EFEITO DE PLANTAS INSETICIDAS NA BIOLOGIA E COMPORTAMENTO DE Plutella xylostella (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE)

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1 EFEITO DE PLANTAS INSETICIDAS NA BIOLOGIA E COMPORTAMENTO DE Plutella xylostella (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) Flávio Gonçalves de Jesus 2 ; Lígia Alves de Paiva 1 ; Verônica Cristhianne Gonçalves 1 ; José Antonio de Paula Oliveira 1; ; Miriam de Almeida Marques 1 1 Bolsista PBIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. 2 Professor do IFGoiano Campus de Urutaí, Rodovia Prof. Geraldo Silva Nascimento km 2,5 CEP , Urutaí-GO. RESUMO Avaliou-se o efeito de Azadirachta indica A. Juss. (óleo), Sapindus saponaria L. (semente), Stryphnodendron adstringens (Mart) Coville (casca), Dimorphandra mollis (semente) e óleo de nim + piretro + rotenona na biologia de Plutella xylostella. Discos foliares de couve (Brassica oleracea var. acephala) cultivar Portuguesa foram imersos em cada extrato à concentração de 10% (massa/volume) por 30 segundos. As lagartas recém-eclodidas foram colocadas individualmente para confinamento; as folhas eram substituídas diariamente por outras tratadas, anotando-se o número de lagartas mortas, isto foi realizado até o estádio de pupa. As lagartas sobreviventes foram pesadas aos 7 dias de idade, as pupas, pesadas 24 horas após a formação que permaneceram nas placas até a emergência de adultos. As variáveis biológicas avaliadas foram peso, duração e viabilidade das fases larval e pupal. Os tratamentos A. indica, S. saponaria e S. adstringens reduziu o peso larval de P. xylostella; Nim + piretro + rotenona propiciaram insetos com menor longevidade; S. saponaria e Nim + piretro + rotenona reduz a viabilidade de P. xylostella e A. indica causou mortalidade total das larvas de P. xylostella. Palavras-chave: planta inseticida, couve, resistência. Introdução A Plutella xylostella L. (Lepidoptera: Plutellidae) é considerada a principal praga das crucíferas, no Brasil e no Mundo, podendo ocasionar prejuízos de até 100% nestas plantas, (Ooi & Kelderman, 1979). O controle químico, por sua eficácia e facilidade de execução, é considerado a principal tática de controle da praga (França et al. 1985). Mas geralmente o uso

2 indiscriminado de inseticidas, vem causando o aparecimento de populações resistentes (Castelo Branco et al., 2001). Segundo Medeiros et al., (2005) produtos naturais extraídos de plantas constituem se em fonte de substâncias bioativas compatíveis com programas de manejo integrado de pragas (MIP). Dessa forma, pode ser um forte aliado a outros métodos de controle de insetos, mantendo o equilíbrio ambiental, sem deixar resíduos químicos, sem ação tóxica aos animais e ao homem, reduzindo os efeitos negativos ocasionados pela aplicação descontrolada de inseticidas organossintéticos. Alguns extratos de plantas, ou suas combinações ativas isoladas, possuem ação inseticida aguda ou crônica como reguladores de crescimento ou redutores da alimentação de espécies de insetos (Shapiro et al. 1994). Mordue & Blackwell (1993) afirmaram que insetos tratados ou alimentados com azadiractina apresentam inibição de crescimento, morte de larvas durante o processo de ecdise, alongamento da fase larval, deformações de pupas e adultos, redução na longevidade, fecundidade e fertilidade dos adultos, e até a morte dos insetos horas após o tratamento. Tendo em vista a escassez de informações sobre métodos alternativos de controle da traça-das-crucíferas, essa pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito de plantas inseticidas em lagartas de P. xylostella bem como avaliar os efeitos desses extratos sobre aspectos biológicos desse inseto. Material e Métodos Os experimentos foram desenvolvidos no laboratório de Entomologia da Universidade Estadual de Goiás, na Unidade Universitária de Ipameri em condições do ambiente. Para realização dos experimentos, adotou-se o genótipo Manteiga. Efeito de planta inseticida na biologia de P. xylostella. Para observação do desenvolvimento de P. xylostella foram utilizados placas de Petri contendo folhas de couve, tratadas com as plantas inseticidas e respectivas dosagens, onde lagartas recém-eclodidas foram colocadas individualmente para confinamento, vedando-se as placas em seguida com filme PVC para evitar fuga das mesmas, as placas foram mantidas no laboratório em condições do ambiente, as folhas eram substituídas diariamente por outras tratadas, anotandose o número de lagartas mortas, isto foi realizado até o estádio de pupa. As lagartas sobreviventes foram pesadas aos 7 dias de idade, as pupas, pesadas 24 horas após a formação

