SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE PARKIA PLATYCEPHALA BENTH. DORMANCY BREAK IN SEEDS OF PARKIA PLATYCEPHALA BENTH.

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1 SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE PARKIA PLATYCEPHALA BENTH. DORMANCY BREAK IN SEEDS OF PARKIA PLATYCEPHALA BENTH. Carolina de Sousa Santana, Maria da Conceição Sampaio Alves, Rodrigo de Carvalho Brito, Leonardo Morais Maia. Orientadora: Maria da Conceição Sampaio Alves Universidade Estadual do Piauí - UESPI Resumo- Diversas espécies vegetais possuem sementes que apesar de viáveis não germinam, estas se apresentam em estado de dormência e precisam de tratamentos especiais para germinar. Dentre estas se encontra a Parkia platycephala Benth mais conhecida como faveira, pertencente à família das fabaceaes, na qual possui diversas funções econômicas e medicinais, como o uso da madeira para tabuados, produção de lenha e carvão, suplementação alimentar de ruminantes, uso ornamental através do paisagismo e possuem sementes que apresentam propriedades terapêuticas por conter grande quantidade de lecitina, usadas no combate a processos infecciosos. O presente trabalho teve como objetivo determinar a metodologia mais eficiente para a superação da dormência em sementes de Parkia platycephala Benth. Estas foram submetidas a quatro tratamentos: escarificação com lixa, imersão em soda cáustica por 5 min, em água quente a 80 C por 5 min. E testemunha (controle). Os efeitos foram avaliados através da percentagem e velocidade de germinação. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Conclui-se que a causa mais evidente da dormência é a ipermeabilidade do tegumento; conclui-se que o tratamento mais eficaz para superar a dormência foi escarificação com lixa. Abstract Abstract-Several plant species have seeds that germinate while not viable, they present themselves in a state of dormancy and require special treatment to germinate. Among these is the Parkia platycephala Benth faveira known as belonging to the family Fabaceae, which has many functions in the economic and medical, Such as the use of wood for planking, wood and charcoal production, nutritional supplementation for ruminants, ornamental landscaping through and have seeds that have healing properties because it contains large amounts of lecithin, used to fight infections. This study aimed to determine the most efficient methodology to overcome dormancy of seeds of Parkia platycephala. These were

2 2 subjected to four treatments: scarification with sandpaper, immersion in caustic soda for 5 min in water at 80 C for 5 min. And control (control). The effects were evaluated through percentage, speed and time of germination. We used a randomized design with four replicates and means were compared by Tukey test at 5% probability. Introdução Atualmente o cerrado piauiense vem passando por um processo de degradação devido ao uso inadequado dos solos com a utilização de agrotóxicos, contaminação dos recursos hídricos e devastação de florestas, cujos processos prejudicam as relações entre a biodiversidade existente no local. O sistema de manejo sustentável através de agrofloresta representa um mecanismo eficiente para conservação de espécies nativas do cerrado, entre elas a Parkia platycephala Benth. conhecida popularmente como faveira ou fava de bolota. A faveira pertence à família das fabaceaes, é encontrado na região nordeste do país, transição do cerrado e mata atlântica para a caatinga em regiões elevadas de até 900m de altitude e também nas campinas da região amazônica (LORENZI, 2002). Esta espécie se destaca economicamente através do uso da madeira para caixotaria, tabuados, confecções de brinquedos, produção de lenha e carvão, suplementação alimentar de ruminantes, uso ornamental através do paisagismo e apresenta um importante uso medicinal através das sementes que possuem propriedades terapêuticas por conter grande quantidade de lecitina, usadas no combate a processos infecciosos. Entre os eventos que ocorrem no ciclo de vida das plantas, a germinação é um dos pontos mais críticos para o seu crescimento e desenvolvimento (METIVIER, 1986). É um fenômeno biológico que pode ser caracterizado como retomada do crescimento do embrião e consequente rompimento do tegumento pela radícula (LABOURIAU, 1983), precedido de diferentes fases fisiológicas, como reidratação, aumento da respiração, alongamento das células, divisão celular, crescimento e diferenciação dos tecidos (CASTRO e HILHOST, 2004). Porém, vários fatores impedem que esse processo ocorra, onde sementes mesmo em condições favoráveis não germinam, devido à dormência que segundo (RAMOS, 1981) pode apresentar diversas causas como: presenças de substâncias inibidoras, embriões imaturos e tegumentos impermeáveis à água e gases. Por outro lado a dormência é, geralmente, uma característica indesejável na agricultura, onde rápida germinação e crescimento são requeridos (TEDESCO ET. AL. 2001) e também para os viveiristas, cuja dormência acaba por gerar problemas como desuniformidade entre mudas, além de maior tempo de exposição às condições adversas, como a ação de pássaros insetos, doenças, além de maior risco de perca de sementes por deterioração (EIRA ET. AL, 1993; CARVALHO, 1994). Segundo (BRYANT, 1989), os fatores ambientais envolvidos na quebra da dormência são: luz, temperatura baixa, temperatura alta, fogo e água. A água fervente é um tratamento físico usado para quebrar a dormência de sementes de leguminosas, mas os resultados obtidos com a sua utilização tem sido

