DATA 06/09/2016 DISCIPLINA

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1 CURSO Carreiras Jurídicas DATA 06/09/2016 DISCIPLINA Direito Empresarial PROFESSOR Vinícius Gontijo MONITOR Priscila Agnes Maffia Lopes AULA 02 Ementa: 1) Teoria dos títulos de crédito ) Código Civil Art. 903 (continuação) ) Obrigações cambiais ) Aceite... 8 A) Conceito... 9 B) Puro e simples (art. 26 da LUG)... 9 C) Recusa e parcial D) Cláusula sem aceite (ou non acceptable ) E) Documento apartado (art. 29 da LUG) ) Endosso A) Conceito B) Espécies ª) Endosso próprio (pleno, traslativo ou translativo) ª) Endosso impróprio C) Modalidades ª) Endosso em preto (endosso especial) ª) Endosso em branco (endosso geral) D) Cláusula não à ordem E) Endosso póstumo e endosso tardio (art. 20 da LUG) Página 1 de 24

2 1) Teoria dos títulos de crédito 1.6) Código Civil Art. 903 (continuação) Como visto na aula passada, desde o advento do Código Civil de 2002, muitas pessoas imaginaram num primeiro momento que os títulos de crédito haviam sofrido inovações substanciais, só que, na realidade, o Código Civil, por força do art. 903, só se aplica aos títulos de crédito atípicos (inominados), na medida em que aos títulos de crédito típicos (nominados), continua sendo aplicável a respectiva lei específica. Relembrando, títulos de créditos típicos são aqueles que têm relevância, como cheque, letra de câmbio, duplicata, nota promissória, cédulas de crédito, warrants, etc. Já os títulos de crédito atípicos são aqueles inventados pelo cidadão. Vimos ainda, que duas foram as finalidades do Código Civil em matéria de títulos de crédito: 1ª) introduziu no país os títulos de crédito atípicos; 2ª) prescreveu os requisitos mínimos necessários para que o documento possa valer como título de crédito. Por fim, foi dito que há 3 perguntas recorrentes em matéria de títulos de créditos atípicos. A primeira pergunta, respondida na aula passada, foi: 1ª) Pode o título de crédito ser objeto de protesto? A resposta, segundo a doutrina esmagadoramente dominante, é afirmativa. Os títulos de crédito atípicos podem ser objeto de protesto e o amparo legal para que isso aconteça é o art. 1º da Lei 9.492/97 (Lei de Protestos). Passemos agora às duas outras perguntas. 2ª) Qual é a ação judicial para se cobrar um título de crédito atípico? Tanto no CPC de 73 quanto no CPC de 2015, existe um princípio em matéria de título executivos extrajudiciais, segundo o qual são títulos executivos extrajudiciais somente aqueles previstos em lei como tal. Trata-se do princípio da reserva legal. Só a lei pode dar força executiva para um documento. Apesar de os títulos de crédito atípicos serem títulos de crédito, não há lei que lhes dê força executiva. Então, cuidado, todos os títulos de crédito TÍPICOS são títulos executivos extrajudiciais (art. 784 do novo CPC), mas os títulos de créditos atípicos não são títulos executivos extrajudiciais, porque não existe lei que lhes confira essa força. Assim sendo, Página 2 de 24

3 podemos afirmar sem maiores dificuldades que os títulos de crédito atípicos não podem ser objeto de execução, eles são cobrados por via da ação monitória. 3ª) Qual é o prazo prescricional para se cobrar a quantia mencionada em um título de crédito atípico? O prazo prescricional para promover a ação monitória cobrando um título de crédito atípico está estabelecido no art. 206, 3º, VIII, do CC/02: 03 anos. Já os títulos de crédito típicos prescrevem na forma da respectiva legislação específica (ex: cheque prescreve em 6 meses). Art Prescreve: 3º Em três anos: VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; Em matéria de títulos de crédito típicos apenas duas foram as derrogações (alterações) trazidas pelo CC/02 (essas regras aplicam-se também aos títulos de crédito atípicos). 1ª novidade: Art. 202, III, CC/02 Antes de examinarmos a alteração trazida pelo art. 202, III, do CC/02 é preciso tecer algumas considerações preliminares. Considerando o princípio constitucional da segurança nas relações jurídicas, a regra geral é que as obrigações são prescritíveis. Se a prescritibilidade é a regra geral, a interrupção da prescrição é exceção. A exceção se interpreta restritivamente. O método hermenêutico de interpretação restritiva por excelência é o literal (gramatical). Tendo isso como premissa vamos seguir. Existe algum dispositivo de lei que autoriza a interrupção da prescrição dos títulos de crédito? Caso a resposta seja negativa, não há que se falar em interrupção de prescrição dos títulos de crédito. Lembrando que o Código Civil só se aplica quando não houver lei específica. A Lei Uniforme de Genebra (LUG) é o tratado internacional que dispõe sobre notas promissórias e letras de câmbio no Brasil. A LUG é o Anexo I do Decreto /66. Página 3 de 24

