinada por séries causais que regem a Natureza Naturada (CHAUI, op. cit., p. 77).

13 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 103 Isso nos fica claro em passagens como a prop. XVII da parte I, em que Espinosa afirma que Deus age exclusivamente pelas leis de sua natureza (o que é liberdade e ao mesmo tempo necessidade) e que não apenas não poderia fazer as coisas de outro modo, mas que faz necessariamente tudo aquilo que está contido em seu pensamento, sendo tal o modo mais adequado de entendermos a onipotência divina. Também nos fica claro na prop. XXXIII, parte I, em que Espinosa diz que as coisas não poderiam ter sido produzidas por Deus de nenhuma outra maneira nem em qualquer outra ordem que não naquelas em que foram produzidas, posto que, se o curso das coisas fosse diferente, a natureza de Deus seria outra, uma vez que tudo se segue necessariamente da natureza de Deus. Difere-se, portanto, de Leibniz com seus infinitos mundos possíveis, dos quais apenas um o melhor - é real. Para Espinosa só um mundo é possível: o que existe, e postular que Deus poderia fazer algo diferente do que faz, como Leibniz, é, não apenas conceber Deus e as coisas de forma confusa e imaginativamente, mas também padecer e sofrer. Assim, a mente pode referir tudo a Deus, que é causa sui e causa adequada de todas as coisas que dele se seguem. Do mesmo modo pode referir a Deus todas as afecções do corpo (prop. XIV, pt. V), formando delas um conhecimento claro e distinto (sobretudo considerando que o conhecimento claro e distinto envolve o conhecimento das causas, e que a causa adequada de todas as coisas é Deus) 10. O conhecimento adequado dos afetos não apenas faz com que eles deixem de ser paixões, como dito acima, mas também proporciona o conhecimento de - e o amor a - Deus (prop. XV, pt. V), ou vice-versa. Eis ao que parece conduzir toda a ética espinosana. E este amor a Deus e compreensão dos próprios afetos é o que Espinosa chama de beatitude, a qual não nasce do fato de refrearmos os apetites lúbricos, mas refreamos os apetites lúbricos porque a desfrutamos (prop. XLII, pt. V), o que reforça seu caráter imediato, visto nascer do terceiro gênero de conhecimento, que é o conhecimento intuitivo de Deus (idem). Conclusão Como podemos perceber do que foi dito, o determinismo é patente na filosofia de Espinosa. Todavia, isso não impede a possibilidade de uma ética no interior de seu pensamento, isto é, a possibilidade de uma ação e libertação do homem em algum sentido e do alcance do bem ou do que é útil ao homem (def. I, pt. IV). Pelo contrário: o conhecimento para Espinosa 10 Note-se que aquilo que Espinosa chama, no Tratado Breve, de predestinação e providência, se impõe sobre todas as coisas existentes, quer exteriores ou interiores ao homem.

14 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 104 assume um caráter essencialmente prático. Não à toa, Ética é o nome de sua magnum opus. Também podemos constatar que Espinosa, na mesma medida em que se contrapõe a toda uma tradição de pensadores, que inclui Santo Agostinho e, na sua época, Leibniz, encarna diferentes concepções e influências, levando-as às últimas consequências ao incorporá-las em sua ética. Podemos observar isso com relação à supracitada noção de predestinação e de necessidade à qual a vontade está atada; em relação à sua concepção de Deus como imanente ao Universo, compreendendo este como um todo infinito convém lembrar que a extensão, como atributo de Deus, é infinita e que em algum sentido esgota tudo o que está contido no pensamento divino, o que nos remete às concepções de Giordano Bruno em Sobre o Infinito, o Universo e os mundos. Tais noções estariam, como demonstrado, todas associadas à visão espinosana de uma natureza regida pelo determinismo e sem espaço para contingências ou outros mundos possíveis. Do mesmo modo, podemos afirmar, indissociavelmente ligada a tudo isso está sua concepção de liberdade, que não nega a necessidade, mas antes resgata traços do pensamento estoico, onde o homem, longe de lutar contra os fatos da vida, os aceita resignadamente, sendo o ápice da liberdade uma ἀταραξία ou uma ἀπονία 11 diante dos acontecimentos, das coisas e dos próprios afetos, quer julguemos estas coisas boas ou más. Por fim, podemos constatar como todas estas coisas estão atadas à noção de Deus quer o determinismo ou a possibilidade de libertação. O determinismo é um desenvolvimento lógico da noção de Deus defendida pelo autor, assim como a liberdade é o correto conhecimento de Deus, que tudo inclui. Podemos acrescentar ainda a isso o fato de que apenas Deus é absolutamente livre de toda coação uma vez que não possui nada diante ou fora de si que o possa constranger e que a suprema liberdade do homem é não apenas reconhecer nas coisas a necessidade eterna da natureza divina, mas também um identificar-se com Deus, na medida em que, no interior da filosofia espinosana, não há espaço para dualidades ou multiplicidade. Tal identificação é o resultado do terceiro gênero do conhecimento, como nos aponta Brunschvicg: O conhecimento do terceiro gênero, conhecimento intuitivo que marca o grau mais elevado da ciência, não comporta divisão nem análise; não procede por momentos distintos que corresponderiam cada um a uma parte definida da realidade; ele é uma síntese que compreende todo ser em sua indecomponível 11 A esse respeito há, como cita Domínguez (op. cit.,p ), também estudos que rastreiam impactos da filosofia antiga, em especial o estoicismo, na filosofia de Espinosa, como o de Wim Klever: Voorbeschicking, Nimega, Markant, 1988.

