Modelos Assistenciais de Enfermagem e reflexos na prática profissional
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- Clara Azevedo Schmidt
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1 Modelos Assistenciais de Enfermagem e reflexos na prática profissional Este paper objetiva compreender o modelo assistencial e sua aplicação na prática da gestão de enfermagem. Para essa compreensão, se utilizou uma metodologia teóricoreflexivo, construído com base em leitura que referenciam os modelos assistenciais. A análise desses elementos teóricos foi obtida por meio de levantamento bibliográfico. Modelo Assistencial diz respeito ao modo como são organizadas, em uma dada sociedade, as ações de atenção à saúde, envolvendo os aspectos tecnológicos e assistenciais. Ou seja, é uma forma de organização e articulação entre os diversos recursos físicos, tecnológicos e humanos disponíveis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma coletividade 1 Na atualidade, as empresas brasileiras estão enfrentando um ambiente diferente do passado, caracterizado por incertezas e avanços tecnológicos com muita rapidez em suas inovações. Os profissionais de saúde, atuantes em hospitais, têm que se adaptar, ampliando seu conhecimento para enfrentar os novos desafios 1. Esses desafios tornam a prática inquietante, em que as intervenções de Enfermagem devem ser norteadas por um modelo assistencial 1 que permita a concretização da qualidade dos cuidados de enfermagem prestado. Qualidade que deve ser mensurada de modo a traduzir a satisfação de quem oferta e de quem recebe esses cuidados. Na gestão, um dos principais desafios das organizações é o desenvolvimento de habilidades e competências dos profissionais para que saiam de um modelo de continuidade, onde não há a compreensão sobre a distinção das especificidades dos elementos que compõem os processos de trabalho da enfermagem relacionados à dimensão do cuidado e à dimensão do gerenciamento 1. Com a ênfase na necessidade de reconstrução deste cenário cada vez mais desafiador, estão surgindo novas abordagens gerenciais, como a gerência participativa e os programas de qualidade que preconizam, dentre outras, a descentralização das decisões e a aproximação de todos os elementos da equipe de trabalho. Os modelos de gestão oferecem oportunidades de participação efetiva das discussões e aperfeiçoamentos constantes dos processos de
2 trabalho. Ou seja, às equipes é delegada autonomia para desenvolver novos projetos e métodos, formular políticas de pessoal, bem como sugerir novas diretrizes à organização 1. Conhecer os modelos de gestão adotados em uma determinada instituição é um fator contributivo para implantação do modelo assistencial de Enfermagem, porque oferece subsídios para se pensar os objetivos e metas a serem assumidos pela equipe de saúde, a reestruturação do macro e microprocessos de trabalho e da capacitação dos profissionais de enfermagem, o perfil da clientela internada em cada setor, e os indicadores fundamentais que permitirão a avaliação da qualidade dos cuidados de enfermagem. Na realidade brasileira, há déficit de pessoal qualificado, falta de incentivo na esfera pública em relação ao investimento nos trabalhadores, que se configuram em um grande problema na assistência de saúde. Por isso, a implantação de um modelo assistencial implica em se considerar os problemas relacionados ao dimensionamento de pessoal e seu impacto na resistência a mudanças. A adesão à mudança se dará à medida em que o enfermeiro a internalizar como um valor e assumir uma atitude favorável, de forma a estabelecer sua nova prática como diferencial na assistência, servindo como espelho positivo para os demais profissionais de enfermagem. A mudança deve ser baseada no pensamento crítico e na interdisciplinaridade, onde a interdisciplinaridade é uma atitude diferenciada de olhar as coisas e os modos de agir dos profissionais que se encontram em atividades 3. Não há fragmentação do agir, mas uma concepção unitária dele 1, que se tornará oportuna para a implantação de um modelo assistencial. Um dos modelos assistenciais mais utilizados é o Modelo de Cuidado Centrado no Paciente, em que se deve considerar o ponto de vista do paciente. A função básica desse modelo é tornar o paciente informado e envolvido com a tomada de decisão em relação aos seus cuidados, fazendo-o se sentir apoiado, confortável e confiante. Objetiva-se nesse modelo buscar a redução de danos decorrentes da assistência e reduzir o sofrimento. É consenso que sua implantação requer profissionais com excelente conhecimento da prática clínica, habilidade técnica e capacidade de comunicação 4. Essas competências profissionais lhe possibilitarão estreitar seu relacionamento com o paciente, família e equipe de enfermagem.