4 CUIDADO: A LUG não é o Decreto /66 (até porque este decreto não tem nenhum artigo). A LUG é o Anexo I do Decreto /66. Então, ao mencionar qualquer dispositivo da LUG numa prova discursiva de direito empresarial escreva art. X da LUG ou art. X do Anexo I do Decreto /66. Jamais escreva art. X do Decreto /66, pois isso é errado e o examinador pode descontar pontos. crédito. Segundo o art. 71 da LUG é possível interromper a prescrição dos títulos de Art A interrupção da prescrição só produz efeito em relação a pessoa para quem a interrupção foi feita. O art. 71 da LUG é o amparo legal para se reconhecer a possibilidade de interrupção da prescrição de títulos de crédito. Contudo, em que pese a LUG reconhecer a possibilidade de se interromper a prescrição dos títulos de crédito, ela não estabelece quais são as causas interruptivas. Nos termos do art. 903 do CC/02, no silêncio da lei específica aplicam-se as disposições do Código Civil. E, neste aspecto, nos interessa o disposto no art. 202, III, do CC/02: Art A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: III - por protesto cambial; Ao tratar do art. 202, III, do CC/02 é preciso tomar um cuidado com a Súmula 153 do STF, que dispõe: Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição. Essa Súmula foi editada antes do CC/02 e, apesar de não ter sido cancelada, como colide frontalmente com o art. 202, III, caducou. Na época em que a Súmula 153 foi editada, a lei não estabelecia o protesto cambial (protesto lavrado em cartório, no tabelionato de protestos) como causa interruptiva da prescrição, apenas o protesto judicial era causa interruptiva da prescrição. Então, se o credor pretendesse interromper a prescrição fazendo uso do protesto, tinha de fazê-lo por meio do protesto judicial. Mas agora não é mais assim, face ao que dispõe o art. 202, III, CC/02. Desde o advento do Código Civil de 2002 o protesto cambial passou a ser causa interruptiva da prescrição dos títulos de crédito (o protesto judicial continua sendo causa interruptiva da prescrição, por força do que estabelece o art. 202, II). Como a lei cambial nada dispõe sobre as causas interruptivas aplica-se o dispositivo para títulos de crédito típicos e, obviamente, para Página 4 de 24

5 os títulos de crédito atípicos. Então hoje o protesto cambial interrompe a prescrição tanto dos títulos de crédito típicos quanto dos títulos de crédito atípicos. ATENÇÃO: Nos termos do art. 71 da LUG, a interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para quem a interrupção foi feita. Ou seja, há uma diferença entre o direito cambial e o direito civil no que tange à interrupção da prescrição quando há codevedores solidários. No direito civil, quando há codevedores solidários, interrompida a prescrição em relação ao devedor principal, a interrupção se propaga interrompendo a prescrição em relação a todos os codevedores solidários. Mas isso não ocorre no direito cambial, em razão do princípio da autonomia das obrigações cambiais (visto aula passada). O princípio da autonomia das obrigações cambiais prescreve que cada signatário de um título de crédito tem uma obrigação própria que independe da dos demais (independe da validade, da regularidade, da existência). Isso significa dizer que quando o título de crédito é protestado por falta de pagamento, como regra, é o emitente que será intimado do protesto. Em relação ao emitente ocorreu uma causa interruptiva da prescrição, interrupção esta que não se propaga para os demais signatários do título, tais como avalista e endossante (eis que estes não foram intimados do protesto). Isso quer dizer que é possível num mesmo título de crédito termos a prescrição operada em relação a um dos devedores, mas ainda não consumada para os demais devedores. Então, a prescrição do título de crédito tem de ser analisada devedor a devedor. Nesse sentido, veja no STJ o REsp 1.295/GO. Veja o que estabelece o 4º do art. 21 da Lei de Protestos (Lei 9.492/97): Art. 21 (...) 4º Os devedores, assim compreendidos os emitentes de notas promissórias e cheques, os sacados nas letras de câmbio e duplicatas, bem como os indicados pelo apresentante ou credor como responsáveis pelo cumprimento da obrigação, não poderão deixar de figurar no termo de lavratura e registro de protesto. Como regra, somente o devedor cambial direto (que Fábio Ulhôa Coelho denomina de devedor cambial principal) é intimado do protesto. A regra geral é que ao se protestar um título de crédito só um devedor será intimado e negativado: o devedor cambial direto. Os demais codevedores (devedores indiretos, tais como avalista, endossante, sacador da letra de câmbio e da duplicata) só serão sujeitos ao protesto se, e somente se, houver requerimento do credor ou apresentante do título ao protesto, nos termos do art. 21, 4º, da Lei 9.492/97. Página 5 de 24

6 2ª novidade: Necessidade de anuência do cônjuge para a validade do aval. 332 do STJ. Essa discussão envolve o art , III, do CC/02 e, por analogia, a Súmula Art Ressalvado o disposto no art *, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III - prestar fiança ou aval; *O art trata do suprimento judicial de vontade do cônjuge. O art , caput, do CC/02 usa a expressão regime da separação absoluta. A qual regime de bens o dispositivo está tratando, da separação de bens consensual em razão de pacto antenupcial, da separação de bens legal (obrigatória por força de lei) ou de ambas? Para o professor, a expressão abrange ambas as formas, pois não cabe ao intérprete fazer distinções onde o legislador, tendo podido fazê-lo, não o fez. Ocorre que esse não é o entendimento do STJ que, desde o REsp /PB, firmou a orientação de que só é dispensada a outorga conjugal na hipótese de separação de bens consensual, ou seja, separação de bens em decorrência de pacto antenupcial. Para o STJ, portanto, no regime de separação de bens legal (imposto pela lei) é necessária a outorga conjugal. A partir do art , III, a doutrina quase que uníssona afirma ser nulo o aval dado sem a anuência do cônjuge tanto no título de crédito típico, quanto no título de crédito atípico. Só que o professor diverge, eis que o art. 903 do CC/02 estabelece que o Código Civil (como um todo) só se aplica quando não houver regra específica. Só que na LUG há regra específica tratando do aval e essa regra específica não exige a anuência do cônjuge para a validade do aval. Por essa razão, o professor entende que a regra do art , III, só se aplicaria aos títulos de crédito atípicos. Ocorre que esse entendimento do professor é isolado. Prevalece que para a eficácia plena do aval dado tanto no título de crédito típico quanto no título de crédito atípico é necessária a outorga conjugal. Veja ainda o que dispõe a Súmula 332 do STJ: Súmula 332 STJ A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. Página 6 de 24