15 Determinismo e conhecimento de Deus como liberdade na filosofia de Espinosa 105 unidade (...) Na intuição, o pensamento está intimamente unido ao ser, é o próprio ser; a alma não é sujeito, não tem objeto, pois sujeito e objeto formam um só: ela é exatamente o que ela conhece (BRUNSCHVICG, 2014, p. 241). Isto é, Deus. Referências BENNETT, J. Spinoza's metaphysics. In: GARRETT, D. The Cambridge companion to Spinoza. Cambridge: Cambridge University Press, BRUNSCHVICG, L. Spinoza: filosofia e teologia. In: Estudos sobre Spinoza. Organização César Benjamin; tradução: Eliana Aguiar, Estela dos Santos Abreu, Vera Ribeiro. 1ª ed. Rio de Janeiro: Contraponto, CHAUI, M. S. A nervura do real: imanência e liberdade e Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras, DELEUZE, G. Espinosa: filosofia prática. São Paulo: Escuta, DOMÍNGUEZ, A. Notas. In: SPINOZA. Tratado Breve. Traducción, prólogo y notas de Antilano Domínguez. Madrid: Alianza Editorial, NADLER, S. Spinoza s Ethics: an introduction. Cambridge: Cambridge University Press, RIZK, H. Compreender Spinoza. Tradução de Jaime A. Clasen. Petrópolis, RJ: Vozes, SPINOZA. Opera. In Auftrag der Heidelberger Akademie der wissenchaften, herausgegeben von Carl Gebhardt. Heidelberg: Carl Winters, 1925; 2. Auflage, 1972, 4bd.. Ética. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Tratado Breve. Tradución, prólogo y notas de Antilano Domínguez. Madrid: Alianza Editorial, Tratado da reforma da inteligência. São Paulo: Martins Fontes, TEIXEIRA, L. Introdução. In: SPINOZA. Tratado da reforma da inteligência. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Trabalho 2 da UC Teoria do Conhecimento I Camila Cardoso Diniz 9 de maio de 2008

Trabalho 2 da UC Teoria do Conhecimento I Camila Cardoso Diniz 9 de maio de 2008 Camila Cardoso Diniz Universidade Federal De São Paulo Unifesp -Campus Guarulhos A verdade é índice de si mesma e do falso. UC Teoria do Conhecimento Prof. Dr. Fernando Dias Andrade. Guarulhos, 27 de junho

Leia mais

Opresente trabalho tem como objetivo

Opresente trabalho tem como objetivo A RELAÇÃO CORPO-MENTE: A MENTE COMO IDEIA DO CORPO NA ÉTICA DE BENEDICTUS DE SPINOZA ELAINY COSTA DA SILVA * Opresente trabalho tem como objetivo expor e analisar a relação corpo e mente na Ética de Benedictus

Leia mais

Título do artigo: Necessidade e contingência na Ética de Espinosa Autor: Laio Serpa de Assis Mestrando do PPGLM - UFRJ

Título do artigo: Necessidade e contingência na Ética de Espinosa Autor: Laio Serpa de Assis Mestrando do PPGLM - UFRJ Título do artigo: Necessidade e contingência na Ética de Espinosa Autor: Laio Serpa de Assis Mestrando do PPGLM - UFRJ Necessidade e contingência na Ética de Espinosa Resumo: O presente trabalho pretende

Leia mais

Ca dernos E spi nosa nos

Ca dernos E spi nosa nos estudos sobre o século xvii Ca der nos E spi no s a no s especial m a r i l e n a c h au i Ca dernos E spi nosa nos n. 36 jan-jun 2017 issn 1413-66 51 e s p e c i a l m a r i l e n a c h au i estudos sobre

Leia mais

A Ética da Alegria em Baruch Spinoza

A Ética da Alegria em Baruch Spinoza A Ética da Alegria em Baruch Spinoza Contextualizando Fonte: wikipedia.com Spinoza: Polidor de Lentes e Filósofo 1632, Amsterdã Haia, 1677 Cronologia de Suas Obras 1660: Breve Tratado sobre Deus, o Homem

Leia mais

A filosofia de Espinosa

A filosofia de Espinosa A filosofia de Espinosa Para tratar de qualquer âmbito da filosofia de Espinosa, é necessário de antemão compreender a imagem de Deus feita pelo filósofo, bem como a importância d Ele para sua filosofia.

Leia mais

Observações sobre os afetos primários de alegria e tristeza na Ética de Spinoza Introdução

Observações sobre os afetos primários de alegria e tristeza na Ética de Spinoza Introdução Observações sobre os afetos primários de alegria e tristeza na Ética de Spinoza Igor Alves de Melo Mestrando em Filosofia PPGF-UFRJ Bolsista da CAPES igoralvesdemelo@gmail.com Introdução Na E III 11, Spinoza

Leia mais

IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari

IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/2011 - Prof. Ricardo Pereira Tassinari TEXTO BASE 1 PSICOLOGIA: O ESPÍRITO 440 ( ) O Espírito começa, pois, só a partir do seu

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Filosofia Geral 2º Semestre de 2015 (Período Diurno) Disciplina Obrigatória Destinada: alunos de Filosofia Código: FLF0114 Sem pré-requisito Prof. Dr. Caetano Ernesto Plastino Prof. Dr. Homero Silveira

Leia mais

O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura

O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura Adriano Bueno Kurle 1 1.Introdução A questão a tratar aqui é a do conceito de eu na filosofia teórica de Kant, mais especificamente na Crítica da

