PLANTA INSETICIDA SOBRE O BICHO-MINEIRO-DO-CAFEEIRO

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1 PLANTA INSETICIDA SOBRE O BICHO-MINEIRO-DO-CAFEEIRO Flávio Gonçalves de Jesus 1, Robson Greguer Ferreira 2.3 ; MaicoTomazini 2 ; Antônio Leonardo Domaszak Silva 2 1 Professor do IFGoiano Campus de Urutaí, Rodovia Prof. Geraldo Silva Nascimento Km 2,5 CEP , Urutaí-GO. 2 Graduados do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. 2.3 Bolsista PBIC/UEG, graduado do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. RESUMO O bicho-mineiro Leucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae) é considerado como a principal praga da cultura do cafeeiro (Coffea arabica). Destaca-se devido aos prejuízos causados, comprometendo a produção e diminuindo a longevidade da planta. O experimento foi instalado em condições de campo em esquema de blocos casualizados com oito tratamentos (Testemunha, Nim 5% e 10%, Sabão de soldado, 5% e 10%, nim + rotenona + piretro 5% e 10%, Cartap 1 kg.ha -1) e quatro repetições. Os extratos vegetais a base de nim a 5 e 10% e sabão de soldado a 5 e 10% mostraram-se promissores no controle de L. coffeella. Palavras chaves: Coffea arabica; Nim; Sabão de soldado. Introdução O cafeeiro hospeda inúmeras espécies de insetos e ácaro, algumas das quais se constituem pragas importantes que frequentemente causam prejuízos, enquanto outras não chegam a causar nenhum dano (Yamada et al., 1986). Dentre as pragas dessa cultura destaca-se o bicho-mineiro do cafeeiro Leucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae) como a principal praga. Originário da África, a praga, foi constatada no Brasil a partir de 1850, tendo sido introduzido, provavelmente, em mudas infestadas provenientes das Antilhas e da Ilha de Bourbon (Reis & Souza, 1998).

2 Os danos causados pela praga variam em função das práticas culturais adotadas, da época do ano e, sobretudo da região de cultivo, podendo comprometer mais de 37% da produtividade das lavouras (Almeida, 1973). Dentre os métodos de controle desta praga o mais usado é o químico, porém os inseticidas sintéticos, apesar da eficiência, podem apresentar uma série de problemas, como contaminação ambiental, presença de altos níveis de resíduos nos alimentos, desequilíbrio biológico devido à eliminação de inimigos naturais, e surgimento de populações de insetos resistentes (Hernández & Vendramim, 1996). A utilização de plantas com atividade inseticida não é uma tática recente no controle de pragas, já que o seu uso era bastante comum nos países tropicais antes do advento dos inseticidas sintéticos. Os primeiros inseticidas botânicos utilizados foram a nicotina extraída do fumo Nicotiana tabacum, a piretrina extraída do crisântemo Chrysanthemum cinerariaefolium, a rotenona extraída de Derris spp. e Lonchocarpus spp., a sabadina e outros alcalóides extraídos de Schoenocaulon officinale e a rianodina extraída de Rhyania speciosa (Lagunes & Rodrígues 1992; Roel et al., 2000; Gallo et al., 2002). Plantas tratadas com produtos derivados de A. indica, inibem a oviposição, efeito repelente e anti alimentar sobre diversos insetos pragas (Schmutterer, 1990), devido a presença de vários princípios ativos, destacando a azadiractina encontrada principalmente nas sementes e em menor quantidade na casca e folhas. Esse trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de diferentes plantas inseticidas no controle do bicho mineiro (L. coffeella) em plantas de cafeeiro. Material e Métodos O experimento foi instalado na fazenda experimental da Universidade Estadual de Goiás na Unidade Universitária de Ipameri GO, em delineamento de blocos casualizados com oito tratamentos (Testemunha, NIM, 5% e 10%, Sabão de Soldado 5% e 10%, Rotenona, NIM e Piretro a 5% e 10% e como tratamento padrão adotou-se cartap BR 500 na dosagem de 1 kg/ha -1 ) e quatro repetições. Para as aplicações nas respectivas doses e concentrações, adotou-se um borrifador manual de 500 ml, aplicando-se quinzenalmente cada tratamento. Já as avaliações foram realizadas no mesmo período tomando o cuidado de coletar 10 folhas antes de cada aplicação para avaliar os parâmetros: número de minas vivas (NMV), número de ovos (NO), número de folhas com minas minas (NFMV), número de folhas com minas predadas 2

