MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÕNIA-UFRA NATHO JÚNIOR GOMES DE OLIVEIRA

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1 1 MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÕNIA-UFRA NATHO JÚNIOR GOMES DE OLIVEIRA UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA NA TENDA DE UMBANDA CASA DE TUPINAMBÁ, TRACUATEUA-PA CAPANEMA 2017

2 2 MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÕNIA-UFRA NATHO JÚNIOR GOMES DE OLIVEIRA UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA NA TENDA DE UMBANDA CASA DE TUPINAMBÁ, TRACUATEUA-PA Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Luiz Cláudio Moreira Melo Júnior. CAPANEMA 2017

3 3 Oliveira, Natho Júnior Gomes de Uma abordagem etnobotânica na tenda de umbanda casa de Tupinambá, Tracuateua-PA / Natho Júnior, Gomes de Oliveira. Capanema, f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) Universidade Federal Rural da Amazônia, Orientador: Luiz Cláudio Moreira Melo Júnior. 1. Simbolismo Religioso 2. Etnobotânica 3. Diversidade cultural I. Melo Júnior, Luiz Cláudio Moreira, (orient.) II. Título. CDD 203.7

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5 Dedico este trabalho aos meus pais, esposa, parentes e amigos que me deram total apoio nesta jornada de estudos, dedico principalmente, a minha Vó Dona Rosa dos Santos Reis, que me acolheu e me apoiou em meus estudos, e que neste ano de 2017 veio a falecer, sem ter presenciado minha formação. 5

6 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, aos meus Orixás Ogum e Iemanjá. Pela força, paciência e sabedoria durante minha caminhada. Aos meus pais, Raimundo Nonato Silva de Oliveira e Ângela Gomes de Oliveira, por ter acreditado, em minha vontade de vencer, e ter feito todos os esforços para que eu alcançasse esta vitória. Sinto-me extremamente abençoado por ter pais como vocês. Ao meu irmão Nadison Gomes de Oliveira, que esteve sempre me apoiando e abrindo meus olhos. Obrigado maninho!!! Aos meus avós Antônio Fernandes e Rosa dos Santos Reis, por me acolherem em sua casa, e me tratarem da melhor forma possível tal qual meus pais. Dona Rosa Sinto saudades!!!! A minha esposa Tainara de Araújo por esta presente nesta jornada, compartilhando felicidades e tristezas. Muito obrigado meu amor!!! Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Cláudio Moreira Melo Júnior, pelo seu comprometimento e verdadeira preocupação com meu aprendizado durante esses períodos, agradeço pelos ensinamentos, motivações, dedicações e especialmente pela paciência. Aos irmãos da Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, que abriram as portas para que o conhecimento e a verdade possam ser transparentes para todos que almejam. Principalmente, a minha Mãe de Santo Cleide, que me apoiou em todos os momentos para realização deste trabalho. A minha amiga Katherinne Thaisa Brito Lima que me acolheu em sua residência temporária. Obrigado amiga!!! As entidades espirituais que me acompanham em todos os momentos, livrando meus caminhos de todo o mal. Por fim, agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, há todos meus sinceros agradecimentos.

7 Sem folha não tem sonho, sem folha não tem festa, sem folha não tem vida, sem folha não tem nada. (Maria Bethânia) 7

8 8 RESUMO Este trabalho teve como objetivo geral analisar as dinâmicas sociocultural, histórica e ambiental de uso dos recursos naturais na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, no município de Tracuateua-PA. O estudo foi realizado no município de Tracuateua-PA, na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá. O trabalho se caracterizou como uma pesquisa exploratório-descritiva. Como principais resultados, constatou-se que a relação com o meio etnobotânico é bastante presente na cultura religiosa umbandista. As formas de manejo e de produção das ervas utilizadas nos rituais incluem plantações em quintais e compra nas feiras. O desmatamento é uma prática que tem afetado as práticas religiosas umbandistas, em função da restrição de locais para a realização das oferendas e da dificuldade para se encontrar determinadas ervas nas áreas de mata, cada vez mais escassas. As principais ervas utilizadas nos rituais de Umbanda são: manjericão (Ocimum minimum L.) e a catinga de mulata (Tanacetum vulgare L.), citadas tanto pelos trabalhadores da casa quanto pelos consulentes. As principais dificuldades de manejo das ervas utilizadas no terreiro de Umbanda estão relacionadas às formas de plantio e de colheita e à escassez de ervas nas áreas de mata. Palavras- chave: religiosidade, etnobotânica, diversidade cultural.

9 9 ABSTRACT The objective of this work was to analyze the sociocultural, historical and environmental dynamics of the use of natural resources in Tupinambá Tenda de Umbanda House in the municipality of Tracuateua-PA. The study was carried out in the municipality of Tracuateua- PA, in Tenda de Umbanda House of Tupinambá. The work was characterized as an exploratory-descriptive research. As main results, it was verified that the relation with the ethnobotanical environment is quite present in the Umbandist religious culture. The management and production forms of the herbs used in the rituals include plantations in backyards and purchase at fairs. Deforestation is a practice that has affected Umbanda religious practices, due to the restriction of places for the realization of the offerings and the difficulty to find certain herbs in the increasingly scarce forest areas. The main herbs used in the rituals of Umbanda are basil (Ocimum minimum L.) and mulatta catinga (Tanacetum vulgare L.), cited both by house workers and by the consultants. The main difficulties of management of the herbs used in the Umbanda terreiro are related to the forms of planting and harvesting and the scarcity of herbs in the forest areas. Key words: religiosity, ethnobotany, cultural diversity.

10 10 LISTA DE ILUSTRAÇÃO Figura 1- Área de estudo localizada no Município de Tracuateua Figura 2-Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua- 28 PA... Figura 3- Entrevista realizada com o Zelador da Tenda de Umbanda Casa 30 de Tupinambá... Figura 4- Nível de escolaridade dos médiuns da Casa de Tupinambá, 32 Tracuateua-PA... Figura 5- Porcentagem dos filhos que frequentam os trabalhos na Tenda de 32 Umbanda com os seus pais... Figura 6- Composição da renda familiar dos médiuns da Casa de 33 Tupinambá, Tracuateua-PA... Figura 7- Orixás regentes dos médiuns da Tenda de Umbanda Casa de 34 Tupinambá, Tracuateua-PA... Figura 8- Médium batendo cabeça para os Pretos Velhos Figura 9- Médium batendo cabeça para Pai Oxalá Figura 10- Palestra inicial dada pela Mãe de Santo Cleide de Oxum Figura 11- Preta Velha Vovó Cambinda benzendo um consulente por meio 37 da Mãe de Santo... Figura 12- Preto Velho Vovô Cipriano das Almas na Médium Mãe 37 pequena... Figura 13- Pretos Velhos trabalhando na cura dos consulentes Figura 14- Imagem do ponto riscado, da entidade Pai Tome Figura 15- Preta Velha Vovó Cambinda na Corroa mediúnica da Mãe de 41 Santo, abrindo os portais das almas... Figura 16- Pretos Velhos incorporados, fazendo a queima de ervas seca Figura 17- Pai Tome, fazendo a limpeza por meio do cachimbar Figura 18- Gira de Orixás Figura 19- Médium fazendo a defumação na gira de Orixá Figura 20- Caboclo Rompe Mato na coroa mediúnica do Zelador Figura 21- Senhor Ogum Beira Mar, na coroa do filho de santo da corrente. 45 Figura 22- Cabocla Mariana na coroa mediúnica da Zeladora Figura 23- Senhor José Raimundo na coroa do Zelador Luciano de Ogum Figura 24- Cabocla Dona Herondina na coroa da Mãe pequena Figura 25- Senhor Ricardinho, na coroa do médium filho de santo Figura 26- Pessoas recebendo passe das entidades incorporadas Figura 27- Beijada trabalhando na limpeza do médium Figura 28- Pombo Gira Dona Sara Figura 29- Senhores Exus trabalhando na limpeza dos consulentes Figura 30- José Pelintra na corroa da Zeladora da casa Figura 31- Os Malandros da boemia em dialogo com os consulentes Figura 32- Tenda preparada para louvação do Orixá Oxóssi Figura 33- Preparação das oferendas para louvação do Orixá Oxóssi na 54 mata... Figura 34- Oferendas para entidades caboclas Figura 35- Pretos Velhos dando suas benções na louvação de Oxóssi Figura 36- Pai Tupinambá em louvação de Oxóssi na mata Figura 37- Pai Tupinambá em louvação de Oxóssi na casa Figura 38- Banho do Amanci... 58

11 11 Figura 39- Batizado na Umbanda feito pela entidade Pai Tupinambá Figura 40- Oferendas para as entidades Caboclas Figura 41- Frutas para serem trabalhadas Figura 42- Mestre José pelintra iniciando o Tombo da Jurema Figura 43- Oferenda para Orixá Oxalá doada pela Mãe de Santo Figura 44- Panela com mingau de milho preparado para os consulentes Figura 45- Entidades Preto Velho, trabalhando no mingau Figura 46- Oferenda para Orixá Ogum sendo preparada Figura 47- Velas das oferendas sendo acesa pala Mãe pequena Figura 48- Oferenda para Orixá Ogum Figura 49- Gira de limpeza das entidades de Ogum Figura 50- Oferenda de Xangô sendo preparada Figura 51- Caboclos da linha de Xangô baixado nos médiuns da casa de 69 Tupinambá... Figura 52- Oferenda das entidades cangaceiros Figura 53- Entidades Cangaceiro dialogando com os consulentes Figura 54- Mesa de doces para ser ofertada para Ibeijada... Figura 55- Ibeijada trabalhando nas crianças presentes no trabalho... Figura 56- Tipos de usos das ervas na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA... Figura 57- Locais de coleta das ervas usadas nos trabalhos... Figura 58- Opinião dos entrevistados sobre o aumento do desmatamento região município de Tracuateua-PA nos últimos anos... Figura 59- Percepção dos entrevistados sobre os efeitos do desmatamento 84 nos rituais religiosos... Figura 60- Oferenda realizada dentro da Casa para entidade Cabocla 85 Mariana... Figura 61- Oferenda realizada na mata para Orixá Oxóssi Figura 62- Oferendas realizadas na praia para os orixás femininos Figura 63- Porcentagem das entidades que solicitam o uso das ervas Figura 64- Partes das plantas mais utilizadas para as práticas religiosas... Figura 65- Porcentagem dos locais de coleta das ervas

12 12 Sumário 1. INTRODUÇÃO Religião, ambiente e complexidade História ambiental Religiões afro-brasileiras Rituais de cura na Umbanda Entidades nas religiões afrodescendentes METODOLOGIA DA PESQUISA Área de estudo Métodos de levantamento de dados RESULTADOS O perfil socioeconômico dos entrevistados O perfil religioso dos entrevistados As dinâmicas socioculturais dos trabalhos de Umbanda na Casa de Tupinambá Gira de Preto Velho A gira de caboclos A gira de encantaria A gira de Exu Louvação do Orixá Oxóssi A louvação de Pai Oxalá A louvação de Ogum A louvação dos Pretos Velhos A louvação de Xangô A louvação dos cangaceiros A louvação dos senhores Exus e Pomba Giras A louvação da Ibeijada A louvação de Pai Obaloaê A louvação das Iabas As crenças e as histórias relacionadas aos usos das ervas Os significados de natureza na visão dos médiuns da Casa de Umbanda de Tupinambá A diversidade de ervas e os seus usos na Casa de Umbanda Tupinambá Indicações de remédios, banhos e defumações relacionadas com as ervas destinadas aos consulentes CONCLUSÃO APÊNDICES... 96

13 13 Apêndice A- Questionário aplicado com os trabalhadores da corrente mediúnica Apêndice B- Questionário aplicado com os consulentes ANEXOS Anexo B- Orixá Oxalá Anexo C- Cabocla Ita Anexo D- Exu Apavanã Anexo E- Hino da Umbanda

14 14 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso (TCC) aborda as relações sistêmicas entre religiosidade, meio ambiente e etnobotânica. Pretende-se estudar as dinâmicas sociocultural, histórica e ambiental do uso de recursos naturais na tenda de Umbanda Casa de Tupinambá no município de Tracuateua-PA. Busca-se de mobilizar diversas abordagens que tratam das dinâmicas socioculturais e ambientais, com ênfase na religação dos saberes (MORIN, 2003), no valor intrínseco dos seres vivos (NAESS, 1973), na valorização da teia da vida (CAPRA, 2006), e no estudo da religião como um aspecto importante da sociobiodiversidade amazônica (MAUÉS, 1998). A Umbanda de lei ou Umbanda branca 1 se iniciou no Rio de Janeiro, por volta de 1908, com a manifestação do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas por meio do médium Zélio Fernandinho de Moraes. A primeira tenda de Umbanda no Brasil se chamou Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Esta nova religião não diferencia os seus adeptos, podiam eles ser pobres, ricos, brancos, negros, bons de saúde ou doentes. Dentro desta religião há a manifestação de características de outros credos, como o catolicismo e a doutrina kardecista, dentre outras de dentro e fora do Brasil, sendo associados às manifestações dos espíritos de Caboclos (índios, cangaceiros, boiadeiros, marinheiros, ciganos, etc.) e dos Pretos Velhos (espíritos de cultura africana), muitos ex-escravos. Segundo Meira Celio (2014), não se pode afirmar que a religião seja católica pelo fato de ter absorvido elementos do catolicismo, tampouco que seja de matriz africana, pois não absorveu elementos somente desta, sendo a Umbanda a junção de várias culturas. Diante disto, não se pode classificar a Umbanda dentro destes modelos, mas sendo uma das religiões de origem também afro-brasileira, com tradição baseada na oralidade, que é passado de geração em geração, podendo apresentar diversas modalidades. Todas essas culturas dentro da Umbanda fazem culto às ervas, cada grupo com a sua particularidade, seja em forma de oferendas, banhos, defumações e remédios. Cada prática desses grupos é de conhecimento particular que é ofertado para os seus adeptos. Muitas das ervas usadas nesses rituais são retiradas de seus próprios quintais, mas algumas são compradas ou retiradas diretamente das matas. Em seus dogmas, a Umbanda demostra o respeito à natureza, aos espíritos que lá habitam e ao Orixá Oxóssi 2 que rege as matas. Todo esse respeito é repassado para os seus adeptos, com isso mostrando que o que é 1 Denomina-se Umbanda branca ou de lei aquela que segue todas as leis divinas, que tem a pratica do amor e a caridade. 2 Oxóssi Orixá é uma divindade regente das matas e das ervas, no sincretismo é São Sebastião;

