LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES
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- Martín Terra Aquino
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1 LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES CONFEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES E CORPOS DE BOMBEIROS Comendador da Ordem de Benemerência 1935 Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo 1980 Membro Honorário da Ordem da Liberdade 2008 Prémio Direitos Humanos 2008 FUNDADA EM 18 DE AGOSTO DE 1930 LEGALIZADA POR PORTARIA DO MINISTÉRIO DO INTERIOR DE DIÁRIO DO GOVERNO II SÉRIE, Nº 129 DE FEDERADA NO COMITÉ TÉCHNIQUE INTERNATIONAL DE LA PRÉVENTION ET DE L EXTINCTION DU FEU MEMBRO DA NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA REUNIÃO DO CE, de 21/09/2016 Ponto 3 da Ordem de Trabalhos: ANÁLISE DE FOGOS FLORESTAIS 2016 PROPOSTAS DE REFLEXÃO Rua Eduardo de Noronha, LISBOA Telef Fax Apartado Lisboa Codex infor@lbp.pt
2 Liga dos Bombeiros Portugueses 2 O Presidente do CE fez a introdução do tema: Relativamente aos fogos florestais, o Presidente do CE, Cte Jaime Marta Soares, informou que por iniciativa do Centro de Estudos e intervenção em Protecção Civil (CEIPC) irá realizar-se uma jornada de trabalho e reflexão, no dia 01 de Outubro de 2016, em Peniche. Ainda sobre este assunto, fez uma reflexão/síntese sobre as causas e a origem dos fogos florestais que na sua opinião estão a montante do combate, apontando como exemplo alguns dos que considera mais prementes: falta de prevenção estrutural, inexistência de cadastro e consequente emparcelamento, que permitam o planeamento e o ordenamento de forma a permitir a criação do mosaico florestal, elemento fundamental para a defesa da floresta contra os incêndios. Questionou: Será que está tudo bem no combate? Não deverá melhorar-se o ataque inicial, com mais brigadas e helicópteros com balde em primeira saída, por forma a conseguir-se uma intervenção mais rápida e actuante. Não deverá o rescaldo ser mais eficaz para evitar reacendimentos? Não será necessário que os Comandos de Operações e Socorro, os Postos de Comando Operacional, os CODIS e os CADIS procedam a uma análise detalhada que permita apurar o que são mais-valias e menos valias nos teatros de operações, nomeadamente nos distritos de Vila Real, Viana do Castelo e Braga, onde se detectaram vários problemas por falta de pessoal e até em certos momentos alguma desorganização? No que diz respeito ao abuso no uso de contrafogo, não será necessário analisar profundamente o que se passa e reflectir se a estratégia utilizada está correcta? Não será útil avaliar o eventual reforço com as FEB, nas zonas com menos operacionais? Não seria importante a criação urgente de EIP s? Análise DECIF 2016 e propostas para o DECIF 2017, reunir só as estruturas da LBP, ou em conjunto com a ANPC? Estas são algumas das muitas questões que gostaria fossem reflectidas em conjunto e para as quais solicito a vossa opinião. Depois desta introdução, o Presidente do CE, Cte Jaime Marta Soares, abriu a discussão, assim: Usou da palavra o Vogal do CE, Dr. Rama da Silva, para referir que genericamente concorda com a síntese feita pelo Presidente do CE, Cte Jaime Marta Soares. Tem conhecimento, por contactos com vários operacionais, que lhe vão transmitindo o que se passa nos teatros de operações. Usou da palavra o Vogal do CE, Cte José Morais, para referir que o ataque inicial necessita de um reajustamento, concorda com o Presidente relativamente às áreas de risco, que em ataque ampliado é necessário aprofundar e reestruturar para evitar o desguarnecer nas áreas e que o sistema de gestão de operações tem necessidade de reajustamentos. Usou da palavra o Vogal do CE, Tenente Coronel Sebastião Fernandes, para referir falta planeamento, comando e controle da ANPC no teatro de operações.