7 O STJ entende que a fiança dada sem a anuência do cônjuge é anulável, mas é uma anulabilidade que só pode ser postulada pelo cônjuge prejudicado, já que o cônjuge fiador não pode alegar a própria torpeza. Até aí tudo bem, mas quando o STJ usa a expressão ineficácia total, quer com isso dizer que quando o cônjuge prejudicado postula a anulação da fiança, a garantia dada será ineficaz não apenas em relação à meação do cônjuge prejudicado, mas também em relação aos bens do cônjuge fiador. Para o STJ toda a garantia será anulada. 2) Obrigações cambiais OBS1: Regra geral, temos 3 pessoas envolvidas no título de crédito: 1) Sacador: é a pessoa que expede a ordem de pagamento da quantia, criando, assim, o título de crédito. 2) Sacado: é a pessoa contra quem a ordem de pagamento da quantia foi expedida. 3) Tomador (beneficiário): é a pessoa a quem a quantia deve ser paga (é o credor do título de crédito). Exemplo: Vinicius preenche uma letra de câmbio com os seguintes dizeres: Josadac, vossa senhoria deverá pagar por esta única via de letra de câmbio a Irene ou sua ordem, na praça de Belo Horizonte/MG, aos 15 dias do mês de junho do ano de 2029, a quantia de 10 mil reais. Belo Horizonte/MG, 06 de agosto de Vinicius. Neste exemplo: - o sacador é Vinicius - o sacado é Josadac - o beneficiário (tomador) é Irene OBS2: Correntemente empregamos a palavra cambial como se ela fosse sinônimo de título de crédito. Só que isso está errado, pois só existem 2 cambiais: a letra de câmbio e a nota promissória. Todos os demais títulos de crédito são tecnicamente denominados cambialiformes, porque extraem sua forma a partir da cambial. Exemplo: Quando analisamos o cheque e a duplicata percebemos nitidamente que a fonte de inspiração foi a letra de câmbio. Quando analisamos uma nota de crédito, uma cédula de crédito, um warrant, vemos que a fonte de inspiração foi a duplicata. Página 7 de 24

8 Então, é fundamental saber a legislação da letra de câmbio e da nota promissória LUG porque ela é a fonte geral do direito cambial. A Lei Uniforme de Genebra é a fonte subsidiariamente aplicável, em caso de necessidade, a todos os demais títulos de crédito, inclusive os atípicos. Então se, por exemplo, houver alguma omissão na Lei do Cheque, aplica-se subsidiariamente não o Código Civil, mas sim a Lei de Cambiais (LUG). 2.1) Aceite Os títulos de crédito surgem na baixa Idade Média com a retomada do comércio. O objetivo era facilitar as transações comerciais, evitando-se o transporte de grandes somas de dinheiro vivo. Quando, por exemplo, um comerciante saía de Frankfurt para fazer compras numa feira de Paris precisava carregar consigo sacas de moeda. O risco de ser roubado no trajeto era muito alto. Os banqueiros, que desde os primórdios sempre foram muito unidos, como o são até hoje (tanto que você consegue pagar um boleto do Bradesco no Itaú), pensaram numa solução para esse problema: em vez de o comerciante sair de Frankfurt carregando dinheiro em espécie ele iria ao banqueiro local que expediria uma ordem para o banqueiro de Paris. Chegando a Paris, o comerciante apresentaria esse documento ao banco e receberia a quantia ali consignada. Nascia, assim, a letra de câmbio. Só que tinha um problema, se todos os comerciantes da Europa chegassem à cidade em que a feira estava sendo realizada e sacassem a letra de câmbio, o banqueiro local não teria dinheiro suficiente. Para evitar a quebra do banqueiro local pensou-se na seguinte solução: em vez de o banqueiro entregar o dinheiro, ao receber a letra de câmbio ele escreveria no documento vou pagar, aceito pagar, pagarei, aceito. Nascia, assim, o aceite, onde o banqueiro sacado dizia que ia pagar. Então, o comprador de Frankfurt apresentava a letra de câmbio ao banco sacado, pegava o aceite, e depois endossava o documento para o feirante de Paris. Terminada a feira o feirante de Paris não ia até o banco para sacar o dinheiro, mas sim para depositar a letra de câmbio. Com o dinheiro na conta, quando houvesse uma feira em Mônaco, por exemplo, o feirante parisiense simplesmente iria ao banco de Paris pedir uma letra de câmbio para fazer as compras em Mônaco. Até hoje a letra de câmbio é o título mais utilizado em transações internacionais (mais um motivo para se conhecer as disposições da LUG). Página 8 de 24

