Projeto Mão no Lápis Feliz

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1 Revista Eletrônica Fórum Paulo Freire Ano 2 Nº 2 Agosto 2006 Projeto Mão no Lápis Feliz Jussara Besutti 1 Maria de Lourdes Eilert Malaquias 2 Colaboradores 3 Lizete Liane Maier dos Santos Marilúcia Eckstein Marlene Cologneze Dias Rosane Terezinha Strauss Eli Terezinha Xavier Donatti 4 INTRODUÇÃO Nos últimos anos a escola tem se preocupado mais com os diferentes níveis e ritmos de aprendizagem e as necessidades de cada aluno. Muitas são as formas que a mesma tem buscado para tentar resolver os problemas que surgem no dia-a-dia. Os meios de comunicação, a imprensa escrita e falada divulga, com freqüência, diferentes projetos que estão alcançando êxito neste contexto. Também, são muitas as bibliografias e os estudos científicos a respeito das dificuldades de aprendizagem. Sabe-se que não existem receitas prontas, mas compete à escola e aos educadores refletir e buscar saídas para as dificuldades encontradas. Conforme Perrenoud (2000), administrar a heterogeneidade no âmbito de cada turma é uma das novas competências da escola, mas como fazer isso na prática, se alguns 1 Psicóloga 2 Pedagoga e Psicopedagoga 3 Professoras monitoras da oficinas do Projeto Mão No Lápis Feliz 4 Idealizadora do Projeto Mão No Lápis Feliz

2 alunos apresentam dificuldades específicas e não conseguem acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas? É de conhecimento de todos que, são diversos fatores que interferem no sucesso e no fracasso escolar e que diante disto, é importante uma pedagogia diferenciada, capaz de criar dispositivos múltiplos. Criar e organizar uma oficina lúdico-pedagógica é uma maneira de enfrentar as diferenças, de ensinar e aprender ao mesmo tempo e espaço. Cabe ressaltar, que não a única intervenção ou uma solução mágica, mas uma forma pedagógica criativa. Os estudos de Fernández (1994, p. 73) corroboram com acima citado, dizendo que: Aprendente somos cada um de nós, adulto ou criança, frente a um outro como ensinante. Ensinante somos cada um de nós, adulto ou criança, frente a um outro como aprendente. O trabalho torna-se relevante, uma vez que a oficina visa trabalhar as diferenças, as especificidades de cada criança, num trabalho preventivo, onde a diversidade de ritmos, estilos de aprendizagem, interesses, motivações, maneiras singulares de construir o conhecimento, são fatores que merecem atenção. De acordo com Antunes (2005, p. 135), uma criança... se efetivamente encorajada, descobrirá trilhas e inventará caminhos para surpreender os adultos com capacidades que jamais pensamos. Estudos de Antunes (1999) também ressaltam, que os jogos pedagógicos estimulam e provocam uma aprendizagem significativa e a construção de novos conhecimentos, principalmente a capacidade de construir / criar conexões e intervenções com os fenômenos sociais e histórico culturais que o cercam. O autor afirma que, o jogo é uma metáfora da vida. Em seu sentido etimológico expressa divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras, também simboliza balanço, oscilação, manobra. Cabe destacar, que existe um cuidado especial também com a sistematização das atividades realizadas na oficina e com a individualidade e ritmo de cada aluno participante. O atendimento em pequenos grupos possibilita uma relação mais próxima e afetiva entre professor e aluno, permitindo um atendimento individualizado e específico das dificuldades apresentadas. A avaliação envolvendo todos os segmentos do projeto MÃO NO LÁPIS FELIZ leva-nos a continuação do mesmo. Os resultados qualitativos e quantitativos que estamos alcançando ao longo do desenvolvimento deste (2001/segundo semestre, 2002,

