Mulheres pomeranas na agricultura familiar da Colônia São Geraldo/RS e algumas análises feministas.

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1 RESUMO: Mulheres pomeranas na agricultura familiar da Colônia São Geraldo/RS e algumas análises feministas. KOHLS Luciara Medronha Universidade Federal do Rio grande-furg luciaramedronha@gmail.com SCHIAVON, Luana kerstner Universidade Federal do Rio Grande luanaks.sky@hotmail.com ROSA, Graziela Rinaldi Universidade Federal do Rio Grande-FURG Nos propomos a pensar o trabalho das mulheres pomeranas na agricultura familiar, problematizando as relações de gênero na agricultura familiar dessa comunidade, buscando valorizar e mostrar saberes tradicionais dessas mulheres, bem como suas vivências diárias, tendo o campo como espaço de vida, trabalho, e continuidade da formação das famílias. Serão abordados fatos reais do cotidiano dessas mulheres na agricultura familiar na colônia São Geraldo, município de Cristal no Rio Grande do Sul. Trata-se de camponesas que se caracterizam pela sua cultura, dialeto e ensinamentos da língua aos filhos e filhas, que possuem semelhanças no modo de organização familiar ainda patriarcal, como por exemplo, a obediência ao pai, aprender com a mãe os afazeres de casa. Problematizaremos o papel fundamental dessas mulheres pomeranas, no cultivo, produção, armazenagem e preparo dos alimentos que são utilizados durante o ano. Percebe-se o papel que cabe a mulher de ensinar a língua materna, o dialeto pomerano, que estão presentes em suas casas e outros espaços por todos os membros, bem como a convivência em sociedade no campo. O presente trabalho evidência o espaço feminino das camponesas pomeranas nas propriedades rurais como gestão de propriedades, maternidade, cultura, interação ambiental, preservação das sementes, contribuindo na economia, sucessão familiar, cultivo da terra, educação dos filhos, mão de obra e compromisso social e empoderamento da mulher perante as atividades desenvolvidas cotidianamente. Salientamos a importância e sabedoria dessas mulheres, e que a experiência das mulheres no campo movem as nossas cidades, sendo muitas, fonte de inspiração para os/as jovens na busca de uma vida mais sustentável, vivenciando a natureza a cada dia e as oportunidades que ela permite a cada ser humano.

2 Palavras chave: Relações de Gênero, Agricultura Familiar, Agricultura camponesa e mulheres. Introdução: A colônia São Geraldo localiza-se no 4 distrito do município de Cristal/RS. É formada por pequenas propriedades, importantes na economia da região. Apresenta uma paisagem rural bastante diversa com áreas de cultivo, mata nativa, pequenos campos. Moro e trabalho na agricultura mesmo lugar onde cresci, tenho um esposo e três filhos meninos, ou seja, sou a mulher da casa. Estou cursando Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal do Rio Grande-FURG, buscando entender como acontecem relações entre educação, mulheres e homens, na agricultura como um espaço de desenvolvimento econômico e opção de vida das famílias para que nos consigamos viver na e da agricultura camponesa, com maior qualidade de vida, diversificação de alimentos, agricultura limpa, sem uso de agrotóxico, preservando a natureza para gerações futuras, meus filhos e netos, outros. Quanto a tradição das famílias pomeranas uma filha bem criada é aquela que cresce ao lado dos pais, casa e continua trabalhando junto do marido, criando seus filhos, ensinando a eles a língua materna, o dialeto pomerano, que hoje já esta mais valorizada, as mulheres já tem mais liberdade de falar e assumir-se pomerana. a contribuição feminina na organização das propriedades começa ao amanhecer, com a responsabilidade do preparo dos alimentos do dia, o fogo no fogão a lenha garantindo a água quente, o leite que precisa ser tirado da vaca, o almoço que é preparado com produtos em grande parte produzido por elas, e os seus afazeres se estendem o dia inteiro na agricultura e em casa, procurando um tempo para cultivar sua horta, vindo dela parte do alimento consumido na casa, e outras culturas que garantem a alimentação dos animais criados para o consumo da família. A mulher na agricultura tem o dom de guardar sementes de uma safra para outra. Nas famílias pomeranas consegue-se