3 Um modelo assistencial bem difundido nos Estados Unidos da América é o Primary Nursing, em que o enfermeiro desenvolve uma visão geral de todos os pacientes sob a sua responsabilidade, do gerenciamento das ações de enfermagem e de outras equipes que participam no processo terapêutico, assumindo a atribuição de elo integrador das informações e coordenador das ações geradas no processo de atendimento ao paciente 5. Ambos os modelos assistenciais apresentados são facilitadores para resolução de vários fatores interferentes na implantação eficiente e eficaz do processo de enfermagem e das dificuldades operacionais envolvidas na sistematização da assistência na prática, tais como o desconhecimento de todos os passos envolvidos no processo, número excessivo de tarefas para a equipe, a má qualidade da educação profissional e o relato insuficiente sobre o exame físico relacionado à doença 6,7. Portanto, um modelo assistencial bem estruturado e compreendido por toda a equipe fortalece a capacidade de liderança e o exercício da autonomia do enfermeiro com base em pensamento crítico e raciocínio clínico. Na enfermagem, o pensamento crítico é considerado um componente essencial da responsabilidade profissional e da qualidade da assistência de enfermagem. Os pensadores críticos apresentam hábitos mentais como: confiança, perspectiva contextual, criatividade, flexibilidade, curiosidade, integridade intelectual, intuição, compreensão, perseverança e reflexão. Eles praticam as habilidades cognitivas de análise, de aplicação de padrões, de discernimento, de busca de informações, de raciocínio lógico, de predição e de transformação de conhecimentos 8. Este estudo contribui para um olhar mais centrado no paciente, garantindo um desfecho de qualidade e segurança. Existem poucos estudos sobre o modelo Primary Nursing e sua possibilidade de adaptação para a prática brasileira. Acredita-se que na essencialidade da implantação de modelos assistenciais centrados no paciente, em prol de conferir maior organicidade gerencial, melhor controle do fluxo de processo e monitoramento da qualidade dos desfechos. Ter um modelo assistencial definido e bem implantado valoriza o trabalho do enfermeiro, fortalece as relações interpessoais e interdisciplinares, proporciona maior adesão à prática baseada em evidências, melhora a liderança e a satisfação com o conhecimento produzido.
4 Conclui-se que compreender o modelo assistencial possibilita a definição do melhor ou mais adequado para implantação nos Serviços de Enfermagem. Esse modelo favorece a incorporação de valores institucionais, exige raciocínio crítico e reflexivo sobre a prática profissional e permite o exercício da autonomia dos enfermeiros e o seu reconhecimento técnico e social. Referências 1. Gerolin FSF. Modelo Assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz: Um estudo de caso. [Tese de Doutorado]. Tese. São Paulo: Escola Paulista de Enfermagem Universidade Federal de São Paulo; Knobel E, Laselva CR, Júnior DFM. Terapia intensiva: enfermagem. São Paulo: Editora Atheneu; Carvalho V. Acerca da interdisciplinaridade: aspectos epistemológicos e implicações para a enfermagem. Rev. esc. enferm. USP [Internet] Set [citado 2018 Out 26]; 41(3): Disponível em: 4. Gerolin FSF, Cunha ICKO. Modelos Assistenciais na Enfermagem - Revisão de Literatura. Enfermagem em Foco [Internet]. 2013; 4(1): Disponível em: 5. Magalhães AM, Juchem BC. Primary Nursing: adapting a new work role at the Surgical Nursing Service of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. R. gaúcha Enferm. [Internet]. 2000; v.21, n.2, p Available from: 6. Pokorski Simoni, Moraes Maria Antonieta, Chiarelli Régis, Costanzi Angelita Paganin, Rabelo Eneida Rejane. Nursing process: from literature to practice. What are we actually doing? Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet] Jun [citado 2018 Out 26]; 17(3): Available from: 7. Janet M. Rankin The rhetoric of patient and family centred care: an institutional ethnography into what actually happens. J Adv Nurs [Internet]. 2015; 71(3): Available from: 8. Bittencourt Greicy Kelly Gouveia Dias, Crossetti Maria da Graça Oliveira. Critical thinking skills in the nursing diagnosis process. Rev. esc. enferm. USP Internet] Apr [cited 2018 Oct 26]; 47(2): Available from: Autores: Andréa da Silva Gomes Ludovico Enfermeira. Doutoranda do PPGENFBIO da UNIRIO. Enfermeira Coordenadora das Terapias Intensivas e Semi Intensivas do Hospital Municipal Souza Aguiar, docente do Centro Universitário Celso Lisboa, Membro do NUPEEF. dealudovico2006@gmail.com Teresa Tonini Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UNIRIO, Coordenadora do NUPPEF. ttonini@terra.com.br
5 Como citar este post (Vancouver adaptado): Silva VR, Tonini T. Modelos Assistenciais de Enfermagem e reflexos na prática profissional [internet]. Rio de Janeiro (BR); [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: (completar com dados do site).
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