Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Transcrição

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2 Editor Thiago Regina Projeto Gráfico e Editorial Rebeca Massaro Revisão Julia Machado Ilustrações Gabriela Corrêa Ribeiro, Thais de Almeida, Gabriele Philippini, Ana Luisa Mansor, e Luiz Felipe Corrêa, Nathalia Marques e Matheus Augusto Copidesque Jade Souza Capa Tiago Shima Copyright Viseu Todos os direitos desta edição são reservados à Editora Viseu Avenida Duque de Caxias, Cj 1007 Telefone: contato@editoraviseu.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Machado, Julia Se ninguém te ouve, escreva / Julia Machado- Maringá: Viseu, 2018 ISBN Reflexões 2. Pensamentos 3. Música I. Machado, Julia II. Título Índice para catálogos sistemáticos: 1. Reflexões: Historias de vida Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de ).

3 Fix you coldplay

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5 Se ninguém te ouve, escreva O mais difícil pra um ser humano é aceitar os erros, as falhas e aceitar que a falta de controle sobre todas as coisas da vida é natural. Nós temos uma necessidade de querer provar que podemos controlar tudo. Desde as pessoas, até os sentimentos e muitas vezes o mundo se encarrega de nos provar o contrário. Acredito que paz interior começa a partir do momento em que você começa a confiar mais em você e menos no que querem que você seja. As coisas são como são, e talvez se pudessem ser diferentes, seriam. Aceitação é a maior prova de que você está controlando aquilo que está ao seu alcance, porque todo o resto vai entrar nos eixos assim que o tempo achar melhor. Não acredito que este cure tudo como as pessoas dizem, mas acredito que nos dá uma maior percepção sobre tudo aquilo que tínhamos medo de enxergar por estarmos cegos de medo e angústia antes, amenizando então a situação. Talvez nem tudo passe, mas tudo amenize, e tudo se encaixe. Não estamos errados o tempo todo, nem sempre o que fazemos é um pecado. Nem sei se essa palavra faz algum sentido, ao menos. Pecado é relativo aos olhos de cada um. O que fazes, agrada a alguns e naturalmente outros detestarão. Errado seria mudar sua essência para que as pessoas te vissem com outros olhos. Agrade a si mesmo e quem quiser estará em paz junto a ti. Não vejo que temos direito de machucar pessoas ao nosso redor para nosso próprio benefício, jamais. Mas quando o assunto se diz respeito a quem você é e como você pensa, mudar pra ser conveniente não é a melhor opção. O mundo precisa de muito mais. De menos hipocrisia, e mais respeito. De menos julgamento e mais aceitação de que talvez nem todo mundo siga a mesma linha de pensamento que você. Talvez precisemos valorizar mais aqueles que nos valorizam, para reconhecer nossas qualidades, e então encontrarmos nossa auto-suficiência. Talvez devêssemos parar de colocar a culpa nos outros e reconhecermos nossas próprias falhas, antes de qualquer conclusão. A vida tem esse jeito louco de nos mostrar que não existe um caminho só, que nascemos e morremos com 18

6 Julia Machado um intuito de que temos que seguir aquilo que dizem que é o bastante, quando na verdade deveríamos seguir qualquer coisa que nos fizesse bem e nos trouxesse paz. E essa paz só vem quando nos desligamos desse sentimento que as pessoas e o mundo criam sobre nós, quando o controle passa a ser natural e não mais uma necessidade. Quando aceitamos que temos que estar bem com nós mesmos antes de estarmos bem em sociedade. Da mesma forma que não temos essa capacidade de mandar tudo se ajeitar, não devemos deixar outras pessoas e eventos interferirem nos problemas de nossas almas. Realmente nem sempre a vida é justa. Mas se fosse, talvez não saberíamos lidar com isso tudo. 19

7 sweet disposition the temper trap

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9 Se ninguém te ouve, escreva Conhecemos milhares de pessoas em nossas vidas, e nunca realmente sabemos o que pode estar se passando com qualquer uma delas. Quando encontramos uma menina chorando no ônibus, ou alguém que olha repetidamente para o relógio de pulso sem nenhum motivo aparente. Quando vemos duas pessoas que apesar de não estarem juntas, poderiam dar muito mais certo do que um casal de anos que nem ao menos compreende o motivo de ainda serem rotulados como um casal. Quando vemos uma pessoa tão inteligente -e quando digo inteligente não me refiro a um QI alto, necessariamente- se sentir tão insegura enquanto uma pessoa sem fundamento algum tenta se sobressair subindo em outros como se fossem uma espécie de escada. O que eu quero dizer é que nunca sabemos o que realmente tem por dentro do outro. Você pode estar sentado ao lado de alguém que sorri o tempo todo sem saber o quão quebrada essa pessoa está em seu interior. E afirmo isso porque muitos insistem em julgar atitudes baseadas em fatos tão insignificantes. Acredito que o emocional transforme as pessoas, e não o usando como uma desculpa, mas tento mostrar o quanto alguém que está passando por uma fase complicada pode ficar vulnerável e mais susceptível a fazer algo que não seria propriamente uma atitude natural para aquele indivíduo. Insistir em apontar os erros de alguém não vai funcionar como uma borracha que apague os seus próprios erros. Especialmente quando nos baseamos em fatos de uma pessoa que acabamos de conhecer e achamos que podemos interpretar toda sua essência, como se esta fosse um livro aberto e sua história fosse simplesmente decifrada em algo tão efêmero quanto um único momento. Seria muito mais simples se déssemos chances para que cada um ao menos tentasse mostrar as qualidades que tem, ao invés de focarmos tanto nos defeitos e esquecermos do quanto nós mesmos já erramos tantas vezes e queríamos poder reparar estes erros de alguma forma. Todo mundo tem um pássaro azul dentro de si que insiste em querer cantar de vez em quando. E toda vez que ele aparece, nós tentamos o esconder tão 22

10 Julia Machado bravamente para que as pessoas não saibam das nossas batalhas interiores. O passarinho se sente mal, pois é oprimido por uma mera insegurança daquele que o carrega. Insegurança esta que o retém por esquecermos do quanto precisamos de notas melancólicas pra nos lembrarmos de como gostamos das melodias mais alegres. Notas tristes não deveriam ser motivo de vergonha pra ninguém. Da forma como vejo, todo e qualquer indivíduo luta contra seus próprios medos e não é cabível a ninguém tentar interferir em algo que não diz respeito à si mesmo. 23