TERMOGRAFIA NO MEMBRO PÉLVICO DE CÃES SOB TERMOTERAPIA SUPERFICIAL PELVIC LIMB THERMOGRAPHY OF DOGS UNDER SUPERFICIAL THERMOTHERAPY

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1 1 TERMOGRAFIA NO MEMBRO PÉLVICO DE CÃES SOB TERMOTERAPIA SUPERFICIAL PELVIC LIMB THERMOGRAPHY OF DOGS UNDER SUPERFICIAL THERMOTHERAPY Samyla Paiva de ALBUQUERQUE 1 ; Ariel de AGUIAR 2 ; Orimacelio da Costa MARTINS 3 ; Mayara Marques Pereira FERNANDES 4 ; Mirlane da Silva SANTOS 5 ; Soraia Figueiredo de SOUZA 6 e Lorena Oliveira da SILVA 7 1 Discente do Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia Ocidental, Universidade Federal do Acre, samyla@hotmail.com 2 Estudante de graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Acre 3 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Acre 4 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Acre 5 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Acre 6 Docente do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Universidade Federal do Acre 7 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Acre Resumo: Objetivando-se avaliar a resposta da utilização da termoterapia superficial durante 10 minutos no membro pélvico, cinco cães adultos, hígidos, machos e fêmeas de raças variadas, foram submetidos à termografia para avaliação da temperatura superficial. Em todos os animais foi realizado o tratamento com a bolsa térmica aquecida a 43 C durante 10 minutos e a avaliação foi realizada com o auxílio da câmera infravermelha antes do procedimento (controle), imediatamente após o tratamento e a cada minuto, no tempo de 30 minutos. A temperatura elevou-se de 3,6 a 5,1 C imediatamente após a avaliação, com posterior redução após 3 minutos, mas permaneceu superior aos valores iniciais durante os 30 minutos de avaliação em 80% (4/5) dos cães. Diante disso, foi possível concluir que a termoterapia superficial com auxílio de bolsa térmica aquecida a 43 C promoveu aquecimento superficial no membro pélvico de cães. Palavras-chave: Bolsa quente, Calor, Cão, Fisioterapia. Keywords: Hot pack, Heat, Dog, Phisiotherapy. Introdução: A termoterapia consiste na aplicação ou retirada do calor corporal para fins terapêuticos (YENG et al., 2001). Também pode ser definida como a utilização de Anais do 38º CBA, p.1735

2 2 calor e/ou frio superficiais e o calor profundo como modalidades terapêuticas para o tratamento de doenças ou traumas, e pode ser utilizada empregando-se muitos métodos diferentes (MIKAIL; PEDRO, 2009; DRAGONE et al., 2014). O aumento ou diminuição da temperatura em um tecido varia de acordo com o tipo de agente físico utilizado, o tempo de exposição, a natureza do tecido e a localização (LIAPI; GERSCHWIND, 2007). O mecanismo de ação da terapia com o calor numa grande variedade de enfermidades é alvo de estudo de inúmeras publicações (FOESTER et al., 2005; ISMAIL-ZADE et al., 2005; AKTAS et al., 2007; TAKAHASHI et al., 2011), porém os mecanismos ainda não estão completamente elucidados e necessitam de maior investigação científica. A terapia com o calor pode ser utilizada após o término da fase inflamatória aguda do processo de cicatrização. O calor gera dilatação dos vasos cutâneos, melhora a extensibilidade dos tecidos conjuntivo e muscular, aumenta o limiar de dor e pode ser útil antes da realização dos exercícios, alongamentos e amplitude de movimentos (STEISS; LEVINE, 2008). Observou-se pequena quantidade de publicações que avaliam os efeitos dos diferentes métodos de aplicação de calor em cães, evidenciando uma lacuna que precisa ser preenchida na literatura neste campo de conhecimento. Além disto, este estudo poderá servir como base para a formulação de diferentes protocolos, uma vez que atualmente os mesmos muitas vezes são prescritos empiricamente ou com base em outras espécies de animais ou humanos. Metodologia e Métodos: O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do Acre. Foram utilizados cinco cães adultos, hígidos, machos e fêmeas e de raças variadas de grande porte, com massa corpórea entre 20 e 40 kg. Um dia antes do início dos tratamentos, os animais foram encaminhados à Unidade de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária (UV) da Universidade Federal do Acre (UFAC) para realização de tricotomia na região média da face lateral do membro pélvico direito com área delimitada de 8cm 2. Após 24 horas, os mesmos foram encaminhados novamente à UV, onde foram alocados em canis individuais em sala climatizada a temperatura aproximada de 24 C. Os animais Anais do 38º CBA, p.1736

