O REGIME JURÍDICO DAS TAXAS BLOCO II. Paulo Honório de Castro Júnior D I R E I T O T R I B U T Á R I O. Especialista em Direito Tributário
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1 O REGIME JURÍDICO DAS TAXAS D I R E I T O T R I B U T Á R I O BLOCO II Paulo Honório de Castro Júnior Especialista em Direito Tributário
2 CURRÍCULO RESUMIDO Graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Pós-Graduado pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários IBET. Coordenador da Pós-Graduação CEDIN/IBDM em Direito da Mineração e professor à frente do módulo Direito Tributário Aplicado à Mineração. Presidente do Instituto Mineiro de Direito Tributário IMDT.
3 AS TAXAS FLORESTAL, DE INCÊNDIO E SOBRE A MINERAÇÃO Taxa Florestal Taxa de Incêndio TFRM Lei nº 4.747/1968 Art A Taxa Florestal é contribuição parafiscal, destinada à manutenção dos serviços de fiscalização e polícia florestal, a cargo do Instituto Estadual de Florestas (...) Parágrafo único - Taxa Florestal corresponde às atividades fiscalizadoras, administrativas, policiais e de estímulo, de competência do Estado, no setor de política florestal (...). Decreto nº /1994 Art. 2º - Sujeitam-se a controle e fiscalização, dentre outras, as atividades de extração e consumo de produtos e subprodutos de origem florestal. Art. 3º - São contribuintes da Taxa Florestal os (...) sujeitos a controle e fiscalização das referidas atividades. Lei Estadual nº 6.763/1975 Art A Taxa de Segurança Pública é devida: IV - pela utilização potencial do serviço de extinção de incêndios. Art A Taxa de Segurança Pública tem por base de cálculo os valores constantes nas Tabelas B, D e M anexas a esta Lei, expressos em Ufemg vigente na data do vencimento. TABELA B 2.2. Coeficiente de Risco de Incêndio das edificações comerciais e industriais a que se referem os incisos II e III do 3º do art. 115, em megajoule (MJ): Até Ufemg (...) Acima de Ufemg (...) serão acrescentadas 50 UFEMGs para cada MJ ou fração adicionais. Lei nº /2011 Art. 1 Fica instituída a (...) TFRM - que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia conferido ao Estado sobre a atividade de pesquisa, lavra, exploração ou aproveitamento, realizada no Estado, dos seguintes recursos minerários: I - bauxita, metalúrgica ou refratária; II - terras-raras; III - minerais ou minérios que sejam fonte, primária ou secundária, direta ou indireta, imediata ou mediata, isolada ou conjuntamente com outros elementos químicos, de chumbo, cobre, estanho, ferro, lítio, manganês, níquel, tântalo, titânio, zinco e zircônio.
4 A CONSTITUCIONALIDADE DA TAXA FLORESTAL Taxa Florestal cobrada em Minas Gerais (...) TAXA FLORESTAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS. C.F., arts. 145, 2º; 145, II; 146, III, a; e 150, I e IV. I. - Inocorrência de ofensa ao princípio da legalidade tributária: C.F., art. 150, I. A taxa florestal foi instituída por lei. II. - C.F., art. 146, III, a: inocorrência de prequestionamento. III. - Base de cálculo da taxa florestal distinta da base de cálculo do ICMS: aquela, é o custo estimado da atividade estatal, esta é o valor decorrente da operação de circulação de mercadorias. AG (AgRg)-MG, Velloso, 2ª Turma. IV. - Alegação no sentido de que a taxa florestal tem caráter confiscatório: necessidade de reexame da questão de fato, o que não é possível em sede extraordinária. (RE , Relator Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ ) Taxa Florestal cobrada no Paraná I É constitucional a utilização da quantidade do produto a ser fiscalizado na definição da base de cálculo de taxa cobrada pela Administração Pública no exercício do poder de polícia. Parâmetro associado ao fato gerador, suficiente para quantificar o aspecto material da hipótese de incidência. II Entendimento que deve ser adotado para a utilização do valor in natura da matéria-prima florestal. Representação econômica do produto fiscalizado. III Ausência de identidade entre o valor in natura da matéria-prima fiscalizada e a base de cálculo do ICMS. Diferença de conceito econômico de valor da operação. (RE AgR, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, Dje )
5 A CONSTITUCIONALIDADE DA TAXA FLORESTAL Taxa Florestal cobrada no Paraná Lei nº /1995/PR: A taxa será devida pelo primeiro comprador da matéria-prima florestal controlada pelo documento fiscal de compra A base de cálculo da taxa deve ter por parâmetro (i) dado associado ao fato gerador (ii) que quantifique o aspecto material Adotar como parâmetro o volume de produto florestal comercializado é razoável para medir a intensidade do custo de fiscalização I É constitucional a utilização da quantidade do produto a ser fiscalizado na definição da base de cálculo de taxa cobrada pela Administração Pública no exercício do poder de polícia. Parâmetro associado ao fato gerador, suficiente para quantificar o aspecto material da hipótese de incidência. II Entendimento que deve ser adotado para a utilização do valor in natura da matéria-prima florestal. Representação econômica do produto fiscalizado. III Ausência de identidade entre o valor in natura da matéria-prima fiscalizada e a base de cálculo do ICMS. Diferença de conceito econômico de valor da operação. (RE AgR, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, Dje )