3 3 contraditórios. Este tratamento é recomendado por Murakami (19976) para Delonix regia (flamboyant); por Bianchetti & Ramos (1981); e Cândido et. al. (1981); para Schyzolobium parahybum (guapuruvu). Contrariamente, Bianchetti & Ramos (1981) com Peltophorum dubium (Canafístula); Carpanezzi & Marques (1981) com Hymenaea courbaril (jutaí-açu) e H. parvifolia (jutaí-mirim) e Cândido et. al. (1982) com Enterolobium contortisiliquum (Orelha de negro), não obtiveram resultados satisfatórios com este tratamento. A escarificação mecânica com lixa tem sido utilizada com sucesso na superação da dormência de sementes de Adesmia muricata (Jacq) Dc. e Trifolium resupinatum L. (Medeiros e Nabinger, 1996)Peltophorum dubium Sprenger Taubert (Perez et. al.,1999) Bauhinia monandra Britt. (Alves et.al.,2000), Dimorphandra mollis Benth. (Hermansen et. al. 2000) Acacia mearnsii Willd. (Roversi et. al. 2002), Operculina macrocarpa (L.) Farwel (Medeiros filho et. al.2002), Ormosia arbórea (Vell.) Harms (Lopes et. al. 2004), entre outras. Lima e Garcia, (1996), submetendo as sementes de Acácia mangium à imersão em solução de soda cáustica não encontraram resultados satisfatórios em relação ao ácido sulfúrico e água quente 80 C. O presente trabalho teve por objetivo analisar o método mais eficiente na superação da dormência em plantas de faveira. Material e métodos O trabalho foi realizado no laboratório de biologia da Universidade Estadual do Piauí, em Floriano PI, em abril de 2010, foram utilizadas sementes de Parkia platycephala colhidas manualmente, diretamente de árvores matriz localizadas no município de Amarante Piauí. Após a coleta as sementes foram levadas ao laboratório de biologia onde foram retiradas dos frutos e lavadas com Hipoclorito a 1%, em seguida em água corrente e colocadas para secar em papel toalha por 24 horas. Estas foram acondicionadas em sacos plásticos e posteriormente armazenadas em refrigerador. As sementes foram submetidas aos seguintes tratamentos: Testemunha (T1): sementes intactas; Escarificação química com Soda Cáustica a 98% por 5 min. (T2): Adicionou-se 450 g de soda cáustica a 1800 ml de água por 5 min, em seguida foram lavadas em água corrente e colocadas para secar a sombra; Escarificação mecânica com lixa n 80 (T3): As sementes foram friccionadas com lixa nº 80 manualmente até o desgaste visível do tegumento no lado oposto a micrópila; Imersão em água a 80 C por 5 min. (T4): Utilizouse 1L de água em um Becker aquecido em chapa até atingir 80 C, onde as sementes foram imersas por 5 min. Depois de submetida aos tratamentos as sementes foram semeadas em bandejas plásticas perfuradas no fundo, contendo areia peneirada e autoclavada umedecida com quantidade de água equivalente a 60% da capacidade de campo, onde foram realizadas regas diárias. Foram utilizadas 80 sementes por tratamento divididas em quatro repetições de 20. As contagens do número de plantas emergidas iniciaram-se ao quinto e estenderam-se até os