15 15 retirado do ambiente natural tem que ser recolocado. Tal foco na sustentabilidade e na conservação da natureza nos remete a Diegues (2000), que mostra em seu trabalho que a conservação da natureza é uma das questões mais críticas para a humanidade, sendo grande o enfoque para a sua conservação, ou seja, o homem pode utilizar tudo o que a natureza lhe oferece, tendo a consciência de que deverá retribuir, devolvendo sempre o que dela é retirado, a fim de minimizar o risco de perda dos ecossistemas. A ligação do homem com a natureza e suas formas diversas de manejo tem sido o enfoque de uma nova ciência chamada de Etnobotânica, que segundo Albuquerque (2005), é o estudo da relação do homem com o meio vegetal. O uso das plantas é tão antigo quanto à própria humanidade. No século XVIII tal uso chegava a ser até mais comum do que a da medicina convencional. O homem sempre dependeu do meio botânico para a sua sobrevivência. (CARDOSO, 2008). No Brasil, os estudos que utilizaram a etnobotânica como referencial têm abordado questões como a interação entre as plantas, o conhecimento e as crenças de uma comunidade afro-descendente (SALGADO, 2011), o legado africano no Brasil, do candomblé à umbanda (MEIRA e OLIVEIRA, 2014), os poderes das plantas sagradas numa abordagem etnofarmacobotânica (CAMARGO, 2006) e as plantas medicinais que são utilizadas nas religiões de matriz africana (GOMES et al., 2008). Para os adeptos das religiões afro-brasileiras, todas as plantas são sagradas, pois a mesma expressa toda energia que vem do meio natural (axé), que é considerado energia pura capaz de curar males físicos e espirituais. Além disso, as ervas também têm o seu valor simbólico, pois é nelas que são representados os Orixás, seja ela conhecida e atribuída, ou não, ainda que, não raro, muitos sacerdotes dos candomblés e da umbanda tenham conhecimento botânico empírico e dominem as propriedades medicinais das plantas (CAMARGO, 2006). A humanidade sempre esteve à mercê de ideias que possam dar explicações de como a vida funciona e de tudo que está ligado ao sobrenatural, que a mente humana não é capaz de explicar. Certamente, foi dos conflitos íntimos que surgiu a magia como forma de gerar respostas para questões que não poderiam ser explicadas, dando configuração para o imaginário, iniciando mitos, novas crenças, rituais e entidades divinizadas habitando uma realidade sacralizada, responsável por tudo (CAMARGO, 2006). Contudo, a umbanda, assim como outras religiões afrodescendentes, sofre com o preconceito dos que não são adeptos, pois os seus rituais são feitos com cânticos, acompanhados dos toques de tambores, defumações, giras de Caboclos, Pretos velhos e Exus. Essas entidades espirituais se

16 16 manifestam por meio da incorporação em seus médiuns durante as giras. O preconceito vem sendo demonstrado desde o início da Umbanda, tanto por parte da sociedade como de outras religiões. Muitos adeptos são denominados pela sociedade como macumbeiros, feiticeiros ou bruxos, isso por haver uma generalização dos cultos. A Umbanda Branca nos seus ritos e fundamentos não trabalha com amarrações, matança de animais, trabalhos para a pessoa ganhar dinheiro, para trazer a pessoa amada em determinada quantidade de dias, trabalhos para prejudicar outras pessoas, entre outras coisas negativas, posto que acontece exatamente o contrário. Nela, os trabalhos são feitos para obter uma limpeza espiritual, remédios para curar doenças carnais ou espirituais, limpar os caminhos e ensinar a caridade e o amor fraterno. Casas que fazem magias negras são chamadas de casas baixas 3 totalmente diferentes da Umbanda Branca de lei. E é por conta dessas casas baixas estarem em grande quantidade no Brasil, que há essa generalização errônea das verdadeiras crenças da Umbanda sagrada. Em relação às entidades espirituais, principalmente, os Senhores Exus, Pomba Giras e o Malandro José Pelintra e sua falange que são taxados pela sociedade como demônios, venho por meio desta pesquisa, desmistificar esse pensamento errôneo construído desde a catequização dos escravos pela Igreja Católica. Segundo Araújo (2011), os negros manifestavam a sua fé aos orixás escondidos de seus donos por meio do sincretismo. A Igreja Católica, para exterminar esses cultos africanos, ensinava para a sociedade da época que os deuses que os negros cultuavam eram, na verdade, demônios que estavam ali para puni-los. Como cegos, passaram a guiar outros cegos, desvirtuando, incitando-os a externarem seus desequilíbrios, tais como ódio, revolta, fanatismo, imputando todos esses sentimentos viciados originados em nós a uma criação mental humana denominada de demônio, satanás, capeta, anjo caído. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo geral analisar as dinâmicas sociocultural, histórica e ambiental de uso dos recursos naturais na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá no município de Tracuateua-PA. Para o alcance deste objetivo geral, foram construídos os seguintes objetivos específicos: A) conhecer a dinâmica de uso das plantas medicinais e místicas nos rituais de Umbanda; B) identificar as principais ervas utilizadas nos rituais de Umbanda; C) descrever as principais dificuldades de manejo das ervas utilizadas no terreiro de Umbanda, e D) analisar e comparar os usos e práticas Umbandistas do passado e do presente. 3 Denominam-se casas baixas as que trabalham com o intuito de prejudicar outras pessoas, com matanças de animais ou amarrações, dentre outras coisas negativas.

17 17 Por haver tanto preconceito a esta religião, este trabalho tem como justificativa estabelecer um diálogo, em bases cientificas, sobre as dinâmicas socioambientais presentes nas práticas de Umbanda, deixadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas na Tenda Nossa Senhora da Piedade de Zélio Fernandinho de Moraes dentro da casa de Tupinambá em Tracuateua-PA, evidenciando as relações dos seus adeptos com o uso dos recursos naturais. Dessa forma, aposta-se aqui na necessidade de abordagens integradas no trato da questão ambiental, partindo do pressuposto de que a diversidade cultural está intimamente relacionada com a diversidade biológica. Ademais, este trabalho de conclusão de curso procura preencher uma lacuna identificada na literatura acerca de estudos etnobotânicos que integrem a religiosidade como um elemento importante das dinâmicas socioambientais locais na região Nordeste Paraense. Para tanto, mobiliza-se as abordagens em torno dos estudos das relações étnico raciais na Amazônia e suas relações com os saberes populares, os valores e as crenças locais, que devem ser valorizadas e respeitadas enquanto marcas da sociobiodiversidade amazônica.

18 18 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Religião, ambiente e complexidade Convencionou-se pensar em religião e meio ambiente de forma separada, ou seja, como se não houvesse comunicação entre os dois. Porém, argumentamos que essa ideia pode ser considerada equivocada, principalmente em casos relacionados às religiões afrobrasileiras, mais especificamente à Umbanda. As atividades antrópicas, principal responsável pela degradação do meio ambiente, interferem direta ou indiretamente nas comunidades e nas manifestações e rituais religiosos. Silveira et al. (2011) realizaram um estudo que busca compreender como os adeptos umbandistas enfrentam o problema da falta de locais para a realização dos rituais devido à crescente degradação do meio ambiente. Isso porque o avanço tecnológico resultante da expansão dos sistemas capitalistas de produção e de consumo alteram os ecossistemas e, por conseguinte, podem afetar comunidades e práticas religiosas, direta ou indiretamente (LEFF, 2009). O meio ambiente é um desafio metodológico para os estudos sobre as interações sistêmicas entre comunidades, práticas religiosas e uso de recursos naturais. Este desafio nos remete ao pensamento de Bertalanffy (1969), quando o autor nos propõe uma teoria geral dos sistemas, que busca um conhecimento da ciência da totalidade, envolvendo tanto os sistemas sociais quanto os sistemas naturais. O estudo dessas interações pede uma visão holística, dando origem a uma teia de pensamentos sistêmicos (CAPRA, 2006). Comunidades e religiões tem uma ligação sistêmica com a natureza, evidenciada por meio de crenças e mitos de diferentes culturas (LEFF, 2009). As religiões de matriz africana possuem um olhar especial sobre o meio ambiente, pois acreditam que é deste que emana a força da sua existência, o poder (axé) (ARAUJO, 2014). Todo o conhecimento tradicional relacionado com a vegetação é repassado de geração em geração, disponibilizando práticas de manejo sustentável dos recursos naturais, por meio de suas culturas particulares de organização produtiva (LEFF, 2009). Partindo do ponto de vista sistêmico, as únicas soluções viáveis são as soluções "sustentáveis". O conceito de sustentabilidade adquiriu importância-chave no movimento ecológico e é realmente fundamental (CAPRA, 2006). Castro (2000), discorrendo sobre as formas de ligação do pensamento tradicional com padrões ocidentais, relata o desafio que é trazido pela necessidade de superar uma perspectiva que interroga os saberes de povos tradicionais, objetivando valorizar os recursos naturais para poder controlar e racionalizar os seus usos sobre padrões ocidentais de sustentabilidade.

19 19 Leff (2009) comenta que a ciência que estuda a interação do homem com o meio ambiente, chamada de etnociência, utiliza ferramentas teóricas indispensáveis na reconstrução histórica das relações sociedade-natureza. Uma linha de pesquisa nessa direção é a etnobotânica, que, como visto, busca interpretar os conhecimentos populares, culturais e ritualísticos relacionados com o meio botânico, resgatando o conhecimento tradicional, inclusive o religioso, sobre o uso dos recursos da flora (GUARIN NETO et al., 2000). Podese dizer que Harshberge (1896) foi o primeiro pesquisador a utilizar o termo etnobotânica, sendo o principal responsável em divulgar esta linha de estudo. Desde então, a linha de pesquisa etnobotânica vem se intensificando por meio de diversos estudos realizados em comunidades sobre os rituais de benzeduras e demais práticas e rituais de religiões afrodescendentes. Castro et al. (2011), ao realizarem um trabalho de pesquisa em comunidade, mobilizaram uma abordagem etnobotânica dos conhecimentos populares com moradores de um bairro de Cuiabá-MT, observando o uso e os costumes relacionados à utilização de plantas alimentares, ornamentais e medicinais, com a finalidade de promover a integração entre o conhecimento original da comunidade local e aquele advindo do meio acadêmico. Já Oliveira e Trovão (2009) observaram o uso de plantas em rituais de rezas e benzeduras, lançando um olhar sobre estas práticas no estado da Paraíba. Gomes et al. (2008), por sua vez, fizeram um estudo das plantas medicinais que são utilizadas nos terreiros de umbanda e candomblé na zona leste da cidade de Campina Grande, Paraíba. Outra ênfase dos estudos etnobotânicos tem sido a busca de compreender a interação do conhecimento de populações tradicionais e de sua cultura com as formas de manejo dos elementos da flora, gerando um campo de pesquisas interdisciplinares (CABALLERO, 1979). Na pesquisa etnobotânica, o pesquisador procura conhecer a cultura e o cotidiano da comunidade estudada, assim como as formas de uso das ervas para a produção de remédios, quais as partes do vegetal utilizadas, de que forma é feita a preparação, dentre outros aspectos (ARAÚJO, 2014). Albuquerque (2005) afirma que os homens são dependentes das plantas como recursos necessários à sobrevivência e que culturas diversas detêm um saber tradicional sobre o uso de plantas para os mais variados fins. Todo o conhecimento é portador de uma linha temporal, que pode dar a capacidade de resgate de um conhecimento perdido. Dai a importância do relato de Leff (2009) no sentido de que:

20 20 Do ponto de vista temporal ou histórico, os estudos antropológicos permitem-nos entender a racionalidade de comportamento etnobotânico das sociedades primitivas, através do conhecimento das sociedades não capitalistas da atualidade, por outro lado, a antropologia contribui para a análise das articulações destas formações culturais com o modo de produção capitalista, das quais resultam padrões específicos de apropriação, manejo e exploração da natureza (LEFF, 2009, p ). Assim, segundo Leff (2009), para se compreender o funcionamento destas estratégias culturais de manejo dos recursos naturais interessa não só conhecer as classificações taxonômicas que reflete o saber florístico e faunístico das diversas etnias, como também todo um sistema de crenças e saberes, de mitos e ritos, que conformam os modelos holísticos de percepção e aproveitamento dos recursos ambientais das culturas tradicionais. Daí se dizer que a interação com o meio ambiente permite que os organismos vivos se mantenham e se renovem continuamente, usando, para esse propósito, energia e recursos extraídos do próprio ambiente (CAPRA, 2006). Para Lovatto et al. (2010), a visão cartesiana é antropocêntrica, pois exclui o homem da integralidade da natureza. Esse pensamento precisa ser substituído por uma racionalidade ecológica e por práticas conservacionistas, mobilizando as técnicas das sociedades tradicionais, nas quais o processo simbólico e de significação cultural estabelecem práticas produtivas articuladas com as cosmovisões, com os mitos e com as crenças religiosas comunitárias (LEFF, 2009). Dessa forma, o conhecimento étnico deve ser valorizado, evitando a erosão do patrimônio cultural da comunidade e de culturas místicas (CASTRO, 2011). Daí a importância do estudo das religiões de matriz africana, que passaram por uma transformação cultural por meio do sincretismo dos deuses africanos, orixás, e os santos católicos, isto por não poderem demostrar as suas crenças perante a sociedade escravocrata (SILVEIRA, 2011). Alguns autores acadêmicos se referem à Umbanda como sendo o resultado de uma síntese transformadora, algo novo que se diferencia de todas as vertentes que contribuíram com aspectos culturais em sua formação, que abraça diversas etnias, trazendo consigo todas as suas formas de conhecimento empírico (ROHDE, 2009). A religião de matriz africana, que se deu início nas terras brasileiras, chamada Umbanda, agrega linguagem Tupy, deixada pelos índios caboclos, linguagem europeia deixada pelos imigrantes e assim como as outras também dos povos da África. Os africanos trouxeram um vasto acervo cultural para o Brasil, como línguas, costumes, religião, práticas