Leia mais

Revista Pandora Brasil Número 78, Janeiro de 2017 ISSN

Revista Pandora Brasil Número 78, Janeiro de 2017 ISSN RELAÇÃO ENTRE FELICIDADE E ALEGRIA NA ÉTICA DE SPINOZA RESUMO: Muitos filósofos, de diferentes épocas, dedicaram esforços para fundamentar a possibilidade ou não de uma vida feliz. Uns acreditam que a

Leia mais

No início da sequência de proposições que

No início da sequência de proposições que SOBRE O ERRO NA ÉTICA DE ESPINOSA SILVANA DE SOUZA RAMOS * No início da sequência de proposições que iremos analisar, Espinosa afirma que Toda ideia que é, em nós, absoluta, ou seja, adequada e perfeita,

Leia mais

O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura

O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura Jean Carlos Demboski * A questão moral em Immanuel Kant é referência para compreender as mudanças ocorridas

Leia mais

Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33.

Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33. 91 tornar-se tanto quanto possível imortal Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33. 92 5. Conclusão Qual é o objeto da vida humana? Qual é o seu propósito? Qual é o seu significado? De todas as respostas

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Filosofia Geral 2º Semestre de 2015 (Período Noturno) Disciplina Obrigatória Destinada: alunos de Filosofia Código: FLF0114 Sem pré-requisito Prof. Dr. Alex de Campos Moura Prof. Dr. Caetano Ernesto Plastino

Leia mais

IDEALISMO ESPECULATIVO E A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO CURSO DE EXTENSÃO 22/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari

IDEALISMO ESPECULATIVO E A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO CURSO DE EXTENSÃO 22/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari IDEALISMO ESPECULATIVO E A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO CURSO DE EXTENSÃO 22/10/2011 - Prof. Ricardo Pereira Tassinari TEXTO BASE 1 20 Se tomarmos o pensar na sua representação mais próxima, aparece, α) antes

Leia mais

Plano de Atividades Pós-Doutorado

Plano de Atividades Pós-Doutorado Plano de Atividades Pós-Doutorado O presente projeto de pesquisa tem a proposta de três bolsas de pósdoutorados, para candidatos selecionados com base em uma chamada internacional, de modo a desenvolverem

Leia mais

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA II SEMANA DE FILOSOFIA. Perfeição: entre a gradação e a completude

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA II SEMANA DE FILOSOFIA. Perfeição: entre a gradação e a completude UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA II SEMANA DE FILOSOFIA Perfeição: entre a gradação e a completude Aylton Fernando Andrade 1 fs_nandodrummer@hotmail.com O tema da concepção de perfeição é debatido

Leia mais

Tema Rumo ao monismo absoluto

Tema Rumo ao monismo absoluto Tema Rumo ao monismo absoluto Nasceu em Amsterdã, na Holanda era judeu até ser excomungado (cherém) em 1656 acusado de ser um panteísta. Após o cherém adotou o nome de Benedito Considerado um dos grandes

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA I 1º Semestre de 2002 Código: FLF0238 Destinada: Alunos de Filosofia e outros departamentos Pré-requisito: FLF0113 e FLF0114 Profa. Marilena de Souza Chauí Carga horária:

Leia mais

RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA

RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA 1) Para Parmênides o devir ou movimento é uma mera aparência provocada pelos enganos de nossos sentidos. A realidade é constituída pelo Ser que é identificado

Leia mais

1 Espinosa e a afetividade humana

1 Espinosa e a afetividade humana 13 1 Espinosa e a afetividade humana Não é apenas uma questão de música,mas de maneira de viver: é pela velocidade e lentidão que a gente desliza entre as coisas, que a gente se conjuga com outra coisa:

Leia mais

O PROBLEMA DO CONCEITO DE LIBERDADE NA ÉTICA DE SPINOZA Débora Gomes (Doutoranda UFRGS)

O PROBLEMA DO CONCEITO DE LIBERDADE NA ÉTICA DE SPINOZA Débora Gomes (Doutoranda UFRGS) O PROBLEMA DO CONCEITO DE LIBERDADE NA ÉTICA DE SPINOZA Débora Gomes (Doutoranda UFRGS) RESUMO: Ao refutar a noção de liberdade como livre-arbítrio e indiferença, tal como encontramos na filosofia cartesiana,

Leia mais

O GRANDE RACIONALISMO: RENÉ DESCARTES ( )

O GRANDE RACIONALISMO: RENÉ DESCARTES ( ) O GRANDE RACIONALISMO: RENÉ DESCARTES (1596-1650) JUSTIFICATIVA DE DESCARTES: MEDITAÇÕES. Há já algum tempo que eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras,

Leia mais

O PARALELISMO DO CORPO E DA ALMA EM ESPINOSA

O PARALELISMO DO CORPO E DA ALMA EM ESPINOSA SÍNTESE - REV. DE FILOSOFIA V. 28 N. 91 (2001): 221-228 O PARALELISMO DO CORPO E DA ALMA EM ESPINOSA Acylene Maria Cabral Ferreira USBA Resumo: O objetivo deste trabalho é tanto esclarecer a concepção

Leia mais

A Felicidade como virtude em Benedictus de Spinoza

A Felicidade como virtude em Benedictus de Spinoza A Felicidade como virtude em Benedictus de Spinoza Guadalupe Macêdo Marques * Resumo O presente artigo tem como objetivo abordar o conceito de Felicidade segundo o filósofo holandês Benedictus de Spinoza

Leia mais

NODARI, Paulo César. Sobre ética: Aristóteles, Kant e Levinas. Caxias do Sul: Educs, 2010

