A PSICOTERAPIA ANALÍTICO FUNCIONAL (FAP) E UM SONHO DE CRIANÇA

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1 A PSICOTERAPIA ANALÍTICO FUNCIONAL (FAP) E UM SONHO DE CRIANÇA Fátima Cristina S. Conte/2000- ABPMC Instituto de Psicoterapia e Análise do Comportamento psicc@onda.com.br tel/fax: (43)

2 A PSICOTERAPIA ANALÍTICO FUNCIONAL FAP - proposta de Kohlenberg e Tsai (1991) para atendimento de adultos, através da análise funcional das interações terapeuta cliente. Tem sido viável e útil com crianças. Baseia-se no Behaviorismo Radical: conceitos e filosofia. Considera que os problemas que os clientes tem em sua vida diária e também ocorrem na relação terapêutica. A similaridade funcional dos ambientes é que favorecem tal ocorrência.

3 A PSICOTERAPIA ANALÍTICO FUNCIONAL O que é similaridade funcional dos ambientes?

4 O ambiente terapêutico evoca comportamentos que ocorrem fora da clinica e, portanto, comportamentos novos que aparecem na relação terapêutica também podem ser generalizados para outras relações sociais; A generalização é favorecida pela modelagem direta e imediata dos novos comportamentos em sessão e pelo aumento da consci6encia do cliente das suas classes de respostas e eventos a elas relacionados. A relação terapêutica, principal instrumento de mudança, deve ser verdadeira, genuína, transparente e de cuidado com o cliente. Minimamente aversiva = condição estabelcedora.

5 Operação : a) Estabelecedora: apresentação de estímulos que estabelecem ou potencializam a efetividade reforçadora de outros eventos e evocam comportamentos relevantes para aqueles eventos reforçadores; melhoram a discriminação e a aumentam a motivação. b) Supressora o oposto reduzem a probabilidade de certos comportamentos, despontencializando certos eventos como reforçadores e reduzindo o controle discriminativo exercido por certos estímulos (Micahel, 1982, 1993 ).

6 VANTAGENS DA ANÁLISE DA RELAÇÃO JUNTO AO CLIENTE 1. Acesso indireto à história de reforçamento do cliente. (Ajuda o levantamento de hipóteses pelo terapeuta). Ex. um menino que não queria vir a uma sessão naquele dia fala mal de qualquer coisa que a T proponha ou faça, acusa a de burlar o jogo injustamente, chama de burro um outro menino que fez anotações diferentes na ficha - Quem foi o cliente burro que preencheu isso assim? -(agride a T de várias maneiras e a faz sentir-se irritada e com vontade de encerrar o encontro). Hipótese de História de Reforçamento Negativo e Positivo do Padrão: frustração > resposta coercitiva > fuga da situação aversiva> reforço negativo e acesso à situações reforçadoras ( Ref. Positivo)

7 VANTAGENS DA ANÁLISE DA RELAÇÃO 2. Clarificação das classes de respostas adequadas e inadequadas do cliente e os estímulos que as controlam. Ex. Frente à frustração, ocorre a agressão (desvalorização da pessoa, das suas atividades e demais pessoas envolvidas com ela). Não ceder intensifica a resposta. Mas, o que gera a sua frustração? Parece frustração por impedimento: mas impedimento de que? (não é uma criança avessa à terapia)

8 VANTAGENS DA ANÁLISE DA RELAÇÃO 3. Oportunidade de evocar resposta emocional do cliente dentro da sessão com um significativo aumento das oportunidades para expandir o seu repertório de expressividade emocional e habilidades interpessoais., Ex.T - Diferente? Você está bastante irritado hoje. Teve que vir na marra, não é? Por isso está bravo comigo? O que você perdeu? Você tem que fazer muitas coisas que não quer? Aqui é muito chato? C- Tô de férias, pô! E conta que tem que se interessar em trabalhar com o pai nas férias (tem 10 anos), a família nunca está satisfeita. Mostra a sua raiva e tristeza. Impedido de ter acesso à atividades reforçadoras naturalmente nas férias por exigência dos pais de que goste de trabalhar.