3 3 permaneceram em canis durante o período mínimo de 60 minutos, para que os fatores como estresse e transporte não interferissem na avaliação da temperatura corpórea. Todos os animais foram submetidos ao tratamento com bolsa térmica. Foi realizada uma avaliação antes do procedimento (controle), imediatamente após o tratamento e a cada um minuto, até o tempo de 30 minutos com câmera infravermelha modelo Flir Systems AB (Flyr ), através da captura de imagens. Na condução da sessão de termoterapia os seguintes passos foram seguidos: a bolsa térmica foi aquecida a temperatura entre 43±1 C em banho maria e a temperatura foi confirmada com auxilio da câmera infravermelha. Após a aferição da temperatura, o membro foi protegido por uma compressa cirúrgica com o objetivo de evitar possíveis queimaduras no animal. A bolsa térmica foi mantida por um período de 10 minutos. Após o término do período de avaliação, as imagens captadas foram analisadas com auxílio de software computacional Fir Tools, que permitiu aferir a temperatura média na área selecionada. Resultados e Discussão: A utilização da bolsa térmica promoveu aquecimento superficial do membro pélvico em todos os cães. A temperatura média dos animais antes do procedimento foi de 35,75 C. Imediatamente após o tratamento, a média das temperaturas elevou para 39,98 C. O aumento da temperatura variou entre os cães de 3,6 a 5,1 C. No decorrer das avaliações verificou-se que 4 dos 5 cinco cães (80%) permaneceram com a temperatura superior à inicial durante os trinta minutos de avaliação. O outro animal era idoso e apresentava sobrepeso. Neste animal a temperatura elevou, mas voltou ao normal rapidamente e no decorrer da aferição caiu drasticamente, ao contrário dos outros que suas temperaturas continuaram superiores as iniciais no decorrer dos 30 minutos, não retornando a sua normalidade. Este fato pode ser explicado porque o excesso de tecido adiposo atuou como isolante térmico, impedindo a penetração do calor. De acordo com ARAÚJO (2006), a temperatura dita como terapêutica está no intervalo entre 40 C e 45 C, porque somente nesta temperatura ocorreria o controle da reação inflamatória e a dor em seus estágios subagudos e crônicos Anais do 38º CBA, p.1737

4 4 favorecendo a cura dos tecidos, reduzindo edemas e equimoses, melhorando a amplitude de movimento, reduzindo contraturas articulares e promovendo a drenagem de uma área infectada. Neste estudo, três animais (60%) apresentaram temperaturas superiores a 40 C com a utilização da bolsa térmica aquecida a 43 C. Conclusão: A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que a administração de bolsa térmica como termoterapia superficial promoveu aquecimento superficial no membro pélvico de cães. Referências: AKTAS, M., et al. Concomitant radiotherapy and hyperthermia for primary carcinoma of the vagina: a cohort study. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, v. 133, n. 1, p , ARAÚJO, L. M. Fisioterapia equina: termoterapia, modalidades de frio e de calor utilizadas no tratamento e na reabilitação de equinos. Revista Acadêmica: Ciência Animal, Curitiba, v.4, n.4, p , out./dez DRAGONE, L., et al. Superficial thermal modalities. In: MILLIS, D., LEVINE, D. (Eds.). Canine rehabilitation and physical therapy. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; p , FOESTER J., et al. Infrared-mediated hyperthermia is effective in the treatment of scleroderma-associated raynaud s phenomenon. Journal of Investigative Dermatology, v. 125, p , ISMAIL-ZADE, R. S., et al. Whole body hyperthermia in adjuvant therapy of children with renal cell carcinoma. Pediatric Blood & Cancer, v. 44, n. 7, p , LIAPI, E., GESCHWIND, J.F. Hyperthermia description of a method and a review of clinical applications. Reports of Practical Oncology Radiotherapy, v. 12, n. 5, p , MIKAIL, S.; PEDRO, C. R. Fisioterapia Veterinária. 2. ed. Sao Paulo: Manole STEISS, J. E.; LEVINE, D. Modalidades de agentes físicos. In: LEVINE, D.; MILLIS, D. L.; MARCELLIN-LITTLE, D. J., TAYLOR, R. (Eds.). Reabilitação e fisioterapia na prática de pequenos animais. São Paulo: Roca, p , Anais do 38º CBA, p.1738

5 5 TAKAHASHI, K., et al. The effects of radiofrequency hyperthermia on pain and function in patients with knee osteoarthritis: a preliminary report. Journal of Orthopaedic Science, v. 16, n. 4, p , YENG, L. T., et al. Medicina física e reabilitação em doentes com dor crônica. Revista de Medicina, v. 80, n. 2, p , Anais do 38º CBA, p.1739