A Influência da Informática no Desempenho dos Alunos na Disciplina de Matemática

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1 4ª Jornada Científica e Tecnológica e 1º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 16, 17 e 18 de outubro de 2012, Muzambinho MG A Influência da Informática no Desempenho dos Alunos na Disciplina de Matemática Henrique Borges Moraes¹, Mayara de Carvalho Macedo 2 e Luciano Pereira Carvalho 3 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Campus Machado, Machado/MG, 1 rick.mbh@hotmail.com, 2 mayaracmacedo@gmail.com 3 lucianop@mch.ifsuldeminas.edu.br Introdução As novas tecnologias surgiram da necessidade do homem de tornar o mundo mais dinâmico e eficiente e a área da informática tem se desenvolvido de forma constante e acelerada. A disputa tecnológica tem se tornado o principal objetivo das grandes nações. E de certo modo, todos são atingidos pelas constantes mudanças ocorridas no mundo moderno. Nos assuntos relacionados à Matemática, a Informática possui uma estreita relação com os cálculos. A forma de integração entre Informática e Matemática possui inúmeras vertentes, ficando a critério do profissional da educação escolher qual delas irá seguir, mas uma boa parte das opiniões engloba os softwares matemáticos e os jogos computacionais que envolvem situações matemáticas concretas. Com base nestas informações, realizou-se uma pesquisa de campo na Escola Estadual Paulina Rigotti de Castro, na cidade de Machado MG, afim de analisar se a informática tem influenciado o desempenho dos alunos desta instituição. Material e Métodos Inicialmente foram aplicados questionários para alunos e professores da Escola Municipal Paulina Rigotti de Castro. Na sequencia foi feita uma análise de desempenho escolar através de dados fornecidos pela secretaria da escola, referente ao ano de Com base nessas informações foram elaborados jogos matemáticos confeccionados pelos alunos participantes do PIBID-Computação, os materiais utilizados na confecção variavam podendo ser encontrados em: madeira, cartolina, EVA, papelão, isopor, etc. Após finalização da confecção, os jogos foram aplicados aos alunos durante período letivo. A etapa seguinte foi a de observação dos alunos durante as aulas. Finalizando com o teste prático com alunos diante do computador, para avaliar seu raciocínio lógico. Nesta etapa, foi realizado teste em programas básicos como editores de texto, geradores de planilha eletrônica e alguns jogos educativos que remetiam àqueles aplicados anteriormente em sala de aula.

2 Resultados e Discussão O artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 (LDB) diz que a introdução das novas tecnologias deve fazer parte dos currículos das escolas públicas do País, bem como discussão crítica dos meios de comunicação social. Esse processo perpassa, obrigatoriamente, pela necessidade de explorar os diversos meios como: a televisão, o rádio, o jornal, o vídeo, a revista, o computador, o teatro, o fax, os softwares educacionais. Segundo Valente, quando o computador é usado para passar a informação ao aluno, o computador assume o papel de máquina de ensinar, e a abordagem pedagógica é a instrução auxiliada por computador. Geralmente os softwares que implementam essa abordagem são os tutoriais, os software de exercício/prática e os jogos. Nos jogos educacionais a abordagem pedagógica utilizada é a exploração livre e o lúdico ao invés da instrução explícita e direta (Valente, 1993a). Portanto, saber se o corpo docente da instituição compartilhava da mesma linha de pensamento ou se tinha outro em particular, foi necessária a aplicação de questionários entre eles. Além dos docentes, um segundo questionário foi desenvolvido para os discentes, onde foram avaliadas suas preferências e opiniões quanto ao uso do computador enquanto ferramenta auxiliar na aprendizagem. Após aplicação dos questionários, todos os dados foram tabulados, pois desta forma ficaria mais fácil identificar os pontos principais da pesquisa. O questionário destinado aos alunos, continha perguntas relacionadas aos aspectos sociais e econômicos e perguntas diretamente relacionadas à computação. Dentre as perguntas relacionadas à computação, observamos que dos 262 alunos entrevistados, 248 afirmam saber utilizar o computador enquanto apenas 15, afirmaram não saber ou não mostraram interesse. Dentre os alunos que sabem utilizar o computador e o utilizam como ferramenta auxiliar na educação, 163 declararam ter um desempenho considerado bom/ótimo na disciplina de matemática contra 99 que afirmam estar entre ruim e regular. Papert (apud Niquini, 1996: 43), um dos grandes pensadores sobre a importância da informática no ensino, afirmou que: O saber informático abre uma nova estrada: o desenvolvimento do uso do computador, a sua difusão capilar na sociedade, o nascimento de novas ciências ligadas aos estudos sobre a inteligência artificial, a utilização prática das novas linguagens, particularmente potentes, nos permitirão de fato esperar num futuro onde a relação aluno e computador causará o nascimento de um novo ambiente pedagógico, totalmente independente da escola e de toda forma de burocracia, de controle e de programas.