9 VANTAGENS DA ANÁLISE DA RELAÇÃO 4. Oportunidade de modelar respostas operantes adequadas. T- Eu ficaria mais feliz se você tivesse me dito isso diretamente, não sei se deixaria você ir embora, ou se isso resolveria o problema, mas poderíamos fazer um acordo, tentar resolver o problema. Perdemos tempo, mas ainda podemos fazer... V. acha que comigo nunca adianta falar? ( I.é, sou Sd de Não à sua assertividade tanto quanto seus pais? Aqui é a mesma coisa que está ocorrendo lá em casa? Frustração por impedimento de acesso à reforçadores positivos?). E assim sucessivamente, discriminando a diferença de estimulação.

10 5. Clarificação sobre metas adequadas de terapia. Ex. colocar a agressividade sob controle de estímulos mais apropriados; modelar respostas mais assertivas; alterar padrão de relação coercitiva pais e filho, ajudar os pais a terem expectativas mais realistas e permitirem o acesso regular da criança a atividades reforçadoras. 6. Favorece a generalização dos resultados pelo uso do reforçamento natural de classes comportamentais relevantes apresentadas em sessão (reforço natural próximo no tempo e no espaço). Ex. T demosntra que sente-se melhor com ele quando ela é mais assertivo que agressivo, frente às exigências que lhe faz, aos impedimentos necessários.

11 7. Observa que os problemas mais freqüentes são conseqüência de fuga e esquiva de situações aversivas. Ex. fuga e esquiva de exigência comportamental imprópria dos pais através da agressividade. 8. Promove o bloqueio das esquivas e a aceitação de reações emocionais decorrentes do enfrentamento na relação com o terapeuta. \ ACEITAÇÃO E TOLERANCIA Aceitação como tolerância às emoções evocadas por estímulos aversivos. A tolerância é definida como permanecer em contato com estímulos que os evocam, sem lutar contra a sua presença (Cordova e Kohlenberg, 1994).

12 8. Promove o bloqueio das esquivas e a aceitação de reações emocionais decorrentes do enfrentamento na relação com o terapeuta. Ex. a interação bloqueia a tentativa de fuga da sessão ( pela agressividade) e faz o C apresentar respostas emocionais e operantes mais apropriadas para lidar com a frustração por impedimento. Também mostra que a terapeuta nem tem o propósito de aumentar o controle dos pais sobre ele (Mais discriminação, menos oposição e agressão generalizada).

13 REGRAS PARA OS TERAPEUTAS 1. Observe os CRBs em sessão. Situações que podem evocar (típicas). 2. Evoque construa um ambiente que evoque os CRBs. a) A relação terapêutica: b) Sugestões para ajudar no aparecimento dos CRBs. 1.Encorajar e valorizar as descrições do cliente relacionadas com os estímulos presentes no ambiente terapêutico:ex. comentários sobre o terapeuta; a relação terapêutica e a terapia (efetividade, sentimentos, características, defeitos, conforto ou desconforto do ambiente,etc).

14 2. Encorajar comparações controladas por eventos da sessão com aquelues controlados pela vida diária: ClienteTerapeuta a ansiedade que senti ao te contar sobre isso é muito parecida com a que eu senti ao falr com meu chefe... agora v. me lembra meu pai Encorajar pedidos diretos, sugestões obejtivas e queixas razoáveis: Ajude- me a acabar com esta ansiedade. Eu preciso de mais atenção.v. pode realmente gostar de mim/

15 4. Usar as descrições do cleinte sobre o que ocorre na sua vida como metáfora para eventos que ocorrem na sessão. ex. Eu tenho me sentido muito sozinho para resolver meus probelmas do dia a dia... V. acha que eu não estou te dando o suporte que esperava de mim?

16 REGRAS PARA OS TERAPEUTAS 3. Crie condições para ocorrência de reforçamento positivo. 4. Observe se de fato o comportamento social do terapeuta reforça os CRBs 2 e 3. Observe o efeito do comportamento do T. 5. Interprete (descreva relações funcionais ) os CRBs do cliente para o cliente. As interpretações devem ser verdadeiras para o cliente.