9 A) Conceito Aceite é a obrigação cambial pela qual uma pessoa se torna devedora direta de um título de crédito. Dá-se pela assinatura do devedor no anverso da cártula (anverso é a frente do documento). Devedor cambial direto é aquilo que Fábio Ulhôa Coelho denomina devedor principal. Ocorre que a expressão devedor principal não é tecnicamente correta, porque traduz a ideia de que um devedor é principal e os outros são subsidiários. Ocorre, entretanto, que todas as pessoas nos títulos de crédito são codevedoras solidárias, daí porque a expressão devedor direto é mais técnica. Devedor cambial direto é a pessoa que faz o pagamento extintivo de um título de crédito. Exemplo: Na nota promissória, o devedor cambial direto é o emitente. Se o emitente paga a nota promissória, ele extingue a obrigação cambial. Na letra de câmbio e na duplicata o devedor cambial direto é o aceitante. No cheque o devedor cambial direto é o sacador (emitente). Devedor cambial indireto é a pessoa que faz pagamento de regresso, ou seja, ela paga o título, mas não extingue a obrigação cambial. Ela se sub-roga na posição de credor e exerce o direito de regresso contra os anteriores. Exemplo: Avalista e endossante são devedores cambiais indiretos. Quando o avalista paga um título de crédito não extingue a obrigação cambial, ele paga, se subroga na posição de credor e aciona o avalizado. Quando o endossante paga um título de crédito não extingue a obrigação cambial, ele paga, se sub-roga na posição de credor e exerce direito de regresso contra os anteriores. B) Puro e simples (art. 26 da LUG) A LUG, no art. 26, diz que o aceite deve ser puro e simples. Dizer que o aceite deve ser puro e simples significa dizer que ao receber o título para aceite é vedado ao sacado mudar o texto do título de crédito. O sacado deve se limitar a assinar o título de crédito, sem introduzir qualquer alteração em seu conteúdo. Geralmente, quem dá o aceite é o sacado. Quando o sacado assina e dá o seu aceite ele passa a receber o nome técnico de aceitante. Aceitante é sacado que Página 9 de 24

10 deu seu aceite no título de crédito. Ao dar o aceite o sacado tem que se limitar a assinar o título de crédito. C) Recusa e parcial Ordinariamente, todo sacador (quem cria o título) garante duas coisas: o pagamento e o aceite. Pagamento: não existem assinaturas inúteis em um título de crédito. Assim, todos aqueles que apõem sua assinatura no título de crédito tornam-se codevedores cambiais (à exceção do sacado que ao apor sua assinatura dando o aceite torna-se devedor cambial direto, todos os demais signatários do título, inclusive o sacador, são codevedores cambiais indiretos). Aceite: ao sacar o título de crédito o sacador garante que haverá o aceite. Ou seja, o sacador garante que o sacado vai aceitar a ordem de pagamento e pagar ao tomador. Só que pode acontecer de o aceite ser recusado ou de o aceite ser parcial. aceite. A recusa do aceite é comprovada por um protesto: protesto por falta de Se a recusa do aceite é comprovada pelo protesto por falta de aceite, caso o sacado não queira dar o aceite ele simplesmente não assina o título, pois caberá ao apresentante do título promover o protesto. Se o sacado escrever não aceito, o credor poderá riscar a palavra não e a recusa se torna um aceite (é possível riscar a palavra não, porque a lei presume que houve um arrependimento de recusa de aceite). Se o sacador é garantidor do pagamento e do aceite, havendo recusa do aceite pelo sacado, o sacador inadimpliu uma das garantias dadas. Qual a consequência da recusa do aceite? A recusa do aceite desencadeia o vencimento automático e por antecipação do título de crédito. Isso significa que o credor poderá, desde logo, executar o título. Quem poderá ser executado pelo credor? Aqueles que assinaram o título (sacador, eventual avalista, eventual endossante). Como o sacado não assinou o título, não poderá ser executado. Aceite parcial. Existem duas modalidades de aceite parciais: Página 10 de 24

11 1ª) Aceite parcial no que concerne à quantia (o sacado aceita pagar somente uma parte da quantia estampada na cártula). O aceite parcial no que concerne à quantia é exercício regular de direito, disso não advém qualquer sanção (e a LUG - art não autoriza riscar o aceite parcial). Isso significa que o aceitante estará obrigado somente nos limites de seu aceite. Então se, por exemplo, o sacado aceita pagar somente 1 centavo de uma letra de câmbio de 10 mil reais, o aceitante só estará obrigado a pagar um centavo. Quem responderá pelo restante do valor são os demais codevedores. 2ª) Aceite parcial no que concerne a qualquer outra modificação introduzida no título. Qualquer outra alteração introduzida pelo sacado ao dar seu aceite no texto do título equivale a uma recusa. Logo, a consequência será o vencimento antecipado do título. A consequência não é a nulidade ou anulação da alteração. A alteração se incorpora ao título, mas o título tem seu vencimento antecipado. Como a alteração se incorpora no título, o aceitante estará obrigado aos termos de seu aceite (art. 26 da LUG). Exemplo: Ao dar o aceite o sacado escreve que aceita pagar o título na capital da Coreia do Norte. O aceitante se obriga nos termos do seu aceite. Se ele diz que vai pagar na Coreia do Norte lá será a praça de pagamento para o aceitante, e também o local de execução, mas não para os demais codevedores do título (demais assinantes do título). Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. D) Cláusula sem aceite (ou non acceptable ) OBS: Cláusula é qualquer expressão, qualquer escrito que se coloca num título de crédito. Todas as declarações contidas num título de crédito são denominadas tecnicamente de cláusulas. crédito: Há duas maneiras de se inserir uma cláusula sem aceite em um título de 1ª maneira: riscando o campo do aceite 2ª maneira: escrevendo no título que ele é sem aceite Página 11 de 24

