Doenças Infecciosas de transmissão através de fômites: Norovírus e RSV
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- Ilda Martini Mendonça
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1 Doenças Infecciosas de transmissão através de fômites: Norovírus e RSV Mecanismos de Transmissão, Modos de Controle e Prevenção de Patógenos Aplicados à Saúde Pública IMT 2005
2 O QUE SÃO VIRUS A palavra vírus é originária do latim e significa toxina ou veneno. O vírus é um organismo biológico com grande capacidade de multiplicação Parasita intracelular obrigatório.
3 ESTRUTURA Formado por um capsídeo proteico Ácido nucleico DNA ácido desoxirribonucleico RNA ácido ribonucleico Alguns vírus possuem envoltório lipoproteico
4 Respiratória FORMAS DE TRANSMISSÃO Fecal-oral Parenteral FÔMITES
5 O QUE SÃO FÔMITES Um FÔMITE é qualquer objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos infecciosos (de vírus a parasitas), de um indivíduo a outro
6 O QUE SÃO FÔMITES EXEMPLOS Sapatos contaminados Ferramentas ou utensílios Equipamentos médicos Toalhas, talheres, maçanetas, corrimãos, ônibus e outros meios de transportes coletivos
7 O QUE SÃO FÔMITES EXEMPLOS Superfícies tais como chão, paredes e mesas Pratos Copos Brinquedos Chupetas Mamadeiras
8 ALGUNS VIRUS TRANSMITIDOS POR FÔMITES ADENOVIRUS HERPESVIRUS NOROVIRUS ROTAVIRUS VIRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO
9 RNA Virus Classificação Baltimore Reoviridae Coronaviridae Rhabdoviridae Retroviridae Astroviridae Filoviridae Caliciviridae Paramyxoviridae Flaviviridae Arenaviridae Picornaviridae Bunyaviridae Togaviridae Orthomyxoviridae Hepeviridae
10 RNA Virus Família Caliciviridae CALICIVIRIDAE Norovirus Sapovirus
11 NOROVÍRUS Grupo geneticamente diversificado de virus RNA de cadeia simples, pertencente a família Caliciviridae. Sorotipos, cepas e isolados incluem: Norwalk vírus (Hu/NLV/NV/1968/US) Havaí vírus [U07611 (Hu/NLV/HV/1971/US) Snow Mountain vírus (Hu/NLV/SMV/1976/US) México vírus [U22498 (Hu/NLV/MX/1989/MX) Desert shield vírus (Hu/NLV/DSV395/1990/SR) Southampton vírus [L07418 (Hu/NLV/SHV/1991/UK) Lordsdale vírus (Hu/NLV/LD/1993/UK)
12 Norovirus Os norovírus (NoV) são membros da família Caliciviridae Pequenos vírus RNAs com morfologia característica, 35nm de diâmetro Associado principalmente com surtos epidêmicos, embora ocasionalmente origine casos endêmicos Norovirus são os mais importantes calicivírus causadores de diarréias e vômitos.
13 VIRUS Genoma RNA de aproximadamente 7,5 Kb As partículas virais possuem entre nm São icosaédricos A região mais variável da cápside viral é o gene P2 O genoma apresenta a proteína VPg, que tem papel essencial na infectividade viral A taxa de mutação neste vírus é alta, mesmo em comparação com outros vírus de RNA.
14 Patogenia Causam infecção predominantemente pela via oral. Os vírions são estáveis em ácido, possuindo habilidade para sobreviver na passagem pelo estômago. Os NoV são altamente infecciosos, devido a combinação de baixa dose infectante (DI 50 < 20 partículas virais), alto nível de excreção viral (> 1 bilhão de cópias de RNA por grama de fezes)
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16 Patogenia O vírus é replicado no citoplasma dos enterócitos, onde o RNA de polaridade positiva atua como RNA mensageiro
17 Patogenia Há poucas evidências de que os NoV causem infecção crônica em um hospedeiro normal, no entanto, um estudo realizado em crianças e adolescentes imunocomprometidos reportou a eliminação de NoV GII por pelo menos 8 meses
18 Transmissão Maior causa de gastroenterite humana aguda não bacteriana de transmissão alimentar, ou transmissão pessoa a pessoa via fecal-oral, acometendo adultos e crianças em todo o mundo Estudos mostraram que a eliminação do vírus pode continuar por mais de 2 semanas após a fase sintomática da doença, além de casos de infecção assintomática com implicação nos surtos causados por doenças de transmissão alimentar.
19 Transmissão Estudos epidemiológicos sugerem que os vírus podem ser transmitidos por via aérea, como nos casos de vômitos explosivos que ocorrem durante a doença Pode ocorrer também via reservatório de água, quando águas subterrâneas são contaminadas.