17 A FAP E OS SONHOS (Skinner) E A CRIANÇA Os sonhos são eventos privados verbais, operantes. São comportamentos perceptivos; ver na ausência com a coisa vista... quando a história de vida da pessoa e seus estados de privação e a emoção tem uma força maior do que o ambiente externo imediato. Os sonhos e falar sobre os sonhos resultam das experiências de vida do cliente e da estimulação atual; O relato do sonho em sessão pode ser um mando e ou um tato; Skinner categorias verbais baseadas em determinantes (antecedentes e conseqüentes) causais e não na sua topografia.

18 Tatos: decorrentes, sob controle da estimulação anterior/ prévia; parece simular a descrição nomeação, sob controle de estímulos anteriores específicos e mantido por conseqüências da audiência. Esta demonstra que concorda com a descrição feita. Existem duas possibilidades quanto ao controle de Sds para o tato em sessão: a vida diária do cliente ou na sessão de terapia. ; O cliente também pode falar sob controle das duas situações, quando por exemplo compara o que ocorre em sua vida com o que ocorre na sessão.

19 Mandos: mais sobre controle das conseqüências que dos antecedentes. São os mandos comuns, comandos, requerimentos, questionamentos, etc. Características: (1) ocorre porque é seguido de uma reforçamento específico; (2) sua força varia em decorrência da privação ou estimulação aversiva presente; (3) aparece sob controle de uma grande variedade de estímulos discriminativos.

20 Intraverbais: são todas as respostas que não se encaixam em uma ou outra categoria: ex. respostas adequadas socialmente. Como vai? Função? Contexto, manutenção da relação etc. Isso é um tato, mando ou intraverbal? Ex. fogo. Ex. quero me matar.

21 A FAP E OS SONHOS (Skinner) E A CRIANÇA Mandos e tatos com topografias improprias Como lidar com tatos e mandos imprecisos, impuros, etc... A Fap propõe se se olhe para o conteúdo e a função do relato do sonho em sessão.

22 QUESTÕES: a) Como o sonho se relaciona ao que está sendo tratado na terapia e a compreensão que tenho do caso? b) Como o cliente está se comportando na sessão enquanto relata? c) Qual emoção está presente? d) Tenta distrair a si mesmo e ao terapeuta do contato com as emoções presentes? e) Nega qualquer resposta afetiva quando ela ocorre? f) Chora? Disfarça? Etc..

23 G)O que o cliente está querendo me dizer? H) Como o cliente relaciona o seu relato com o que está ocorrendo no processo? E com o que está ocorrendo entre nós e a vida lá fora? Clientes podem ter dificuldade de expressar diretamente o que eles necessitam. O relato de sonhos para evocar comportamentos do cliente dentro da sessão que necessitam de atenção clínica.

24 O sonho de uma menina de 9 anos, filha caçula de três irmão, com queixa de enurese.... Eu tinha ido viajar para Los Angeles com meu pai... Mas lá fomos para uma fazenda... Uma espécie de casa... Meu pai foi pagar umas contas e eu fiquei lá esperando. A casa era suja. Os porcos andavam por ela. Entravam e saiam animais.. Eu fui ao portão, queria ir embora mas não podia. Eu precisava que meu pai viesse para me ajudar, me tirar dali...eu tentava ter uma idéia de como ir para minha casa mas não conseguia. Eu dependia do meu pai. Acordei.

25 Análise mostrava: a) Problemas conjugais dos pais intensificando a dificuldades da mãe: padrão de disciplina insconsistente (fala de monitoria supervisão e reforçamento de condutas adequadas da criança, relacionadas inclusive com a enurese); valorização das dificuldades da filha como motivo para evitar uma separação; b)pai sempre ocupado com seu trabalho mas, neste momento, tentando ajudar a filha a superar a enurese (pai fazendo todo o treino sem ajuda da mãe). c) Momento em que a criança apresentava melhoras e os pais estavam piorando o relacionamento.