12 Ordinariamente, ao emitir o título o sacador garante o pagamento e o aceite. O sacador não tem como se eximir de garantir o pagamento, pois ele assinou o título. Mas o sacador tem como se eximir de garantir o aceite. Basta que insira a cláusula sem aceite (riscando ou escrevendo). Inserida no título a cláusula sem aceite o sacador se abstém de garantir o aceite no título de crédito. Se o título for sacado com a cláusula sem aceite, o tomador (beneficiário) estará dispensado de apresentar o título ao sacado para aceite (o tomador continua obrigado a apresentar o título para pagamento, na data do vencimento). Só que embora o tomador (beneficiário) esteja dispensado de apresentar o título para aceite, ele não está proibido de fazê-lo. Caso o beneficiário resolva apresentar o título para aceite, se houver recusa de aceite ou aceite parcial, o sacador não estará inadimplente, pois não garantiu o aceite. Assim, não haverá vencimento antecipado. A única finalidade prática da cláusula sem aceite é justamente essa: evitar a sanção do vencimento antecipado do título de crédito em razão da recusa do sacado em dar o aceite ou em razão do aceite parcial do sacado. E) Documento apartado (art. 29 da LUG) É muito comum as provas perguntarem qual é a única obrigação cambial que pode ser dada fora do título de crédito. Muita gente erra, respondendo que seria o endosso, por causa da chamada folha de alongamento. Todavia, a única obrigação cambial que pode ser dada fora do título de crédito é o aceite. O que vem a ser a folha de alongamento? É muito comum termos uma cadeia de endossos no verso de um título de crédito (cheque, letra de câmbio, nota promissória, etc.): pague-se a fulano pague-se a beltrano pague-se a cicrano, etc. Alcançado o limite físico do título de crédito, não havendo mais espaço para novos endossos, a lei faculta o chamado alongamento do título de crédito. Cola-se ao título de crédito uma folha de papel para ali continuar a cadeia de endossos. Ocorre que a folha de alongamento é o próprio título de crédito espichado mediante colagem. Então, não se trata de um documento apartado, mas sim do mesmo documento alongado. Página 12 de 24

13 A folha de alongamento é diferente do documento apartado. O documento apartado é trabalhado pelo segundo parágrafo do art. 29 da LUG: Art. 29 (...) Se porém, o sacado tiver informado por escrito o portador ou qualquer outro signatário da letra de que a aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu aceite. Vamos entender o documento apartado com um exemplo: Vinícius saca uma letra de câmbio contra Josadac ordenando a ele que pague a Irene certa soma em dinheiro. Josadac manda uma carta a Irene informando que aceita a letra de câmbio. A lei não exige nenhuma formalidade especial para a expedição desse documento apartado contendo o aceite. Na prática, usa-se muito o documento apartado com duplicatas. Se dois empresários têm uma transação comercial intensa, em que são expedidas muitas duplicatas no mês, em vez de dar aceite em cada cártula, o empresário manda um ofício ao outro dando um aceite em conjunto, discriminando o número de cada uma das duplicatas, as respectivas datas de vencimento e o valor de cada uma delas. Esse aceite em documento apartado é a única obrigação cambial que pode ser dada fora do título de crédito (em geral esse documento apartado é uma carta epistolar, ou seja, é uma carta comercial). 2.2) Endosso A) Conceito Há autores que conceituam endosso da seguinte maneira: endosso é a obrigação cambial pela qual se transfere a propriedade de um título de crédito. Contudo, esse é o conceito de endosso próprio, que é bem diferente de endosso impróprio. O conceito de endosso que abranja ambas as espécies de endosso (próprio e impróprio) é o seguinte: O endosso é a obrigação cambial* pela qual se transfere um título de crédito. Dá-se mediante a assinatura do credor no verso da cártula. *ATENÇÃO: Quando se fala que o endosso é uma obrigação cambial está-se dizendo que essa obrigação só existe em título de crédito. Portanto, falar em endosso Página 13 de 24

14 de bilhete de passagem aérea é um erro crasso. Não existe endosso de bilhete de passagem aérea, essa operação configura uma cessão de direitos. B) Espécies Endossante é a pessoa que transfere o título mediante endosso. Endossatário é a pessoa que recebe o título mediante endosso. Existem duas espécies de endosso: próprio e impróprio. 1ª) Endosso próprio (pleno, traslativo ou translativo) Pelo endosso próprio o endossante transfere ao endossatário a propriedade de um título de crédito. Em ouras palavras, no endosso próprio o endossante transfere a cártula (documento) e também o crédito nela mencionado, de tal maneira que o endossatário passa a ser o novo credor da obrigação cambial. 2ª) Endosso impróprio No endosso impróprio o endossante transfere a cártula, mas não o crédito nela mencionado. A LUG nos traz duas modalidades de endosso impróprio: endosso mandato e endosso caução (também denominado endosso penhor ou pignoratício). Existe ainda uma terceira modalidade de endosso impróprio trazida pela Lei /04: endosso fiduciário. I - Endosso mandato (art. 18 da LUG) Nos termos do art. 18 da LUG, identifica-se o endosso mandato no título pelo uso de expressões como: pague-se em mandato ao Banco do Brasil S/A ; pague-se em procuração ao Bando do Brasil S/A ; pague-se em cobrança ao Banco do Brasil S/A. No endosso mandato o endossante constitui o endossatário seu procurador para apresentar o título, recebê-lo e dar quitação. Na realidade, o endossatário mandatário é pura e simplesmente um cobrador. Assim sendo, caso seja necessário executar o título de crédito, o endossatário não o Página 14 de 24