6 A TAXA FLORESTAL MINEIRA: REGRA DE INCIDÊNCIA Taxa de polícia, apesar da lei designá-la como contribuição parafiscal. O critério material da hipótese de incidência é a fiscalização das atividades de extração de produtos florestais e consumo de subprodutos florestais, a cargo do IEF. Os critérios temporal e pessoal da norma variam: a) Se houver Regime Especial de substituição tributária, a taxa incide no momento da venda do produto ou subproduto e o contribuinte é o adquirente; b) Se não houver Regime Especial, o produtor deve pagar a taxa no momento em que protocolizar a DCC Declaração de Colheita e Comercialização no IEF. O valor a recolher é resultado de uma alíquota fixa, em UFEMG, multiplicada pelo volume da produção a ser fiscalizada.
7 A CONTROVÉRSIA SOBRE A TAXA FLORESTAL Mandado de Segurança Coletivo nº Pedido: reconhecer o direito líquido e certo das associadas da AMS e de seus estabelecimentos filiais de não se sujeitarem ao pagamento da Taxa Florestal sobre a diferença positiva porventura apurada entre o volume de carvão vegetal declarado em DCC e o volume de saída de carvão vegetal para os seus adquirentes e/ou de consumo de carvão. Status: Agravo Interno contra decisão que indeferiu a liminar, ao fundamento de que não evidencio a relevância do fundamento, tendo em vista que, conforme acima exposto, a Taxa Florestal é contribuição parafiscal, destinada à manutenção dos serviços de fiscalização e polícia florestal, a cargo do Instituto Estadual de Florestas, razão pela qual, a priori, não considero ser indevida a cobrança da diferença entre o volume de carvão vegetal declarado e o volume de saída de carvão vegetal para as adquirentes.
8 Fundamento deduzido pela A.M.S A substituição tributária, enquanto mecanismo de praticabilidade que serve ao Fisco, pressupõe a exclusão do substituído da relação jurídica tributária A CF/88 e o CTN impedem a estipulação de regra de responsabilidade (no caso, solidária), por mero ato infralegal, como o Decreto que regulamenta a Taxa Florestal Mesmo que ato infralegal pudesse criar regra de responsabilidade solidária, as regras de responsabilidade por substituição tributária e solidária são excludentes entre si Mesmo se inexistissem os Regimes Especiais, a Lei nº 4.747/1968 determina que o fato gerador da Taxa Florestal, em relação a subprodutos florestais, ocorre no momento do seu consumo e pressupõe que o cálculo se dê sobre o volume consumido A taxa de polícia deve custear todo o complexo fiscalizatório, de forma que a atuação estatal que dá ensejo ao pagamento da Taxa não se encerra com a análise da DCC, estendendo-se por todo o processo produtivo A atuação do IEF viola o princípio da isonomia, na medida em que um contribuinte que protocolizar DCC indicando o volume de 100 m³, mas sem efetivamente produzir sequer 1 m³, deverá pagar o mesmo valor de outro, que declarar os 100 m³ e produzi-los integralmente A atuação do IEF viola o princípio da capacidade contributiva, na medida em que cobra mais taxa daquele que menos produz Posição do IEF e da SEF/MG O substituído é responsável solidário Cobrar conforme o Decreto Não há posição A taxa seria devida no ato do protocolo da DCC e a fiscalização se daria sobre o volume declarado e não o volume real de produção Idem acima Não há posição Não há posição
9 A TAXA DE INCÊNDIO E O STF No dia , ao julgar o RE sob repercussão geral, o STF firmou o entendimento no sentido de que a taxa de combate a incêndios instituída pelos Municípios é inconstitucional. A fixação da tese assim restou consolidada: Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, fixou a seguinte tese de repercussão geral: A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim. Ausentes, justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Celso de Mello. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 1º O Rel. Min. Marco Aurélio destacou que, à luz do art. 145, da Constituição, Estados e Municípios não podem instituir taxas que tenham como base de cálculo mesmo elemento que confere sustentação aos impostos, uma vez que incidem sobre serviços usufruídos por qualquer cidadão, ou seja, são indivisíveis.