21 21 culinárias, tecnologias, e várias outras informações que foram incorporadas ou desprezadas pelos colonizadores em razão do preconceito (ARAUJO, 2014) História ambiental Segundo Franco (2012), a história ambiental relata as principais mudanças relacionadas ao meio ambiente, em diferentes épocas, e suas relações com os movimentos sociais. Assim, a história ambiental que é dada no século XX é bem mais complexa do que um inventário diacrônico dos males infringidos pelos seres humanos ao planeta (PÁDUA, 2012). Essa complexidade, segundo Lovatto (2011), se dá por haver essa ligação intensa do homem com a natureza. A problemática ambiental está vinculada à questão ética do ponto de vista ecológico, que pode desencadear uma mudança cultural urgente, dando início a uma esfera de movimento. A história ambiental retrata os problemas ambientais deixados como consequência das práticas de exploração e de extração de recursos naturais não renováveis, das florestas e os seus impactos, haja vista que, o desmatamento é um dos fatores mais salientes na mudança de paisagens de um país. As perguntas que vêm à tona quando se trabalha com esse tipo de devastação e as respostas que procuramos se entrelaçam sobre questões como, por que e quando os seres humanos eliminaram árvores e alteraram florestas. Além disso, as diferentes pesquisas realizadas por historiadores ambientais apontam que o homem tem manipulado os ecossistemas desde que se têm registros de sua passagem na terra (MAUCH, 2014). Alguns pensamentos relacionados à solução destes problemas são constituídos, muitas vezes, fora do Brasil, porém a realidade vista de fora não faz juz ao que de fato está acontecendo, como é o casso do impacto de grandes empreendimentos econômicos e até mesmo de politicas preservacionistas sobre as comunidades tradicionais (DIEGUES, 2000). Daí a necessidade de uma mudança de paradigmas não apenas no âmbito da ciência, mas também no aspecto social (CAPRA, 2006), na direção do que Leff (2009) denomina racionalidade ambiental. A perspectiva da sustentabilidade e de uma racionalidade ambiental, as diversidades ecológicas e culturais aparecem não só como princípios éticos e como valores não mercantilizáveis, mas como verdadeiros potenciais produtivos que entregam um sistema de recursos naturais, culturais e tecnológicos, capazes de reorientar a produção para a satisfação das necessidades básicas das populações do Terceiro Mundo. Esta visão de desenvolvimento sustentável integra a socialização da natureza e os potenciais ecológicos, os quais aparecem como meios de produção e levam ao aparecimento de novos movimentos sociais nas áreas rurais do Terceiro

22 22 Mundo pela reapropriação de seu patrimônio de recursos naturais e culturais e pela autogestão dos processos produtivos (LEFF, 2009, p ). Em meados do século XX, iniciou-se uma corrente do ambientalismo mundial, onde acreditava-se que as culturas e a manutenção da biodiversidade estariam relacionadas com os saberes dos povos tradicionais, inclusive das comunidades rurais amazônicas, contribuindo para a construção de uma ética de conservação ambiental (COSTA, 2013; TOURINHO et al., 2017). Tal perspectiva valoriza o processo simbólico e de significação cultural, que estabelece as formas nas quais as práticas produtivas estão articuladas com as cosmovisões, os mitos e as crenças religiosas de cada comunidade (LEFF, 2009). Para Lovatto (2011), não se trata apenas de estabelecer uma relação entre os humanos e a natureza, mas dos humanos entre si e desses com a natureza, mantendo uma relação de equilíbrio. No Brasil, o compromisso de se escrever uma história ambiental é bastante recente, com destaque para determinados aspectos da relação entre homem e natureza (FRANCO, 2003). Na década de 1990, o pensamento ambientalista tomou um cenário mais amplo e as questões ambientais também ganharam maior visibilidade e materialidade. O meio ambiente se inseriu em meios políticos, acadêmicos, escolares, sociais e econômicos (MARTINEZ, 2005). A questão ambiental ganhou repercussão com as discussões em torno da exploração da floresta amazônica (RIBEIRO, 2002). O gigantesco valor econômico que a biodiversidade foi adquirindo nos últimos anos, ampliado pelas ameaças reais de extinção de muitas formas de vida, inúmeras delas ainda desconhecidas e pouco estudadas, desperta atenções para o meio ambiente e para o relacionamento dos seres humanos com a natureza em diferentes épocas e sociedades (MARTINEZ, 2005). Os processos econômicos adotados pelos colonizadores europeus em regiões como as ilhas Maurício, o Caribe, partes da Índia e da África, e o próprio Brasil, estavam provocando uma degradação ambiental acelerada e evidente (FRANCO, 2003). Para Martinez (2005), a história ambiental seria a expressão de singularidades sociais derivadas das particularidades regionais, a exemplo das amazônicas. Esta diversidade ecológica seria inseparável das diversidades social, cultural e religiosa Religiões afro-brasileiras Os escravos africanos que foram trazidos ao Brasil trouxeram consigo também as suas culturas e tradições, independente da nação da qual eram oriundos. As suas manifestações

23 23 chamavam a atenção por serem diferentes em relação às práticas culturais dos colonizadores. Esse fato gerou diversos preconceitos, principalmente aqueles relacionados às manifestações religiosas, os quais persistem ainda hoje (VIEIRA, 2016). Conforme Prisco (2009), Diversas etnias africanas foram inseridas no Brasil, e consigo trouxeram suas culturas, um deles são os bantus, grupo mais numeroso, que se dividiam em dois subgrupos: angola-congoleses e moçambiques. A origem desse grupo estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique (correspondentes ao centro-sul do continente africano) e tinha como destino Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Os IORUBÁS são o principal grupo étnico nos estados de Ekiti, Kwara, Lagos, Ogun, Ongo, Osun,e Oyo. Um número considerável de iorubas vive na República do Benin. Os JEJES são um povo africano que habita o Togo, Gana, Benim e regiões vizinhas, representado, no contingente de escravos trazidos para o Brasil, pelos povos denominados fon, éwé, mina, fanti e ashanti. E com eles torceram as crenças nos orixás, são eles Oxalá, Ogum, Xangó, Obaluaye, Oxóssi, Iemanjá, Oxum, Nana e Iansã. Para cada orixá havia uma demanda de ervas representativa dos mesmos (PRISCO, 2009, p. 2-4). As crenças religiosas introduzidas no Brasil pelos povos africanos deram origem às religiões afrodescendentes, são elas: o Candomblé, a Umbanda, o Cabula e a Quimbanda (PRISCO, 2012). Oliveira (2009) relata que essas religiões só conseguiram se inserir na sociedade por serem inicialmente manifestadas de forma clandestina e subalterna, fragmentando internamente e hegemonicamente a religião católica. Por não poderem manifestar suas crenças nos deuses africanos (Orixás) ocorreu o sincretismo dos mesmos com os santos do catolicismo. A religião em foco neste trabalho, a Umbanda, desde que se iniciou rapidamente se enquadrou dentro do contexto social brasileiro (PERY, 2008). Segundo Giumbelli (2002) a Umbanda se iniciou no ano de 1908, com a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no médium espírita Zélio Fernandinho de Morais, fundando a primeira tenda de Umbanda, a Tenda Espirita Nossa Senhora da Piedade, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Desde então, a Umbanda vem adquirindo tradições oriundas de culturas distintas, com destaque para a oralidade do culto, as vestimentas próprias e os rituais preservados por meio da tradição oral, repassado ao longo das gerações (CAMPOS, 2013) Rituais de cura na Umbanda Estudos anteriores já demostraram que a doença é um dos principais motivos de busca por uma religião (ARAÚJO, 2014). As principais manifestações dos cultos afro-brasileiros estão relacionadas com o serviço da cura, seja ela do corpo ou do espírito. Esse trabalho de cura já era manifestado pelos escravos a seus amos, quando não se tinha mais esperanças na

24 24 medicina, e isso se intensificou por haver baixa quantidade de médicos (MOTA e TRAD, 2006). Em geral, a população brasileira costuma manter as aplicações do saber empírico repassado de geração em geração, quando se fala de métodos alternativos de cura das doenças mais comuns (FRANCO e BARROS, 2006). Dos trabalhadores da linha de matriz africana, os mais procurados são os curandeiros e os receitistas 4, que não necessariamente são agregados às religiões afro-brasileiras, pois muitos adotam a prática do curandeirismo independente do culto religioso (SOUZA, 1933). Além de exercerem a cura por meio das ervas, também há atuação do lado mágico, com as rezas, as benzeduras e as orações que os povos utilizam nas curas dos males físicos e mentais. Meira (2013) acrescenta que as medicinas tradicionais e mágicas, que estão relacionadas com os rituais de origem africana e indígenas, principalmente no Candomblé e na Umbanda, procuram formas de curas do espírito, buscando solucionar os males que abatem as pessoas. Os índios tupinambá já aplicavam a cura por meio da magia. Eles possuíam um rito de cura chamado pajelança feito pelo pajé (sacerdote), fazendo uso das ervas e fumos nas sessões de cura com benzedura, chupão e beberagem (garrafadas) (CARDOSO e NASCIMENTO, 2008). No caso da Umbanda, ocorre a manifestação de entidades espirituais que atuam em comunhão com os seres humanos na cura dos consulentes. Essas entidades estão em constante evolução, os mesmos trabalham nas vibrações dos Orixás, de acordo com a necessidade da cura e do momento, são esses espíritos que incorporam nos médiuns realizando a limpeza das energias negativas que afligem o copo humano. Essas entidades também orientam e realizam os trabalhos espirituais nas casas de Umbanda. Nos trabalhos de cura, as entidades espirituais responsáveis são os Pretos Velhos regidos pelo Orixá Obaloae /Omolu, e para trabalhar na limpeza do corpo espiritual estão as Crianças Ibejês e os Caboclos (VIEIRA, 2016) Entidades nas religiões afrodescendentes Diante dos conflitos íntimos dos seres humanos, a magia surgiu como uma ponte para buscar respostas para todas as indagações, e, assim, construiu-se o imaginário, os mitos, os ritos e as entidades divinizadas habitando um universo sacralizado, responsável por tudo (CAMARGO, 2006). Para a realização dessa manifestação do imaginário, necessita-se de uma esfera material, e o meio vegetal entra para suprir essa carência, introduzindo-o dentro da 4 Médiuns receitastes: têm a especialidade de servirem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas.

25 25 magia vegetoastromagnética 5, o qual provoca mudanças no corpo astral do médium, facilitando a ligação do homem com as entidades. Dentro desse pensamento, as ervas têm como função produzir um movimento fluídico e dinâmico, tentando quebrar os reflexos condicionados (CARDOSO e NASCIMENTO, 2008). Cada entidade atuante dentro dos terreiros de Umbanda tem uma ligação direta com uma divindade superior. O meio vegetal é constituído dentro das crenças afrodescendentes de representantes, sendo eles entidades e orixás de origem africana, tais como Exus e Pombagiras, Ogum dos mais variados tipos (como os Ogum de Ronda, Ogum de Lei, Ogum Beira-mar, Ogum Marinho), Iansã, Iemanjá, Oxum, Xangô, Oxóssi, Omolu (muito associado aos Pretos velhos), os Ibejês (ligando São Cosme e São Damião). Por outro lado, são cultuados os Caboclos, com uma grande variedade de nomes e tipos (Caboclos das matas, Caboclos do sertão, Caboclos das pedreiras etc.). Por mais que tenha uma vasta gama de entidades, a Umbanda é uma religião monoteísta que concebe a Trindade: Zâmbi (Tradição Banto) ou Olorum (Tradição Yoruba) considerados como Deus único do Universo, Orixás (Divindades) e Guias ou Entidades espirituais. Suas crenças principais são: Crença em Jesus Cristo, em Anjos (figuras sagradas), Orixás, Guias e Guardiões, reencarnação e mediunidade (VIERIA, 2016, p 8). Os espíritos são invocados por meio dos cantos, dos toques de tambor e das rezas para que haja a manifestação, no pai ou mãe-de-santo da casa e nos filhos que recebem entidades. Cada entidade possui um cântico particular, às vezes dado pela entidade, outrora ofertada por um médium. Essas músicas ou seus pontos, como são chamados na religião, são acompanhados com o toque do atabaque, embora existam casas que não fazem o uso de instrumentos (MEIRA e OLIVEIRA, 2014). É nessa comunicação, em contato com as entidades invocadas, que os adeptos destas religiões vão buscar as soluções para os problemas que os afligem (CAMARGO, 2006). As entidades que mais sofrem preconceitos são os Exus, por possuírem uma natureza cósmica mutável, flexível e em constante transformação (PEIXOTO, 2008). Um exemplo são as formas de apresentação dos espíritos que se classificam como exus, que são as mais diversas possíveis, descartando-se a ideia, segundo a qual somente caboclos, pretos velhos e crianças são "entidades de Umbanda", embora reconheçamos que são as principais, sem desmerecer nenhuma outra ou dar uma conotação de superioridade sobre as demais, pois sabemos que formam uma espécie de triângulo fluídico que sustenta o movimento do Astral para a Terra. 5 Energia presente nas ervas.

26 26 Silveira (2011) aponta a necessidade de desconstruir os preconceitos em torno das práticas religiosas afrodescendentes, inclusive em função do amparo legal que os adeptos da religião de matriz africana encontram na legislação, que lhes assegura a liberdade de culto e de crença, a exemplo da Lei /2003, que trata do ensino de história da cultura africana e afro-brasileira. Segundo Oliveira (2008), No início do século XIX, a macumba era ritualmente pobre e muito próxima da estrutura do culto praticado pelos bantos, no qual invocavam os espíritos dos antepassados tribais. Os orixás nagôs ainda não haviam assumido um papel mais importante no culto. Foram lentamente introduzidos a partir do crescimento do prestígio do candomblé. (...) A primitiva macumba, longe de ser um culto organizado, era um agregado de elementos da cabula, do candomblé, das tradições indígenas e do catolicismo popular, sem o suporte de uma doutrina capaz de integrar os diversos pedaços que lhe davam forma. É deste conjunto heterogêneo que nascerá a umbanda, a partir do encontro de representantes da classe mais pobre com elementos da classe média egressos do espiritismo kardecista. Foi este último grupo que se apropriou do ritual da macumba, impôs-lhe uma nova estrutura e, articulando um novo discurso, deu início ao processo de legitimação (OLIVEIRA, 2008, p. 76). Além dos preconceitos contra os adeptos dessas religiões, existe ainda o preconceito construído entre as diferentes religiões entre si. As entidades Caboclas, por exemplo, com frequência, são denominados de espíritos inferiores, e como relata Pery (2008), a opção do espirito é um direito dele e não cabe a ninguém intervir, sua forma plasmada é de acordo com a vontade da entidade. O que as outras religiões não têm direito, ainda segundo Pery (2008), é de dizer que a Umbanda é inferior ou que esteja num estágio evolutivo abaixo do Espiritismo, baseado simplesmente no fato de a Umbanda se utilizar de rituais que eles estão longe de entender ou não se identificar, ou ainda por ter a Umbanda raízes, influências africanas, ameríndias, católicas e espíritas.