15 faz em nome próprio, mas sim em nome do endossante que outorgou o mandato. Aplica-se aqui o mesmo raciocínio da procuração outorgada a um advogado. Ao ajuizar a ação o advogado não o faz em nome próprio, mas sim em nome de quem lhe outorgou a procuração. O endosso mandato é o mandato clássico do direito civil, cujo instrumento é a procuração. Só há uma única diferença entre o mandato que resulta de um endosso e o mandato que resulta de uma procuração. O mandato que resulta de uma procuração se extingue pela morte ou sobrevinda a incapacidade legal do outorgante. Já o mandato que resulta de um endosso não se extingue pela morte ou sobrevinda a incapacidade legal do endossante mandante, em razão do princípio da cartularidade: o devedor paga contra a apresentação do documento, isto é, o devedor paga a quem lhe apresenta a cártula, resgata o documento e quita. E essa quitação é boa e aperfeiçoada. No direito civil, a morte ou incapacidade do outorgante extingue a procuração. Já no direito cambial, por força do princípio da cartularidade, a morte ou incapacidade do endossante não extingue o mandato em relação ao endossatário. Por isso, o devedor de um título de crédito não tem que ficar ligando para o credor mandante para saber se ele está morto ou interditado. Se a cártula é apresentada ao devedor e ele paga e resgata o título, dá-se a quitação, de forma que não há que se falar que quem paga mal, paga duas vezes. O boleto bancário surge do endosso mandato. O credor contrata o serviço de cobrança do banco, outorgando-lhe, para tanto, um endosso mandato. Quando o devedor vai ao banco pagar o boleto ele está pagando ao mandatário do credor endossante. Esse pagamento é bom e quita. Se o credor mandante está morto ou interditado, o problema vai ser resolvido entre o banco (endossatário mandatário) e o espólio ou representante legal do endossante mandante. O devedor não tem nada mais que ver com isso, pois já obteve a quitação. Art. 18. Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvrement), "para cobrança" (pour encaissement), "por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador. Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao endossante. Página 15 de 24

16 O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário* (mandante/endossante/outorgante). *O termo correto é mandante e não mandatário. Trata-se de um erro de tradução da LUG, que é um tratado internacional escrito originalmente em francês. É até uma questão de lógica, afinal não é crível supor que o endossatário mandatário já morto vá cobrar a cártula do devedor. indevido. As Súmulas 475 e 476 do STJ tratam da responsabilização civil por protesto Súmula 475 STJ Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. Súmula 476 STJ O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Hoje existem duas modalidades de cobranças bancárias, a cobrança bancária não-registrada e a cobrança bancária registrada. Na cobrança bancária não-registrada, o credor é que administra: gera o boleto bancário e o envia para o cliente. Se o cliente paga, o credor dá a baixa; se o cliente não paga, o credor é que tem de fazer a cobrança. Na cobrança bancária registrada quem atua é o banqueiro, mas seguindo as orientações do credor. O credor é que define quantos dias após o vencimento do boleto deverá ser feito o protesto. Se o pagamento não for feito dentro do prazo o banco manda para protesto. Veja que aqui o banco está atuando como mandatário do credor. Então ao protestar, o banqueiro é procurador, não está agindo em nome próprio, razão pela qual não tem responsabilidade civil pelo protesto. O endossatário mandatário só terá responsabilidade civil se atuar fora dos limites do endosso mandato (mandato praticado com excesso). Esse é o teor da Súmula 476 do STJ. Todavia, se o banco recebe o título por endosso próprio (traslativo) e efetua o protesto, caso esse título contenha vícios formais ou materiais de validade, o banco endossatário responderá pelos danos decorrentes do protesto indevido. Cabe ao Página 16 de 24

17 endossatário, antes de efetuar o protesto, examinar o título recebido mediante endosso e verificar se ele atende aos requisitos de validade. Esse é o teor da Súmula 475 do STJ. II - Endosso caução (endosso pignoratício, endosso penhor, endosso garantia) Art. 19 da LUG Nos termos do art. 19 da LUG, identifica-se o endosso caução no título pelo uso de expressões como: pague-se em garantia ao Banco do Brasil S/A ; pague-se em penhor ao Bando do Brasil S/A. ATENÇÃO: Não confundir emissão caução com endosso caução. Na emissão caução o devedor de um contrato emite em favor do credor deste contrato um título de crédito a fim de agilizar a cobrança da obrigação contratada. Um exemplo de emissão caução é o cheque caução exigido pelos hospitais ao internar um paciente que não tem plano de saúde. Hoje essa prática é tipificada como crime pelo Código de Defesa do Consumidor. Embora seja ilícita a emissão caução nos contratos hospitalares, ela é lícita em outros tipos de contratos. Exemplo: Os salões de festa costumam exigir da comissão de formatura um cheque caução para cobrir eventuais quebras e extravios. A emissão caução não é uma garantia real, é apenas uma maneira de agilizar cobranças. Já o endosso caução é uma garantia real. O sujeito dá um título de crédito em garantia de solvência de obrigação. No endosso caução o devedor de um contrato é credor de um título de crédito que ele endossará em favor do credor do contrato a fim de garantir a adimplência da obrigação contratada. Exemplo: Raquel tem um imóvel em Maceió e faz locação para temporada. Vinicius combina com Raquel a locação para o final do ano e combina que fará o pagamento antecipado para se assegurar. Raquel é credora do contrato de locação e Vinicius o devedor do contrato de locação. Raquel pede a Vinicius uma garantia de que ele restituirá o imóvel nas mesmas condições em que foi locado. Vinicius tem uma nota promissória de 10 milhões de reais emitida por Jorge Lemann, avalizada pela Rainha Elizabeth II. Vinicius escreve nessa nota pague-se em penhor a Raquel e assina. Esse é o endosso caução. Vinícius transferiu a cártula, mas não o crédito. O crédito está apenas garantindo uma obrigação: a locação. Restituído o imóvel nas mesmas condições em que fora locado, Raquel restitui o título a Vinicius. Caso Página 17 de 24

