Plano Emergencial de Repovoamento para a Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul PROPOSTA DE PARCERIA INSTITUCIONAL Nº 01/09

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1 Plano Emergencial de Repovoamento para a Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul PROPOSTA DE PARCERIA INSTITUCIONAL Nº 01/09 Março de

2 1. Apresentação Esta proposta objetiva estabelecer a prestação de serviço cujo foco principal será mitigar os impactos causados na ictiofauna pelo último acidente ambiental no rio Paraíba do Sul. 2. Objetivo Promover o reforço emergencial do estoque pesqueiro dos cursos Médio Inferior e Baixo Rio Paraíba do Sul utilizando inicialmente três espécies nativas do rio Paraíba do Sul. 3. Equipe Técnica A equipe técnica será formada por técnicos do Projeto Piabanha e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF): Guilherme Souza (Biólogo / MSc. Piscicultura - UENF/ Empreendedor Social Ashoka / Diretor Técnico do Projeto Piabanha) Dalcio Ricardo de Andrade (Biólogo/Dr./ UENF). Thiago Caetano da Silva Berriel (Administrador / Mestrando em Engenharia Ambiental CEFET / Diretor Geral do Projeto) Evódio Luiz Sanches Peçanha (Técnico de Campo / Projeto Piabanha) 2

3 Para ti Itaperuna Laje do Muriaé São José Mirac em a de Ubá Sa nto Antô nio de Pá dua Aperibé Itaoc ara Varre-Sai Po rc iúnc ula Nativida de C am buc i São Fidélis C antag alo Ca rm o São Sebastião do Alto C om. Levy Santa M aria Mad a lena G aspa rian Sapuc aia Ma c uc o C orde iro Dua s Ba rras Trajano de Morais Conceiç ão Rio das Flores Três Rios Paraíba do Sul S. Jo sé d o Va le Sum id ouro do Rio Preto Bom Jardim Vale nç a Are al Paty d o Alferes Resende Ma c aé Qua tis Tere sóp olis Nova Friburgo Vassoura s Porto Petrópolis Itatiaia Rea l Barra do Piraí Volta Engº Paulo Rio d as Ostras Red ond a Miguel Pere ira de Frontin Cac ho eira s Pinhe ira l Casimiro de Ab reu Mendes de Ma cac u Barra Mansa G ua pim irim Pa ra c am b i Silva Jardim Piraí Nova Duq ue Ma gé Ja peri Iguaç u de Caxias Q ue im ados Belford Roxo Itabo raí Rio Bonito S.Pedro Rio Claro Ta nguá Serop édic a Mesq uita S. Joã o Ara ruam a da Ald eia Arm aç ão d os Búzios de Me riti Itagu aí Niló p olis Ig uaba São Gonçalo Saquarem a G ra nd e Ca bo Frio Angra dos Reis Mangaratiba Ma ric á Niterói Arraial do Cab o Bom Jesus d o Itab apoa na Italva C ard oso M oreira Cam po s d os G oytac a zes Quissam ã São Francisco de Itabapoana São João da Barra 4. Área Estudada Os repovoamentos serão executados nos municípios situados entre a UHE Ilha dos Pombos (Carmo RJ) e a foz do rio Paraíba do Sul. As reproduções induzidas ocorrerão na Estação Projeto Piabanha Centro Socioambiental, Setor de Conservação da Ictiofauna, em Itaocara (Figuras 1 e 2). de Macabu Cara pebus Rio de Janeiro. Figura 1: Projeto Piabanha Centro Socioambiental, Itaocara RJ. Figura 2: Tanques de piscicultura do Projeto Piabanha Centro Socioambiental. 5. Metodologia Neste primeiro momento serão utilizadas três espécies nativas do rio Paraíba do Sul: curimatã (Prochilodus lineatus) (Figura 3); lambari (Astyanax parahybae) (Figura 4) e piabanha (Brycon insignis) (Figura 5). Meses antes do período reprodutivo dos peixes, como de costume, os técnicos do Projeto Piabanha e da UENF se reunirão para elaborar o plano de trabalho objetivando dar continuidade às pesquisas científicas relacionadas ao aprimoramento das técnicas de reprodução induzida, assim como de alevinagens das espécies estudadas. 3

