Caracterização da Arborização Urbana da Área Central do Município de Manaquiri, Amazonas
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- Maria das Graças Coelho Philippi
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1 Caracterização da Arborização Urbana da Área Central do Município de Manaquiri, Amazonas Guimarães, D.F.S.¹, Almeida, I.C.R.², Patricio, A. A.³, Silva, C.F.S. 4, Bustamante, N.C.R. Resumo São inúmeras as vantagens da arborização urbana, entre as quais está a utilização da mesma como prática para o embelezamento dos espaços urbanos. O presente estudo avaliou a arborização da área central do município de Manaquiri, no estado do Amazonas, assim como o percentual de área verde do referido município. Nas propriedades particulares da área em estudo foi verificado o costume dos munícipes em cultivar espécies arbóreas em seus quintais. Foram encontrados 22 indivíduos florestais utilizados na arborização das vias públicas da sede do município de Manaquiri. As espécies mais abundantes foram: Ficus benjamina L., Eugenia malaccensis L.e Carapa guianensis Aubl. Todos os indivíduos encontrados necessitam de poda ou algum controle de pragas. Foram verificados canteiros de tamanhos insuficientes para as espécies utilizadas na arborização. O município de Manaquiri deve ampliar e melhorar a gestão da arborização de suas vias, visando melhoria paisagística e ampliação da qualidade ambiental no espaço urbano. Palavras Chaves: urbanização, espécies florestais, conservação. Abstract There are many advantages of urban trees, among which is its use as a practice for the beautification of urban spaces. The present study evaluated the afforestation of central city Manaquiri in the state of Amazonas, and the percentage of green area of the municipality. The particular properties of the study area was checked the customs of the citizens to cultivate tree species in their backyards. 22 individuals used in forestry afforestation of public roads from the town of Manaquiri found. The most abundant species was: Ficus benjamina L., Eugenia malaccensis L. and Carapa guianensis Aubl. All individuals found require some pruning or pest control. Beds insulficientes sizes for the species used in forestry were checked. The municipality of Manaquiri should expand and improve the management of afforestation of its routes, aiming landscape improvement and expansion of environmental quality in the urban space. Key words: urbanization, forest species, conservation. 1- David Franklin da Silva Guimarães, Graduando em Engenharia Florestal/UFAM. davidguimarães2009@hotmail.com; 2- Isabela Cristina Ribeiro de Almeida, Graduando em Engenharia Florestal/UFAM. isabelaralmeida@hotmail.com 3- Aline Araújo Patrício, Graduando em Engenharia Florestal/UFAM. aline.patricio@hotmail.com 4- Caio Frade de Souza Silva, Graduando em Engenharia Florestal/UFAM. caio_frade@hotmail.com 5- Norma Cecília Rodrigues Bustamante, Professora do Departamento de Ciências Florestais. ncbustamente@gmail.com
2 Introdução As espécies arbóreas plantadas nas vias públicas dos centros urbanos além de contribuir para o embelezamento dos espaços traz inúmeros benefícios aas cidades. Todos esses elementos florísticos constituem a arborização urbana. Devido a forte a pressão aos recursos florestais acometidos pela urbanização, cada vez se faz mais necessário planos de arborização destes espaços. A arborização gera uma gama de benefícios às cidades, entre os quais segundo Silva Filho et al. (2002) estão: o bem estar psicológico, sombra para pedestres e veículos, redução da poluição sonora, proteção e direcionamento do vento, melhoria na qualidade do ar, redução da amplitude térmica, abrigo para pássaros e equilíbrio estético que ameniza a diferença entre a escala humana e outros componentes da cidade. Independente da beleza intrínseca reconhecida na vegetação arbórea, o tratamento paisagístico pode melhorar a composição estética da paisagem urbana, cumprindo sua missão de plano estético acoplando a relação homem-natureza (FAMURS, 2000). A arborização contribui para a melhoria da qualidade ambiental e de vida tanto dos grandes centros urbanos quanto das pequenas cidades. A arborização urbana deve ser implantada a partir de um planejamento estratégico sistêmico para que os indivíduos