18 Vinicius tenha danificado o imóvel, Raquel entra com um processo, converte o penhor em penhora e executa o crédito. E se o título vencer na mão do endossatário pignoratício? No endosso penhor, vencido o título em mãos do endossatário, o endossatário age como mandatário, ele apresenta o título, recebe, dá quitação, mas não tem a disponibilidade do dinheiro, porque o dinheiro está apenas a garantir o cumprimento da obrigação contratada (se ele se apropriar do dinheiro isso configura apropriação indébita). No endosso caução há inoponibilidade das exceções pessoais (art. 19 da LUG). Exemplo: Se Jorge Lemann pudesse opor a Raquel as exceções pessoais que tem contra Vinicius (ex: a nota promissória foi emitida por Lemann para quitar uma dívida de jogo que tinha com Vinicius), Raquel não aceitaria receber essa nota promissória. No endosso mandato, ao contrário, há oponibilidade das exceções pessoais (art. 18 da LUG), porque o endossatário é mero mandatário, ele não tem a propriedade do título. Se o endossatário mandatário é um mero cobrador, o devedor poderá opor a ele os vícios da relação jurídica que tem com o suposto credor. Art. 19. Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", "valor em penhor" ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título de procuração. Os coobrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. III - Endosso fiduciário (Lei /94) O autor que melhor trabalha com o endosso fiduciário é Rubens Requião. O endosso fiduciário foi uma criação doutrinária aceita pela jurisprudência e que depois passou a ser prevista na lei (Lei /94). O endosso fiduciário consiste na alienação fiduciária em garantia de um título de crédito. A alienação fiduciária é regida pelo Decreto-Lei 911/69. A Lei /94 veio apenas para autorizar legalmente algo que já era aceito pela jurisprudência: a alienação fiduciária em garantia de um título de crédito, ou seja, veio apenas para inserir no ordenamento o endosso fiduciário. Página 18 de 24

19 C) Modalidades (geral). Existem duas modalidades de endosso: em preto (especial) e em branco 1ª) Endosso em preto (endosso especial) Dá-se quando o endossante nomeia expressamente o endossatário (o endossante nomina o novo credor). 2ª) Endosso em branco (endosso geral) O endossante se limita a assinar o verso da cártula sem nominar o beneficiário (o endossante não nomina o endossatário/novo credor). Dado o endosso em branco, o título circula ao portador. É o que estabelece o art. 904 do CC/02: Art A transferência de título ao portador se faz por simples tradição. Dado o endosso em branco, o título circula ao portador, ou seja, o título se transfere pela mera tradição física, de tal maneira que a pessoa que tiver a posse da cártula presume-se proprietária. Essa presunção é relativa, pois admite prova em contrário (a pessoa pode, por exemplo, provar que teve o título roubado). D) Cláusula não à ordem Cláusula não à ordem é a cláusula que proíbe o endosso. Há duas maneiras de se inserir uma cláusula não à ordem em um título de crédito: 1ª) Rabiscando a cláusula à ordem tipograficamente grafada no título (todo título tem grafada a cláusula à ordem). 2ª) Escrever expressamente: não à sua ordem ( pague-se ao fulano de tal e não à sua ordem ). A cláusula não à ordem proíbe o endosso, mas não impede que ele seja realizado. Assim, temos que saber qual a consequência que há para um endosso dado com violação à cláusula não à ordem. Nos termos do art. 11 da LUG, o endosso dado com violação à cláusula não à ordem se dará com a forma (art. 290 do CC/02) Página 19 de 24

20 e com os efeitos (at. 294 do CC/02) de uma cessão ordinária de crédito (cessão civil de crédito). Art Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. Forma Quanto à formalidade, o que distingue o endosso da cessão civil de crédito é que o endosso dá-se com a assinatura do credor sem a necessidade de comunicação ao devedor, ao passo que na cessão civil de crédito é necessário informar o devedor, nos termos do art. 290 do CC/02: Art A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. O art. 290 não exige a anuência do devedor. O devedor não tem que anuir com a cessão civil, mas tem de ser cientificado. O devedor tem que ser informado da transferência do crédito porque isso evita que ele pague de boa-fé a uma pessoa que já não é mais a sua credora. Efeitos: Quanto aos efeitos o que distingue o endosso da cessão de crédito é que o endosso, em razão do princípio da autonomia das obrigações cambiais, desprende o título da sua causa debendi, atraindo, via de consequência, a inoponibilidade das exceções pessoais. Já a cessão do crédito arrasta o negócio jurídico consigo, de tal maneira que o devedor sempre poderá opor ao cessionário os vícios da relação jurídica havidos com o cedente. É o que dispõe o art. 294 do CC/02: Art O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Quando a pessoa insere uma cláusula não à ordem num título de crédito ela está querendo se proteger, pois se o título for endossado esse endosso terá a mesma Página 20 de 24