NODARI, Paulo César. Sobre ética: Aristóteles, Kant e Levinas. Caxias do Sul: Educs, 2010 NODARI, Paulo César. Sobre ética: Aristóteles, Kant e Levinas. Caxias do Sul: Educs, 2010 12 Daniel José Crocoli * A obra Sobre ética apresenta as diferentes formas de se pensar a dimensão ética, fazendo

Leia mais

Razão e fé. Filosofia MedievaL. Douglas Blanco

Razão e fé. Filosofia MedievaL. Douglas Blanco Razão e fé Filosofia MedievaL Douglas Blanco CRISTIANO PALAZZINI/SHUTTERSTOCK Aspectos gerais Correntes da filosofia medieval e principais representantes: Patrística (séc. II-V), com Agostinho de Hipona,

Leia mais

A ÉTICA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO

A ÉTICA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO SOFISTAS Acreditavam num relativismo moral. O ceticismo dos sofistas os levava a afirmar que, não existindo verdade absoluta, não poderiam existir valores que fossem validos universalmente. A moral variaria

Leia mais

DETERMINISMO E LIBERDADE NA AÇÃO HUMANA capítulo 5

DETERMINISMO E LIBERDADE NA AÇÃO HUMANA capítulo 5 DETERMINISMO E LIBERDADE NA AÇÃO HUMANA capítulo 5 O Problema do livre-arbítrio Professora Clara Gomes 1. A professora levanta o braço para indicar aos alunos que falem um de cada vez. 2. A professora

Leia mais

2 A Concepção Moral de Kant e o Conceito de Boa Vontade

2 A Concepção Moral de Kant e o Conceito de Boa Vontade O PRINCÍPIO MORAL NA ÉTICA KANTIANA: UMA INTRODUÇÃO Jaqueline Peglow Flavia Carvalho Chagas Universidade Federal de Pelotas 1 Introdução O presente trabalho tem como propósito analisar a proposta de Immanuel

Leia mais

Deus e Seus Atributos

Deus e Seus Atributos Deus e Seus Atributos DEUS é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. (LE, Q.1) Atanásio Rocha 07/09/2014 Continuação... Sendo DEUS a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo

Leia mais

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira Tomás de Aquino (1221-1274) Tomás de Aquino - Tommaso d Aquino - foi um frade dominicano

Leia mais

Aula 08 Terceiro Colegial.

Aula 08 Terceiro Colegial. Aula 08 Terceiro Colegial Cristianismo: Entre a Fé e a Razão Busca por uma base racional para sustentar a fé Formulações filosóficas se estendendo por mais de mil anos Cristianismo Palavra de Jesus, que

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 1º Semestre de 2007 Disciplina Obrigatória Destinadas: alunos de Filosofia Código: FLF0113 Sem pré-requisito Prof. Eduardo Brandão Prof. Homero Santiago Profa. Marilena de Souza

Leia mais

SOMOS LIVRES AO DECIDIR

SOMOS LIVRES AO DECIDIR FILOSOFIA 2º ano Partindo do principio de que liberdade é LIBERDADE DE ESCOLHER Afinal, até onde alcança o poder da nossa liberdade? Nossas escolhas estão ligadas aos princípios morais da nossa sociedade;

Leia mais

A filosofia da história hegeliana e a trindade cristã

A filosofia da história hegeliana e a trindade cristã A filosofia da história hegeliana e a trindade cristã Resumo: Lincoln Menezes de França 1 A razão, segundo Hegel, rege o mundo. Essa razão, ao mesmo tempo em que caracteriza o homem enquanto tal, em suas

Leia mais

6. Conclusão. Contingência da Linguagem em Richard Rorty, seção 1.2).

6. Conclusão. Contingência da Linguagem em Richard Rorty, seção 1.2). 6. Conclusão A escolha de tratar neste trabalho da concepção de Rorty sobre a contingência está relacionada ao fato de que o tema perpassa importantes questões da reflexão filosófica, e nos permite termos

Leia mais

Kant e o Princípio Supremo da Moralidade

Kant e o Princípio Supremo da Moralidade Kant e o Princípio Supremo da Moralidade ÉTICA II - 2017 16.03.2018 Hélio Lima LEITE, Flamarion T. 10 Lições sobre Kant. Petrópolis: Vozes, 2013 O Sistema kantiano Estética Transcendental Experiência Lógica

Leia mais

FILOSOFIA MODERNA (XIV)

FILOSOFIA MODERNA (XIV) FILOSOFIA MODERNA (XIV) CORRENTES EPSTEMOLÓGICAS (I) Racionalismo Inatismo: existem ideias inatas, ou fundadoras, de onde se origina todo o conhecimento. Ideias que não dependem de um objeto. Idealismo:

Leia mais

Revista Filosofia Capital ISSN Vol. 1, Edição 2, Ano BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO

Revista Filosofia Capital ISSN Vol. 1, Edição 2, Ano BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO 30 BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO Moura Tolledo mouratolledo@bol.com.br Brasília-DF 2006 31 BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO

Leia mais

fragmentos dos diálogos categorias e obras da exortativas interpretação aristóteles introdução, tradução e notas ricardo santos tradução ( universidad

fragmentos dos diálogos categorias e obras da exortativas interpretação aristóteles introdução, tradução e notas ricardo santos tradução ( universidad fragmentos dos diálogos categorias e obras da exortativas interpretação aristóteles introdução, tradução e notas ricardo santos tradução ( universidade e textos introdutórios de lisboa) antónio de castro

Leia mais

Unidade 2: História da Filosofia. Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes

Unidade 2: História da Filosofia. Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes Períodos Históricos da Filosofia Filosofia Grega ou Antiga (Séc. VI a.c. ao VI d.c.) Filosofia Patrística (Séc. I ao VII) Filosofia

Leia mais

Professor Roberson Calegaro

Professor Roberson Calegaro L I B E R D A D E L I B Ousadia E R D A D E Liberdade, em filosofia, pode ser compreendida tanto negativa quanto positivamente. Negativamente: a ausência de submissão; isto é, qualifica a ideia de que

Leia mais

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt TEODORICO DE FREIBERG TRATADO SOBRE A ORIGEM DAS COISAS CATEGORIAIS LUÍS M. AUGUSTO * Introdução 1 3. Introdução Analítica às Diferentes Partes do Tratado 3.6. Capítulo 5 Após as longas digressões metafísicas

Leia mais

Agenealogia dos Estudos Culturais é objeto de dissenso

Agenealogia dos Estudos Culturais é objeto de dissenso Cinqüentenário de um discurso cultural fundador WILLIAMS, R. Culture and society 1780-1950. [Londres, Longman, 1958]. Cultura e sociedade. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1969. Agenealogia dos Estudos

Leia mais

PET FILOSOFIA UFPR. Fichamento parcial do capítulo VIII, A divinização do Espaço, da obra de Alexandre KoyréDo Mundo Fechado ao Universo Infinito.

PET FILOSOFIA UFPR. Fichamento parcial do capítulo VIII, A divinização do Espaço, da obra de Alexandre KoyréDo Mundo Fechado ao Universo Infinito. PET FILOSOFIA UFPR Data: 24/09/2014 Aluna: Fernanda Ribeiro de Almeida Fichamento parcial do capítulo VIII, A divinização do Espaço, da obra de Alexandre KoyréDo Mundo Fechado ao Universo Infinito. No

Leia mais

O Positivismo de Augusto Comte. Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior

O Positivismo de Augusto Comte. Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior O Positivismo de Augusto Comte Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior Augusto Comte (1798-1857). Um dos pais fundadores da Sociologia. Obras principais: Curso de Filosofia Positiva. 6 volumes. (1830-1842).

Leia mais

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor).

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor). Exercícios sobre Hegel e a dialética EXERCÍCIOS 1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor). b) é incapaz de explicar

Leia mais

FÉ E RAZÃO MUNDO MEDIEVAL

FÉ E RAZÃO MUNDO MEDIEVAL FÉ E RAZÃO MUNDO MEDIEVAL Santo Agostinho séc. IV São Tomás de Aquino séc. XIII PATRÍSTICA e ESCOLÁSTICA Platão séc. IV a.c. Aristóteles séc. III a.c A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO Questões fundamentais para

Leia mais

Boa tarde a todos. É um prazer rever os

Boa tarde a todos. É um prazer rever os DIREITOS SUBJETIVOS NA FILOSOFIA DO DIREITO DE ESPINOSA * FERNANDO DIAS ANDRADE * * Boa tarde a todos. É um prazer rever os amigos do Grupo Filosofia e Direito, é um prazer pessoalmente vir aqui à Universidade

Leia mais

Ementa: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Departamento de Filosofia Disciplina: História da Filosofia Moderna Professora: Priscila Rufinoni

Ementa: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Departamento de Filosofia Disciplina: História da Filosofia Moderna Professora: Priscila Rufinoni UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Departamento de Filosofia Disciplina: História da Filosofia Moderna Professora: Priscila Rufinoni Ementa: Este curso trata da passagem do pensamento do medievo para a investigação

Leia mais

Filosofia Medievil: TomásadeaAquino

Filosofia Medievil: TomásadeaAquino MPET Modelagem Conceitual do Pensamento Filosófco MATERIAL DE APOIO Organizador dos slides: Prof.aDr.aGliuciusaDécioaDuirte Atualizado em: 19 ago. 2017 Filosofia Medievil: TomásadeaAquino SÍNTESE DO CRISTIANISMO

Leia mais

Filosofia e Religião.

Filosofia e Religião. Filosofia e Religião. Filosofia e Cristianismo. Santo Agostinho. (354 430) É considerado um dos introdutores do pensamento filosófico grego na doutrina cristã. Fortemente influenciado por Platão, concebia

Leia mais

Teoria do Conhecimento:

Teoria do Conhecimento: Teoria do Conhecimento: Investigando o Saber O que sou eu? Uma substância que pensa. O que é uma substância que pensa? É uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer,

Leia mais

Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen

Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen 1 Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto / felipe@monergismo.com GERAL Razão: capacidade intelectual ou mental do homem. Pressuposição: uma suposição elementar,

Leia mais

PULSÃO DE VIDA, PULSÃO DE LIBERDADE: O CONCEITO DE CONATUS NA ÉTICA DE ESPINOSA. André Luís Bonfim Sousa

PULSÃO DE VIDA, PULSÃO DE LIBERDADE: O CONCEITO DE CONATUS NA ÉTICA DE ESPINOSA. André Luís Bonfim Sousa PULSÃO DE VIDA, PULSÃO DE LIBERDADE: O CONCEITO DE CONATUS NA ÉTICA DE ESPINOSA André Luís Bonfim Sousa Doutor em Filosofia PUCRS Professor Substituto do Curso de Filosofia da UVA e da FANOR DeVry em_fim@hotmail.com