27 27 3. METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1. Área de estudo O estudo foi realizado no município de Tracuateua-PA (Figura 1), localizado a 13km do município de Bragança-PA, Situado no Nordeste paraense, a densidade demográfica é de 29, 3 habitantes por km 2. A pesquisa foi realizada na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá (Figura 2). Figura 1: Área de estudo localizada no Município de Tracuateua. Fonte: Modificado do Google Earth.

28 28 Figura 2. Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. Fonte: Acervo do Autor (2017) Métodos de levantamento de dados O estudo se iniciou por meio de revisão bibliográfica sobre os temas religiosidade, meio ambiente e etnobotânica. Segundo Macêdo (2009), a revisão bibliográfica é um levantamento de conhecimentos disponíveis sobre um determinado tema. A revisão bibliográfica se caracteriza como um conjunto de elementos que permitem a identificação, no todo ou em parte, de documentos escritos ou não, tendo como fonte a consulta de uma base de trabalhos publicados (MACÊDO, 2009; MARCONI e LAKATOS, 2010). A etapa exploratório-descritiva visou descrever e analisar as principais formas de trabalho da Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, mobilizando diversas variáveis que envolvem as relações com o meio botânico. O estudo exploratório permite ao investigador aumentar a sua experiência em torno de um determinado problema, podendo desenvolver ideias e hipóteses determinantes de fenômenos relevantes (MACÊDO, 2009). No estudo descritivo, o investigador não se limita apenas ao uso de um método de coleta de dados, podendo empregar diversos métodos que ajudem a responder os seus objetivos (MACÊDO, 2009). A etapa de observação participante envolveu uma inserção direta nos trabalhos realizados dentro do terreiro de Umbanda Casa de Tupinambá. A pesquisa participante

29 29 consiste em observação real do pesquisador na comunidade ou grupo, integrando-se ao grupo, ficando próximo dos membros do grupo que se está estudando e participando diretamente das atividades realizadas pelo grupo estudado (MARCONI e LAKATOS, 2010). Foram feitas ainda observações diretas sobre as práticas de uso das ervas nos rituais umbandistas. Segundo Gil (2011) a etapa observacional é aquela que faz uso de todos os sentidos para se obter uma melhor compreensão do que está sendo observado. O Quadro1 apresenta os procedimentos metodológicos adotados para o alcance de cada objetivo específico do trabalho. Quadro 1- Procedimentos metodológicos adotados de acordo com cada objetivo específico do trabalho. Objetivos específicos Como? a) Conhecer a dinâmica de uso das plantas a) Aplicação de questionários, observação medicinais e místicas dos rituais de Umbanda. participante, relatos orais e registros b) Identificar as principais ervas utilizadas nos rituais de Umbanda. c) Descrever as principais dificuldades de manejo das ervas utilizadas nos terreiros de Umbanda. d) Analisar e comparar os usos e práticas Umbandistas das ervas do passado e do presente. Fonte: Elaboração própria (2017). fotográficos. b) Aplicação de questionários, observação participante, relatos orais e registros fotográficos. c)aplicação de questionários, observação participante, relatos orais e registros fotográficos. d)aplicação de questionários, observação participante e relatos orais. O trabalho foi realizado, num primeiro momento, por meio da sistematização de dados primários coletados previamente nas pesquisas de campo exploratórias por meio de registros fotográficos e relatos orais. A inserção na pesquisa se iniciou no ano de 2013 com observações e anotações, inclusive por meio de registros fotográficos, inicialmente, como consulente, e, posteriormente como trabalhador da corrente mediúnica. A observação participante se revelou fundamental para o processo de coleta dos dados da pesquisa, pois permitiu uma inserção profunda na realidade vivida/pesquisada. Na pesquisa de campo definitiva, foram realizadas entrevistas com os participantes da Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá (Figura 3). O conteúdo do roteiro das entrevistas para os trabalhadores da corrente mediúnica (Apêndice A) e as entrevistas com os consulentes (Apêndice B). Também foi observada a relação que a Tenda de Umbanda tem para com o meio natural e sociocultural, visando à observação dos trabalhos realizados fora do Terreiro sendo eles na praia e na mata, onde também são preparadas e depositadas as oferendas. Os dados

30 30 coletados foram tabulados e analisados com o apoio do programa Excel versão 2013 para a construção de gráficos e tabelas. Figura 3. Entrevista realizada com o Zelador da Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá. Fonte: Acervo do autor (2017).

31 31 4. RESULTADOS 4.1 O perfil socioeconômico dos entrevistados A Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá teve início no ano de 2012, tendo como dirigentes a Mãe Cleide de Oxum, o Zelador Luciano de Ogum e a Mãe Pequena Lucicleia de Iansã. A casa é composta por 11 médiuns, atuantes na vidência, incorporação e cambone (Tabela 1). Tabela 1- Perfil dos Médiuns: idade, estado civil, naturalidade, sexo e religião de matriz. Idade Estado civil Sexo Naturalidade Religião de matriz 21 anos Solteira Feminina Tracuateua Católica 39 anos Solteira Feminina Tracuateua Católica 36 anos Solteira Feminina Tracuateua Católica 15 anos Solteiro Masculino Tracuateua Católico 17 anos Solteiro Masculino Ananindeua Umbanda 36 anos Solteira Feminina Bragança Católica 45 anos Casado Masculino Belém Católico 43 anos Solteira Feminina Tracuateua Espírita 52 anos Casado Masculino Tracuateua Espírita 36 anos Casada Feminina Tracuateua Católica Fonte: Dados de campo (2017). A Tenda é composta por 6 mulheres e 5 homens, incluindo o autor. A idade mais elevada é 45 anos e a mais baixa é 15 anos. A média da idade dos trabalhadores da Casa gira em torno de 33 anos. 72% trabalhadores são nascidos no município de Tracuateua e 28% são nascidos em outros municípios, como Belém, Bragança e Ananindeua. 72% trabalhadores vieram da religião cristã católica; 27% são oriundos do espiritismo e apenas 9% já era da Umbanda. Quanto ao nível de escolaridade dos entrevistados, 20% dos adeptos têm o grau superior completo, 20% o superior incompleto, 20% o médio completo, 10% o médio incompleto e 30% o fundamental incompleto (Figura 4).

32 32 Figura 4- Nível de escolaridade dos médiuns da Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 30% 20% Superior incompleto 20% 10% 20% Superior Completo Medio incompleto Medio completo Fundamental Incompleto Fonte: Dados de campo (2017). Na casa de Tupinambá 50% dos filhos dos médiuns frequentam os trabalhos, sendo que um dos filhos de cada médium está sendo preparado para ser o Ogan da Casa, outro está sendo preparado para dirigir uma nova casa e os outros são crianças levadas pelos pais. Segundo o Zelador, temos que levar nossos filhos desde criança para eles irem aprendendo os costumes da nossa religião 6. Cerca de 40% não têm filhos e apenas 10% dos filhos não frequentam os trabalhos (Figura 5). Figura 5- Porcentagem dos filhos que frequentam os trabalhos na Tenda de Umbanda com os seus pais. 10% 50% Não frequenta 40% Não tem filhos Frequentão Fonte: Dados de campo (2017). 6 Trecho da entrevista realizada com o Sr. L. R. no dia 12/07/2017 na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA.

33 33 A composição da renda familiar é a seguinte: 28% são assalariados; 22% recebem bolsas; 22% atuam no comércio; 17% trabalham na lavoura e 11% são aposentados (Figura 6). Figura 6- Composição da renda familiar dos médiuns da Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 22% 28% Assalariado Lavoura 22% 11% 17% Aposentadoria Comércio Bolsa Fonte: Dados de campo (2017). 4.2 O perfil religioso dos entrevistados Os adeptos de uma casa de Umbanda são protegidos por entidades poderosas denominadas de Orixá. Cada pessoa é regida por uma força diferente, por isso tem Orixás diferenciados. Cada Orixá tem um ponto de atuação: Iemanjá atua nas águas salgadas, Oxum nas águas doces, Nanã nos mangues, Iansã nas tempestades, Xangô na justiça, Obaloae/Omolum na cura, Ogum na proteção, Oxóssi nas matas e Oxalá, Orixá mais velho e regente de todas as forças, sincretizado com Jesus Cristo. As pessoas regidas por esses Orixás são chamadas de filho do Orixá. Na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, 21% dos médiuns são regidos por Iansã; 16% são filhos de Oxóssi; 16% são filhos de Iemanjá; 16% são regidos por Ogum; 11% são filhos de Oxum; 10% de Obaloae; 5% de Xangô, e 5% de Nanã (Figura 7).

34 34 Figura 7- Orixás regentes dos médiuns da Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Iemanjá obaloae Ogum Iansã oxossi Oxum Xangô Nanã Fonte: Dados de campo (2017). 4.3 As dinâmicas socioculturais dos trabalhos de Umbanda na Casa de Tupinambá Os trabalhos de Umbanda na Casa de Tupinambá são divididos em giras, são elas: gira de Preto velho, gira de Caboclo (encantaria, mata) e gira de Exu. Além desses trabalhos, há também as louvações, que consistem em trabalhos realizados em agradecimento e louvor aos orixás, tendo dias específicos do ano para serem realizados. Vejamos a caracterização de cada um dos trabalhos Gira de Preto Velho A gira de Preto Velho 7 acontece sempre nas segundas-feiras, tendo seu início às 19 horas. De acordo com a chegada dos médiuns, é feita a organização dos materiais usados pelas entidades. Ao término, veste-se o uniforme da casa, de cor branca. O uniforme dos homens consiste em calça, camisa, toca e uma espada 8. Já as mulheres trajam saia, camisa, espada e lenço de cabeça. Cada Médium tem como dever reverenciar (bater cabeça) nos pontos de cada entidade (Figura 8), tendo como ponto principal uma apresentação no altar de Pai Oxalá (Figura 9). No altar o médium irá receber as bênçãos para trabalhar sem a energia negativa que vem das ruas. 7 Entidade espiritual de matriz Africana. 8 Tira de tecido utilizado ao redor do pescoço.

35 35 Figura 8- Médium batendo cabeça para os Pretos Velhos. Fonte: Acervo do autor (2015). Figura 9- Médium batendo cabeça para Pai Oxalá. Fonte: Acervo do autor (2015).

36 36 A preparação para o trabalho é feita por meio de preces, concentração, fazendo a conexão por intermédio do cachimbar, utilizando o fumo e o cachimbo. Posteriormente, é realizada uma pequena palestra pela Mãe de Santo Cleide de Oxum (Figura 10). Após a palestra, é realizada uma oração inicial pedindo as benções de Deus para os trabalhos de cura. A oração se inicia com um Pai nosso e com a oração de Omolu/Obaluaê. Figura 10- Palestra inicial dada pela Mãe de Santo Cleide de Oxum. Fonte: Acervo do autor (2016). Após as orações iniciais, é feito o ritual da defumação com alecrim, alfazema, breu branco, incensos e outras ervas secas defumando os médiuns e a Casa e fazendo a limpeza de purificação. Terminada a defumação, iniciam-se os cânticos para a chegada dos Pretos Velhos. A primeira a incorporar é a Mãe de Santo, que recebe em seu aparelho mediúnico a Preta Velha Vovó Cambinda de Guiné (Figura 11). A segunda a incorporar é a Mãe pequena, que dá passagem para o Preto Velho Vovô Cipriano das Almas (Figura 12). O próximo a incorporar é o Pai pequeno, recebendo o Preto Velho Pai Antônio de Aruanda. Por fim o filho de santo incorpora o Preto Velho Vovô Joaquim de Angola.

37 37 Figura 11- Preta Velha Vovó Cambinda benzendo um consulente por meio da Mãe de Santo. Fonte: Acervo do autor (2016). Figura 12- Preto Velho Vovô Cipriano das Almas na Médium Mãe pequena. Fonte: Acervo do autor (2015).

38 38 A assistência 9 que vai em busca das curas física e espiritual, aguarda enquanto é feita a preparação dos leitos, nos quais serão colocados para serem trabalhados. Os leitos são colchões cobertos com lençóis brancos e outros reservados para cobrir os consulentes (Figura 13). Ao lado de cada leito as entidades abrem os seus portais espirituais (ponto riscado) (Figura 14), deixando pronto para receber os consulentes. Cada Preto Velho tem a sua maneira particular de trabalhar, porém todos trabalham com ervas: manjericão, arruda, pião roxo, japana branca, café, guiné, comigo-ninguém-pode, babosa, cipó-alho, espada de São Jorge, catinga de mulata, alfazema, casca e dente de alho, dentre outras. Durante todo o trabalho de cura os Guias 10 utilizam alguns elementos para a firmeza do médium incorporado, como o café adoçado com açúcar mascavo, rapadura ou mel de abelha. Fazem uso também, principalmente para limpeza dos consulentes, do tabaco e do cachimbo. Após todas as pessoas da assistência serem trabalhadas, os Pretos velhos se preparam para subir 11, deixando um por vez os seus aparelhos mediúnicos. Ao final da gira dos pretos velhos, é feita a oração de encerramento pela Mãe pequena e todos os médiuns batem cabeça novamente para pai Oxalá, o maior orixá da Umbanda e para as demais entidades. 9 Participantes que não fazem parte da corrente mediúnica. 10 Entidades espirituais. 11 Termo usado para quando a entidade espiritual se desconecta do médium.

39 39 Figura 13- Pretos Velhos trabalhando na cura dos consulentes. Fonte: Acervo do autor (2016). Figura 14- Imagem do ponto riscado, da entidade Pai Tome. Fonte: Acervo do autor (2017).