3 perceber o papel fundamental da mulher em ensinar a língua materna para seus filhos, o dialeto pomerano, que vem sendo preservado ao longo do tempo buscando o respeito e a valorização em todos os espaços. Desenvolvimento: Na maior parte das propriedades são cultivadas lavouras de fumo em folha ocupando um espaço importante na vida dos agricultores, principal fonte de renda das famílias, trabalho exaustivo, com participação de todas as pessoas da família, principalmente as mulheres. Segundo VARGAS (2010) começa com a chegada de empresas bem estruturadas de santa cruz do sul, buscando pequenos agricultores, num pacote de promessas de uma atividade que traria renda superior a qualquer cultura, financiamento de estruturas físicas e insumos, oferecendo compra para toda a produção. Entendendo que famílias de agricultores, principalmente pomeranos estariam acostumados ao serviço braçal intensivo, como sua condição própria. Culturas como o milho, garantindo o melhor aproveitamento da terra, pois grande parte é produzido no sistema pósfumo, onde duas culturas são produzidas utilizando o mesmo espaço, no mesmo período de safra, praticando o mínimo cultivo da terra e melhor aproveitando os insumos que já foram aplicados na primeira cultura. O milho nas propriedades é aproveitado verde na alimentação da família, e o principal alimento para o trato dos animais para o consumo, produção leiteira e trabalho. São plantados outros cultivares como a mandioca, batata doce, melancia, abóboras, morangas, pepino, melão, vagem, entre outros, alguns para fazer conservas e outros para a alimentação das pessoas e dos animais nas propriedades, trabalho esse onde esta presente a mulher permitindo qualidade e diversidade alimentar. Salientando que em cada etapa da plantação, trato de cultura, adubação e colheita e armazenagem é fundamental o trabalho feminino. E este não pode ser apenas considerado uma ajuda ao homem e sim ela como parte integrante do sistema de produção.

4 Percebe-se iniciativas das mulheres na complementação da renda familiar organizandose, gerindo o próprio negócio, organizadas entre elas para a produção de alimentos prontos para alimentação escolar e para o varejo, como pães, cucas, pizzas, bolachas. A contribuição feminina na organização das propriedades começa ao amanhecer, com a responsabilidade do preparo dos alimentos do dia, o fogo no fogão a lenha garantindo a água quente, o leite que precisa ser tirado da vaca, o almoço que é preparado com produtos em grande parte produzido por elas, o leite que precisa ser tirado da vaca, e os seus afazeres se estendem o dia inteiro na agricultura e em casa, procurando um tempo para cultivar sua horta, que é parte do alimento consumido na casa, e outras culturas que garantem a alimentação dos animais criados para o consumo da família. A cultura feminina trás em suas vivencias alternativas sustentáveis e isso faz muita menção a agroecologia, pois esta diretamente ligada em cuidar dos bens naturais e fazer vida a partir do próprio corpo, consagrando a mãe terra. (segundo starhawk (1989), o ecofeminismo precisa ser praticado em nossas vidas diárias e deve, portanto, contribuir para a compreensão das conexões entre a dominação das pessoas e a dominação da natureza não humana). O ser humano é parte integrante da natureza, não podendo ser separado em partes, assim deverá ser as relações entre gêneros. Nas famílias pomeranas consegue-se perceber o papel fundamental da mulher em ensinar a língua materna para seus filhos, o dialeto pomerano, que vem sendo ao longo do tempo preservado e falado por todos os membros hoje mais respeitado e valorizado em outros espaços.podemos falar nas festas de domingo, onde cada comunidade tem sua festa anual, trazendo comunidades vizinhas, começando com o culto evangélico, depois o almoço, onde na entrada é servida sempre a sopa de maça com galinha caipira, feita em grandes panelas (tachos de cobre) ao fogo improvisado na rua. o churrasco e saladas acompanhado com chopp gelado sempre com a cuca que já foi preparada no dia anterior pelas mulheres da comunidade. Continuando a festa com baile que vai até a madrugada, onde toda a família participa, inclusive as crianças que podem brincar por lá junto de seus familiares. Observando que na casa de pomeranos busca-se a fartura na mesa e

5 diversidade de alimentos pela produção, como a lingüiça seca, o toucinho salgado secando em cima do fogão a lenha, o pão caseiro e a cuca recheada com frutas, as conservas, as compotas de doces... Habilidades passadas de mães e avós para suas filhas. Conclusão: Entendo que o nosso trabalho na agricultura familiar é fundamental para o desenvolvimento econômico, planejamento, cultivo, colheita e preparo para a venda da produção. A continuidade da vida se da em meio á natureza, num jeito singular de vida e família, onde os filhos são criados bem próximos de seus pais, pois embora o trabalho diário exaustivo e contínuo, eles estão sempre por perto adquirindo conhecimentos empíricos do agricultor, costumes, valores dos antigos e modo de fazer. Vidas essas que precisam manter-se no campo por sua importância local e mundial, pela produção soberana de alimentos, cultura, preservação da natureza e de espécies, educação, saberes para futuras gerações.as mulheres pomeranas com o dom de preservar sementes para as próximas safras, bem como o dom de cultivar espécies exóticas ao longo de gerações, árvores e jardins que eram cuidados por suas bisavós, avos, mães e hoje continuam com a atividade sucedida da cultura herdada das nossas gerações anteriores. Concluímos que a vida familiar depende do trabalho das mulheres tanto nas atividades de lida caseira como nas lavouras ao lado dos homens. Devendo haver comprometimento mútuo na elaboração e planejamento das atividades diárias das famílias. Bibliografia: STARHAWK. Power, Authority, and Mystrery: ecofeminism and earth-based spirituality, in DIAMONG, IRENE e ORENSTEIN, GLÓRIA, Reweaving the Word, the Emergence of Ecofeminism. São Francisco, EUA: sierra Club Books, 1990, pp VARGAS, Everton schuch. Diversificação das pequenas propriedades rurais.são Leopoldo 2010 p 9.