3 que permaneceram nas placas até a emergência de adultos. As variáveis biológicas avaliadas foram peso, duração e viabilidade das fases larval e pupal. Os dados foram submetidos à analise de variância pelo teste de Fisher e as médias foram separadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando o software ESTAT. Tabela 1. Plantas inseticidas utilizadas na avaliação da biologia de P. xylostella na cultura da couve. Tratamentos Concentração Parte da planta usada 1- Testemunha Azadirachta indica 10% Óleo 3- Sapindus saponaria 10% Semente 4- nim + piretro + rotenona 10% Óleo 5- Dimorphandra mollis 10% Semente 6- Stryphnodendron adstringens 10% Casca Resultados e Discussões Na avaliação referente aos estudos dos aspectos biológicos de P. xylostella, alimentada com os discos foliares dos diferentes tratamentos (Tabela 2), pode visualizar-se que as larvas que apresentaram menores massas foram às alimentadas com os tratamentos contendo extratos de A. indica, S. saponaria e S. adstringens, os quais diferiram do tratamento com D. mollis que apresentou as maiores massas médias de larvas. Em relação à massa média de pupas houve diferença significativa entre os tratamentos, sendo que as tratadas com extrato de D. mollis apresentaram os maiores valores para a massa média de pupas e as alimentadas com A. indica, S. saponaria tiveram menores valores para esse parâmetro avaliado. A duração da fase larval de P. xylostella foi afetada pelos extratos aquosos das espécies vegetais, as larvas que se alimentaram de discos foliares tratados com extrato de S. adstringens, tiveram uma redução dessa fase, para o restante das espécies vegetais A. indica, S. saponaria, óleo de nim + piretro + rotenona, e D. mollis houve um aumento da fase larval, mas não se diferiu da testemunha. Em relação a mortalidade larval, as larvas que se alimentaram de folhas de couve contendo o extrato de A. indica apresentaram alto índice para esse parâmetro e, poucas larvas atingiram a fase de pupa, e mesmo assim com alta quantidade de pupas deformadas, conseqüentemente não emergindo adultos neste tratamento. Tabela 2. Médias do peso larval e pupal, período larval e pupal, longevidade de adultos de Plutella xyllostella em folhas de couve pulverizadas com plantas inseticidas. Ipameri / GO, 2008.

4 Tratamentos Parte da planta usada Peso larval Parâmetros Avaliados Peso pupal Período Larval Período Pupal 1- Testemunha - 4,61ab 4,61ab 8,14 b 3,4 b 2- A. indica Óleo 1,97c 2,78b 8,08 b - 3- S. saponaria Semente 1,94c 3,62b 8,42 b 4,13a 4- nim+rot+pir Óleo 2,52bc 4,05ab 8,40 b 3,73 ab 5- D. mollis Semente 5,37a 5,9a 8,06 b 3,60 b 6- S. adstringens Casca 1,55c 3,78ab 8,09 a 4,13 a C.V - 47,00 33,69 12,08 17,51 F. (Trat.) - 3,57** 3,57** 5,02 ** 3,6 * Parte da Parâmetros Avaliados Tratamentos planta usada Longevidade Ciclo total Viabilidade Larval Viabilidade Pupal 1- Testemunha - 4,06 ab 15,2 100,00 a 78,00 a 2- A. indica Óleo S. saponaria Sementes 3,33 bc 15,4 40,00 c 16,00 c 4- nim+rot+pir Óleo 3,26 c 15,67 86,00 b 30,00 c 5- D. mollis Semente 4,06 ab 15,80 82,00 b 44,00 b 6- S. adstringens Casca 4,13 a 16,26 88,00 b 52,00 b C.V - 25,32 9,63 43,61 52,73 F. (Trat.) - 3,08 * 1,09 NS 21,90 ** 13,68 ** 1 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. (Para análise os dados foram transformados em (x + 0,5) 1/2 ). ** Significativo a 1% de probabilidade. * Significativo a 5% de probabilidade. NS Não significativo. Mordue & Blackwell (1993) também relataram que insetos tratados ou alimentados com azadiractina apresentam inibição de crescimento, má-formação, prolongamento da fase larval e até morte das lagartas algumas horas após o tratamento. O prolongamento da fase larval nas parcelas tratadas com o extrato provavelmente resultou de uma menor eficiência de conversão do alimento ingerido e digerido causada possivelmente pelo desvio de parte do alimento para degradação de substâncias tóxicas presentes no substrato alimentar (Tanzubil & MCcaffery, 1990). Os extratos de S. saponaria e S. adstringens provocaram maior prolongamento do período pupal, já a diminuição desse período foi observada na testemunha e no tratamento com D. mollis. A mortalidade pupal foi observada em 100% para o tratamento A. indica, porém não houve diferença significativa nos demais tratamentos. Apesar da não diferença significativa entre os demais tratamentos, observou-se a influencia entre o peso e a mortalidade de pupa, evidenciando que os extratos que ocasionaram menor peso de pupa proporcionaram maiores mortalidades desta fase.