4 . Figura 3: Curimatã (Prochilodus lineatus) Figura 4: Piaba (Astyanax parahybae) Figura 5: Piabanha 5.1 Processo de Reprodução Induzida Plantel de reprodutores Os reprodutores utilizados são oriundos do plantel do Projeto Piabanha /Associação de Pescadores e Amigos do Rio Paraíba do Sul - (APARPS). A densidade de estocagem dos Reprodutores será de um peixe para cada três m². Os reprodutores serão alimentados com ração comercial extrusada. O nível de proteína e a quantidade ofertada variaram conforme o período do ano. Nos quatro meses que antecediam a desova (fase de pré desova), será ministrada ração contendo 36% de proteína bruta (PB), duas vezes ao dia, a 3% da biomassa. Nos oito meses seguintes após a fase de pós desova, será ministrada ração contendo 32% de PB, uma vez ao dia, a 2% da biomassa. Tal procedimento visa evitar o acúmulo excessivo de gordura na época da desova Seleção e preparo dos reprodutores para o processo de indução Três meses antes do início do período reprodutivo, serão feitas amostragens mensais nos tanques de estocagem de reprodutores, utilizando rede de arrasto, visando observar a evolução dos sinais externos de maturação gonadal nas fêmeas e nos machos. Para as fêmeas, os critérios utilizados para a escolha dos reprodutores serão a presença de abdome avolumado e flácido e a de papila urogenital hiperemiada e saliente (orifício por onde flui os ovócitos e o sêmem). Para os 4

5 machos os critérios serão a ocorrência de fluidez de sêmen após massagem abdominal, e a de aspereza acentuada nos raios da nadadeira anal. Os peixes selecionados serão conduzidos ao laboratório de reprodução em recipientes apropriados, com capacidade volumétrica de 50 litros. A distância dos tanques de estocagem de reprodutores ao laboratório de reprodução são inferior a 100 m, o que permitirá o transporte sem o uso de aeração ou anestésico. No laboratório de reprodução os peixes serão alojados em tanques de concreto de três m3 (2 m de comprimento x 1,5 m de largura x 1 m de altura). Em seguida, um peixe por vez será anestesiado utilizando-se solução de benzocaína na proporção de 10 ml de anestésico /50litros de água em recipiente similar ao utilizado para o transporte. Oito minutos após a imersão nesta solução, o peixe estará sedado, sendo, então, pesado para a obtenção do peso total, o que possibilitará determinar a dose individual de hormônio. A pesagem será feita com auxílio de dinamômetro, com precisão de 50g. Logo após, os peixes serão novamente alojados nos tanques de concreto do laboratório de reprodução na proporção de um ou dois casais para cada tanque. A renovação de água será constante na proporção de três litros por minuto Indução hormonal O indutor utilizado para maturação gonadal será a hipófise desidratada de carpa comum, na forma de extrato bruto, injetado na base da nadadeira pélvica ou da nadadeira peitoral. As fêmeas receberão duas dosagens, sendo a primeira de 0,5 mg de hipófise /kg de peso vivo e a segunda de 5,0 mg de hipófise /kg de peso vivo, com intervalo de doses de 08 a 14 horas. Os machos receberão uma única dose, na concentração de 2,5 mg de hipófise /Kg de peso vivo, simultaneamente à segunda dose das fêmeas. Para a obtenção do extrato hipofisário, as hipófises serão maceradas utilizando pistilo e cadinho de porcelana e, a seguir, será adicionado soro fisiológico na proporção de 1 ml /kg peixe. Uma fração deste preparado será imediatamente aplicada nas fêmeas, sendo o restante acondicionado em seringas de 3 a 5 ml e armazenado em geladeira a 5 C para ser aplicado na segunda dose das fêmeas e na dose única dos machos, respeitando-se as doses anteriormente citadas. O tempo de armazenamento é de 8 a 14 horas. Após a segunda dosagem, a temperatura será monitorada a cada hora visando à obtenção do valor de horas-grau (HG), que é o somatório das temperaturas a cada intervalo de uma hora. O oxigênio dissolvido, o ph e a condutividade serão monitorados no momento da aplicação da primeira dose de hipófise e no momento da desova, utilizando-se, respectivamente, oxímetro eletrônico com precisão de 0,01 mg /L de água, peagâmetro eletrônico com precisão de duas casas decimais e condutivímetro eletrônico com precisão de 1mS Comportamento dos reprodutores durante o processo de indução de desova Durante o processo de hipofisação, será realizada a observação visual e constante dos reprodutores nos tanques onde estavam alojados, visando descrever à possível ocorrência de comportamento agressivo, comportamento de corte e de sinais indicadores do momento da ovulação Extrusão dos gametas A extrusão dos gametas será a seco; para tal, os reprodutores terão suas papilas genitais e regiões adjacentes enxugadas, com auxílio de tolhas de algodão, antes da coleta dos gametas extrusados mediante a massagem abdominal no sentido crânio-caudal para coletar os ovócitos em 5

