Estudo de Caso: Direito Tributário e Previdenciário

Transcrição

1 Estudo de Caso: Direito Tributário e Previdenciário Monitora: Carla Arruda

2 CASO 01 QUESTÃO 4 - FCC - Analista Judiciário (TRF 3ª Região)/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014 Empresa contribuinte ingressou com Ação Declaratória de Inexistência de Obrigação Tributária cumulada com Ação para Repetição do Indébito em face do INSS Instituto Nacional de Seguridade Social, alegando, em síntese, que não incide contribuição social sobre as verbas salariais de natureza indenizatória, tais como adicional noturno, insalubridade, hora-extra, saláriomaternidade, terço constitucional de férias e férias indenizadas, adicional de periculosidade, salário família, aviso prévio, salário educação, auxílio-doença e auxílio-creche.

3 CASO 01 Requer, em sede de tutela antecipada, a imediata suspensão de recolhimento de contribuição social sobre estas verbas e, após a declaração de inexistência de obrigação tributária de pagar contribuição social sobre verbas indenizatórias, que lhe sejam restituídos os valores pagos a este título nos últimos dez anos. Considerando que a Constituição Federal dispõe no art. 195, inciso I, que a contribuição social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, incide sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, analise, fundamentadamente, a constitucionalidade da incidência deste tributo sobre as verbas indenizatórias, bem assim a pretensão da empresa quanto à restituição de valores já recolhidos.

4 Parte Previdenciária da questão: Salário de contribuição: é a base de cálculo tributável das contribuições sociais devidas pelo Segurado à Seguridade Social. Parcelas integrantes do SC, em que, portanto, incide contribuição social: Salário maternidade STJ REsp Terço constitucional deférias? Lei: SIM! Jurisprudência dostj (2011): NÃO! Horas extras, adicional noturno e adicional de periculosidade STJ REsp Aviso prévio: Trabalhado: integra o SC, logo, incide CS. Indenizado: NÃO! Jurisprudência do STJ (2011)

5 Parcelas não integrantes do SC, em que, portanto, NÃO incide contribuição social: Todos os benefícios previdenciários com EXCEÇÃO do SALÁRIO MATERNIDADE. Férias indenizadas (vencidas) e seurespectivo adicional constitucional. Auxílio-creche Súmula 310 do STJ

6 Parte Tributária da questão: As verbas indenizatórias dispostas na questão NÃO constituem fato gerador da contribuição previdenciária patronal, calculada sobre a folha de salários, nos termos do art. 195, I, dacrfb/88. Art. 195: A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

7 Não há obrigação tributária das empresas recolherem contribuição social sobre verbas indenizatórias. Inconstitucionalidade na cobrança das citadas verbas. A empresa tem direito à restituição dos valores pagos indevidamente a título de contribuição social incidente sobre a folha de salários relativamente às verbas indenizatórias. Art. 165: O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no 4º do art. 162, nos seguintes casos: I erro ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido.

8 Período de 5 anos, a contar do pagamento indevido, ou seja, da extinção do crédito tributário. Art. 168: O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 anos, contados: I nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário. Súmula 162 do STJ: Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.

9 ESPELHO No presente caso, há inconstitucionalidade da cobrança de contribuição social incidente sobre as verbas indenizatórias, quais sejam: férias indenizadas, salário família, salário educação, auxílio-creche, auxílio-doença, terço constitucional de férias e aviso prévio indenizado (estas duas últimas verbas em razão do entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Isso porque as verbas indenizatórias não se enquadram no salário de contribuição e, portanto, não constituem fato gerador da contribuição previdenciária patronal, de acordo com o art. 195, inciso I, da CRFB. Diante do exposto, a empresa tem direito à restituição dos valores pagos indevidamente a título de contribuição social incidente sobre a folha de salários relativamente às verbas indenizatórias acima citadas, no período de cinco anos contados do pagamento indevido (extinção do crédito tributário), nos termos do art. 168, I, do CTN.