Leia mais

CENÁRIO FILOSÓFICO DA GRÉCIA CLÁSSICA I

CENÁRIO FILOSÓFICO DA GRÉCIA CLÁSSICA I CENÁRIO FILOSÓFICO DA GRÉCIA CLÁSSICA I A ideia de que a finalidade da política não é o exercício do poder, mas a realização da justiça para o bem comum da cidade; A ideia de que o homem livre (e somente

Leia mais

A INTERPRETAÇÃO DA IDEIA INADEQUADA EM SPINOZA

A INTERPRETAÇÃO DA IDEIA INADEQUADA EM SPINOZA Paulo Santana 1 RESUMO: A imaginação opera por meio de ideias inadequadas que são imagens mutiladas e truncadas, fabricadas na consciência a partir das experiências sensoriais. Essa conjugação engendra

Leia mais

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFº DANILO BORGES

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFº DANILO BORGES RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFº DANILO BORGES SARTRE (UFU) Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980), seria assim definida: A) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo mesmo, instaurando

Leia mais

4 - Considerações finais

4 - Considerações finais 4 - Considerações finais Eduardo Ramos Coimbra de Souza SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros SOUZA, ERC. Considerações finais. In: Schopenhauer e os conhecimentos intuitivo e abstrato: uma teoria

Leia mais

A LÓGICA EPISTÊMICA DE HINTIKKA E A DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE CONHECIMENTO. Resumo

A LÓGICA EPISTÊMICA DE HINTIKKA E A DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE CONHECIMENTO. Resumo A LÓGICA EPISTÊMICA DE HINTIKKA E A DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE CONHECIMENTO Autor: Stanley Kreiter Bezerra Medeiros Departamento de Filosofia UFRN Resumo Em 1962, Jaako Hintikka publicou Knowledge and Belief:

Leia mais

TOMÁS DE AQUINO SÉC. XIII AS PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

TOMÁS DE AQUINO SÉC. XIII AS PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS TOMÁS DE AQUINO SÉC. XIII AS PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS NA SUA OBRA DENOMINADA SUMA TEOLÓGICA, TOMÁS DE AQUINO CONSIDERA CINCO VIAS QUE, POR MEIO DE ARGUMENTOS, CONDUZEM À DEUS, TODAS COM CARACTERÍSTICAS

Leia mais

DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS

DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS ERICA.CARVALHO@UCSAL.BR Ética e História Como a Ética estuda a moral, ou seja, o comportamento humano, ela varia de acordo com seu objeto ao longo do

Leia mais

CONHECIMENTO E AFETIVIDADE EM ESPINOSA

CONHECIMENTO E AFETIVIDADE EM ESPINOSA CONHECIMENTO E AFETIVIDADE EM ESPINOSA Adriano Pereira da Silva 1 1 Departamento de Ciências Humanas, Faculdades Integradas Regionais de Avaré, Fundação Regional Educacional de Avaré, Avaré, São Paulo,

Leia mais

A VIVÊNCIA ÉTICO-POLÍTICA-AFETIVA NA COMUNIDADE.

A VIVÊNCIA ÉTICO-POLÍTICA-AFETIVA NA COMUNIDADE. FÁTIMA MARIA ARAUJO BERTINI 81 A VIVÊNCIA ÉTICO-POLÍTICA-AFETIVA NA COMUNIDADE. Fátima Maria Araujo Bertini Doutoranda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil bertinifma@gmail.com

Leia mais

PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02

PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02 PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02 2 A EPISTEMOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO Ramo da filosofia que estuda a natureza do conhecimento. Como podemos conhecer

Leia mais

FACULDADE DE SÃO BENTO CURSO DE FILOSOFIA GUSTAVO TRINDADE DOS SANTOS A BEATITUDE OU O AMOR DIVINO E O PODER SOBRE OS AFETOS NA ÉTICA SPINOZANA

FACULDADE DE SÃO BENTO CURSO DE FILOSOFIA GUSTAVO TRINDADE DOS SANTOS A BEATITUDE OU O AMOR DIVINO E O PODER SOBRE OS AFETOS NA ÉTICA SPINOZANA FACULDADE DE SÃO BENTO CURSO DE FILOSOFIA GUSTAVO TRINDADE DOS SANTOS A BEATITUDE OU O AMOR DIVINO E O PODER SOBRE OS AFETOS NA ÉTICA SPINOZANA São Paulo SP 2016 1 GUSTAVO TRINDADE DOS SANTOS A BEATITUDE

Leia mais

Introdução a Filosofia

Introdução a Filosofia Introdução a Filosofia Baseado no texto de Ludwig Feuerbach, A essência do homem em geral, elaborem e respondam questões relacionadas a este tema. 1- Quem foi Feuerbach? PERGUNTAS 2- Qual é a diferença

Leia mais

A gramática de extremos patológicos: um estudo possível acerca do Sofrimento de Indeterminação

A gramática de extremos patológicos: um estudo possível acerca do Sofrimento de Indeterminação A gramática de extremos patológicos: um estudo possível acerca do Sofrimento de Indeterminação Trabalho elaborado por: André Ricardo Nader, Delia Maria De Césaris e Maria Letícia Reis Laurino A proposta

Leia mais

Segundo Rousseau, o que impediu a permanência do homem no Estado de natureza?