arbóreos não venham gerar danos às calçadas, rede elétrica e outros elementos das vias públicas. Para Velasco et al. (2003), a disputa dos indivíduos empregados na arborização por espaço nas calçadas e conflitos com redes elétricas são problemas comuns na arborização urbana. Um dos fatores responsáveis por esse problema segundo o mesmo autor é o plantio de espécies exóticas e de grande porte. Nas cidades onde implantação da arborização urbana já existe, é necessário acompanhamento técnico, bem como replanejamento, observando os seguintes condicionantes: estudo da espécie, comportamento no meio urbano, integralização com os outros elementos da cidade, dimensões de ruas e passeios, altura das construções, presença de redes aéreas ou subterrâneas, localização das diferentes atividades, condições de clima e solo, fluxo de veículos e pedestres (CUNHA et al., 2005). Os municípios devem criar espaços para a gestão da arborização, os quais devem realizar atividades de manutenção, controle de pragas e poda das árvores no espaço urbano. Este estudo caracterizou a arborização da área central do município de Manaquiri, assim como suscitou dados sobre a cobertura florestal do referido município. Metodologia Manaquiri é um dos 62 municípios do estado do Amazonas. Está localizado a 60 km em linha reta e 67 km via fluvial da cidade de Manaus (Figura 1). O município possui uma área de km² (INPE, 2012) e uma população segundo o IBGE (2010) de
3 habitantes. Neste município há a predominância de dois ecossistemas: os de terra firme e o inundável (Melo, 2006). Figura 1. Mapa do Município de Manaquiri, Amazonas Fonte: Google Maps, Segundo Batista et al.(2012) a economia do município está baseada na agricultura como: destaque a mandioca para a fabricação de farinha. A produção de gêneros alimentícios é ainda insuficiente, como o cultivo de arroz, milho, feijão, mandioca, hortaliças e frutos regionais, na indústria, no comercio e na prestação de serviços. Este estudo realizou o levantamento da arborização urbana que segundo Silva Filho (2002) é realizado através de observações na área em estudo, ao que se refere à correta arborização urbana. Foram analisados parâmetros como a área do canteiro, espécies empregadas na arborização, necessidade de poda, condições fitossanitárias, estado geral, copa na fiação e altura. Para além do estudo de avaliação da caracterização da área central de Manaquiri, foi realizada uma compilação de informações a cerca da área verde do município em questão. Os dados coletados no levantamento foram codificados, tabulados e apresentados neste trabalho através de representação gráfica com análise e interpretações destes resultados. Resultados e Discussão Segundo dados obtidos do Projeto PRODES Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite, o município de Manaquiri apresenta a maior parte do seu território com cobertura florestal (74,34%) como demonstra o gráfico 1. Essa enorme quantidade de cobertura florestal do município em questão se deve a baixa densidade demográfica e as atividades econômicas que detêm pouca expressão.o desflorestamento nesta região com 12,37%, se deve principalmente a área urbanizada da referida cidade. Gráfico 1. Cobertura do Solo em Manaquiri em 2012
4 2,65 3,45 7,19 12,37 Desflorestamento até 2012 (%) Floresta até 2012 (%) Nuvem até 2012 (%) Nao Floresta em 2012 (%) Hidrografia em 2012 (%) 74,34 Fonte: INPE (2012) Um fator comum aos pequenos municípios encontrado em Manaquiri é o cultivo de espécies arbóreas dentro das pequenas propriedades mesmo na área urbana do município. Este fator também contribui para melhoria paisagística da cidade e gera grandes benefícios aos proprietários, assim como aos vizinhos (Figura 2). Figura 2. Pequena Propriedade com Espécie Arbórea Fonte: Acervo pessoal Foram encontradas 5 espécies empregadas na arborização da área em estudo. Destas, 3 são exóticas (Ficus benjamina L., Eugenia malaccensis L. e Poinciana regia Bojer ex Hook.) e 2 nativas (Carapa guianensis Aubl. e Ormosia Paraensis Ducke), sendo que da totalidade de indivíduos encontrados 68,17% são exóticas (Tabela 1). A espécie mais encontrada na área central do município de Manaquiri é Ficus Benjamina L. com 8 indivíduos. Seguido por Eugenia malaccensis L. (6) e Carapa guianensis Aubl. (5).