21 formalidade (necessidade de comunicação do devedor) e os mesmos efeitos (oponibilidade de exceções pessoais) de uma cessão civil de crédito. Exemplo: Uma construtora pretendia construir um prédio residencial em Bom Despacho. Para o empreendimento sair do papel era necessário encontrar 20 compradores. Cada comprador pagaria, além da taxa de administração da obra, uma taxa de comissão pelo agenciamento. Só que essa comissão só seria cobrada se fossem encontrados os 20 compradores. Cada potencial comprador assinava uma nota promissória no valor da taxa de comissão e essa nota promissória só seria devida se a obra saísse. Vinícius comprou um dos apartamentos e assinou a nota promissória. Só que, ao assinar, riscou a cláusula à ordem. Algum tempo depois, o prédio começou a ser construído. Então, Vinícius pagou a nota promissória mediante depósito em cheque na conta bancária do vendedor. No verso do cheque especificou o motivo do depósito (quitação da nota promissória tal), declarou o valor ao imposto de renda, e nunca se preocupou em buscar a nota. E nem precisaria se preocupar, pois riscada a cláusula à ordem, eventual endosso nessa nota assumirá a forma e os efeitos de uma cessão civil. Vinicius teria de ser obrigatoriamente cientificado do endosso, e ao ser cientificado, poderia opor ao endossatário a exceção que tem contra o endossante, qual seja, o pagamento do título (para tanto, tem o comprovante do depósito e a declaração do imposto de renda). Numa operação de factoring, a factoring assume o risco da inadimplência do lojista. Porém, se o título objeto dessa operação for endossado pela factoring a terceiro de boa-fé, este poderá cobrar do lojista a obrigação faturizada. Assim considerando, caiu na prova da magistratura de MG a seguinte questão: Como o lojista pode se assegurar de que o título objeto da operação de factoring não será endossado pela factoring a terceiro de boa-fé? Inserindo no título a cláusula não à ordem ( pague-se à factoring e não à sua ordem ), o que impediria a factoring de endossar, ou inserindo a cláusula sem garantia ( pague-se à factoring sem garantia ). OBS: Ainda estudaremos o endosso sem garantia. E) Endosso póstumo e endosso tardio (art. 20 da LUG) A maioria dos autores explica o endosso póstumo e o endosso tardio como se fossem expressões sinônimas. Só que, em verdade, essas expressões não são sinônimas, conforme veremos adiante. Página 21 de 24

22 Endosso póstumo ou tardio é aquele dado após o vencimento do título de crédito. Dá-se com a forma e os efeitos de um endosso comum, salvo duas exceções: 1ª) quando dado após o protesto 2ª) quando dado após o prazo para o protesto. Nestas duas exceções o endosso se dará com a forma (art. 290 do CC/02) e com os efeitos (art. 294 do CC/02) de uma cessão ordinária de crédito. Forma (art. 290): é preciso cientificar o devedor ou ele se declarar ciente. Efeitos (art. 294): oponibilidade de exceções pessoais. É fácil perceber se o endosso foi dado após o protesto quando o indivíduo endossa e data. Neste caso, basta comparar a data do protesto e a data do endosso. E se o indivíduo endossar e não data o endosso? A lei presume que todo endosso sem data presume-se dado antes do vencimento do título. Essa presunção é relativa, admite prova em contrário. É o que estabelece o art. 20 da LUG: Art. 20. O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. Então, o endosso após o protesto não traz maiores problemas: endosso datado, basta comparar a certidão do protesto com a data do endosso. Se o endosso não for datado presume-se que ele foi dado antes do vencimento (presunção relativa). O grande problema é prazo para o protesto. Para fins cambiais, podemos classificar os protestos em: a) Protesto cambialmente facultativo b) Protesto cambialmente necessário (obrigatório) OBS: Para fins falimentares o protesto é sempre necessário, nos termos do art. 94, I, da Lei de Falências (Lei /95). Por isso a terminologia: protesto cambialmente facultativo e protesto cambialmente necessário. Página 22 de 24

23 O protesto é cambialmente facultativo toda vez que o credor pretender exercer o direito de ação contra o devedor cambial direto e seus avalistas. Ao teor do art. 32 do Decreto 2.044, de 31 de dezembro de 1908, o protesto é cambialmente necessário toda vez que o credor pretender exercer o direito de ação contra o devedor cambial indireto e seus avalistas. OBS: O Decreto 2.044/1908 é a lei brasileira de notas promissórias e de letras de câmbio. Ele também é conhecido como Lei Saraiva (alguns manuais trazem essa terminologia). Art. 32. O portador que não tira, em tempo útil e forma regular, o instrumento do protesto da letra, perde o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas. Quando o protesto é cambialmente facultativo não existe prazo. O protesto pode ser lavrado a qualquer tempo, já que é cambialmente facultativo. O credor faz o protesto se quiser e quando quiser. Para executar o emitente de uma nota promissória, o sacador de um cheque, o aceitante numa letra de câmbio ou duplicata, o protesto é meramente facultativo, o credor faz o protesto se quiser e quando quiser. Então, quando o art. 20 da LUG fala em endosso dado após o prazo para protesto, não está se referindo ao protesto cambialmente facultativo, na medida em que para este não há prazo. Inclusive o protesto cambialmente facultativo pode ser lavrado até mesmo depois de prescrito o título. É o que dispõe o art. 9º da Lei de Protestos (Lei 9.492/97): Art. 9º Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. Portanto, quando o art. 20 da LUG fala em endosso dado após o prazo para protesto está se referindo ao protesto cambialmente necessário. Qual é o prazo para o protesto cambialmente necessário? A resposta é dada pelo art. 28 do Decreto 2.044/1908. O prazo é de um dia útil após o vencimento. Art. 28. A letra que houver de ser protestada por falta de aceite ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente, no primeiro dia útil que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do vencimento, e o respectivo protesto, tirado dentro de três dias úteis. Página 23 de 24

24 Três perguntas podem ser formuladas sobre esse prazo do art. 28: 1ª) O que é dia útil para fins de protesto? 2ª) Há exceções para esse prazo ou ele é uma regra absoluta? 3ª) Por que um prazo tão exíguo como regra geral? As respostas serão dadas na próxima aula. Página 24 de 24

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