PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. ABRAHAM LINCOLN DA CUNHA RAMOS
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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. ABRAHAM LINCOLN DA CUNHA RAMOS AGRAVO DE INSTRUMENTO N /001 RELATOR : Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos AGRAVANTE : Diretor da Kepler Empreendimentos Educacionais Ltda ADVOGADO : Márcio Aurélio Siqueira Ferreira AGRAVADO : José Maria dos Santos Neto ADVOGADA : Dina Maria Cavalcanti Carneiro. PROCESSUAL CIVIL Agravo de instrumento Deserção Caracterização Interposição sem a comprovação do preparo Inteligência do art. 511, "caput" c/c o art. 557, "caput", ambos do CPC Não conhecimento Seguimento negado. - Constituindo-se o preparo um dos pressupostos de admissibilidade recursal, sua ausência enseja o não conhecimento do recurso aviado, nos termos do art. 511, "caput" c/c o art. 557, "caput", ambos do CPC. Vistos etc. Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo, interposto pelo Diretor da KEPLER EMPREENDIMENTOS EDUCACIONAIS LTDA, objetivando reformar decisão interlocutória prolatada pelo MM. Juiz de Direito da i a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, que, nos autos do mandado de segurança com pedido de liminar, tombado sob o n , determinou a entrega do certificado de conclusão do ensino médio e o histórico escolar, requerido pelo impetrante, JOSÉ MARIA DOS S NTOS NETO, ora agravado.
2 Agravo de Instrumento n No seu arrazoado, alega o agravante que a decisão fustigada deixou de observar a ilegitimidade ativa do impetrante, ora agravado, haja vista que celebrou contrato de prestação de serviços educacionais com seu genitor, sendo este, portanto, o legitimado para figurar no polo ativo da demanda. Dessa forma, requer o efeito suspensivo da decisão que determinou a entrega do certificado e do histórico escolar do recorrido. É o que importa relatar. Decido. 1) DESPACHO X DECISÃO INTERLOCUTÓR IA: NATUREZA E RECORRIBILIDADE É cediço que processo é um meio ou instrumento por meio do qual se obtém a composição da lide. Todavia, para se chegar a essa composição há necessidade de uma série de atos coordenados e que se sucedem uns aos outros até à solução do conflito segundo a vontade da lei. Esses atos são dos órgãos jurisdicionais, dos sujeitos da lide e até mesmo de terceira pessoa. Mas, todos são atos processuais, por que atos do processo. A maioria dos processualistas (Chiovenda, Liebman, Lopes da Costa), classifica os atos processuais em atos da parte e atos do Juiz. Estes últimos, que me interessa, particularmente, estão elencados e conceituados no art. 162 e parágrafos, do CPC, a saber: "Art Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 1. Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.. 2. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente. 3. São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de oficio ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma. "(grifei). Conclui-se, então, que a diferença básica entre despacho e decisão interlocutória é que nesta última o jui decide questão, sem por fim ao processo; enquanto que no primeiro (des.cho), o juiz apenas dá andamento ao processo, sem nada decidir. 2
3 Agravo de Instrumento n Nesta ordem de ideias, o mesmo legislador, em relação às decisões interlocutórias, com muita propriedade, assim assentou: "Art Das decisões interlocutó rias caberá agravo, no prazo de dez (10) dias..." O agravo a que se refere o supracitado dispositivo legal é o recurso de agravo de instrumento estatuído no art. 524 do CPC. No caso em tela, a decisão agravada se enquadra como interlocutória, eis que o D. Magistrado "a quo", ao deferir o pedido de tutela antecipada, resolveu questão incidente no processo. 2) DO JUIZO DE PRELIBAÇÃO DO RECURSO Feitas estas considerações, não custa lembrar que, como a ação possui determinadas condições para ser validamente constituída, o recurso também tem seus requisitos de admissibilidade, os quais a doutrina divide em intrínsecos (cabimento, legitimidade, interesse ou inexistência de fato impeditivo ou extintivo do ônus de recorrer) e extrínsecos (tempestividade, regularidade formal e preparo). Como a matéria pertinente ao juízo de admissibilidade é quase sempre de ordem pública, deve, quando for o caso, portanto, ser conhecida "ex officio". É bem verdade que o juízo de admissibilidade do agravo é preliminar e provisório e que a atividade do Relator é de caráter preparatório e controlador, devendo o órgão julgador, independentemente de provocação da parte, apreciar novamente os requisitos de admissibilidade do recurso. A circunstância de não ocorrer uma das condições de admissibilidade é suficiente para o julgador "ad quem" não admitir o recurso, o que inviabiliza a continuidade do procedimento, para, se for o caso, proceder à conversão, como se verá adiante. Eis, pois, o que deve primeiro fazer o Relator ao receber o agravo de instrumento: "Art Recebido o agravo de instrumento no trç4nnal, e distribuído incontinenti, o relator: 3