6 uma bacia plástica, previamente seca, só então procede-se à pesagem dos mesmos e, a seguir, o sêmen será adicionado sobre os ovócitos. O peso da massa dos ovócitos extrusados será obtido com auxílio de balança eletrônica digital com precisão de 0,01 g. Este dado será correlacionado com o peso total da fêmea e fertilidade. Para a estimativa do número total de ovócitos em cada desova, serão coletadas três amostras de 1 g para posterior contagem. Os gametas masculinos e femininos serão misturados com auxílio de uma colher de plástico em movimentos suaves e circulares. Apenas após a homogeneização, é adicionada a água, possibilitando assim a movimentação dos espermatozóides e a fertilização dos ovócitos Incubação dos ovos Os ovos serão incubados em incubadoras cilíndrico-cônicas de 60, 160 e 200 litros, em densidade de 0,5 grama de ovos /litro. Com o objetivo de promover aporte de oxigênio para ovos e larvas e a retirada de metabólitos, será mantida uma vazão de água de valor constante. Esta vazão varia em função do tamanho da incubadora e seu valor era avaliado indiretamente pela posição dos ovócitos, os quais são mantidos circulando no terço inferior da incubadora Estimativa da taxa de fecundação, desenvolvimento embrionário Para determinação da taxa de fecundação de cada desova serão feitas coletas de três amostras de ovos, nas incubadoras, logo após o fechamento do blastóporo obedecendo o seguinte cálculo: Taxa de Fecundação = n de ovos fertilizados na amostra x 100 n total de ovos na amostra Crescimento das pós-larvas em tanques externos Três dias após a eclosão dos ovos, as pós-larvas serão transferidas a um tanque externo escavado e de fundo de terra compactada, com 1600 m² (80 m de comprimento x 20 m de largura x 0,80 m de profundidade), situado na área contígua ao Laboratório de Reprodução do Projeto Piabanha. A renovação da água do tanque será realizada apenas para a manutenção da altura da coluna d água, resultante das perdas por evaporação e infiltração. Sete dias antes de receber as pós-larvas, o tanque será adubado com 35 g de esterco bovino curtido /m², 1,5 g de superfosfato simples /m² e 1 g de uréia /m². A partir do segundo dia de estocagem, os peixes serão alimentados ad libtum com ração comercial farelada (40% de PB). Após o oitavo dia de estocagem, passasse a utilizar ração extrusada (36% PB) com grânulo de 2,8 mm de diâmetro. Cinqüenta dias após o povoamento dos tanques os alevinos estarão com 5 a 7 centímetros de comprimento, ou seja, prontos para o repovoamento. Uma vez aptos ao repovoamento, todos os lotes de alevinos e juvenis passarão por rigorosas observações levando em consideração a sanidade, antes de serem lançados nos rios. Os peixes serão acondicionados em sacolas plásticas com água e oxigênio e seguirão em um carro utilitário até locais previamente identificados, próximos aos remansos e /ou pequenos tributários. Passada a fase de aclimatação, que durará aproximadamente 10 minutos, os peixes serão soltos no rio Paraíba do Sul. Vale ressaltar que, na medida do possível, um representante da Colônia dos Pescadores de São Fidélis Z-21 (pescador artesanal), estará presente no momento da contagem dos alevinos objetivando atestar o número de peixes acordados pelo seguinte instrumento. Seguindo o cronograma de solturas (Anexo I), as escolas e os pescadores artesanais serão previamente avisados e convidados a participar, em locais de fácil acesso. Antecedendo cada 6