20 Transmissão São altamente contagiosos, podendo ocorrer em casos esporádicos ou em grandes surtos de diarreia aguda em enfermarias, hospitais, escolas, universidades, acampamentos, cruzeiros, hotéis e restaurantes. A transmissão viral nas enfermarias é de difícil identificação Os animais que vivem em águas contaminadas e que são consumidos crus, como as ostras, são importantes vias de transmissão
21 Manifestações clínicas As manifestações clínicas se caracterizam por náusea, dor abdominal, vômito, diarreia branda, autolimitada e não sanguinolenta. Alguns pacientes podem apresentar formas graves, com sintomas ligados a náuseas e vômitos seguidos de diarreia abundante, que pode acarretar em desidratação e, eventualmente, morte
22 Manifestações clínicas Alguns pacientes podem apresentar formas graves, com sintomas ligados a náuseas e vômitos seguidos de diarreia abundante, que pode acarretar em desidratação e, eventualmente, morte O período de incubação é de 24 a 48 horas e a duração dos sintomas é de 12 a 60 horas
23 CARACTERÍSTICAS DE SURTO POR NOROVÍRUS Incluem banquetes, navios de cruzeiro, asilos, centros de saúde, lanchonetes, lagos, piscinas, áreas de camping, hotéis, escolas, restaurantes de fast food, e outros. Norovírus provavelmente circula em um nível baixo de infecção em uma comunidade até que um indivíduo infectado contamina uma fonte comum, e um surto ocorre. Não existem padrões de sazonalidade
24 PREVENÇÃO A interrupção da transmissão é a primeira estratégia para a prevenção, especialmente em hospitais e creches. Para cuidar de um paciente diagnosticado com gastroenterite aguda é preciso lavar as mãos com água e sabão antes e depois de ter contato com o paciente ou com os objetos usados por ele.
25 PREVENÇÃO É necessário limpar todas as superfícies com hipoclorito a 2%, porque os NoV persistem em superfícies inanimadas secas de 8 horas a 7 dias Para evitar transmissões secundárias, é necessária a prevenção de contaminação alimentar que ocorre durante o preparo dos alimentos, lavando as mãos continuamente.
26 PREVENÇÃO Os manipuladores de alimentos devem usar luvas plásticas para o preparo de alimentos crus Funcionários doentes não devem preparar alimentos por um período mínimo de 3 dias após a doença, para evitar os surtos de gastroenterites
27 TRATAMENTO Não há tratamento específico Deve-se cuidar da desidratação secundária da doença A hidratação é geralmente mantida, usandose fluido oral com líquidos isotônicos. A hospitalização em casos de desidratação grave, embora rara, pode ser necessária. Sintomas como dor de cabeça, mialgia e náusea podem ser combatidos com analgésicos e antitérmicos
28 DIAGNÓSTICO Após terem sido excluídas causas bacterianas, pode ser detectado nas fezes/vômitos dos pacientes ou na água e alimentos suspeitos por: Microscopia eletrônica laboratórios de saúde pública ELISA detecção de proteínas virais Real time PCR quantificação do RNA em amostras clínicas
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30 Virus RNA sentido negativo
31 RNA Virus Família Paramyxoviridae PARAMYXOVIRIDAE Pneumovirus Características gerais: Virion: envelopado, esférico, com diâmetro de cerca de 150 nm. Replicação: Citoplasma
32 VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (RSV) RSV é RNA virus, fita simples, sentido negativo, da família Paramyxoviridae, que inclui os vírus respiratórios comuns, tais como os que causam o sarampo e parotidite (caxumba). O RSV é um membro da subfamília Pneumovirinae. O seu nome deriva do fato de que as proteínas F na superfície do vírus fundem as células infectadas formando sincícios.
33 i88u []
34 GENOMA SH, G e F formam o revestimento viral. A proteína G é uma proteína de superfície e funciona como a proteína de ligação. A proteína F é uma outra proteína de superfície importante, medeia a fusão intercelular, permitindo a entrada do vírus no citoplasma da célula e também permitindo a formação de sincícios.
35 VIRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO EPIDEMIOLOGIA O vírus sincicial respiratório humano (RSV) é a principal causa de infecções do trato respiratório e visitas hospitalares durante a infância. A maioria das crianças já foi infectada durante o primeiro ano de vida As reinfecções ocorrem por toda a vida Responsável por quadros de bronquiolite (infecção aguda do trato respiratório)
36 VIRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO SAZONALIDAE As infecções ocorrem, em sua maioria, em estações anuais que duram cerca de 16 a 20 semanas. No Brasil existem inúmeros relatos de sazonalidade em diferentes regiões, demonstrando a circulação do vírus O pico de circulação ocorre entre abril e maio regiões sudeste, nordeste e centro-oeste No sul, entre junho e julho
37 TRANSMISSÃO As pessoas infectadas com RSV transmitem o virus, geralmente, por um período de 3 a 8 dias. Algumas crianças e indivíduos imunocomprometidos podem transmitir o vírus, por 4 semanas. RSV é frequentemente introduzido na casa por crianças em idade escolar que estão infectadas com RSV e tem uma infecção leve do trato respiratório superior, como um resfriado.
38 TRANSMISSÃO RSV pode ser rapidamente transmitidos para os outros membros da família, muitas vezes infectando cerca de 50%. RSV pode ser transmitido quando gotículas que contêm o vírus são expelidas no ar por uma pessoa infectada. Tais gotículas podem ficar brevemente no ar, e se alguém as inala ou estas entram em contato com o seu nariz, boca, olhos ou, ele pode ser infectado.