40 A gira de caboclos A gira de caboclos consiste em dois momentos. A primeira parte é com os pretos velhos e a segunda com os Caboclos das Matas. Todos os trabalhos se iniciam com a organização dos materiais das entidades, com uma defumação dos materiais e da casa, com o cachimbá dos filhos da corrente mediúnica. Após tudo ser preparado, o ritual do trabalho se inicia com uma palestra da Mãe de Santo ou de algum filho da corrente desguiando pela Mãe de Santo. É feita a oração inicial, como o Pai nosso e a Prece de Omolu/Obaluaê (Anexo A). São iniciados os cânticos para a chegada dos Pretos velhos que fazem parte da primeira parte dos trabalhos, onde é feita uma limpeza das demandas, que são direcionadas para a casa, para os filhos da corrente ou para as pessoas da assistência. Como na gira de Preto Velho, as ordens de chegada das entidades permanecem as mesmas, porém o Pai Pequeno da Casa recebe o Preto Velho Pai Tome, ao invés de Pai Antônio. Após a chegada das entidades, são firmados os pontos (pontos riscados) (Figura 15), para que as almas de energia negativa possam ser encaminhadas. Cada Preto Velho tem sua maneira particular de trabalhar. Muitos deles fazem as queimas, que é feito com água ardente, arruda seca, guiné seca, demandas (pólvora), e várias ervas secas (Figura 16). Este trabalho é feito para o encaminhamento das almas perdidas, para a quebra de trabalhos que prejudicam as pessoas e para desfazer energias negativas. De momento em momento, os Pretos Velhos fazem a defumação com o cachimbo e o bater dos cajados no chão para fazer a limpeza na casa e nas pessoas (Figura 17), direcionando tudo o que é retirado para os portais (pontos riscados). Com toda a limpeza feita, com os espíritos atormentados encaminhados e com a Casa limpa, a médium da corrente se prepara para receber a Senhora das Almas, entidade responsável em levar todos os espíritos que os Pretos Velhos encaminharam. Essa entidade é da Linha de Iansã e ela baixa girando em todo o terreiro. Com o término da limpeza, a Senhora das Almas sobe e os Pretos Velhos também se preparam para subir.

41 41 Figura 15- Preta Velha Vovó Cambinda na Corroa mediúnica da Mãe de Santo, abrindo os portais das almas. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 16- Pretos Velhos incorporados, fazendo a queima de ervas seca. Fonte: Acervo do autor (2017).

42 42 Figura 17- Pai Tome, fazendo a limpeza por meio do cachimbar. Fonte: Acervo do autor (2017). Com a subida dos Pretos velhos, os médiuns fazem a limpeza e a organização do material dos guias espirituais para a segunda parte dos trabalhos com os Caboclos da Mata, isso com um pequeno intervalo de 10 minutos. Com o término do intervalo, inicia-se a gira dos Orixás (Figura18). Os médiuns com idade acima de 16 anos compõem a gira e a Mãe de Santo fica fora, mas é ela quem puxa os pontos cantados. Iniciando com a defumação (Figura 19) e com os Pontos cantados, na Gira de caboclos das Matas, são para os Orixás, Oxalá, Obaluaê, Ogum, Oxóssi, Oxum e Pai Tupinambá (Anexo B).

43 43 Figura 18- Gira de Orixás. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 19- Médium fazendo a defumação na gira de Orixá. Fonte: Acervo do autor (2017). Durante a gira de Orixá, o Caboclo Rompe Mato baixa na coroa do Pai Pequeno (zelador) (Figura 20) e o Senhor Caboclo Ogum Beira Mar baixa no Filho da corrente (Figura 21). Ambos os guias espirituais fazem a limpeza da porteira da casa, com o cachimbar de tauari e pólvora. Feita a limpeza, o Senhor Ogum beira Mar sobe, enquanto o senhor Caboclo

44 44 Rompe Mato permanece para a limpeza da assistência. Terminado a gira de Orixá, inicia-se o ponto cantado para a Cabocla Ita (Anexo C). Figura 20- Caboclo Rompe Mato na coroa mediúnica do Zelador. Fonte: Acervo do autor (2017).

45 45 Figura 21- Senhor Ogum Beira Mar, na coroa do filho de santo da corrente.. Fonte: Acervo do autor (2017). A Mãe de Santo incorpora a Cabocla Ita, em seguida a Mãe pequena incorpora a Cabocla Jurema. E, por fim, baixa o Caboclo Pena verde no Filho de Santo, cantando os pontos do Caboclo Pena Verde e de Caboclo Rompe Mato. Enquanto são cantados os pontos, os caboclos fazem a abertura dos seus portais, por meio dos pontos riscados. Para manter a firmeza com os seus aparelhos mediúnicos os caboclos fazem uso do tauari, de bebidas que pode ser chá ou água. Cada guia incorporado usa um pano que envolve os aparelhos mediúnicos chamado de espada. Terminada a firmeza, todas as pessoas da assistência são direcionadas para as entidades fazer o passe, que é feito com defumação com o tauari usado pelas entidades. Com todos limpos, os Guias espirituais aconselham quando deve ser aconselhado, fecham os seus portais e se preparam para subir um por vez. Após a subida de todas as entidades, é feito o enceramento do trabalho pela Mãe pequena ou pelo Pai Pequeno A gira de encantaria Assim como a gira de Caboclos, a gira de encantaria tem duas partes. A primeira acontece da mesma forma que na gira de caboclo. A segunda é constituída também com a gira para os Orixás, que são: Oxalá, Obaloaê, Ogum, Xangô, Iemanjá, Nanã, Iansã e os três reis de

46 46 Minas: Dom João de Marambaia, Rei Sebastião e Verequete. Como na gira de caboclo, o Senhor Ogum Rompe Mato e o Senhor Ogum Beira Mar também baixam para fazer a limpeza e a firmeza da porteira, porém tanto o senhor Rompe Mato quanto o Senhor Beira Mar sobem. Terminada a gira para os Orixás, baixa na coroa da Zeladora a Cabocla Mariana (Figura 22), na coroa do Zelador o Senhor José Raimundo (Figura 23), na coroa mediúnica da Mão Pequena baixa a entidade espiritual Dona Herondina (Figura 24), e, por fim, na Coroa mediúnica do filho de santo, baixa o Senhor Ricardinho (Figura 25). Todas essas entidades de encantaria utilizam para fazer os seus trabalhos o tauari e bebida composta de água com água ardente. Após a firmeza dos Guias, as pessoas são direcionadas para receberem o passe das entidades incorporadas (Figura 26). Terminados os passes, os caboclos sobem, ficando somente a Cabocla Mariana na coroa da Zeladora, e os outros se preparam para receber a falange da Ibeijada. A Mãe pequena recebe a entidade Marinheirinho Lico, o Zelador a entidade Joãozinho da Beira do Rio e o filho de santo, Joãozinho da Praia. Essas entidades que baixam em forma de crianças, brincam, correm e pulam distribuindo bombons para as pessoas presente no trabalho. Essas travessuras é a forma que a Ibeijada trabalha para limpar as pessoas e, principalmente, as crianças que estão no trabalho (Figura 27). Com a ordem de Mão Mariana, as crianças da Ibeijada sobem, e Dona Mariana também se prepara para subir, dando final a gira de encantaria. Assim como em todos os trabalhos, o encerramento é feito com orações em agradecimento pelo trabalho do dia.

47 47 Figura 22- Cabocla Mariana na coroa mediúnica da Zeladora. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 23- Senhor José Raimundo na coroa do Zelador Luciano de Ogum. Fonte: Acervo do autor (2017).

48 48 Figura 24- Cabocla Dona Herondina na coroa da Mãe pequena. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 25- Senhor Ricardinho, na coroa do médium filho de santo. Fonte: Acervo do autor (2017).

49 49 Figura 26- Pessoas recebendo passe das entidades incorporadas. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 27- Beijada trabalhando na limpeza do médium. Fonte: Acervo do autor (2017).

50 A gira de Exu A gira de Exu também é constituída de dois momentos. O primeiro é com os senhores Exu e Pompa-giras e o segundo com José Pelintra e toda a sua falange e acontece sempre na última sexta-feira de cada mês. No início dos trabalhos de gira de Exu, é feita uma defumação na Casa, nos materiais dos médiuns e com todos os materiais arrumados. Inicia-se com a palestra da Zeladora da Casa. Terminada a palestra, é feita a oração inicial e os médiuns se preparam para a chegada da entidade espiritual Dona Sara, que baixa no aparelho mediúnico da Zeladora da casa (Figura 28). Logo após a chegada de Dona Sara, cantam-se os pontos do grande Senhor Exu Tranca Rua das Almas, que incorpora no Zelador da casa. Com a chegada de Exu Tranca Rua das Almas, é contado o ponto do Grande Senhor Exu Tiriri Lonã, que baixa no aparelho mediúnico do filho da casa (Figura 29). E, por fim, baixa na corroa da Mãe pequena da casa, a Senhor Pomba-Gira Maria Padilha. Figura 28. Pombo Gira Dona Sara. Fonte: Acervo do Autor (2016).

51 51 Figura 29. Senhores Exus trabalhando na limpeza dos consulentes. Fonte: Acervo do Autor, (2016). Com todas as entidades firmadas no terreiro, a senhora Pomba-Gira Dona Sara firma seu portal de luz na porteira da casa e o Senhor Exu Tranca Rua das Almas firma seu portal no assentamento dos senhores Exus. Com os portais firmados, a assistência é direcionada para receber o passe das entidades incorporadas nos médiuns da casa. As entidades femininas trabalham com leques, cartas, punhais, joias, demandas, cigarrilhas e champanhe. Já as entidades masculinas trabalham com charutos, punhais, espadas, capa, velas vermelhas, demandas, charuto e vinho. Depois de todos os consulentes serem atendidos, os Senhores Exus fazem a limpeza do terreiro com três velas vermelhas nas mãos, charuto e demandas. Enquanto é feita a limpeza do terreiro, as senhoras Pomba-giras estão girando para direcionar as energias negativas, que vêm da limpeza feita pelos senhores Exus. Com a limpeza terminada, os portais são fechados e as Senhoras Pomba-giras se preparam para subir. A primeira a ir é a Senhora Maria Padilha. O segundo é o senhor Exu Tiriri Lonã, ficando no terreiro apenas Dona Sara e o Senhor Exu Tranca Rua das Almas. Antes de subirem, eles fazem uma pequena apresentação de dança característica deles. Em seguida, o Senhor Exu Tranca Rua das Almas sobe e, logo após, Dona Sara também. Para se iniciar a segunda parte, é dado um pequeno intervalo de 10 minutos para a retirada dos materiais dos senhores Exus e Pomba-giras e para a arrumação dos materiais do Senhor José Pelintra e sua falange; Com a chegada do Senhor José Pelintra, que vem na

52 52 corroa mediúnica da Zeladora (Figura 30), chegando com muita alegria e firmeza, ele chama sua falange, o Senhor Jorge Malandro, que vem na corroa do Zelador. O Senhor Zé Pretinho vem na Corroa da Mãe Pequena e o Senhor João da Curva vem na corroa do filho da casa. Todos trabalham, com charutos ou cigarros, vinho, cerveja e demandas. As pessoas são limpas por eles por meio do trabalho chamado demandar, onde todos os malandros colocam umas demandas em frente à assistência. As demandas são acesas e quando estouradas as pessoas fazem a limpeza do corpo e do espirito. Com a permissão do Mestre José Pelintra, os Malandros podem conversar com as pessoas da assistência (Figura 31), dando conselhos. Figura 30. José Pelintra na corroa da Zeladora da casa. Fonte: Acervo do Autor ( 2016).

53 53 Figura 31. Os Malandros da boemia em dialogo com os consulentes. Fonte: Acervo do Autor, (2016). Chegado o momento de sua subida, os Malandros dançam o samba de raiz ou dançam capoeira, todos sobem no mesmo momento, exceto o senhor José Pelintra, que é o último. Ele trabalha nos médiuns que estavam recebendo as entidades, aconselhando e, após isso, preparase para subir. Após a sua subida, as entidades são saudadas, laroiê Exu, Exu e Mojubá, saudação dos senhores exus, Aluvaia as Senhoras Pomba-giras de Lei, saudação das senhoras Pomba-giras, Sarava Seu Zé, saudação do Metre José Pelintra e sua falange. Por fim, canta-se o ponto de enceramento (Anexo D) Louvação do Orixá Oxóssi O trabalho acontece na Casa de Tupinambá no dia 28 de janeiro. Trata-se de uma homenagem feita a este Orixá de grande conhecimento das ervas sagradas. Em sua louvação, o uniforme dos homens é camisa e espada verde, calça e toca branca. As mulheres usam saia, camisa, espada e pano de cabeça verde. Este trabalho é feito um ano na casa (Figura 32) e, no ano seguinte, na mata (Figura 33).

54 54 Figura 32- Tenda preparada para louvação do Orixá Oxóssi. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 33- Preparação das oferendas para louvação do Orixá Oxóssi na mata. Fonte: Acervo do autor (2015).

55 55 Tanto na mata quanto na casa são arriadas oferendas (Figura 34), que consiste em frutas e plantas diversas. Cada médium que deseja ofertar para este Orixá prepara a sua oferenda, antes de iniciar os trabalhos. Com a oferenda pronta, o médium acende as velas cantando os pontos do Orixá. Figura 34- Oferendas para entidades caboclas. Fonte: Acervo do autor (2017). Quando o trabalho é feito na mata, os Pretos Velhos (Figura 35) vêm para abrilhantar o trabalho, para dar suas bênçãos, fazer defumações em seus filhos com o cachimbar e aconselhar, quando necessário.

56 56 Figura 35- Pretos Velhos dando suas benções na louvação de Oxóssi. Fonte: Acervo do autor (2015). Quando o trabalho é feito na casa, a entidade Preto Velho não baixa, vem apenas os caboclos e o grande juremeiro José Pelintra. Na louvação do grande senhor Oxóssi, o dono da casa Caboclo Tupinambá sempre vem, seja na mata (Figura 36) seja na casa de Tupinambá (Figura 37). Figura 36- Pai Tupinambá em louvação de Oxóssi na mata. Fonte: Acervo do autor (2015).