3 2003, 2004 e 2005) afirmam sua seqüência. Destaca-se que, este projeto busca resgatar o desejo e a alegria de aprender em um espaço diferenciado, por isso a escolha do nome. Concluindo, sabe-se que o Projeto Mão No Lápis Feliz demonstra, além de um direito amparado pela LDB, uma saída criativa um desafio que enriquece a prática, o papel da escola e do educador. A essência deste permanece. Assim, justificamos a elaboração e aplicação do projeto MÃO NO LÁPIS FELIZ. OBJETIVO O projeto tem como objetivos criar diferentes estratégias que auxiliam no processo da construção do conhecimento, principalmente para os alunos que estão encontrando dificuldades na aprendizagem. Ainda, ciar condições para que o aluno construa sua aprendizagem; oportunizando diferentes experiências de aprendizagem aos alunos e diminuir a repetência. Visa também, respeitar o ritmo e as etapas de aprendizagem de cada aluno; oferecer diferentes estímulos para que a prendizagem ocorra; amenizando e/ou superando suas dificuldades; favorecer o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor; estimular as potencialidades e habilidades dos alunos. Bem como, oportunizar um espaço lúdico-pedagógico, onde o aluno possa ser assistido por um profissional da educação; Estabelecer maior comunicação entre as famílias, levando-as a conscientização da importância do projeto e criar condições para construir o referencial teórico - prático do educador que atuará junto a oficina; METODOLOGIA Metodologicamente o projeto se utiliza de diferentes recursos pedagógicos, predominando o uso de materiais concretos e a ludicidade. O jogo é um dos recursos mais utilizados, pois segundo Lino de Macedo (2000), os jogos possibilitam a produção de uma experiência significativa para as crianças, tanto em termos de conteúdos escolares como o desenvolvimento de competências e habilidades. O Projeto Mão no Lápis Feliz atende aproximadamente 120 alunos, de 1ª a 4ª séries, da rede municipal, em turno inverso ao que o aluno estuda, divididos em subgrupos de seis integrantes, conforme série que freqüenta (duas vezes por semana, num total de

4 quatro horas). Teve início no segundo semestre de 2001, em apenas uma escola como projeto piloto. Em 2002, aprimorado, estendeu-se para as demais escolas da rede, localizadas no perímetro urbano. Ressalta-se que o mesmo também atende alunos das escolas do interior de nosso município. O mesmo dispõe de quatro professores, com suporte pedagógico, psicopedagógico e psicológico. Este realizado através de encontros mensais (estudos, troca de experiências, seminários...) e visitas periódicas às salas dessas oficinas. No decorrer dos quatro anos do Projeto Mão no Lápis Feliz sistematicamente vem sendo realizadas avaliações de cunho quantitativo e qualitativo, com todos os segmentos envolvidos (professores da oficina, professores titulares das turmas, equipe diretiva, pais e alunos). RESULTADOS Os resultados até então são positivos. Tendo em vista que o projeto já conquistou seu "espaço" junto as escolas e hoje é procurado por todos os segmentos, percebe-se melhor desempenho dos alunos que o freqüentam, em sala de aula através de um avanço nos conteúdos e conceitos que apresentam dificuldade, diminuindo com isto o índice de retenção através dos anos em que o projeto está em funcionamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, RJ : Vozes, A linguagem do afeto. Campinas, SP: Papirus, CIVITATI, Héctor. 505 jogos cooperativos e competitivos. Rio de Janeiro: Sprint, CONDEMARÍM, Mabel. Maturidade escolar: manual de avaliação e desenvolvimento das funções básicas para o aprendizado escolar..trad. Inajara H. Rodrigues, Porto Alegre : Artes Médicas, 1989.

5 FERNÁNDEZ, Alícia. A mulher escondida na professora. Trad. Neusa Kern Hickel. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, MACEDO, Lido de. Aprender com jogos e situações problema. Porto Alegre: Artes Medicas Sul, PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, OLIVEIRA, Vera Barros de. Jogos de regras e a resolução de problemas. Petrópolis, RJ : Vozes, SALVADOR, César Coll. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. trad. Emília de oliveira Dihel Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.