InfoReggae - Edição 13 Grupos: Afro Circo 04 de outubro de Coordenador Executivo José Júnior

Transcrição

1

2 O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) InfoReggae - Edição 13 Grupos: Afro Circo 04 de outubro de 2013 Coordenador Executivo José Júnior Produtores Culturais Eduardo Vasconcellos Luana Cabral Diretor Afro Circo Marcelo Silveira Produção Executva Afro Circo Antonio Santana Gerência de Informação e Monitoramento Danilo Costa Responsável Técnico do InfoReggae Thales Santos Coordenação Editorial Marcelo Garcia Contatos facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. danilo.costa@afroreggae.org thales.santos@afroreggae.org 1

3 Apresentação O Grupo Cultural AfroReggae possui oito Grupos Artísticos AR21, Afro Circo, Afro Lata, Afro Samba, Párvati, Trupe de Teatro, Makala e a Orquestra AfroReggae. Nesta edição vamos apresentar o grupo de circo do AfroReggae. O Afro Circo, que já se apresentou para diversos públicos, inclusive a rainha da Suécia, está entrando em sua 3ª temporada com o espetáculo Gênesis, aplaudido por mais de espectadores. Com vocês o Afro Circo! 1 1 Fonte: Rogério Resende.

4 A Gênesis do Afro Circo A história do Afro Circo começa com um encontro muito especial entre o coordenador do AfroReggae José Júnior e Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, maior circo do mundo. Em 1996, José Júnior estava em Montreal para participar do Seminário sobre Movimento Popular quando conheceu Guy Laliberté. A intenção inicial era de levar oficinas de circo para Vigário Geral, entretanto havia um grande interesse em desenvolver algum trabalho com a comunidade do Cantagalo. O AfroReggae já havia tentado entre os jovens da comunidade do Cantagalo algumas opções porém, era preciso pensar em alguma oficina que conseguisse competir com o entretenimento da praia e das atividades culturais e esportivas do morro. Surgiu então a idéia de levar o circo para dentro do Cantagalo. Circo é pra muleque, circo é pra quem sobe o muro, pra quem solta pipa, é pra quem sobe telhado, circo é pra isso, é pra esse tipo de gente com certa audácia, ser audacioso, tem que se jogar! Marcelo Silveira, Diretor Artístico do afro circo.( Documentário Entenda o Afro Circo na Favela) Em 1996, o AfroReggae entrou na comunidade, através de uma parceria com a FASE, o Jeneusse Du Monde e do Cirque Du Soleil. O projeto inicialmente se chamava Levantando a Lona. Depois se transformou em duas trupes: Levantando a Lona e Afro Circo. Foi com o Levantando a Lona que aconteceu a primeira apresentação do grupo, o Três Raças. O espetáculo abordava temas como raças, etnias e trabalhadores. Anos mais tarde, o Afro Circo produziu o espetáculo Circo Etéreo. A experiência das crianças e jovens do Levantando a Lona e do Afro Circo contribuíram para o desenvolvimento técnico e artístico dos alunos, que hoje integram a atual composição do Afro Circo.

5 Os circos do Brasil sempre se apresentaram com modelos estéticos europeus, asiáticos e norte americanos. O Afro Circo desenvolveu uma trupe circense que consegue apresentar uma estética particularmente brasileira. Atualmente, o grupo é formada por 30 artistas, com idades entre 16 e 35 anos, a grande maioria moradores do Cantagalo. 2 2 Fonte:

6 O espetáculo Gênesis O trabalho das oficinas com a comunidade resultou no belíssimo espetáculo Genesis, apresentado no anfiteatro Benjamin de Oliveira, em Cantagalo. Gênesis conta a história da criação da Terra, segundo a Cosmovisão Yorubana, através do olhar de alguns dos Orixás femininos, conhecidos como Aiyabás. Olorum (Deus) cria o planeta Terra. Oxum, Iansã, Nanã e Obá descem ao planeta e participam da grande festa da criação e dão início a essa viagem da gestação e evolução humana através da dança, da música e do circo, até os dias de hoje. O condutor desta viagem é o primeiro palhaço negro: Benjamim de Oliveira, que entre ovos, óvulos e outros tipos de nascimentos, está presente em todo o roteiro. 3 Criado a partir de signos da cultura brasileira como as religiões afrodescendentes, a capoeira e o samba, Gênesis vai da favela ao asfalto desenvolvendo um espetáculo muito elogiado pelos espectadores. O espetáculo utiliza figurinos e elementos confeccionados a partir da reciclagem de materiais. O aparato reciclado se une a diversos equipamentos talhados para as artes circenses: pernas de pau, malabares, cordas, patins, skyrunner, quadrantes, corda bamba, slackline, minitrampolim, monociclo, além de dança e música. 3

7 Para a comunidade do Cantagalo, o espetáculo é um exemplo não só para mostrar à toda a cidade o seu potencial como também para mostrar aos próprios moradores, principalmente aos jovens, de que eles são capazes de alcançar novos sonhos.

8 O circo como um instrumento de transformação Eu antes me envolvia com o tráfico aqui no morro, ficava rodeando os caras e usava drogas. eu fiz várias atividades, fui jogador de futebol, lutador de jiu jitsu, mas no dia que vi o circo pela primeira vez, porque um amigo me mostrou, quando eu vi, já era! Foi algo da magia do circo, uma atração, um brilho na arte Maicon Souza. Artista do Afro Circo Maicon nasceu e foi criado no morro do Cantagalo. Desde pequeno convive com a realidade das drogas. Hoje ele defende que a arte do circo é transformadora e que além de ser uma atividade prazerosa e divertida, é possível ganhar dinheiro através dela. É inexplicável mostrar nossa arte fora do país. Você é muito aplaudido, é isso que me fez mudar. Alem disso, é maravilhoso ver meus filhos me acompanhando e percebendo que o que o pai deles faz é maravilhoso. Maicon Souza. Artista do Afro Circo e pai de dois filhos. Sergio Henrique, um dos primeiros instrutores do grupo, andava por todo o morro, de casa em casa, apresentando as oficinas para os jovens e convencendo os garotos de que haviam oportunidades diferentes dentro da comunidade que eles não conheciam. 4 4 Rogério Resende.

9 O trabalho de Sergio se expandia e alcançava também as famílias dos garotos. Ele se reunia regularmente com os pais para conversar sobre o acompanhamento dos filhos na escola e em casa. As diversas oficinas oferecidas pelo Núcleo Cantagalo que vão desde malabares e triciclo até acrobacias aéreas e tecido desenvolvem com as crianças, além da criatividade, o equilíbrio, a consciência corporal e o desenvolvimento muscular. Mesmo depois que o financiamento acabou, o AfroReggae continuou em frente com o esforço de pessoas como Sérgio Henrique e ex alunos que se beneficiaram com o projeto. Hoje o Afro Circo é uma trupe circense profissional. Todos os artistas possuem o documento que os regulariza como profissionais e lhes garantem direitos como o de atuar em diversas companhias. Então, é muito gratificante saber que estamos preparando profissisonais e que estes profissionais, daqui a pouco estão levando essa proposta brasileira para fora do país vamos exportar a ideia do circo com características brasileiras. Nino Santana Diretor de Produção ArtísticaEntenda o Afro Circo na Favela. 5 Contatos: Nino Santana ou Washington Rimas Telefone: (21) / antonio.santana@afroreggae.org washington.rimas@afroreggae.org 5

10