Aula 15 Dos Atos Ilícitos: Por Marcelo Câmara
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- João Guilherme Benke
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1 Aula 15 Dos Atos Ilícitos: Por Marcelo Câmara
2 Introdução:
3 A responsabilidade civil surge pela prática de um ato ilícito que é o conjunto de pressupostos da responsabilidade civil. Surge assim, a responsabilidade civil (gênero) que é o direito da pessoa que sofreu um dano de exigir, perante o Estado Juiz, uma indenização daquele que causou o dano.
4 Sumário:
5 1 - Responsabilidade civil : Conceito: 1.3 Tipos: Contratual: Extracontratual: 1.4 Pressupostos: Ato Ilícito: Nexo Causal: Dano:
6 1.5 - Abuso de Direito: Excludentes de ilicitude: Estrito cumprimento do dever legal: Estado de necessidade: Legítima defesa:
7 Desenvolvimento:
8 1 - Responsabilidade civil : HONESTE VIVERE, NEMINEM LAEDERE, SUUM QUIQUE TRIBUERE Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu!
9 1.2 - Conceito: A palavra responsabilidade é de origem latina e proveniente da raiz do verbo respondere = responder, que etimologicamente, significa indicar alguém como garantidor de alguma coisa. O ordenamento jurídico tem como principal objetivo o de proteger o lícito e reprimir o ilícito (San Tiago Dantas).
10 1.3 Tipos: O ser humano no exercício de sua liberdade de ação e na faina de conquistar os objetivos na tutela de seus interesses pode causar danos às pessoas ou bem de outrem, e, ainda, perturbar a ordem social por falta de cuidado objetivo em sua conduta.
11 1.3 Tipos: Em consequência, podem gerar as responsabilidades penal e civil, muitas vezes com apenas uma ação danosa, na medida em que, ao mesmo tempo vulnera normas proibitivas de condutas de direito penal e de direito civil. A liberdade de ação do homem é limitada pela responsabilidade de seus atos.
12 1.3 Tipos: De início há um divisor de águas da responsabilidade, que pode ser civil e a penal. Como a descrição da conduta penal é sempre uma tipificação restrita, em princípio a responsabilidade penal ocasiona o dever de indenizar.
13 1.3.1 Penal: Neste ramo do direito público as normas jurídicas protetivas dos interesses sociais que objetivam o resguardo da integridade de bens de valores elevados e indisponíveis, dentre os quais, os direitos da personalidade do homem: a vida, a liberdade, a honra, a saúde física e mental, entre outros.
14 1.3.2 Civil: A responsabilidade civil é uma conduta ilícita de repercussão menos gravosa. Sendo certo que nem toda conduta gera um ilícito civil é punível, descrita pela lei penal, já a recíproca é verdadeira, embora em ambas haja a responsabilidade.
15 1.3.2 Civil: A responsabilidade civil é assim considerada de menor gravidade e o interesse de reparação é privado, embora com interesse social, não afetando, a princípio, a segurança pública.
16 1.3.3 Contratual: Existe uma distinção tradicional entre a responsabilidade contratual, que decorre do inadimplemento de obrigação assumida no contrato, e a responsabilidade extracontratual (delitual ou aquiliana) que deflui da violação de obrigação emanada da lei.
17 1.3.3 Contratual: Na realidade, os fundamentos são os mesmos em ambas as hipóteses, como abaixo veremos. OBS: Aquiliano de Achilius Gallo, tribuno romano da plebe no ano de 286 a.c.
18 1.3.3 Contratual: Entende a doutrina e a jurisprudência que, no caso da obrigação de resultado, assumida por uma das partes, o simples fato de ter ocorrido o inadimplemento importa em presunção de culpa, cabendo ao devedor que não cumpriu a sua obrigação fazer a prova da ocorrência de força maior, caso fortuito, culpa do outro contratante ou outro fato que possa excluir a responsabilidade.
19 1.3.3 Contratual: Título IV - Do Inadimplemento das Obrigações. Capítulo I - Disposições Gerais Art Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
20 1.3.4 Extracontratual: Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery identificam as seguintes cláusulas gerais na responsabilidade extracontratual: Pode-se dizer que há algumas cláusulas gerais extraídas do sistema jurídico civil para a responsabilidade extracontratual.
