Atividade antifúngica de óleo essencial de Laranja em sementes de Feijão-Jalo (1).

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1 Atividade antifúngica de óleo essencial de Laranja em sementes de Feijão-Jalo (1). Dara Chaves Paixão (2) ; Dione Joaquim Pereira (2) ; Talita Maia Freire (2) ; Gabriela de Morais Carvalho (3) ; Dara Chaves Paixão (2) ; Flavia Fernandes Ribeiro de Miranda (4). (1) Trabalho executado com recursos próprios; (2) Discentes do Curso de Engenharia Agronômica; Universidade Estadual do Tocantins- UNITINS; Palmas, Tocantins; dara.passion@gmail.com, dionejoaquim@gmail.com, talitamaiafreire@gmail.com; (3) Discente do Curso de Agronomia da Católica do Tocantins; Palmas, Tocantins. bibimorais_@outlook.com; (4) Docente do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Tocantins- UNITINS; Palmas, Tocantins; flavia.fr@unitins.br. RESUMO: O feijão-jalo é cultivado principalmente por agricultores familiares, o que faz com que a cultivar seja de grande importância, pois a sua produção é responsável por abastecer o mercado interno, gerando renda e emprego para a população local. O objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia do óleo essencial de laranja (Citrus sinensis var. dulcis), visando observar a sanidade das sementes de feijão da variedade Jalo contra fungos. As sementes de feijão foram tratadas com óleo essencial de laranja. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial (6x5), com 6 doses (tratamento controle (0%) 0 µl/ml; (5%) 5 µl/ml, (10%) 10 µl/ml, (15%) 15 µl/ml, (20%) 20 µl/ml e (100%) 100 µl/ml), 5 incidências fúngicas (Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Sclerotinia sp., Penicillium sp e sementes sadias) com 5 repetições. Para análise da qualidade sanitária das sementes foi adotado o método de incubação em Gerboxes contendo dupla camada de papel-filtro umedecida com ADE, sob temperatura de 20 ±2 ºC, por 7-8 dias. Diversas espécies fúngicas foram encontradas nas sementes, sendo que os fungos Aspergillus flavus (72%) e Sclerotinia sp.(22%),foram os que apresentaram maior infestação e os fungos Penicillium spp. (13%) e Aspergillus niger (9%) os que apresentaram menor infestação, sementes sadias (16%). O óleo essencial de laranja apresentou efeito significativo e conforme a concentração do produto aumenta na solução, aumenta a eficácia de controle de patógenos na semente, sendo que a concentração de (100%) apresentou o melhor resultado se comparada com as demais. Palavras chave: Citrus sinensis var. dulcis; sanidade de semente; Phaseolus vulgaris L.. INTRODUÇÃO O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos principais grãos produzidos no Brasil, onde desempenha importante papel nutricional e socioeconômico, principalmente para as populações de baixa renda, a variedade Jalo é uma das mais cultivadas dentro da agricultura familiar, tanto para consumo próprio como para o comércio, além disso, o feijão é rico em proteínas, vitaminas e minerais (Leite et al., 1