3 Liga dos Bombeiros Portugueses 3 Usou da palavra o Vogal do CE, Cte Mário Cerol, para referir que falta ordenamento e prevenção, que concorda com a posição defendida pelo Presidente relativamente ao ataque inicial e que o DECIF apresentou pontos fracos, uma vez que foram feitas mobilizações sem articulação, pelo que se verificou em alguns sítios pessoal em excesso e outros em falta. Referiu também que existe falta de planeamento nas Câmaras Municipais. Apresentou aos restantes membros um documento escrito relativo à sua análise sobre o DECIF 2016, o qual se transcreve aqui: Portugal foi mais uma vez fustigado de Norte a Sul e Região Autónoma da Madeira, por uma vaga devastadora de incêndios Rurais/Florestais, mantendo-se como é habitual um grande número de ignições a Norte do Mondego. No meu entender e porque não vale a pena estarmos sempre a repetir, que não existe prevenção, não existe ordenamento florestal, é definitivamente a hora de responsabilizar quem tem essa competência e não a executa ou a faz executar. É certo, que nas horas de maior aflição, todas as culpas são atribuídas ao combate, todos sabemos que assim o é, no entanto o combate, com algumas falhas ou erros, penso que foi o único pilar do Plano de Defesa da Floresta que mais evoluiu nos últimos anos e consegui manter o seu ponto de equilíbrio, sendo hoje estável e organizado. Passo a indicar o que no meu entender foram os pontos fracos no DECIF 2016: Pontos fracos no Decif 2016: Desorganização e desorientação de alguns Comandos Distritais da ANPC e do próprio Comando Nacional (Mobilização de Grupos de forma pouca cuidadosa, Montagem de Posto De Comando com falhas graves de organização, por vezes mal posicionados). Falta de Planeamento, organização e preparação de alguns Serviços Municipais de Protecção Civil, falta de activação do Plano de Emergência Municipal, sendo qua alguns deles não são primários nesta situação, mas não demonstram ter aprendido com o passado recente. Falta de disponibilidade ou contratualização de alguns SMPC de máquinas de rastos, equipamentos estes cada vez com mais importância na resolução dos incêndios e na consolidação da fase de rescaldo. Alguma tendência da imagem de coitadinhos dos bombeiros, o que transmite uma mendicidade não desejável nem necessária. A falta de disponibilidade de efectivos em alguns Corpos de Bombeiros, o que se reflecte no combate, em que muitos elementos estão elevadas horas nos TO por não existirem rendições ou mais pessoal.
4 Liga dos Bombeiros Portugueses 4 Gruata, o que se denominava Grupo de Ataque Ampliado, para mim é hoje um Gruresco ou seja Grupo de Rescaldo Continuado, sendo esta outra falha da ANPC, que utilizou estes Grupos constantemente em rescaldo ou vigilâncias, em áreas em que como referi anteriormente, existem dificuldades em ter Bombeiros disponíveis, no entanto desvirtuaram a essência do Gruata, provocando um enorme esforço, desgaste físico e psicológico nos bombeiros que integram estes Grupos, alguns deles afirmando que se encontram desmotivados e que não pretendem integral mais os mesmos, também a logística a estes Grupos deixou em claro a falta de planeamento existente. O desgaste também provocado nos veículos, falta de manutenção e as viagens longas, também são um aspecto a ter em consideração pela negativa nesta análise. A logística, se nalguns casos pecou por excesso, provocado pelo mediatismo e pelos apelos lançados, nalguns TO foi insuficiente, mal organizada e planeada, mas continuo a afirmar que existe uma evolução nesta área. Ainda a ingestão de bebidas alcoólicas, é uma realidade junto dos Bombeiros mais velhos, ao contrário dos bombeiros mais novos, o que é um bom sinal de evolução. Nos Bombeiros de 3ª, sente-se falta de contacto com o fogo, muitos deles são lançados para estes incêndios de grandes dimensões, sem nunca ter tido outra experiência anterior, mostrando-se assustados, ansiosos e mesmo em pânico, é urgente que se reveja a legislação e que a partir