21 1.3.4 Extracontratual: Há o direito de o prejudicado se indenizado e o dever de o ofensor indenizar quando: a) a ofensa se der a qualquer direito (patrimonial, material ou imaterial- como o moral, à imagem, da personalidade, etc);
22 1.3.4 Extracontratual: b) a ofensa ocorrer em desrespeito a norma de ordem pública imperativa (v.g. abuso de direito CC, 187); direito protegido por norma imperativa constitucional (penal, administrativa, etc); c) o dano causado for apenas moral;
23 1.3.4 Extracontratual: d) por expressa especificação legal, ou quando a atividade normalmente desenvolvidas pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva CC, 927 parágrafo único); e) a ofensa se der por desatendimento à boa-fé e aos bons costumes
24 1.4 Pressupostos: São os itens pelo qual a responsabilidade civil exige para a propositura da ação típica; Tanto que são requisitos para a propositura da própria ação. Conforme preleciona o art. 319 do NCPC, verbis:
25 1.4 Pressupostos: Art A petição inicial indicará: (...) III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; (...) VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
26 1.4 Pressupostos - OBS: Art A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
27 Ato ilícito CC e 187 CPDC -12; 14; 18, 19; 20; 35, III NCPC Nexo Causal CPDC -12 e 14 3ºs; - 6, VIII Dano CC CPDC 12; 14; 18; 19; 20; 35, III
28 1.4.1 Ato Ilícito: Conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade.
29 1.4.1 Ato Ilícito: É a própria conduta humana (por pessoa natural ou jurídica) através do qual fica configurada o ato ilícito. Descrito na interpretação / enquadramento dos artigos 186 e 187 do CC e outros correlacionados, v.g., arts. 12 e 14 da Lei de 1990.
30 1.4.2 Nexo Causal: É o elo que reúne o ato ilícito ao dano. De vital importância, o exercício da constituição do direito alegado pelo autor da ação (vítima do dano) depende do nexo causal que é materializado através das provas que são por ele constituídas. Art. 333, 334, 335 do CPC, como fundamentos mínimos para a sua existência.
31 1.4.3 Dano: É a consequência do ato ilícito. Configurado de forma típica (v.g., moral material, imagem, etc) ou de forma atípica (perda de uma chance, reflexo, etc). Sua principal fundamentação é o art. 944 do CC.
32 1.5 - Abuso de Direito: Prevê o art. 187 do CC, verbis: Art Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
33 1.5 - Abuso de Direito: O artigo 187 está trazendo uma figura, um instituto chamado de Abuso de Direito. O ato praticado no exercício normal de um direito (regular de direito) configura conduta / ato lícito. Todavia, se a pessoa tem o direito e exerce este direito de modo anormal, de modo irregular, o ato deixa de sê-lo.
34 1.5 - Abuso de Direito: Quando o exercício é anormal, é irregular, configura aquilo que a doutrina chama de abuso de direito. O abuso de direito, ou seja, o exercício anormal, irregular de um direito está aí no artigo 187, é ato ilícito.
35 1.5 - Abuso de Direito: O problema todo é saber quando o exercício é anormal, quando o exercício do direito é irregular, porque se o exercício é regular o ato é lícito. Quando o exercício é anormal aí sim é ato ilícito, é abuso de direito.
36 1.5 - Abuso de Direito: O artigo 187 vai nos fornecer uma noção de quando é que há abuso de direito, de quando é que uma pessoa está exercendo o seu direito de um modo abusivo, anormal.
37 1.5 - Abuso de Direito: Não espere encontrar no Código um conceito rígido, um conceito fechado. O Código Civil contêm cláusulas abertas. Conceitos cheios de ética para serem analisados dentro de um caso concreto.
38 1.5 - Abuso de Direito: Para se saber o que é abuso de direito tem que verificar o caso concreto, analisar se a pessoa ao exercer o seu direito ali não abusou do fim econômico e social, não abusou da boa-fé. A Responsabilidade Civil que nasce da lei, e a Responsabilidade Civil que nasce desse abuso de direito é uma Responsabilidade Civil objetiva, independe de culpa.
39 1.5 - Abuso de Direito: Enunciado nº 37 da Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos do Conselho da Justiça Federal: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa.
40 1.5 - Abuso de Direito: Enunciado nº 37 da Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos do Conselho da Justiça Federal: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa.
41 1.6 - Excludentes de ilicitude: Neste tema abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil. Atentemos ao caput do art. 188, verbis: Art Não constituem atos ilícitos:
42 1.6 - Excludentes de ilicitude: Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se pretende enquadrar a responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes apontadas em seus incisos, senão vejamos:
43 Estrito cumprimento do dever legal: Art Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; Subentende-se como dever legal a conduta necessária de quem tem a obrigação em detrimento do ofício para atuar, v.g. bombeiro, policial, etc.
44 Estado de necessidade: Art Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
45 Estado de necessidade: A conduta deve ser proporcional ao evento de forma que não se ultrapasse um limite considerado razoável. O bem tutelado que é deteriorado, destruído ou removido deve ser inferior em relação ao que é salvo.
46 Legítima defesa: Art Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; Tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que está em perigo se utiliza de todos os meios necessário para salvaguardá-lo.
47 Conclusão:
48 Que a Força esteja com Todos! Vida Longa e Próspera:
49
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