4 4 30 dias após a semeadura, utilizando-se como critério as plântulas normais que apresentavam os cotilédones acima do nível do substrato (BRASIL, 1992) O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, constando de 4 tratamentos e 4 repetições. Os dados sem transformações foram submetidos a análise de variância, sendo a comparação entre as médias feita pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e discussão De acordo com os dados da tabela 1, observa-se que a maior porcentagem de germinação ocorreu quando as sementes foram submetidas à escarificação manual com lixa (T3) com 42% de germinação ao contrário do que ocorreu com a imersão em água quente a 80 C com 26%. Os demais tratamentos não apresentaram diferença, no qual ocorreu um baixo índice de germinação. Segundo Frank e Baseggio, 1998, a escarificação mecânica, embora provoque fissuras no tegumento das sementes, aumenta a sua permeabilidade permitindo a embebição e a aceleração do início do processo de germinação. Portanto é importante observar a eficiência na superação de dormência friccionando materiais abrasivos do lado oposto à micrópila evitando assim a danificação do embrião. Tabela 1. Porcentual de germinação de sementes de Parkia platycephala Benth % E GL SQ média Testemunha a1 Imersão em soda cáustica (5 min.) a1 Escarificação mecânica (lixa) a3 Imersão em água quente 80 C 26 a2 Ao analisar a tabela 2 verifica-se que o índice de velocidade de emergência, das sementes escarificadas com lixa e água quente a 80 C tiveram maior índice na velocidade de emergência, os quais não diferiram estatisticamente da testemunha, o tratamento com Soda Cáustica não apresentou resultado satisfatório, tendo como possíveis causas a ineficiência para esta espécie ou concentração e tempo de escarificação inadequados. Este resultado indica que as sementes de Parkia platycephala Benth apresentam dormência tegumentar, em decorrência do maior número de sementes germinadas terem sido submetidas à escarificação com lixa.

5 5 Tabela 2. Índice de velocidade de emergência (IVE) de sementes de Parkia platycephala Benth IVE GL SQ média Testemunha a1a2 Imersão em Soda Cáustica a1 Escarificação mecânica (Lixa) a2 Imersão em água quente 80 C 0.70 a1a2 A escarificação mecânica foi eficiente na promoção da germinação das sementes de várias espécies com tegumento impermeável, como as de Tetrapleura tetraptera Schum & Thonn (Odoemena, 1988) Paspalum notatum Flügge (West & Marouski, 1989) Caesalpinea ferrea Mart. Ex Tul., Var. leiostachya Benth., Cassia grandis L. e Samanea saman Merril (Lopes et. al. 1998), Leucaena diversifolia (Schlecht) Bentham k156 (Bertalot & Nakagawa, 1998). Segundo Popinigis, 1985 a impermeabilidade do tegumento a água é uma das causas mais comum de dormência em sementes de leguminosas. Isso pode ser comprovado neste trabalho onde também ocorreu um baixo porcentual de sementes germinadas na utilização do tratamento controle. Torres e Santos, (1994) obtiveram os melhores resultados de germinação de sementes de Parkisonia aculeata L. (turco) utilizando os métodos de escarificação mecânica e imersão em água quente (80-90 C) para os tempos de um e dois minutos, respectivamente Ao realizar uma comparação entre escarificação com lixa e imersão em água quente a 80 C observa-se um desempenho maior na primeira, tanto no porcentual de germinação quanto no índice de velocidade de emergência. (tabela 1 e 2) respectivamente. Conclusão A escarificação com lixa foi o tratamento mais eficaz na superação da dormência de sementes de Parkia platycephala Benth, portanto, a causa mais evidente da dormência é a ipermeabilidade do tegumento, a Soda Cáustica não apresentou resultados satisfatórios para esta espécie. Referências ARAÚJO, E. F. et al. Efeito da escarificação das sementes e dos frutos de Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. na germinação. Revista Brasileira de Sementes, v.18, n.1, p.73-76, 1996.

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