4 Agravo de Instrumento no I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557." Com. efeito, dispõe o art. 557 do CPC: "Art 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível" No caso dos autos, vê-se que esta relatoria deverá observar, de ofício, os pressupostos objetivos e subjetivos, intrínsecos e extrínsecos exigíveis para análise do presente recurso. seu mérito. E sendo assim, não há como embrenhar em Com efeito, o art. 511, "caput", do Código de Processo Civil determina que, com a interposição do recurso ocorra o preparo, ou seja, a legislação processual determina que o preparo seja prévio ou concomitantemente à interposição do recurso, sendo um ato imprescindível a ser praticado para o prosseguimento normal da irresignação. Certo é que em matéria recursal, vige o princípio da consumação, através do qual o ato de recorrer se exaure pelo depósito da petição e razões recursais junto ao Juízo competente. O ato não deve ser compreendido apenas com a dedução escrita da inconformação, delimitando-a. Envolve também o concurso de requisitos intrínsecos, como o pedido expresso de reforma da decisão (em parte ou integralmente) e a articulação das razões em dialeticidade com a conclusão do Julgado, além dos requisitos extrínsecos, como a tempestividade e o preparo, cuja ausência é insuprível, ainda mais quando feita após o transcurso do prazo recursal. Não há, pois, a menor dúvida de que a redação do art. 511, do CPC, é taxativa ao determinar que o recorrente comprove no ato da interposição do recurso o competente preparo, inclusive, ainda que não alegada, a deserção pode ser decretada de ofício pelo Tribunal. Dessa forma, tanto a legislação, quanto a doutrina se manifestam no sentido de que o preparo constitui pressuposto de admissibilidade recursal, sem o qual não se há de conhecer da irresignação em face da deserção. "In casu", verifica-se que howi interposição do recurso de agravo de instrumento sem o devido preparo. a 4
5 Agravo de Instrumento no A respeito do não conhecimento do recurso, em casos de deserção, colaciono alguns julgados. Veja-se: "AGRAVO REGIMENTAL. MONOCRÁTICA NEGANDO CONHECIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. Impossibilidade de verificação da regularidade processual, haja vista a falta de apresentação das cópias das guias de recolhimento de pagamento do preparo alusivo ao recurso especial. 2. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no agravo de instrumento n SP, Quarta Turma, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em ). E: " AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPROVANTE DO PAGAMENTO DE PREPARO E DAS CUSTAS PROCESSUAIS. AUSÊNCIA. COMPROVANTE DE AGENDAMENTO. INADMISSIBILIDADE. JUNTADA TARDIA DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. 1. Nos termos do art. 511 do CPC, o preparo do recurso deve ser comprovado no ato de sua interposição, não se admitindo a mera juntada do comprovante de agendamento, que faz a ressalva de que não houve a quitação da transação. (AgRg no agravo de instrumento n MT, Quarta Turma, Rel. Min. Maria Isabel Galloti. DJe ) Face ao exposto, por entender que a parte que interpõe recurso e não comprova o recolhimento simultâneo do preparo, descumpre o estatuído no art. 511, da Lei Adjetiva Civil, considero o agravo deserto. Nesse caso, é perfeitamente admissivel que o Relator negue seguimento ao recurso. Dito procedimento encontra respaldo no art. 557, "caput", do CPC, uma vez que é inadmissível na espécie. É o texto da lei: "Art O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior". 5
6 Agravo de Instrumento no Por tais razões, com esteio no art. 557, "caput" c/c art. 511, ambos do CPC, não conheço do recurso, negando-lhe seguimento. P.I. João Pess e março de Des. Abraham L'in1 o1 da Cunha Ramos Relator
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(ambas sem procuração).
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