5 Carneiro & Bezerril (1992) estudaram os efeitos de extratos vegetais em relação a P. xylostella e verificaram reduções na emergência de adultos, da ordem de 86,6% para M. azedarach, 43,6% para Datura stramonium, 71,6% para Sapindus spp., 87,8% para Marabilis jalapa e 60,0% para C. ambrosioides, quando comparados à testemunha. A viabilidade da fase larval de P. xylostella foi afetada drasticamente pelo extrato de A. indica uma vez que este ocasionou mortalidade total das larvas, já para a testemunha e os extratos aquosos de S. saponaria, óleo de nim + piretro + rotenona, D. mollis e S. adstringens essa viabilidade foi de 100, 40, 86, 82 e 88% respectivamente. Pode-se observar que o tratamento com S. saponaria apresentou a menor viabilidade larval e a maior a testemunha, ficando os outros tratamentos intermediários a esses resultados. Esse dados corrobora com os de Shapiro et al. (1994) que constataram para alguns extratos de plantas misturados ou isoladas, variações no potencial inseticida agudo ou crônico como reguladores de crescimento ou deterrentes da alimentação de insetos. As larvas que se alimentaram com extratos de S. saponaria, óleo de nim + piretro + rotenona apresentaram uma menor viabilidade da fase pupal, sendo de 16 e 30% respectivamente, e a testemunha com a uma viabilidade de 78%, os demais tratamentos obtiveram resultados intermediários. A longevidade do adulto foi maior para o tratamento S. adstringens e a menor longevidade para óleo de nim + piretro + rotenona, os demais não se diferiram da testemunha. Para a avaliação do ciclo total de P. xylostella, não houve diferença significativa, mas pode se observar que a testemunha apresentou o menor valor, com uma média de 15,2 dias e o tratamento com extrato de S. adstringens o maior ciclo de 16,26 dias. Conclusões Os tratamentos A. indica, S. saponaria e S. adstringens reduziu o peso larval de P. xylostella; Nim + piretro + rotenona propiciaram insetos com menor longevidade; S. saponaria e Nim + piretro + rotenona reduz a viabilidade de P. xylostella e A. indica causou mortalidade total das larvas de P. xylostella. Referências Bibliográficas

6 BEZERRIL, E.F. & CARNEIRO, J.S. Manejo integrado da traça do repolho, Plutella xylostella (L.) no Planalto do Ibiapaba-Ceará. Horticultura Brasileira. p.10-49, CASTELO BRANCO, M.; FRANÇA, F.H.; MEDEIROS, M.A.; LEAL, J.G.T. Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso. Horticultura Brasileira, v.19, p.60-63, FRANÇA, F.H., CORDEIRO,C.M.T., GIORDANO, L.B. & RESENDE, A.M.. Controle da traça-das-crucíferas em repolho. Horticultura Brasileira. p.3: 50-51, JACBSON, M. Botanical pesticides: past, present and future, p In J.T. Arnason, B.J.R. Philogene & P. Morand. Inseticides of plant origin. Washington, America Chemical Society, 213p MEDEIROS, C. A. M.; BOIÇA JUNIOR, A. L.; TORRES, A. L. T. Efeito de extratos aquosos de plantas na oviposição da traça-das-crucíferas, em couve. Bragantia, v. 64, p , MORDUE, A. J.; BLACKWELL, A. Azadirachtin: an update. Journal Insect of Physiology, v.39, p , OOI, P. A. C.; KELDERMAN, W. The biology of three common pests of cabagges in Cameron Highlands, Malaysia. Malaysian Agricultural Journal, Kuala Lumpur, v.52, n.1, p , SHAPIRO, M., J.L. ROBERTSON & R.E. WEBB. Effect of neem seed extract upon the gypsy moth (Lepidoptera: Lymantriidae) and its nuclear polyhedrosis virus. Journal Economic of Entomology, v. 87, p , TANZUBIL, P.B.; McCAFFERY, A.R. Effects of azadirachtin and aqueous neem seed extracts on survival, growth and development of the African armyworm, Spodoptera exempta. Crop Protection, v.9, p , 1990.