26 d) A criança era bastante inassertiva e sentia-se responsável pela disputa dos pais ( em meio à); e) Conta o sonho com ansiedade e emoção, espontaneamente; f) A criança pode relacionar seu sonho com a sua vida atual : ( a T foi modelando tatos mais precisos e mandos mais diretos e quebrando a esquiva de falar à T o que realmente sentia e desejava dela; modelando a expressão direta de sentimentos e necessidades; promovendo a análise funcional pela criança): Resumo: > O pai é quem me ajuda e quer a melhora; > A melhora pode liberar o pai e ocorrer a separação; a mãe pode ficar triste comigo;

27 > Eu quero melhorar e não quero a separação dos meus pais; > Meu pai pode abandonar a mim e a minha mãe (Mãe= ele vai nos abandonar ).(se eu melhorar, pois foi por causa da enurese que ele se aproximou de mim). > se meu pai nos abandonar eu não ficarei bem, pois tenho problemas e preciso da ajuda dele; > se eu ficar bem posso perder o amor do meu pai e da minha mãe. > Eu estou com medo. Eu não sei o que fazer. > Eu preciso de sua ajuda. (conflito de aproximação esquiva)

28 > Se eu falar isso para meu pai ou minha mãe não vai adiantar nada; eles não vão ligar (percepção correta baseada em experiências anteriores de invalidadação das respostas sob controle de estados internos (EU sinto, preciso, desejo, não quero, por parte dos pais). (O comportamento novo do pai ainda não sinaliza suficientemente que ela será ouvida. É novo. O pai era capaz de um bom apego mas gastou muitos anos tentando e pensando que a mãe deveria fazer isso ou comprometeria a saúde mental dos filhos). > Eu não saberia como falar ( eu não sei como falar sobre o que sinto e penso para eles e meus amigos. Eu sei falar para você). > Eu quero que você fale para meu pai. (Você saberia falar com ele pois v. conseguiu que ele me ajudasse).

29 Comportamento da Terapeuta: Valorizar o CRB2 - A expressão do desejo/ necessidade da criança, primeiro indiretamente depois modelando respostas mais direta e assertivas à terapeuta. Valorização de seus sentimentos e da possibilidade de agora, a T ajuda-la mais apropriadamente. Valorizar o CRB3 - A análise que ela fez e concordar que ela ainda não tinha arriscado a expressar tão claramente suas necessidades e medos ao pai e era natural que não se sentisse confiante; valorização de sua percepção.(crbs 2 )

30 Proposta da terapeuta: a)treinarmos (desenvolvimento da habilidade) e falarmos juntas com o pai : recusado. b) Contra proposta da criança : treinamos, você fala com meu pai e pede pra ele falar comigo e eu falo= aceito. ( Mando direto) O pai é sensível e expõe a ela que : a) a decisão sobre a separação não está em seu controle. É coisa decidida. b) O pai não a abandonará ao separar-se; o pai esperará um bom momento (para todos) para finalizar a relação com a mãe; c) o pai está disposto a lutar para que ela e os irmão tenham boas condições; nunca a abandonará; d) ela pode melhorar para ser mais feliz que isso não trará mais problemas, ao contrário tornará a relação pai e filha mais prazeirosa..

31 A criança relata à terapeuta como foi, através de teatro de fantoches. Esta etapa favorece à formulação de uma nova regra: eu posso sempre tentar expressar o que desejo e sinto; nem sempre dará certo; se eu nunca fizer, nunca dará certo e nunca saberei o que aconteceria se eu tentasse. Se eu tentar, estarei fazendo a minha parte.(auto tato e auto mando mais realista). A criança melhora sensivelmente, amplia a assertividade com outras pessoas. Sente-se mais corajosa. Supera a enurese noturna. A mãe tem poucas mudanças no decorrer do processo. A separação dos pais não provoca recaída.

32 A FAP COM CRIANÇAS TEM SE MOSTRADO INTERESSANTE: MERECE E PRECISA SER MELHOR INVESTIGADA.