2 2009). Em todo o ciclo, o feijoeiro pode ser afetado por inúmeras doenças, causadas principalmente por fungos, bactérias e frequentemente por vírus e nematoides. Muitos dos patógenos causadores de doenças no feijoeiro podem ser transmitidos e ou transportados pelas sementes, dessa forma, as sementes constituem-se em importantes veículos de disseminação ou introdução de patógenos. Sementes de feijão contaminadas podem introduzir patógenos ainda inexistentes numa região, ou ainda introduzir uma raça de um patógeno que venha a provocar danos consideráveis à cultura (Ito, 2003). De acordo com Machado (2012) quando presente na semente, os patógenos podem resultar em abortos, deformações, descoloração da casca, o que leva sempre a redução do potencial germinativo e vigor das sementes e, quando alocadas no campo resultarão em estandes de plantas desuniformes com baixa ou nenhuma produção. Assim, a utilização de sementes de boa qualidade sanitária é o primeiro passo no momento de implantação de uma lavoura produtiva. O tratamento de sementes normalmente é realizado por meio de fungicidas sintéticos com diferentes princípios ativos; contudo, novos princípios ativos são constantemente estudados, entre eles os provenientes de fonte natural, como os extratos vegetais e os óleos essenciais (Hillen et al., 2012; Christian; Goggi, 2008). Os óleos essenciais, obtidos por intermédio de diferentes processos a partir de matéria-prima vegetal, são composições de substâncias com diferentes funções químicas, tais como aldeídos, álcoois, fenóis, cetonas, etc. (Sell, 2010). O potencial antifúngico de alguns óleos essenciais diante de diferentes fungos patogênicos existentes no ambiente agrícola tem sido bastante avaliado, mostrando que muitos apresentam excelente atividade antifúngica (Pauli & Schilcher, 2010). O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do óleo essencial de laranja na sanidade de sementes de feijão da variedade Jalo contra fungos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no laboratório de Fitopatologia, localizado no Complexo de Ciências Agrárias CCA da Universidade Estadual do Tocantins UNITINS localizado no Município de Palmas TO, com coordenadas geográficas de latitude Sul, de longitude Oeste e altitude média de 330 m. Foram utilizadas no experimento sementes de feijão da variedade Jalo adquirida de produtor rural do município de Estreito- MA. No tratamento das sementes foi utilizado óleo essencial de laranja obtido comercialmente em casa de produtos naturais. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial (6x5), com 6 doses (tratamento controle (0%) 0 µl/ml; (5%) 5 µl/ml, (10%) 10 µl/ml, (15%) 15 µl/ml, (20%) 20 µl/ml e (100%) 100 µl/ml), 5 incidências fúngicas (Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Sclerotinia sp., Penicillium sp e sementes sadias) com 5 repetições. Nas cinco primeiras doses a aplicação foi de forma diluída, onde as sementes foram tratadas com óleo essencial diluído em água destilada (com auxílio de Tween 20), já na dose 100 µl/ml a aplicação utilizada para o tratamento das sementes foi com o óleo essencial puro, sem diluição. Para a avaliação da sanidade das sementes procedeu a metodologia descrita por Brasil (2009b), as sementes foram dispostas individualmente sobre camada de papel filtro umedecido (3 discos sobrepostos), mantendo uma distância de 1-2 cm entre as sementes, no interior de recipientes plástico do tipo Gerboxes transparente para permitir a passagem integral de luz incidente. Os recipientes com as sementes foram mantidas em câmaras do tipo BOD com fotoperíodo de 12 horas pelo período de 7-8 dias a temperatura de 20 ± 2ºC, utilizando 250 sementes por tratamento. As sementes foram avaliadas individualmente, inicialmente foi feito uma avaliação a olho nu, para realizar o reconhecimento da morfologia, coloração das colônias fúngicas e a presença de corpos de frutificação, em seguida foi realizada avaliação com auxílio de um estereomicroscópio a resolução de 30-80x, pela ocorrência de frutificação típica do crescimento de fungos. 2

3 Os dados obtidos nos diferentes tratamentos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e transformados em x x e as médias comparadas pelo teste Tukey (p < 0,05). As análises foram realizadas no software estatístico ASSISTAT (Silva & Azevedo, 2016). RESULTADOS E DISCUSSÃO O maior percentual de incidência de fungos associados às sementes de feijão-jalo (Tabela 1), foram representados por Aspergillus flavus (72%) e Sclerotinia sp.(22%), e de menor incidência pelos fungos Penicillium spp. (13%) e Aspergillus niger (9%). A alta incidência de Aspergillus sp. provavelmente se deve ás condições de armazenamento (temperatura ambiente) das sementes que predispõe ao ataque destes fungos (Mondego et al., 2014). Considerados fungos de armazenamento, estes causam deterioração das sementes, resultando na redução da germinação e vigor, apodrecimento, modificação da cor e enrugamento das sementes, além de produzirem micotoxinas que são tóxicas para homem, animais e plantas (Riverberi et al., 2010). Tabela 1. Incidência de fungos em sementes de feijão Jalo, tratadas com óleo essencial de Laranja. Incidência Fúngica Concentração (%) Aspergillus Aspergillus Sementes Sclerotinia sp. Penicillium sp. niger flavus Sadias Testemunha 2,91 ab 6,07 aa 5,41 aa 2,84 abb 2,40 bb 5 2,22 abcd 6,36 aa 4,37 ab 3,57 abc 1,73 bd 10 2,34 abb 6,36 aa 2,42 bb 1,85 bcb 2,01 bb 15 2,00 abb 6,63 aa 1,56 bb 1,90 bcb 1,88 bb 20 1,47 abb 6,14 aa 1,88 bb 2,35 abcb 1,16 bb 100 1,16 bb 3,74 ba 1,64 bb 1,20 cb 4,99 aa As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Valores em uma mesma linha, seguidos por letras maiúsculas idênticas não diferem entre si ao nível de 5 % pelo teste Tukey, enquanto valores em uma mesma coluna, seguidos por letras minúsculas idênticas não diferem entre si ao nível de 5 % pelo teste Tukey. Na Tabela 1, observa-se que na dose de (100%) todos os fungos tiveram uma diminuição de infestação exceto para o fungo Sclerotinia sp., para os fungos Aspergillus niger e Aspergillus flavus apenas a dose de (100%) teve efeito significativo, sendo que as demais não se diferenciou da testemunha, no fungo Sclerotinia sp. as doses de (10%, 15%, 20% e 100%) tiveram efeito significativo, já á dose de 5% não teve efeito antifúngico, as doses (10%, 15%, 20% e 100%) apresentou efeito significativo na incidência do fungo Penicillium sp., sendo que a dose de (100%) foi a que apresentou o melhor resultado, nas sementes sadias, apenas a dose de 100% apresentou efeito significativo, onde obteve-se o maior numero de sementes sadias. Resultados divergentes foram descritos por Barreto et. al. (2016), onde diz que houve aumento na incidência de A. niger e Penicillium sp. na maior concentração de óleo essencial de andiroba (2%) e copaíba (2%), no tratamento de Vigna unguiculata L. Walp. Resultados semelhantes foram descritos por Gomes et. al. (2016), onde foi observado efeito significativo (p<0,05) entre as concentrações dos óleos essenciais de copaíba, cravo-da-índia e manjericão em dose na concentração de (2%), no tratamento de Phaseolus lunatus L. CONCLUSÕES O presente trabalho demonstrou que o Óleo Essência de Laranja, apresentou bons resultados no controle de fitopatógenos em sementes de feijão-jalo no controle de fungos, mostrando que conforme a concentração do produto aumenta na solução, aumenta a eficácia de controle de 3