dos 16 anos deixem estes elementos cheirar o fumo, guarnecendo Veículos tanques, acompanhando os mais velhos, aprendendo como se faz e treinando em pequenos TO, era assim no passado. O uso abusivo, sem autorização, e de forma completamente anárquica por parte de alguns bombeiros do fogo táctico independentemente da categoria, provocando em muitos incêndios a sua progressão. Pontos Fortes Decif 2016: Boa resposta por parte dos Bombeiros Portugueses, sempre presentes, com mais ou menos dificuldades, mas demonstrando ser o único agente de protecção civil 24 horas nos TO e com 100% eficácia. Embora alguns tenham ocorrido, tivemos menos acidentes graves com bombeiros e veículos. Utilização do EPI, transmitimos boa imagem e o nosso pessoal embora não goste do EPI, por diversas deficiências, utilizou o mesmo dentro das limitações das quantidades existentes. A segurança, é um conceito que já entrou no pensamento dos nossos Bombeiros, no entanto por vezes é levado a um certo exagero, que nos enfraquece no combate, mas felizmente notase tanto na utilização dos EPI, como no cuidado na colocação de veículos e reconhecimento
5 Liga dos Bombeiros Portugueses 5 aos TO, mais preocupação e cuidado, sendo também fruto da evolução da formação dos bombeiros portugueses. Pagamentos a tempo e horas ao DECIF, o que continua a ser uma medida importante e deve continuar a ser respeitada. Posição privilegiada em que nos encontramos perante a sociedade, em consequência do excelente trabalho realizado pelos nossos Bombeiros e Bombeiras, o que nos permite e abre a grande janela de oportunidade, para mais do que nunca lutarmos por uma estrutura autónoma de Bombeiros. Usou da palavra o Vice-presidente do CE, Dr. Gil Barreiros, para referir que tem pouca apetência para falar destes assuntos, a sua óptica é a de espectador, no entanto reconhece o bom trabalho dos Bombeiros, sabe que houve falhas mas não as identifica. Usou da palavra o Vice-presidente do CE, Prof. Miranda, que apresentou a todos os membros as seguintes notas, por si elaboradas, relativas aos fogos florestais: Identificar e elencar as situações anómalas que resultaram da coordenação das operações de combate aos fogos florestais nos períodos considerados críticos; Avaliar a informação oficial transmitida nos comunicados de imprensa em cada momento e a veracidade da realidade a que os mesmos se referiam; Quantificar o número de viaturas que ficaram inoperacionais durante as operações e se possível quantificar o custo da sua recuperação; Quantificar, nos eventos de combate mais significativos, o número de operacionais e viaturas pertencentes ao dispositivo e o número de operacionais e viaturas não pertencentes ao dispositivo; Quantificar, por aproximação e em média, o número de horas de trabalho seguidas, prestadas pelos operacionais nos eventos com duração superior a 24 horas; Avaliar em termos globais a prestação das autarquias no cumprimento das responsabilidades que lhe estão atribuídas por lei e identificar as que disponibilizaram equipamentos pesados para o combate e consolidação dos incêndios como por exemplo máquinas de rastos; Analisar, comparativamente a um dos últimos anos com condições meteorológicas e número de incêndios parecido com o ano corrente, e aferir, em função das áreas ardidas, o resultado dos investimentos feitos ao nível da formação, da primeira intervenção, da coordenação e do comando; Avaliar os elementos do comando que nos TO foram solicitados a prestarem informações à comunicação social (postura, conhecimento, imagem, qualidade da mensagem, etc, etc.); Avaliar os EPI ao nível do seu comportamento funcional, características ignífugas e de respiração não deixando de ter em conta o parecer de quem os utiliza; Desde já dar inicio à listagem dos princípios e matérias necessárias à elaboração do caderno de encargos imprescindível à contratualização a negociar e estabelecer com o Poder Central e Local.
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