Segundo Rousseau, o que impediu a permanência do homem no Estado de natureza? Segundo Rousseau, o que impediu a permanência do homem no Estado de natureza? O princípio básico da soberania popular, segundo Rousseau, é: a) o poder absoluto b) o poder do suserano c) a vontade de todos

Leia mais

Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Clássica. Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes

Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Clássica. Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Clássica Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes Conteúdo (a) Nascimento da filosofia (b) Condições históricas para seu nascimento (c) Os principais períodos

Leia mais

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA PROFESSOR: REINALDO SOUZA

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA PROFESSOR: REINALDO SOUZA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA PROFESSOR: REINALDO SOUZA Nada de grande se realizou no mundo sem paixão. G. W. F. HEGEL (1770-1831) Século XIX Revolução Industrial (meados do século XVIII) Capitalismo; Inovações

Leia mais

TEORIA DO CONHECIMENTO Immanuel Kant ( )

TEORIA DO CONHECIMENTO Immanuel Kant ( ) TEORIA DO CONHECIMENTO Immanuel Kant (1724-1804) Obras de destaque da Filosofia Kantiana Epistemologia - Crítica da Razão Pura (1781) Prolegômenos e a toda a Metafísica Futura (1783) Ética - Crítica da

Leia mais

AULA 04 A CONTROVÉRSIA MANIQUEÍSTA.

AULA 04 A CONTROVÉRSIA MANIQUEÍSTA. A PREDESTINAÇÃO NA HISTÓRIA DA IGREJA ANTIGA AULA 04 A CONTROVÉRSIA MANIQUEÍSTA. PROFESSOR: THIAGO TITILLO O maniqueísmo era uma seita gnóstica que fundiu ensinamentos de Buda, Zoroastro, e Jesus Cristo.

Leia mais

ÉTICA. Parte Primeira DE DEUS

ÉTICA. Parte Primeira DE DEUS 1 ÉTICA Parte Primeira DE DEUS Definições 1. Por causa de si entendo isso cuja essência envolve existência, ou seja, 1 isso cuja natureza não pode ser concebida senão existente. 2. É dita finita em seu

Leia mais

CAPORALINI, José Beluci. Reflexões sobre O Essencial de Santo Agostinho. Maringá: Clichetec Gráfica Editora, 2007, 132 p.

CAPORALINI, José Beluci. Reflexões sobre O Essencial de Santo Agostinho. Maringá: Clichetec Gráfica Editora, 2007, 132 p. CAPORALINI, José Beluci. Reflexões sobre O Essencial de Santo Agostinho. Maringá: Clichetec Gráfica Editora, 2007, 132 p. Celestino Medica * O livro apresenta um trabalho de coordenação, de seleção e de

Leia mais

PALAVRAS-CHAVE Benedictus de Spinoza. Salvação. Beatitude. Liberdade.

PALAVRAS-CHAVE Benedictus de Spinoza. Salvação. Beatitude. Liberdade. RESUMO Recebido em jan. 2011 Aprovado em jun. 2011 SALVAÇÃO, BEATITUDE E LIBERDADE EM SPINOZA SEGUNDO FERDINAND ALQUIÉ EMANUEL ANGELO DA ROCHA FRAGOSO * Para Benedictus de Spinoza (1632-1677), os termos

Leia mais

Na filosofia de Espinosa, há certo equacionamento entre aprender e alegria. Trata-se

Na filosofia de Espinosa, há certo equacionamento entre aprender e alegria. Trata-se 1 ESPINOSA: ALEGRIA E INTELIGÊNCIA 1 Hélio Rebello Cardoso Júnior 2 Na filosofia de Espinosa, há certo equacionamento entre aprender e alegria. Trata-se de uma cláusula prática que parte da proposição

Leia mais

Resumo sobre a concepção de ensino em Agostinho de Hipona (do livro De Magistro )*

Resumo sobre a concepção de ensino em Agostinho de Hipona (do livro De Magistro )* Resumo sobre a concepção de ensino em Agostinho de Hipona (do livro De Magistro )* Afresco entre 1464 e 1465 intitulado St Augustine Teaching in Rome ( Santo Agostinho ensinando em Roma ), de Benozzo Gozzoli

Leia mais

Resenha Especiaria n 19.indd 343 Especiaria n 19.indd 343 6/11/ :13:09 6/11/ :13:09

Resenha Especiaria n 19.indd 343 Especiaria n 19.indd 343 6/11/ :13:09 6/11/ :13:09 Resenha Especiaria n 19.indd 343 6/11/2009 08:13:09 RESENHA Sobre a liberdade da expressão Imaculada Kangussu E-mail: lkangassu@gmail.com Palavras-chave: Adorno. Expressão. Liberdade. Especiaria n 19.indd

Leia mais

A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações

A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações Marcio Tadeu Girotti * RESUMO Nosso objetivo consiste em apresentar a interpretação de Michelle

Leia mais

Marco Aurélio Oliveira da Silva*

Marco Aurélio Oliveira da Silva* VELDE, Rudi A. te. Aquinas on God. The divine science of the Summa Theologiae, Aldershot: Ashgate, Ashgate Studies in the History of Philosophical Theology, 2006, viii+192p. Marco Aurélio Oliveira da Silva*

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br A Dúvida Metódica Em Descartes Antonio Wardison Canabrava da Silva* A busca pelo conhecimento é um atributo essencial do pensar filosófico. Desde o surgimento das investigações mitológicas,

Leia mais

INTRODUÇÃO AO O QUE É A FILOSOFIA? PENSAMENTO FILOSÓFICO: Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior

INTRODUÇÃO AO O QUE É A FILOSOFIA? PENSAMENTO FILOSÓFICO: Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO FILOSÓFICO: O QUE É A FILOSOFIA? Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior INTRODUÇÃO FILOSOFIA THEORIA - ONTOS - LOGOS VER - SER - DIZER - A Filosofia é ver e dizer aquilo que

Leia mais

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Filosofia e Ciências Humanas Instituto de Filosofia e Ciências Sociais