4 patógenos na semente, sendo que a concentração de (100%) apresentou o melhor resultado se comparada com as demais. Porém, é de extrema importância que sejam feitos mais estudos com esse produto, visando aumentar o seu uso, nessa e em outras culturas agronômicas. AGRADECIMENTOS Ao produtor Ilmar Teles Paixão, pela cessão das sementes, ao laboratório de Fitopatologia no Centro de Ciências Agrarias CCA da Universidade Estadual do Tocantins UNITINS e pelo acompanhamento da professora mestra Flavia Fernandes Ribeiro de Miranda por auxiliar no desenvolvimento do experimento. REFERÊNCIAS BARRETO, G. G.; FARIAS, O. R.; DUARTE, I. G.; SOUZA, B. O.; NASCIMENTO, L. C. Óleos Essenciais Sobre A Sanidade De Sementes De Feijão Macassar (Vigna unguiculata L. Walp). I Congresso Internacional da Diversidade do Seminário-CONIDIS. Campina Grande: BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Manual de análise sanitária de sementes. Brasília: MAPA/ACS, 2009b. 200p. CHRISTIAN, E.J.; GOGGI, A.S. Aromatic plant oils as fungicide for organic corn production. Crop Science, v.48, p , GOMES, R.S.S.; NUNES, M.C.; NASCIMENTO, L.C.; SOUZA, J.O.; PORCINO, M.M. Eficiência de óleos essenciais na qualidade sanitária e fisiológica em sementes de feijão-fava (Phaseolus lunatus L.). Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.18, n.1, supl. I, p , HILLEN, T.; SCHWAN-ESTRADA, K.R.F.; MESQUINI, R.M.; CRUZ, M.E.S.; STANGARLIN, J.R.; NOKAZI, M. Atividade antimicrobiana de óleos essenciais no controle de fitopatógenos fúngicos in vitro e no tratamento de sementes. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.14, n.3, p , ITO, M. F.. CASTRO, J. L., MENTEM, J. O. M., MORAES, M. H. D. Importância do uso de sementes sadias de feijão e tratamento químico. O Agronômico, Campinas, 55(1), LEITE, U. T., ARAÚJO, G. A. A., MIRANDA, G. V., VIEIRA, R. F., PIRES, A. A. Influência do conteúdo de molibdênio na qualidade fisiológica da semente de feijão: cultivares Novo Jalo e Meia Noite. Viçosa: Ceres, p MACHADO, J.C. Patologia de Sementes: Significado e Atribuições. In: CARVALHO, Nelson Moreira de; NAKAGAWA, João. Sementes: Ciências, Tecnologia e Produção. Jaboticabal: Funep, p MONDEGO, J.M. et al. Controle alternativo da microflora de sementes de Pseudobombax marginatum com óleoessencial de copaíba (Copaifera sp.). Bioscience Journal, Uberlândia, v. 30, n. 2, p , PAULI, A.; SCHILCHER, H. In vitro antimicrobial activities of essential oils monographed in the European pharmacopoeia 6th edition. In: Base, K.H.C.; BUCHBAUER, G. (Ed.). Handbook of essential oils, science, technology and applications. Boca Raton, FL: CRC Press, p RIVERBERI, M. et al. Natural functions of mycotoxins and control of their biosynthesis in fungi. Applied Microbiology and Biotechnology, v.87, p ,

5 SILVA, F. de A. S. e.; AZEVEDO, C. A. V. de. The Assistat Software Version 7.7 and its use in the analysis of experimental data. Afr. J. Agric. Res, v.11, n.39, p , SELL, C. Chemistry of essential oils. In: Base, K.H.C.; BUCHBAUER, G. (Ed.). Handbook of essential oils, science, technology and applications. Boca Raton, FL: CRC Press, p