39 TRANSMISSÃO A infecção pode também resultar do contato direto e indireto com secreções nasais e orais de pessoas infectadas. O contato direto com o vírus pode ocorrer, por exemplo, beijando o rosto de uma criança com VSR, esfregando os olhos ou nariz.
40 TRANSMISSÃO Contato indireto pode ocorrer se o vírus entra em uma superfície, tal como uma maçaneta de porta, que é então tocada por outras pessoas. RSV pode sobreviver em superfícies duras, tais como mesas e berços por muitas horas. RSV normalmente vive em superfícies macias, como tecidos e mãos, por periodos mais curtos de tempo.
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42 SINAIS E SINTOMAS Na maioria dos casos, o RSV produz apenas sintomas leves, muitas vezes indistinguíveis de resfriados e doenças menores. Para algumas crianças, o RSV pode causar bronquiolite (inflamação das pequenas vias aéreas no pulmão), grave doença respiratória que exige hospitalização e, ainda que raramente, causa a morte. Isto é mais provável ocorrer em doentes que estão imunocomprometidos ou lactentes nascidos prematuramente.
43 Conceito Bronquiolite aguda Infecção respiratória aguda, de etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade.
44 Bronquiolite aguda Fatores de Risco para gravidade Baixo peso ao nascer Prematuridade Baixas condições socioeconômicas Pais tabagistas Doenças pulmonares crônicas Doenças neurológicas adquiridas ou congênitas Cardiopatias congênitas com hipertensão pulmonar Imunodeficiências adquiridas ou congênitas
45 SINAIS E SINTOMAS Outros sintomas comuns do VSR entre as crianças incluem apatia, falta ou diminuição do apetite, e uma febre possível Sibilância recorrente e asma são mais comuns entre os indivíduos que sofreram infecção por VSR grave durante os primeiros meses de vida do que entre os controles. Se a infecção por VSR, estabelece um processo que leva a sibilância recorrente ou se os que já predispostos a asma são mais propensas tornar-se severamente doentes com RSV tem ainda de ser determinado.
46 PREVENÇÃO O vírus é ubíquo em todas as partes do mundo, a prevenção de infecção não é possível. Epidemiologicamente, uma vacina seria a melhor resposta. Há muita investigação ativa para o desenvolvimento de uma nova vacina, mas no momento não existe. Alguns dos candidatos mais promissores são baseados em temperatura mutantes sensíveis, que têm como alvo as mutações genéticas para reduzir a virulência.
47 PREVENÇÃO Palivizumab, uma droga profilática moderadamente eficaz, está disponível para crianças de alto risco. É um anticorpo monoclonal dirigido contra a proteína de fusão (F) do RSV. É administrado por injecções mensais, as quais são iniciadas antes da estação de RSV e são normalmente continuadas durante cinco meses. A profilaxia está indicada para crianças prematuras ou cardíacas ou pneumopatas.
48 SINAIS E SINTOMAS Os sintomas da pneumonia em pacientes imunocomprometidos, tais como em pacientes com transplante e pacientes de transplante de medula óssea em particular, devem ser avaliados para descartar infecção por RSV.
49 DIAGNÓSTICO O diagnóstico leva em conta os sintomas, especialmente nas épocas do ano em que a infecção pelo vírus sincicial respiratório é mais comum. Exames de laboratório realizados em amostras de sangue ou da secreção colhida no nariz e na garganta do doente podem ser úteis para identificar a presença do vírus ou de seus anticorpos e alertar os órgãos de saúde sobre a ocorrência de surtos sazonais epidêmicos.
50 DIAGNÓSTICO Pode ser feito por meio de teste de PCR para os ácidos nucleicos de RSV em amostras de sangue periférico, se todos os outros processos infecciosos foram descartados ou se é altamente suspeito para RSV tal como uma exposição recente a uma fonte conhecida de infecção por RSV. A radiografia do tórax é outro exame disponível para confirmar o diagnóstico.
51 SINCICIO
52 TRATAMENTO O tratamento é, geralmente, sintomático. Medicamentos para baixar a febre, aliviar a dor e o mal-estar, fazer repouso, tomar muito líquido para evitar a desidratação Permanecer em ambientes com ar umidificado para facilitar a saída da secreção nasal e acalmar a tosse. Pacientes com insuficiência respiratória grave devem ser hospitalizados para receber suporte ventilatório mecânico e medicamentos específicos, como broncodilatadores
53 TRATAMENTO Usar antibióticos se houver uma infecção por bactérias, o que pode agravar o quadro e até levar à morte O antiviral ribavirina, utilizado sob a forma de aerosol microparticulado, demonstrou efeitos benéficos no tratamento da infecção do trato respiratório inferior pelo VRS. Essa droga é contraindicada para crianças que necessitam de ventilação assistida e para mulheres grávidas ou que pretendem engravidar, porque pode prejudicar o desenvolvimento do feto.
54 BIBLIOGRAFIA World health organization (WHO) Center for Disease Control (CDC) Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE)
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