5 A invasão de espécies exóticas, fator provocado principalmente por ação antrópica, é a segunda maior causa da perda da biodiversidade no mundo. A inserção de espécies vegetais exóticas em novos ambientes, gera a adaptação das mesmas que ocupam agressivamente os espaços das espécies nativas (Blum, 2008). Tabela 1. Relação de Árvores Levantadas em Manaquiri Nome Científico Nome Popular Família Abundância Ficus benjamina L. Ficus Moraceae 8 Eugenia malaccensis L. Jambeiro Myrtaceae 6 Carapa guianensis Aubl. Andiroba Meliaceae 5 Poinciana regia Bojer ex Hook Flamboyant Fabaceae 2 Ormosia Paraensis Ducke Tento Fabaceae 1 Total 22 A espécie mais empregada na arborização das vias públicas da área central do município de Manaquiri, Ficus Benjamina L., não é recomendada para a arborização urbana, pois segundo Carvalho et al. (2013) provoca perda de biodiversidade e não é recomendada para plantios em calçadas, pois possui rápido crescimento, podendo atingir mais de 30 metros de altura e seu sistema radicular é agressivo para as calçadas. Os problemas mais comuns encontrados entre a arborização nas vias públicas são com a fiação elétrica e calçadas pelos tamanhos dos canteiros. A tabela 2 apresenta o percentual destes problemas encontrado na área em estudo. Tabela 2. Principais Problemas Encontrados PROBLEMAS Percentual Incompatibilidade com a área do canteiro 100% Incompatibilidade com a fiação elétrica 23,73% Das árvores catalogadas apenas 23, 73% tinham conflitos com a rede elétrica. Deste percentual a maior parte dos problemas com a fiação (80%) ocorre com a espécie jambeiro (Eugenia malaccensis L.), que se encontra principalmente nas proximidades da Praça São Pedro. Todos os canteiros das espécies levantadas não eram suficientes para o desenvolvimento pleno das espécies arbóreas. O tamanho do canteiro deve ser adaptado às características de cada espécie, mas se tratando de indivíduos arbóreos de médio e grande porte como os inventariados neste estudo estes deveriam apresentar grandes espaços. Alguns indivíduos não possuíam canteiros, tendo calçado recobrindo suas raízes (Figura 3). Figura 3. Árvore sem Canteiro
6 Fonte: Acervo pessoal Ao analisar as condições fitossanitárias dos espécimes levantados foi verificado que a maioria 63,34% está em boas condições (Gráfico 1). 22,73% estão em péssimas condições e 13,64% em condições regulares. Os danos mais comuns das espécies encontrados são causados por podas irregulares e as pragas mais comuns são formigas e cupins. Gráfico 2. Condições Fitossanitárias 22,73% 13,64% 63,64% Bom Péssimo Regular Conclusão O município de Manaquiri segundo os dados de 2012 do INPE possuía a maior parte do seu território com a cobertura florestal conservada. A gestão municipal deve elaborar estratégias para manter essas áreas florestadas. A arborização da área em estudo apresenta uma esmagadora utilização de espécies exóticas. Todos os indivíduos analisados não possuem canteiros com as dimensões suficientes ao pleno desenvolvimento das espécies utilizadas na arborização. A espécie mais utilizada na arborização nas vias públicas do município de Manaquiri é a Ficus Benjamin L., espécie não recomendada para arborização urbana. O município deve instituir instrumentos como plano de arborização, assim como equipe responsável pela manutenção, poda e controle de pragas (dos indivíduos utilizados) na arborização
7 urbana para melhoria das condições ambientais e paisagísticas da área central do município em questão. Referencial Bibliográfico BATISTA, D. C. L., COSTA, M. S. B., BITTENCOURT, F. F. B, FILHO, O. M. N.; SANTOS, R. S., COSTA, J. A. L. Monitoramento e degradação ambiental em área rural na Amazônia: estudo de caso do imóvel rural Manaquiri nos municípios de Careiro/Manaquiri. IV Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação. Recife, PE BLUM, C. T. Espécies exóticas invasoras na arborização de vias públicas de Maringá- PR. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Piracicaba, v.3, n.2, p.78-97, jun CARVALHO, A. A., SILVA, L. F., LIMA, A. P., SANTOS, T. P. A. Inviabilidade do Ficus (Ficus Benjamina L.) para Arborização Viária. XIII jornada de ensino, pesquisa e extensão (JEPEX 2013). UFRPE. Recife, PE CUNHA, G.E.;ZECHMEISTER, D.;MELO, Q.E. Elementos de arquitetura de climatização natural. Passo Fundo: UPF, FAMURS. Orientações básicas para manejo da arborização urbana: Planejamento e educação ambiental. Porto Alegre : FAMURS, p. IBGE. Censo Demográfico Disponível em: < Acessado em 25 de agosto de INPE. PRODES - Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélite Disponível em Acessado em 26 de Agosto de MELO, L.F. Implantação e Acompanhamento do Manejo de recursos vegetais com potencial para a comercialização junto aos ribeirinhos do município de Manaquiri-AM. Tese de Doutorado INPA/UFAM. 208p. Manaus SILVA FILHO, D.F. da. Cadastramento informatizado, sistematização e análise da arborização das vias públicas da área urbana do município de Jaboticabal, SP. 81p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Jaboticabal, VELASCO, G. D. N. Arborização viária x sistema de distribuição de energia elétrica: Avaliação dos custos, estudo das podas e levantamento de problemas fitotécnicos. Piracicaba: Universidade Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia).
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