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Filosofia e Ciências Humanas Instituto de Filosofia e Ciências Sociais 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Filosofia e Ciências Humanas Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Departamento de Filosofia Programa de Pós-graduação em Lógica e Metafísica Laio

Leia mais

A Concepção Moderna do Ser humano

A Concepção Moderna do Ser humano A Concepção Moderna do Ser humano A concepção do ser humano no humanismo Concepção renascentista do Civilização da Renascença Séc. XIV - XVI Idade do humanismo Tradição medieval - crista humanismo cristão

Leia mais

Sócrates: após destruir o saber meramente opinativo, em diálogo com seu interlocutor, dava início ã procura da definição do conceito, de modo que, o

Sócrates: após destruir o saber meramente opinativo, em diálogo com seu interlocutor, dava início ã procura da definição do conceito, de modo que, o A busca da verdade Os filósofos pré-socráticos investigavam a natureza, sua origem de maneira racional. Para eles, o princípio é teórico, fundamento de todas as coisas. Destaca-se Heráclito e Parmênides.

Leia mais

AULA FILOSOFIA. O realismo aristotélico

AULA FILOSOFIA. O realismo aristotélico AULA FILOSOFIA O realismo aristotélico DEFINIÇÃO O realismo aristotélico representa, na Grécia antiga, ao lado das filosofias de Sócrates e Platão, uma reação ao discurso dos sofistas e uma tentativa de

Leia mais

A Potência do Homem livre em Spinoza

A Potência do Homem livre em Spinoza A Potência do Homem livre em Spinoza Carlos Wagner Benevides Gomes * Introdução O problema da liberdade foi um dos grandes temas da história da filosofia prática. Várias definições foram articuladas ao

Leia mais

A LIBERDADE HUMANA EM SPINOZA

A LIBERDADE HUMANA EM SPINOZA A LIBERDADE HUMANA EM SPINOZA Alex de Sousa¹ RESUMO O presente artigo tem por objetivo tratar o conceito de liberdade humana segundo o pensamento de Spinoza, e para o bom desfecho do mesmo, o dividimos

Leia mais

Como se define a filosofia?

Como se define a filosofia? Como se define a filosofia? Filosofia é uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores

Leia mais

O Debate sobre os Modos Infinitos em Espinosa

O Debate sobre os Modos Infinitos em Espinosa O Debate sobre os Modos Infinitos em Espinosa Frederico Pieper Pires * Resumo Este artigo tem por objetivo debater algumas interpretações em torno dos modos infinitos no pensamento de Espinosa, tomando

Leia mais

TEOREMA DO DETERMINISMO

TEOREMA DO DETERMINISMO TEOREMA DO DETERMINISMO Pereyra,P.H. pereyraph.com RESUMO É estabelecido o modus operandi da Natureza como causa e efeito com base no Teorema do Determinismo, para todos os eventos que a compõe. É estabelecido

Leia mais

CONSIDERAÇÕES DE DELEUZE SOBRE ONTOLOGIA E ÉTICA EM SPINOZA. Carlos Wagner Benevides Gomes*

CONSIDERAÇÕES DE DELEUZE SOBRE ONTOLOGIA E ÉTICA EM SPINOZA. Carlos Wagner Benevides Gomes* CONSIDERAÇÕES DE DELEUZE SOBRE ONTOLOGIA E ÉTICA EM SPINOZA Carlos Wagner Benevides Gomes* RESUMO: Este artigo tem como objetivo explicitar a problemática da ontologia e da ética do filósofo holandês Benedictus

Leia mais

CONCEPÇÃO DE VIRTUDE EM ESPINOSA RESUMO

CONCEPÇÃO DE VIRTUDE EM ESPINOSA RESUMO CONCEPÇÃO DE VIRTUDE EM ESPINOSA RESUMO SANCHES, Ricardo Roger. 1 RU 1178277 BONFIM, Lucília M.G.A. 2 Neste artigo analisa-se a concepção de virtude na Ética espinosiana e seu papel no caminho que conduz

Leia mais

Revista Eletrônica de Filosofia da UESB

Revista Eletrônica de Filosofia da UESB O CONTROLE DOS AFETOS POR UMA AÇÃO ÉTICA NA FILOSOFIA DE SPINOZA Erica Lopes de Oliveira Graduanda em Filosofia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). E-mail: erica.lopes@hotmail.com.br.

Leia mais

26/08/2013. Gnosiologia e Epistemologia. Prof. Msc Ayala Liberato Braga GNOSIOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO GNOSIOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO

26/08/2013. Gnosiologia e Epistemologia. Prof. Msc Ayala Liberato Braga GNOSIOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO GNOSIOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO Gnosiologia e Epistemologia Prof. Msc Ayala Liberato Braga Conhecimento filosófico investigar a coerência lógica das ideias com o que o homem interpreta o mundo e constrói sua própria realidade. Para a

Leia mais

CIÊNCIA INTUITIVA E BEATITUDE EM SPINOZA 1

CIÊNCIA INTUITIVA E BEATITUDE EM SPINOZA 1 1 Intuitive science and beatitude in Spinoza Leonardo Lima Ribeiro* Resumo: Este artigo propõe tratar fundamentalmente do problema da suprema liberdade ou da beatitude na Ética spinozana, a qual tem a

Leia mais

A Acção e os Valores

A Acção e os Valores Módulo II A Acção Humana e os Valores Vimos no módulo anterior que a Filosofia se apresenta como reflexão crítica sobre o homem enquanto inserido num complexo tecido de relações com o mundo (natural e

Leia mais