57 57 Figura 37- Pai Tupinambá em louvação de Oxóssi na casa. Fonte: Acervo do autor (2017). Para os entrevistados, o grande caboclo vem para aconselhar, dar uma palavra de fé, de renovação e de perseverança. Quando o trabalho é feito na casa, os médiuns são banhados com o amanci (Figura 38), banho preparado com as ervas dos Orixás, quais sejam: pétalas de rosa brancas, sete brotos de boldo, sete palmas amarelas, sete espadas de santa Bárbara, sete rosa de cor rosa ou pétalas de rosas, musgo colido na beira do igarapé, ervas de santa Luzia ou ervas de água doce, sete punho de algas marinhas, flores azuis, sete folhas novas de samambaias, cravos vermelhos, espada de são Jorge, orquídeas rosas ou marrons, brotos de ervas de Xangô, violetas, flores roxas, cravo de defunto, arruda e guiné. Este banho é preparado durante uma semana, antes da louvação ao senhor Oxóssi. Na mata, não há o banho do amanci, porém é feito o batizado (Figura 39).

58 58 Figura 38- Banho do Amanci. Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 39- Batizado na Umbanda feito pela entidade Pai Tupinambá. Fonte: Acervo do autor (2015). Depois da realização das oferendas (Figura 40), são colocadas frutas (Figura 41) que serão preparadas para consumo da assistência, tanto na mata quanto na casa.

59 59 Figura 40- Oferendas para as entidades Caboclas Fonte: Acervo do autor (2017). Figura 41- Frutas para serem trabalhadas. Fonte: Acervo do autor (2017).

60 60 As entidades dos caboclos que vêm na forma de índios baixam para louvar o grande Senhor Oxóssi. Após a firmeza de Pai Tupinambá, ele sobe dando passagem para a Cabocla Ita, que vem na corroa de Mãe de santo. O Pai pequeno recebe o caboclo Rompe Mato, a Mãe pequena recebe a Cabocla Jurema e Caboclinho da Mata. O médium filho de santo recebe o Caboclo Curibatã, o Caboclo Flecheiro, o Caboclo Pena Vermelha e o Caboclo Pena Verde. Cada entidade baixa um por vez para louvar Oxóssi, com suas danças e cânticos. O outro filho de santo recebe o caboclo Arranca Toco. A filha de santo recebe o Caboclo Pena Branca. Com as entidades firmadas na coroa dos médiuns, são abertos os portais para as frutas serem trabalhadas e limpas das energias negativas. É feito o preparo dos materiais para o batizado quando a louvação é na mata. Na Casa, as entidades fazem a limpeza das frutas para ser consumidas pelas pessoas e, logo após, as pessoas que estão na assistência são trabalhadas. Em seguida, as entidades se preparam para subir, deixando a coroa mediúnica dos médiuns de incorporação. Enquanto são preparados os materiais das outras entidades, as frutas que foram trabalhadas pelos caboclos podem ser consumidas. Na mata, os pretos velhos baixam a Mãe de santo da Casa recebe a Preta Velha Vovó Cambinda. O Pai pequeno recebe o Preto Velho Pai Tomé. A Mãe pequena recebe o Preto Velho Vovô Cipriano das Almas e Vovó Catarina, um por vez. O médium filho de santo recebe Pai Joaquim de Angola, Preto velho Vovô João de Minas e Pai Antônio, um por vez. O outro recebe Pai José. E a médium a Preta Velha Maria Redonda. As entidades Pretas velhas vêm para abençoar os trabalhos que foram feitos, como o batizado, e prepara as pessoas para o tombo da Jurema direcionadas pela entidade espiritual José Pelintra. Com a subida dos Pretos velhos, a Mãe de santo se prepara para incorporar o Senhor José Pelintra, quando baixa firma seu ponto riscado, e os participantes iniciam a gira da Jurema (Figura 42). O Mestre José Pelintra chama uma pessoa para tomar o chá da Jurema. Ao tomar a pessoa, retorna a gira para se preparar para o tombo da Jurema. Todas as pessoas participantes da gira, em algum momento, tomam o chá. A gira acontece tanto na mata quanto na casa. Terminado o ritual, o Mestre José Pelintra se prepara para subir, deixando a coroa da Mãe de Santo. Com isso, é feito o encerramento do trabalho, com uma oração feita pelos dirigentes da casa.

61 61 Figura 42. Mestre José pelintra iniciando o Tombo da Jurema. Fonte: Acervo do autor (2015) A louvação de Pai Oxalá A louvação de Pai Oxalá acontece na Casa de Tupinambá no dia 25 de março. As roupas usadas pelos médiuns são brancas, e suas oferendas são flores brancas, milho branco e coco ralado e velas brancas (Figura 43).

62 62 Figura 43- Oferenda para Orixá Oxalá doada pela Mãe de Santo. Fonte: Acervo do autor (2017). Durante a preparação para a louvação, é feito o mingau de milho branco (Figura 44), trabalhado para as pessoas.

63 63 Figura 44- Panela com mingau de milho preparado para os consulentes. Fonte: Acervo do autor (2017). A Zeladora da Casa faz uma pequena palestra e inicia com uma oração. Logo após, é cantado os pontos para os caboclos da linha de Oxalá baixar. Para os caboclos são ofertados água e tauari. As entidades deixam sua palavra de luz, abençoando todos os presentes e também os que estão ausentes. Após as bênçãos, as entidades sobem. Na segunda parte da louvação, os médiuns irão incorporar os pretos velhos, que são os mesmos dos outros trabalhos e da mesma forma: os Pretos velhos, firmam os seus portais e trabalham no mingau que será distribuído (Figura 45). Terminados os trabalhos, as entidades se preparam para subir. No encerramento, a Mãe pequena ou o Pai pequeno faz uma prece e os agradecimentos. Canta-se o Hino da Umbanda (Anexo E).

64 64 Figura 45- Entidades Preto Velho, trabalhando no mingau. Fonte: Acervo do autor (2017) A louvação de Ogum A louvação de Ogum acontece no dia 22 de abril. As vestimentas dos médiuns são: para os homens, camisa azul, calça e toca branca e espada vermelha; para as mulheres, saia e camisa azul, espada vermelha e lenço de cabeça azul. Inicia-se com as oferendas sendo preparadas (Figura 46) e colocadas para o grande Orixá Ogum. São acesas as velas das obrigações (Figura 47) enquanto são cantados os pontos do orixá. As oferendas do Orixá Ogum são compostas por sete deferentes grãos (Figura 48). Depois de ofertadas as oferendas faz-se uma oração inicial pela Mãe de santo da Casa de Tupinambá e após isso, inicia-se a gira, na qual todos os médiuns com mais de 16 anos participam. Enquanto acontece a gira, os filhos do Orixá Ogum recebem a sua energia, manifestando, assim, os seus movimentos irradiados pelo Orixá. Cada filho de Ogum recebe essa energia, um por vez. Finalizado a gira, iniciam-se os pontos cantados dos Caboclos de Ogum, são eles: Caboclo Rompe Mato (Coroa do zelador), Senhor Ogum Beira Mar (Mãe pequena ), Senhor Ogum Megê (filho de santo).

65 65 Figura 46. Oferenda para Orixá Ogum sendo preparada. Fonte: Acervo do autor, (2017). Figura 47- Velas das oferendas sendo acesa pala Mãe pequena. Fonte: Acervo do autor (2017).

66 66 Essas entidades, depois de baixar, vão para a firmeza da porteira. Enquanto isso, os filhos da corrente preparam um túnel com espadas de São Jorge, para que os guias possam passar. Com a sua chegada, é cantado os pontos para que os outros guias da falange de Ogum possam vir. A assistência é encaminhada para ser trabalhado pelas entidades. Depois que todos são trabalhados, as entidades fazem a benção das espadas de São Jorge levados pelas pessoas. Essas espadas são levadas para as suas residências e colocadas na frente delas para afastar olho gordo, inveja, dentre outras coisas. Figura 48- Oferenda para Orixá Ogum. Fonte: Acervo do autor (2017). Todos os guias trabalham com uma espada de são Jorge, água e tauari. Em determinado momento dos trabalhos, os guias incorporados fazem uma pequena gira (Figura 49), onde os participantes, sejam eles da corrente ou não, passam por dentro da gira, recebendo a defumação do cachimbar dos guias. Após essa pequena gira, os guias se preparam para subir, deixando a coroa dos médiuns. O trabalho se encerra com uma oração feita pelo zelador ou pela mãe pequena da casa e se canta o Hino da Umbanda.

67 67 Figura 49- Gira de limpeza das entidades de Ogum. Fonte: Acervo do autor (2017) A louvação dos Pretos Velhos A louvação de Pretos Velhos acontece no dia 13 de maio. As roupas dos médiuns são todas brancas. As oferendas são todas colocadas em frente ao cruzeiro das almas e acesas cantando os pontos. A mãe de santo da Casa inicia o ritual com uma pequena palestra e, depois, são cantados os pontos para que os Pretos Velhos possam baixar. Quando chegam, preparam os seus portais riscando pontos, bebem seu café e fumam seu cachimbo. As pessoas podem ir para conversar com as entidades ou serem trabalhadas. Terminado este momento de diálogo com as pessoas, os Pretos Velhos trabalham no mingau de milho que foi feito para ser distribuído ao término dos trabalhos. Com o mingau trabalhado, os pretos velhos dançam o junco e, terminada a dança, eles se preparam para subir. O trabalho se encerra com uma oração final feita pela Mãe pequena ou pelo Zelador. No final, é cantado o Hino da Umbanda A louvação de Xangô A louvação de Xangô acontece no dia 24 de junho. As vestimentas para o homens são: camisa e espada marrom e toca branca. As mulheres vestem saia estampada, camisa e espada marrom e lenço estampado. São feitas os preparos das oferendas (Figura 50), acendidas as

68 68 velas, cantando os pontos da linha de Xangô. Com as oferendas ofertadas, é feita uma pequena palestra da Zeladora e, logo em seguida, uma oração inicial. Figura 50. Oferenda de Xangô sendo preparada. Fonte: Acervo do autor (2017). É feita a gira com os médiuns a cima de 16 anos de idade, onde os filhos de Xangô incorporam a sua energia irradiada, dançando com suas machadinhas. Enquanto isso, são cantados os pontos de Xangô. Depois de terminada a gira, são cantados os pontos para os caboclos de Xangô baixar, são eles: caboclo da Pedra Preta (Mãe pequena), Seu Curibatã (médium filho de santo), Caboclo da Cachoeira (Mãe de Santo), Sete Pedras (filho de santo R. N.), Caboclo Flecheiro (Zelador) (Figura 51). As entidades espirituais trabalham na limpeza e no equilíbrio das energias dos médiuns e consulentes com água e tauari. Após o trabalho, as entidades sobem. No enceramento, é feita uma oração final do Pai pequeno ou Mãe pequena e é cantado o Hino da Umbanda.

69 69 Figura 51. Caboclos da linha de Xangô baixado nos médiuns da casa de Tupinambá. Fonte: Acervo do autor (2017) A louvação dos cangaceiros Essa louvação acontece no dia 30 de junho. As vestimentas para o homens são: camisa, espada, calça e toca branca. As mulheres usam saia, camisa, espada e lenço branco. Todas as oferendas são ofertadas e acesas as velas, cantando os pontos das entidades. Também é feita uma pequena fogueira que ficará acesa durante a parte que os cangaceiros baixam, também é feito as oferendas (Figura 52).

70 70 Figura 52. Oferenda das entidades cangaceiros. Fonte: Acervo do autor (2017). Terminado isto, é feita uma pequena palestra e uma oração inicial pela Zeladora da Casa. Cantam-se os pontos dos cangaceiros para a sua chegada. O primeiro a baixar é o Senhor Virgulino (Zeladora). Depois de firmado, a entidade espiritual chama as outras entidades para baixar. São elas: o Senhor Balão (filho de santo N. O.), o Senhor Baião (Zelador), o Senhor Corisco (filho de santo R.N.) e o Senhor Severino (Mãe pequena). As entidades conversam e contam cordéis, enquanto as pessoas são trabalhadas (Figura 53). No trabalho de limpeza, usa-se água, cigarro caseiro e tesado. Com todas as pessoas limpas, as entidades se preparam para subir.

71 71 Figura 53. Entidades Cangaceiro dialogando com os consulentes. Fonte: Acervo do autor (2017). Nesta louvação, tem um segundo momento, que é feito com os baianos Chica Baiana (Zeladora), Seu Baiano Grande (Zelador), Zé Baiano (filho de santo N.O), Zé do Coco (Filho de santo R.N), Maria do Coco (Mãe pequena). Ao baixar, todos dançam e trabalham nos milhos, paçocas, rapaduras, pé de moleque, dentre outras coisas. Terminado este trabalho, esses alimentos são distribuídos paras as pessoas que estão participando do trabalho. Logo após, todos sobem e o trabalho se encerra com uma oração final e é cantado o Hino da Umbanda A louvação dos senhores Exus e Pomba Giras Essa louvação acontece no dia 26 de agosto. As vestes para o homens são camisa vermelha, calça branca e espada roxa e para as mulheres são saia e camisa vermelha, espada roxa, lenço vermelho com moedas. Todas as obrigações são ariadas, com os pontos cantados. Uma pequena palestra e uma oração inicial são feitas pela Mãe de Santo. É cantado o ponto da Cigana Sara (Zeladora), que baixa girando. Depois, são cantados os pontos para a chegada dos Senhores Exus Caveiras, são eles: Exu Caveira (filho de santo N.O.), Exu Caveirinha (Zelador) e Exu João Caveira (filho de santo R.N). Os senhores Caveiras não falam, mas firmam seus portais com pontos riscados e trabalham com vinho e charuto. Terminada a sua

72 72 firmeza, eles sobem e é cantado os pontos dos Exu Tranca Ruas das Almas (Zelador), Exu Tiriri (filho de santo N.O), Exu Bará (filho de santo R.N). Somente depois dos senhores exus baixados, vem a Senhora pomba gira Maria Padilha (Mãe pequena), com todos baixados as pessoas são levadas para serem trabalhadas pelas entidades com três velas vermelhas, vinho e charuto; e as senhoras pompa giras com champanhe e cigarrilhas. Os homens são trabalhados pelos senhores exus e as mulheres pelas senhoras pomba giras. Depois dos trabalhos, os senhores Exus saem para fazer a limpeza do terreiro e, terminada a limpeza, as senhoras pomba giras giram para levarem tudo que foi retirado. Após isso, elas sobem e os senhores exus sobem em seguida. Na segunda parte da louvação, vem o Mestre José Pelintra com todos os seus Malandros da Boemia. O senhor Zé Pelintra vem na coroa da Zeladora da Casa, no zelador vem Seu Jorge Malandro, na Mãe Pequena vem Seu Zé Pretinho, no Filho da Casa vem Seu João da Curva e no outro Filho, R.N, vem Seu Junco. Todos trabalham com vinho ou cerveja, charuto e demandas. Todos sempre dançam o samba de gafieira e trabalham limpando as pessoas. Em determinado momento, o Mestre manda os seus Malandros demandarem. Então são acesas as demandas todas ao mesmo tempo, quando estouram, as pessoas se limpam. Quando é permitido pelo Mestre, os malandros brincam e conversam com as pessoas. Na hora que o Mestre manda, todos sobem e, depois, o Grande Mestre também sobe, finalizando o trabalho. O zelador ou a Mãe pequena fazem a oração final e é cantado o Hino da Umbanda A louvação da Ibeijada A louvação da Ibeijada acontece no dia 30 de setembro. As vestimentas dos homens são: toda a roupa branca com espada azul claro para os médiuns que não incorporam; os que incorporam ficam vestidos com as roupas características das entidades espirituais, que vem em forma de crianças. As mulheres vestem roupa branca, espada e lenço de cabeça rosa, isso somente para as médiuns que não incorporam. É feita uma preparação antes de se iniciarem os trabalhos das oferendas, que consistem em vários tipos de doces e guaraná (Figura 54). São acesas as velas, cantando os pontos da Ibeijada. Com tudo ofertado, é feita a oração inicial pela Zeladora da casa e se canta o ponto para Cabocla Mariana baixar (Corroa da Zeladora), que chama a ibeijada para baixar. Na Mãe pequena, baixa o Marinheirinho Lico, no zelador, vem Joãozinho da Beira do Rio, no filho de santo, R. N., baixa Doum, na filha de santo baixa Maria Aninha, no filho de santo, N. O., baixa Joãozinho da Praia.