7 repovoamento haverá uma palestra, na beira do rio, divulgando a importância deste trabalho. Cada convidado receberá uma sacola plástica com alevinos, contendo em média 300 alevinos II, para serem soltos no rio. Esses eventos envolvem cerca de 300 a 500 pessoas, distribuídos entre crianças, jovens e adultos. Ao todo serão soltos alevinos distribuídos em seis Etapas distintas (Anexo II). 6. Venda dos Alevinos e Aplicação dos Recursos Ao todo serão disponibilizados para a venda alevinos totalizando um valor de ,00. O quantitativo e o qualitativo dos alevinos com seus respectivos custos poderão ser visto no Anexo III. Vale ressaltar que os recursos financeiros angariados contribuirão não só com a manutenção da Estação do Projeto Piabanha Centro Socioambiental, como também ajudarão financiar novas ações socioambientais como educação ambiental, pesquisa científica, revegetação das margens do rio Paraíba do Sul, incentivo a piscicultura familiar e ajuda no cadastramento dos pescadores artesanais. Nossa estação possui usos múltiplos frente a nossa missão de trabalho. Garantir seu pleno funcionamento é dar condições para que inúmeras atividades possam ser desenvolvidas voltadas exclusivamente para a preservação dos estoques pesqueiros. 7. Forma de Pagamento Os pagamentos à Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Paraíba do Sul - Projeto Piabanha serão em distribuídos em 5 parcelas totalizando o valor de R$ ,00, sendo a primeira parcela antecipada para cobrir as despesas de produção, e a última contra a aprovação do último relatório, de acordo com o cronograma apresentado no Anexo IV. Os pagamentos serão efetuados pelo cliente, conforme o cronograma (Anexo IV), de acordo com o Contrato firmado com a Contratada, sendo apresentadas suas respectivas faturas ao contratante até o 5 dia do mês referida aos meses vencidos, exceto a primeira parcela. Os pagamentos deverão ser efetuados até o dia 10 do mês em curso. 8. Prazo de execução O prazo de execução das 4 Etapas será de 07 meses, a contar da data da assinatura do contrato. 9. Histórico Institucional O histórico do Projeto Piabanha consiste na evolução de idéias preservacionistas de um grupo de pescadores e amigos em uma organização ambiental. É regida pela Associação de Pescadores e Amigos do rio Paraíba do Sul, uma organização da sociedade civil de interesse público municipal, sem fins lucrativos, fundada no ano de 1998, com sede e foro na comarca de Itaocara, município da região noroeste fluminense. Vivemos em um cenário ambiental onde espécies ameaçadas de extinção, como o cágadodo-paraíba (Mesoclemmys hogei), único quelônio de água doce brasileiro; as espécies de peixes piabanha (Brycon insignis), o surubim-do-paraíba (Steindacheneridion parahybae) (endêmico da 7

8 bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul), o caximbau-boi (Pogonopoma parahybae) e os crustáceo lagosta-de-são Fidélis (Macrobachium carcinus), camarões-sapateiros (Atya scabra e Atya gabonensis) ainda conseguem sobreviver. Tais ocorrências ainda são possíveis, pois ainda existe um significativo trecho do Rio ainda não interrompido por barragens hidrelétricas que possibilitam áreas de alimentação, abrigo e reprodução para estas espécies. Assim, o Projeto Piabanha tem como missão trabalhar junto aos pescadores profissionais e comunidades ribeirinhas para recuperar a integridade ambiental e os peixes nativos em processo de extinção da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul. Após essa década de trabalho, nossa área de atuação pode ser considerada em âmbito regional. Norte e Noroeste fluminense são sempre ponderados quando tentamos rever a atual situação da pesca artesanal e do meio ambiente explorado, frente ao estabelecimento da sustentabilidade pesqueira regional. Diante da missão institucional, o Projeto Piabanha vem desenvolvendo quatro linhas de trabalho: conservação da fauna, conservação da flora, educação ambiental e fomento à piscicultura voltado para proprietários rurais e agricultores familiares. Aliar esses quatro fatores se configura uma necessidade fundamental frente à manutenção dos serviços ecossistêmicos presentes no Rio Paraíba do Sul, na área de atuação da instituição. Inúmeras foram às conquistas alcançadas ao longo do tempo de trabalho. Pesquisas científicas, mobilização da comunidade através de programas de educação ambiental, ações voltadas para o repovoamento do Rio Paraíba do Sul e consistentes parcerias institucionais permitiram à instituição reconhecimento estadual, nacional e até internacional. 10. Dados do Projeto Piabanha Razão Social: Associação de Pescadores e Amigos do Rio Paraíba do Sul. Endereço: Rua Nilo Peçanha, nº268. Complemento: Galeria Ornellas, sl. 03. Bairro: Centro Cidade/Estado: Itaocara RJ CEP: Forma Jurídica: Associativa C.G.C: / Telefone: (22) Site: projetopiabanha@gmail.com Itaocara, 20 de março de Thiago Caetano da Silva Berriel Diretor Geral - Projeto Piabanha 8