3 As idéias de Papert remetem à importância dessa ferramenta na educação. Para tanto, a escola precisa difundir o uso do computador e criar uma cultura sobre a importância do uso do computador pelo professor como ferramenta didática (SANTOS, 2009). Apesar de toda a facilidade em se ter acesso a um computador, nem todos os alunos ainda tem esta oportunidade, visando estes alunos que não dominam ou não tenham contato com a máquina, foram elaborados os jogos educativos, pois desta forma todos teriam acesso de forma igualitária. É unânime entre as opiniões dos alunos que os jogos facilitam o entendimento de uma matéria vista em sala de aula, pois conseguem desta forma conseguem aprender brincando. Este recurso torna a aula mais divertida e prazerosa, e prende mais a atenção dos mesmos. Porém, é importante enfatizar que os jogos devem ser aplicados sempre na presença de um professor que faça o intermédio entre brincar e aprender. Todas as atividades devem ser supervisionadas por algum profissional da educação afim de que não se perca o foco, que é o ensino. Com a pesquisa foi possível notar que mesmo alguns daqueles alunos que no início da pesquisa declaram não saber operar um computador, ou não possuir um, buscam ajuda de um colega, parente ou profissional na hora de realizar pesquisas e/ou atividades escolares. Hoje, os Tele-centros comunitários, Lan-houses e até mesmo as escolas são alternativas, para aqueles que não tem condições de comprar o próprio computador. Dos alunos entrevistados, 198 afirmam usar o computador em casa, na casa de amigos ou parentes, enquanto 55 deles, fazem uso em locais públicos como Tele-Centros, escola ou Lan-houses, e apenas 9 declararam não utilizar o computador em nenhum local. Após tabulação dos questionários aplicados aos alunos, aplicação de jogos e observação foi possível apontar as seguintes conclusões: Analisando os dados do ano de 2011, foram calculadas as médias de notas dos alunos na disciplina de matemática, onde podemos observar que as salas que apresentam bons resultados são também as salas onde a maioria dos alunos declarou utilizar o computador para realizar trabalhos e pesquisas.

4 Tabela 1: Média de notas dos alunos, na disciplina de matemática durante o ano letivo de 2011, separados por turmas/séries. Em destaque as notas de maior valor. MEDIA NOTAS DISCIPLINA MATEMÁTICA NO ANO DE 2011 Ensino Médio 6º ano verde 70,25 6º ano azul 64, 4 6º ano amarelo 62, 14 7º ano azul 60, 92 7º ano amarelo 59,7 7º ano verde 59,06 8º ano amarelo 63,65 8º ano verde 65,92 9º ano único 63,55 Ensino Médio 1º ano 67,14 2º ano 69 3º ano 66,11 Foram também estes alunos que apresentaram um melhor desempenho durante aplicação de jogos matemáticos que envolviam conhecimentos específicos e raciocínio lógico. Os gráficos abaixo representam esta análise: Figura 1: Gráfico comparativo entre o número de alunos que afirmam utilizar o computador para realização de seus trabalhos escolares, e alunos que não utilizam. Separados por turma/série.

5 Figura 2: Gráfico representando a média de notas das turmas com melhor desempenho na disciplina de matemática, no ano de Com base nos dados cedidos pela secretaria da Escola Estadual Paulina Rigotti de Castro, foi possível calcular a média anual das notas, dos alunos de nível fundamental e médio, na disciplina de matemática, no ano de Podemos observar que entre as turmas do nível fundamental, a do 6º ano verde, apresenta o melhor desempenho, com média igual a 70,25 pontos, enquanto as turmas 8º ano verde e 6º ano azul ficam com a segunda e terceira colocação, apresentando média igual a 65,92 e 64,41 pontos respectivamente. Em relação ao nível médio, a sala do 2º ano se destaca com a média final de 69 pontos, deixando para trás a turma do 1º ano com 67,14 e 3º ano com 66,11 pontos. Conclusões Nas salas onde os alunos possuem pouco domínio do computador ou fazem um uso mais limitado do mesmo, nota-se que o desempenho na disciplina de matemática, de um modo geral é inferior as salas onde o domínio do computador é maior. Durante a aplicação de jogos matemáticos e realização de teste prático com alguns alunos, foi possível concluir que mesmo não sabendo resolver o problema de imediato, os alunos com maior afinidade ao computador conseguiam sozinhos resolver os problemas depois de algumas tentativas, pois apresentavam um raciocínio lógico mais apurado, enquanto

6 os alunos com menos interesse ou falta de afinidade demoravam mais tempo ou acabavam desistindo. É necessário destacar três pontos importantes: O primeiro é que o computador deve ser usado como ferramenta auxiliar a aprendizagem e não como instrumento principal. O segundo ponto é que não é somente por ter domínio sobre o computador que os alunos vão melhor em determinada matéria, mas que seu uso enquanto ferramenta complementar ao ensino, desenvolve habilidades importantes como raciocínio lógico-matemático, muito utilizado na resolução de problemas diversos. O terceiro ponto ficaria por conta da estrutura da escola, pois a maioria destes alunos, têm muita vontade de aprender e se mostram muito interessados, porém necessitariam de um local adequado, como um laboratório de informática bem equipado e com professores treinados para auxiliá-los, pelo menos na fase inicial do processo de aprendizagem, para que depois fossem capazes de caminhar sozinhos. Agradecimentos A CAPES pelo fornecimento de bolsas e auxílio financeiro, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID. Referências Bibliográficas COX, Kenia Kodel. Informática na educação escolar Campinas, SP: Autores Associados, (Coleção polêmicas do nosso tempo, 87). OLIVEIRA, Ramon de. Informática educativa: Dos planos e discursos à sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1997; NIQUINI, Débora. Informática na educação: implicações didático-pedagógicas e construção do conhecimento. Brasília: Universidade Católica de Brasília, NOÉ, Marcos. A informática no ensino da matemática Equipe Brasil Escola. Disponível em: SANTOS, Ana Olívia dos. Informática na Educação Brasileira: instrumento de inclusão social, 2009; VALENTE, J.A - O uso inteligente do computador na educação - NIED UNICAMP. Editora Artes Médicas Sul Ano 1, Nº 1, pp19-21