73 73 Figura 54. Mesa de doces para ser ofertada para Ibeijada. Fonte: Acervo do autor (2015). As crianças baixam e brincam com as crianças encarnadas que estão presentes na casa durante o trabalho, sempre com muitos doces, brinquedos e guaraná (Figura 55). Elas trabalham nas pessoas, sujando-as de bolo, enchendo a boca das pessoas de bombons, isso para que seja feito uma limpeza do espírito de quem está presente. Essas entidades têm o grande poder de transformar pessoas que estão deprimidas, que perderam a noção de como é bom ser criança. Depois de todas as brincadeiras, Cabocla Mariana manda a Ibeijada se despedir. Com isso, todas as crianças sobem, deixando somente a Zeladora incorporando Dona Mariana. Ela dá uma palestra e, por fim, se despede, deixando o aparelho mediúnico da Zeladora. O trabalho se encerra com uma oração final feita pelo Pai ou Mãe pequena e é cantado o Hino da Umbanda.

74 74 Figura 55. Ibeijada trabalhando nas crianças presentes no trabalho. Fonte: Acervo do autor (2014) A louvação de Pai Obaloaê A louvação é feita no dia 4 de novembro. As vestimentas para o homens e mulheres são roupas brancas, espadas roxa e, ainda, lenço de cabeça roxo (mulheres) para os médiuns que não irão incorporar os Senhores Caveira. Para os que irão incorporar, os trajes são roupa roxa, tanto para os homens quanto para as mulheres. Como em todo trabalho, seja normal ou louvação, é sempre ofertado primeiro as oferendas com os pontos cantados, para depois se iniciar uma pequena palestra da zeladora e a oração inicial. Feito isso, é cantado os pontos dos senhores Caveiras que irão baixar para firmar a porteira, são eles Senhor Exu Caveira (Médium N. O.), Senhor Exu Tata Caveira (Mãe pequena) e Senhor Exu João Caveira (Médium R.N.). Todos firmam os seus portais com pontos riscados, porém apenas o senhor Exu João Caveira sobe, deixando o aparelho mediúnico do filho de santo da casa. Os outros se acomodam em seus assentos para observar a gira para o Orixá Obaloaê. Os filhos da casa compõem a gira, a Zeladora da casa recebe a energia da Orixá Nanã e somente os filhos do Orixá Obaloaê recebem a irradiação desta entidade de luz curadora. Terminado a gira com seus pontos cantados, os Senhores caveiras sobem e os médiuns se preparam para receber os Pretos Velhos que irão compor uma segunda parte do trabalho. Os pretos velhos baixam nos seus aparelhos mediúnicos e firmam seus portais de luz com pontos riscados. Durante este trabalho, é feita a benção do círculo de palha que contém nomes de pessoas que querem se manter livres das doenças da carne e do espirito. Após o trabalho, as entidades dão a benção final e o círculo de palha fica guardado para ser deixado

75 75 no mar. Os pretos velhos sobem, deixando seus aparelhos mediúnicos e a Mãe ou Pai pequeno encerram o trabalho com uma oração e é cantado o hino da Umbanda para finalizar A louvação das Iabas A louvação acontece no dia 9 de dezembro. As vestes são de acordo com a cor de sua Orixá de cabeça. Um ano é feito na praia e outro na Casa. Tanto na praia quanto na casa é arriado as obrigações, cantados os pontos e suas filhas incorporam a irradiação de seus Orixás femininos: Oxum, Nanã, Iemanjá e Iansã. Depois de terminada essa gira na praia, os senhores Ogum Beira Mar (N.O.), Senhor Marinheiro Fernando (Pai pequeno ) e o Senhor Marinheiro (R. N.) firmam seus portais e pedem as benções da grande senhora do mar para dar prosseguimento do trabalho e para ser feita a limpeza dos filhos da corrente. Dadas as benções, os senhores sobem e é cantado o ponto para Cabocla Mariana baixar e limpar as pessoas presentes. Na casa, depois que as filhas dos orixás femininos recebem a sua energia, a Cabocla Mariana baixa trazendo toda sua falange de encantaria, como por exemplo: Senhor Marinheiro (R. N.), senhor Ricardinho (N. O.), Senhor Marinheiro Fernando (Pai pequeno), Cabocla Herondina (Mãe pequena), Toia Jarina (filha de santo) e Princesa Flora (M.E.). Depois de baixados, as pessoas da assistência são trabalhadas. Depois, as entidades espirituais sobem, e, por último, a Dona Mariana. O trabalho é finalizado com uma oração e com o hino da Umbanda. 4.4 As crenças e as histórias relacionadas aos usos das ervas Além dos benefícios medicinas das ervas para os seres humanos, há também os benefícios espirituais, este último bem presente nas religiões de matriz africana, nas quais se encontram um foco de fé em suas propriedades de cura e místicas. Na casa de Tupinambá, o Zelador relatou que As ervas têm vida e energia que podem ser repassada para a necessidade, quando é feito um banho de limpeza, quando é feito um chá, cada erva tem sua função 12. Outra entrevistada afirmou que as ervas têm suas propriedades e essências que vêm com a magia e também espiritual, que vem dos guias, podendo atuar na cura dos necessitados 13, Constatou-se na casa de Tupinambá a crença de que as ervas podem curar doenças físicas e espirituais. 12 Trecho da entrevista realizada com o Sr. L. R. no dia 12/07/2017 na Casa de Umbanda de Tupinambá, Tracuateua-PA. 13 Trecho da entrevista realizada com a Sra. C. L. no dia 06/07/2017 na Casa de Umbanda de Tupinambá, Tracuateua-PA.

76 76 Outro aspecto relevante são as histórias relacionadas aos usos das ervas obtidas durante a participação nos rituais, conforme relatou um entrevistado: Quando estava em meu trabalho, sofri um acidente, dai quebrei a minha mão, nesse dia era dia de trabalho de cura, aí quando os Vovôs baixaram eu pedi para ser consultado, eles passaram um remédio para mim que era uma erva de garapé, eu não lembro o nome agora, mas realmente eu fui curado com o remédio que ele passou para mim 14. Outra interlocutora afirmou que: Durante os trabalhos os Vovôs falaram que iria aparecer uma pessoa que estaria atrás de uma erva, só que quando essa pessoa pegasse esta erva ela iria secar e morrer, no outro dia bateu em minha casa uma mulher que falou que estava doente e precisava fazer um remédio da pluma, aí eu dei para ela, mas durante o dia, o restante que ficou em casa foi secando e morreu. Outra história é da minha mãe, que sentia uma quentura na cabeça, e para melhorar ela tinha que fazer um remédio do sumo da japana branca e com isso ela melhorou da quentura na cabeça. 15 Além dos relatos de remédios feitos das ervas também houve depoimentos sobre os banhos preparados, como relata uma entrevistada: O meu corpo parecia uma cebola podre, tanto no cheiro quanto na consistência, daí passaram um banho de limpeza para mim e depois que fiz não senti mais Os significados de natureza na visão dos médiuns da Casa de Umbanda de Tupinambá Todos os entrevistados demostraram um grande respeito pela natureza, expressando uma preocupação em tirar e recolocar aquilo que se retira da natureza e um cuidado para não agredir o meio ambiente, em função do respeito aos espíritos que acreditam estarem presentes nas matas, conforme relatou uma interlocutora: É um ponto de força, no qual se encontra o seio e o domínio de pai Oxóssi. É, portanto, um lugar de meditação e reflexão no qual se deve muito respeito além de ajudar na conexão com o seu lado espiritual proporcionando a evolução mediúnica 17. Outra entrevistada afirmou que A natureza tem que ser preservada, cuidada para não haver desmatamento, toda a vida depende dela. Ademais, a natureza, na 14 Trecho da entrevista realizada com o Sr. L. R. no dia 12/07/2017 na Casa de Umbanda de Tupinambá, Tracuateua-PA. 15 Trecho da entrevista realizada com a Sra. C. L. no dia 06/07/2017 na Casa de Umbanda de Tupinambá, Tracuateua-PA. 16 Trecho da entrevista realizada com a Sra. R. O. no dia 10/07/2017 na Casa de Umbanda de Tupinambá, Tracuateua-PA. 17 Trecho da entrevista realizada com a Sra. M. L. no dia 05/07/2017 na Casa de Umbanda de Tupinambá, Tracuateua-PA.

77 77 visão dos entrevistados, É fonte de ar limpo, um lugar de conexão com os espíritos é vida. Para a Zeladora da Casa, a natureza é fonte de vida: A natureza é a mãe das energias, nela estão todos os elementos que precisamos para sobreviver. A natureza é ainda: A criação de tudo, Deus em sua sublime evidência, é o equilíbrio de tudo, vida, alimento e energia. Dentro das crenças de Umbanda tem um ditado que expressa bem as respostas dos entrevistados, que foi interpretada em uma canção de Maria Bethânia, que diz: sem folha não tem sonho, sem folha não tem festa, sem folha não tem vida, sem folha não tem nada. Logo, pode-se observar a intensa ligação entre religiosidade e meio ambiente no seio das manifestações religiosas umbandistas na Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. Os locais nos quais são depositadas as oferendas são a Casa, a mata e a praia. Todos os entrevistados afirmaram que está ficando cada vez mais difícil encontrar lugares apropriados para deixar as suas oferendas dos rituais religiosos. 4.6 A diversidade de ervas e os seus usos na Casa de Umbanda Tupinambá O conhecimento acerca da dinâmica de uso das plantas medicinais e místicas dos rituais nos trabalhos na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá apresenta características de diversas culturas, como as dos baianos, europeus, marinheiros, cariocas, dentre outras. Cada uma dessas culturas trabalha com as ervas de uma maneira diferenciada, a depender do Orixá, que tem a sua atuação representada em determinadas ervas, conforme exposto a seguir: - Oxalá: maracujá, cidreira, Jasmim, louro, girassol, hortelã e arruda; - Ogum: romã, tulipa, losna, macaé, jurubeba, samambaia e cinco folhas; - Oxóssi: erva doce, malva cheirosa, malvarisco, erva da Jurema, parreira do mato, dracena e sabugueiro; - Xangô: limão, abacate, erva tostão, alecrim do mato, fedegoso, goiabeira; - Ibeiji: amoreira, alfazema, groselheira, hortelã, rosa branca, alecrim, laranjeira, manjericão e sálvia; - Iemanjá: panaceia, pariparoba, quitoco, violeta, picão da mata, manacá e arruda fêmea; - Oxum: alfavaca, arnica, calêndula, camomila, cidreira, ipê amarelo, gengibre, rosas brancas e amarelas; - Nanã: carobinha, capim santo, guiné, picão da praia, alecrim, manjericão, alfazema e rosa branca; - Iansã: angélica, cipó-cruz, carobinha, capim-limão, rubi, espinheira santa e cordão de frade; - Obaloae: arruda, guiné, alecrim, boldo, caroba, capim-santo e milho.

78 78 As ervas podem ser utilizadas para a feitura de banhos para os filhos de santo. Dentro da Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, o conhecimento relacionado ao uso das ervas pelos filhos da casa foram sendo adquiridos durante os trabalhos, como relata o médium de incorporação: Eu aprendi a usar as ervas dentro da casa, observando os pretos velhos trabalharem, e fazendo banhos que eles passavam para a gente 18. Há também os que obtiveram os conhecimentos sobre o uso das ervas com os seus pais e avós, como é o caso da médium de vidência: Eu aprendi dentro do terreiro mesmo, e também com a minha vó, que sempre usava as plantas para fazer banhos e remédios, aí vendo ela fazer, eu também fui aprendendo 19. Outra interlocutora relatou que aprendeu sobre o uso das ervas: Desde a infância através da mamãe, que me levava em benzedeiras, onde elas me passavam banhos e chás com ervas, e da mamãe que sempre plantou ervas medicinais, e justamente por conta disso, ela sempre foi muito procurada quando alguém precisava de plantas para fazer chá ou banho ou então remédios mesmo, as pessoas vinham logo na casa dela para ver se ela tinha um pezinho da planta aí de tanto ver ela lidando com as plantas eu também fui aprendendo 20. Das ervas que deixaram de ser utilizadas com o passar do tempo as mais citadas foram a folha do vick (Mentha arvensis var. Piperacens Holmes), a folha do tabaco (Nicotiana tabacum L.), a saboneteira (Sambucus nigra) e a arnica (Arnica montana L.). Todos os entrevistados citaram essas ervas e alegaram não as utilizarem mais, pois não são mais encontradas na região. O plantio dessas plantas não é feito pela dificuldade de cultivo relatada pelos entrevistados, mas caso encontrem ou consigam plantar, elas podem voltar a serem utilizadas. Um total de 110 espécies vegetais é utilizado nos rituais religiosos na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá. Destacam-se entre as mais citadas Ruta graveolens L.(Arruda), Ocimum minimum L. (Manjericão) e Tanacetum vulgare L. (Catinga de Mulata) (Tabela 2). 18 Trecho da entrevista realizada com o Sr. R. N. no dia 07/07/2017 na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 19 Trecho da entrevista realizada com a Sra. M. S. no dia 05/07/2017 na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 20 Trecho da entrevista realizada com a Sra. C. O. no dia 06/07/2017 na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA.