10 A TAXA DE INCÊNDIO E O STJ O Plenário do STF, ao julgar, sob o regime da repercussão geral, o RE /SP (Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJe ), fixou, por unanimidade, a tese de que a segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim. Do inteiro teor do acórdão paradigma colhe-se que nem mesmo o Estado poderia, no âmbito da segurança pública revelada pela prevenção e combate a incêndios, instituir validamente a taxa, como proclamou o Supremo, embora no campo da tutela de urgência. Assim, a atual jurisprudência do STJ realinhou o seu posicionamento sobre a matéria, diante do novo entendimento firmado pelo STF, no julgamento do RE /SP, sob a relatoria do Min. MARCO AURÉLIO e sob regime de repercussão geral, afastando a exigência da taxa de combate a incêndio, instituída pelo art. 113, IV, da Lei 6.763/1975, na redação da Lei /2003, ambas do Estado de Minas Gerais. (EDcl no RMS /MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/10/2018, DJe 26/10/2018)
11 A TAXA DE INCÊNDIO E O TJMG AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - LIMINAR - TAXA DE INCÊNDIO - COBRANÇA PELO ESTADO DE MINAS GERAIS - IRREGULARIDADE - PRECEDENTES - ART. 7º, III, DA LEI /09 - PRESENÇA - LIMINAR CONCEDIDA. 1. A cobrança de taxa de incêndio, instituída pelo art. 113, IV, da Lei 6.763/75, na redação da Lei /2003, ambas do Estado de Minas Gerais, é irregular. Precedentes. 2. Demonstrados a relevância da fundamentação e o risco objetivo de ineficácia da ordem, no caso de ser concedida ao final, defere-se a liminar pleiteada pelas Recorrentes - art. 7º, III, da Lei /09. (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv /001, Relator(a): Des.(a) Carlos Henrique Perpétuo Braga, 19ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/11/2018, publicação da súmula em 13/11/2018)
12 A TFRM MINEIRA: REGRA DE INCIDÊNCIA Minas Gerais Incide: (i) Saída por venda de minério. (ii) Saída por transferência de minério para transformação no Estado ou para fora do Estado. Base de cálculo: (i) 0,40 UFEMG por tonelada de minério extraído. (ii) R$ 1,30 em Minérios: Previstos na lei. RECOMPOSIÇÃO HISTÓRICA : em Ouro Preto/MG, Dilma Roussef: Não é justo nem tampouco contribui para o desenvolvimento do Brasil que os recursos minerais do país sejam daqui retirados e não haja a devida compensação : Dilma afirmou em entrevista à Rádio Itatiaia que o envio ao Congresso Nacional do projeto de lei criando o novo marco regulatório da mineração demoraria mais do que o previsto inicialmente : o Executivo encaminhou à ALMG a Mensagem 112/2011, contendo o projeto de lei de instituição da TFRM : promulgada a Lei /2011, de Minas Gerais : promulgada a Lei nº /2017, que majora a CFEM.
13 CONTROVÉRSIAS SOBRE A TFRM MINEIRA Vício Incompetência Natureza de imposto Ausência de poder de polícia Bis in idem Fundamento Competência exclusiva da União para legislar sobre mineração. Base de cálculo mensura atividade do contribuinte. Atividades gerais do Estado, que devem ser custeadas por impostos. Taxas de Fiscalização Ambiental já instituídas pelos Estados. CFEM (2015 MG) TFRM (2015 MG) R$ 148,5 milhões R$ 304,5 milhões
14 CONTROVÉRSIAS SOBRE A TFRM MINEIRA STF: ADI nº 4.785/MG TJMG: Totalidade das decisões pela validade da TFRM A instituição da TFRM, pela Lei Estadual nº /11, se encontra em consonância com a ordem constitucional vigente, possuindo referido tributo fato gerador compatível com o exercício da competência outorgada constitucionalmente ao Estado de Minas Gerais (art. 23, XI, da CR/88), qual seja, o acompanhamento e a fiscalização da atividade minerária realizada em seu território. (TJMG - Apelação Cível /001, Relator(a): Des.(a) Carlos Levenhagen, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/10/2014, publicação da súmula em 14/10/2014)
15 CONTATO
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