79 79 Tabela 2- Lista de espécies vegetais utilizadas na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. Número de citação (NC). NOME NOME FAMÍLIA PARTES TIPOS NC POPULAR CIENTÍFICO USADAS DE USO Abacate Persea americana Lauraceae Fruto/Folha Oferenda/ 1 Chá Abacaxi Ananas comosus Bromeliaceae Fruto Oferenda 4 Abre caminho Lygodium volubile Acanthaceae Folha Banho 1 Sw. Açaí Euterpe oleracea Arecaceae Semente Corrente 4 Acerola Malpighia Malpighiaceae Fruto Oferenda 1 emarginata Açoita cavalo Luehea divaricata Malvaceae Casca Chá 2 (Tiliaceae) Aipo Apium graveolens Apiaceae Folha Remédio 1 Alecrim Rosmarinus Labiatae Folha Banho/Be 3 officinalis L. nzedura Alface Lactuca sativa Asteraceae Folha Oferenda 2 Alfazema Lavandula Lamiaceae. Folha Banho/Be 4 officinalis Chaix & Kitt. nzedura Algodão Gossypium Malvaceae Folha/Fruto Remédio 2 hirsutum L. Alho Allium sativum Liliaceae Dente Remédio/ 4 Oferenda Ameixa Prunus domestica Olacaceae Fruto Oferenda 1 Amor crescido Portulaca pilosa L. Portulacaceae Folha Remédio 2 Angélica Angelica Apiaceae Flor Banho 1 archangelica L. Anis estrelado Illicium verum Hook. Magnoliaceae Semente Chá/Banh 1 f. o Arnica Arnica montana L. Asteraceae Folha Remédio 1 Arroz Oryza sativa Gramíneas Semente Oferenda 2 Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae Folha Banho 8 Alfavaquinha Ocimum basilicum L. Lamiaceae Folha Banho 1 Babosa Aloe vera L. Asphodelaceae Folha Remédio 6 Banana Musa paradisíaca Musáceas Fruto Oferenda 5 Batata doce Ipomoea batatas L. Convolvulaceae Raiz Oferenda 2 Benjoim Styrax benzoin Styracaceae Folha/Flor Banho/De 1 fumação Bem vem cá Folha Banho 3 Beterraba Beta vulgaris Quenopodiáceas Raiz Oferenda 2 esculenta Boldo Peumus boldus Lamiaceae Folha Banho 1 Buriti Mauritia flexuosa Arecaceae Folha Corrente 1 Caju Anacardium Anacardiaceae Fruto Oferenda 1 occidentale Camomila Matricaria chamomilla Asteraceae Flor Chá 1

80 80 Canela Cinnamomum Lauráceas Folha Chá 2 zeylanicum Brein Capim Limão Cymbopogon citratus Poaceae Folha Chá 1 Capim Santo Cymbopogon citratus Poaceae Folha Chá 2 (DS) Caruru Amaranthus viridis Amaranthaceae Folha Banho 1 Catinga de Tanacetum vulgare Asteraceae Folha Banho 6 mulata L. Cavalinha Equisetum hyemale Equisetaceae Folha Chá 1 L. Cebola Allium cepa Amaryllidaceae Caule Oferenda 2 Cereja Prunus serrulata Rosaceae Fruto Oferenda 3 Cheiro verde Petroselinum Apiaceae Folha Oferenda 2 crispum Chia Salvia hispânica L. Lamiaceae Semente Remédio Cidreira Melissa officinalis L. Lamiaceae Folha Chá 1 Cipó-alho Mansoa alliacea Bignoniaceae Folha Chá 5 Comigo Dieffenbachia Araceae Folha Banho 3 Ninguém pode amoena Coqueiro Cocus nucifera L. Arecaceae Fruto Oferenda 3 Couve Brassica oleracea L. Brassicaceae Folha Oferenda 4 Cravo de Tagetes erecta L Asteraceae Folha/Flor Banho 1 defunto Eucalipto Eucalyptos globulus Myrtaceae 1 Labill. Ervão Folha/Caule Banho 3 Espada de santa Sansevieria Asparagaceae Folha Banho 1 Barbara cylindrica Espada de São Sanseviera zeylanica Asparagaceae Folha Banho 2 Jorge Alfavação Ocimum gratissimum Lamiaceae Folha Banho 3 Feijão Cajanus cajan L. Fabaceae Semente Oferenda 1 Gengibre Zingiber officinale Zingiberaceae Raiz Remédio 1 Gergelim Sesamum indicum Pedaliaceae Semente Remédio 1 Girassol Helianthus annuus Asteraceae Semente/Flor Remédio 1 Goiabeira Psidium guajava L. Myrtaceae Fruto Oferenda 3 Guiné Petiveria tetranda Phytolacaceae Folha Banho 3 Hortelã pimenta Mentha piperita L. Lamiaceae Folha Banho 1 Hortelã Mentha piperita L. Lamiaceae Folha Banho 2 Hortelã panela Mentha piperita L. Lamiaceae Folha Banho 1 Hortelãzinho Mentha piperita L. Lamiaceae Folha Chá 1 Jacamim Branco Rinorea flavences Violaceae Folha Chá 1 Japana Eupatorium Asteraceae Folha Banho 7 triplinerve Vahl Jasmim de Anjo Jasminum nitidum Oleaceae Folha Banho 1 Jiboinha Epipremnum Araceae Folha Banho 1 pinnatum Juca Caesalpinia ferrea Leguminosae Fruto Chá 1 Lagrimas de Coix lacryma-job Poaceae Semente Corrente 1

81 81 nossa senhora Laranja Citrus aurantium L. Rutaceae Fruto Oferenda 3 Limão Citrus limonum Rutaceae Fruto Oferenda 5 Maça Malus domestica Rosaceae Fruto Oferenda 4 Borkh Macaxeira Manihot esculenta Euphorbiaceae Raiz Oferenda 4 Crantz Malva rosa Alcea rosea Malvaceae Folha Banho 1 Mamão Carica papaya L. Caricaceae Fruto Oferenda 2 Mandioca Manioht esculenta Euphorbiaceae Raiz Oferenda 1 Manga Mangifera indica L. Anacardiaceae Fruto Oferenda 2 Manjericão Ocimum minimum L. Lamiaceae Folha Banho 7 Maracujá Passiflora alata Passifloraceae Fruto Oferenda 4 Curtis Mastruz Chenopodium Amaranthaceae Folha Remédio 3 ambrosioides Melancia Citrullus lanatus Cucurbitaceae Fruto Oferenda 1 Melão Momordica Cucurbitaceae Fruto Oferenda 3 charantia L. Milho Zea mays Poaceae Semente Oferenda 4 Morango Fragaria vesca Rosaceae Fruto Oferenda 2 Mucura caá Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae Folha Banho 2 Mururé pajé Moraceae Brosimum Folha Banho 1 acutifolium Noni Morinda citrifolia L. Rubiaceae Fruto Remédio 1 Oriza Pogostemon Labiatae Folha Banho 2 heyneanus Benth. Pau d Angola Vitex agnus-castus L. Lamiaceae Folha Banho 1 Paregórico Piper callosum Piperaceae Folha Chá 1 Pêra Pyrus spp Rosaceae Fruto Oferenda 2 Pião roxo Jatropha curcas L. Euphorbiaceae Folha Banho 6 Pimenta Capsicum annuum Solanaceae Fruto Oferenda 4 Pitomba Talisia esculenta Sapindaceae Fruto Oferenda 2 Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae Folha Oferenda 2 Quiabo Hibiscus esculentos Malvaceae Fruto Oferenda 2 L. Repolho Brassica oleracea Brassicaceae Folha Oferenda 1 var. Capitata L Rosas Rosa alba L. Rosaceae Flor Oferenda/ 4 Banho Sabugueiro Sambucus nigra Caprifoliáceae Folha Chá 1 Sàlvia Salvia officinalis L. Lamiaceae Folha Defumaç 3 ão Samambaia Pterídium aquilínum Davalliaceae Folha Oferenda 1 Sicuriju Mikania amara Asteraceae Folha Chá 2 Tabaco Nicotiana Solanaceae Folha Defumaç 1 tabacum L. ão Urubucaá Aristolochia ligulata Aristoloquiaceae Folha Banho 1 Urucum Bixa orellana L. Boraginaceae Folha/Fruto Remédio 1

82 82 Uva Vitis sp Vitaceae Fruto Oferenda 4 Vassourinha Spermacoce Rubiaceae Folha Banho 7 verticillata L. Vergamota Sp1 Familia 1 Folha Banho 1 Vick Mentha arvensis Lamiaceae Folha Remédio 4 Violeta Viola odorata L. Violaceae Flor Oferenda/ Banho 1 Do total das ervas citadas pelos entrevistados, 34% é utilizada para banhos e 31% para oferendas. As formas de uso menos citadas foram emplaste, maceração e fumo (Figura 56). Gráfico 56- Tipos de usos das ervas na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 5% 1% 0% 8% 34% Banho Maceração Benzedura 31% 16% 4% 1% Remedio Oferenda Defumação Fumo Emplaste Chá Fonte: Dados de campo (2017). Sobre os locais de coleta das ervas, 49% são cultivadas pelos próprios entrevistados. 36% são compradas em feiras., as porcentagens mais baixas de coletas são na roça, rua e campo com apenas 1%, a porcentagem de coleta na mata é de2%, a quantidade de ervas coletadas na tenda tem uma porcentagem de 8% (Figura 57).

83 83 Figura 57- Locais de coleta das ervas usadas nos trabalhos. 36% 2% 1% 2% 1% 8% 1% 49% Quintal Tenda Mata Feira Campo Rio roça Rua Fonte: Dados de campo (2017). O desmatamento é tido como o principal responsável pelo fato de não se encontrar mais determinadas plantas na mata para os rituais religiosos: Não se encontram mais ervas nas matas como a maravuvuia 21 ; Faltam ervas para as oferendas e fica cada vez mais difícil encontrar ervas medicinas também 22. Cerca de 90% dos entrevistados afirmaram que o desmatamento no município tem aumentado de forma significativa nos últimos anos (Figura 58) e 50% consideram que o desmatamento tem dificultado o acesso a determinadas ervas para uso nos rituais religiosos da Casa (Figura 59). 21 Trecho da entrevista realizada com a Sra. L. S. no dia 05/07/2017 na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA. 22 Trecho da entrevista realizada com a Sra. M. L. no dia 05/07/2017 na Tenda de Umbanda Casa de Tupinambá, Tracuateua-PA.

84 84 Figura 58- Opinião dos entrevistados sobre o aumento do desmatamento região município de Tracuateua-PA nos últimos anos. 10% 90% Não Sim Fonte: Dados de campo (2017). Figura 59- Percepção dos entrevistados sobre os efeitos do desmatamento nos rituais religiosos. 50% 50% Não Sim Fonte: Dados de campo (2017). Indagou-se ainda sobre os locais de realização das oferendas. São eles: o interior da própria Tenda (Figura 60), a mata (Figura 61) e a praia (Figura 62).

85 85 Figura 60- Oferenda realizada dentro da Casa para entidade Cabocla Mariana. Fonte: Acervo do autor (2015). Figura 61- Oferenda realizada na mata para Orixá Oxóssi. Fonte: Acervo do autor (2015).

86 86 Figura 62- Oferendas realizadas na praia para os orixás femininos. Fonte: Acervo do autor (2015). As principais dificuldades de manejo das ervas utilizadas nos rituais estão relacionadas às formas de plantio e identificação de novos locais de coleta. Isso porque, segundo os entrevistados, muitas ervas são sensíveis, quando plantadas, não pegam ou quando pegam logo morrem. Segundo os entrevistados as que possuem mais dificuldades de manejo são: ervão, pau d angola, alecrim, vick, malva rosa, vegamorta ou chama, arruda e bem-vem-cá. Também há dificuldade de se encontrar algumas ervas, como jasmim do campo e lágrimas de nossa senhora. Outra dificuldade está relacionada ao tempo de plantio, como é o caso da pitomba, do tabaco e do algodão. As entidades que mais solicitam o uso das ervas são os Pretos Velhos (42%), os Caboclos (32%), os Exus (10%), os Orixás (7%), as Pomba Giras (7%) das citações e os Baianos (2%) (Figura 63).

87 87 Figura 63- Porcentagem das entidades que solicitam o uso das ervas. 2% 7% 10% 7% 42% Preto Velho Caboclo Orixá 32% Exú Pomoba gira Baianos Fonte: Dados de campo (2017). Dentre as partes das plantas mais usadas estão às folhas (54%) e o fruto (25%). As partes menos utilizadas são as sementes (5%), as ramas (5%), a flor (5%), a raiz (3%) e o caule (3%) (Figura 64). Figura 64- Partes das plantas mais utilizadas para as práticas religiosas. 3% 3% 5% 5% 5% Folha Fruto 54% Caule 25% Raiz Rama Semente Flor Fonte: Dados de campo (2017). 4.7 Indicações de remédios, banhos e defumações relacionadas com as ervas destinadas aos consulentes As ervas mais citadas pelos consulentes foram mucuracaá (Petiveria alliacea L.), manjericão (Ocimum minimum L.) e catinga de mulata (Tanacetum vulgare L.). Os usos das ervas incluem banhos, defumações, oferendas e remédios (Tabela 3).

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