3 (NFP) e número de minas mortas (NMM). Para obtenção dos inseticidas botânicos, estes foram extraídos e processados de diferentes formas sendo: Os tratamentos a base de nim (A. indica) utilizou-se óleo processado das amêndoas, sabão de soldado (S. saponaria) trituração mecânica das amêndoas e repouso em água por 24 horas para extração dos princípios ativos, já o tratamento em mistura Nim + Rotenona + Piretro adotou-se o produto comercial RotNim. Analise Estatística Os dados foram submetidos a analise de variância e quando significativos as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). Os dados originais foram transformados em (x + 0,5) 1/2 para todos os parâmetros. Resultados e Discussões Para a análise da incidência do número de minas vivas (NMV) nos tratamentos, visualizamos diferenças estatísticas somente na quarta avaliação (Tabela 1), sendo que os tratamentos sabão de soldado 10%, nim + rotenona + piretro 10% e cartap BR 500 obtiveram uma menor quantidade de minas vivas da praga nas folhas, enquanto o tratamento nim 10% não mostrou eficiência. Para a quinta avaliação, os tratamentos nim 10% e sabão de soldado a 10% mostraram-se os melhores índices de controle da praga. Martinez & Meneguim (2003) estudando a ação de óleo emulsionável de nim na dosagem de 10 ml/l de água em larvas de L. coffella, observaram a mortalidade das lagartas e grande quantidade de pupas deformadas da praga. Para o parâmetro números de ovos (NO) observamos diferenças estatísticas na primeira, terceira, quarta e quinta avaliação (Tabela 1). Os tratamentos nim 5%, nim + rotenona + piretro 10% e cartap BR 500 de maneira geral, proporcionaram os menores índices de oviposição pela praga quando comparados com a testemunha. Resultados semelhantes foram descritos por Martinez & Meneguim (2003) comprovando a ação inibitória de oviposição por óleo de nim nas concentrações de 1,25% e 2,5%, reduzindo a eclosão de larvas de L. coffeella em 71,5%, comprovando seu efeito ovicida. Quando analisamos o efeito dos tratamentos no número de folhas com minas vivas 3

4 (NFMV) notamos diferenças estatísticas apenas na terceira e quinta avaliação (Tabela 1) e podemos destacar o efeito positivos dos tratamentos nim 10% e sabão de soldado a 5 e 10%. Tentando verificar alguma relação de plantas inseticidas com o controle biológico natural, verificamos que todos os tratamentos não diferiram entre si no número de folhas predadas, esse fato pode estar relacionado à baixa infestação da praga na época das avaliações realizadas. Quanto aos resultados do número médio de folhas com minas mortas (Tabela 1), visualizamos que ocorreram diferenças estatísticas somente na primeira avaliação, mas destacamos a tendência de controle satisfatório dos tratamentos sabão de soldado 5 e 10% na mortalidade da praga. Os dados obtidos neste experimento são promissores para o controle de pragas na cultura do cafeeiro não só para L. coffeella como mostra também as pesquisas de Martinez (2004) que observou mortalidade de 78,7% de Hypothenemus hampei e redução da porcentagem de frutos brocados, quando utilizou-se óleo emulsionável de nim a 1% pulverizado em frutos de cafeeiro. Os extratos vegetais a base de nim a 5% e 10% e sabão de soldado a 5% e 10% mostraram-se promissores no controle de L. coffeella. Estudos futuros devem ser executados para verificar os diferentes modos de ação de planta inseticida em diferentes estágios da praga na cultura do cafeeiro. Agradecimento de cafeeiro. Ao viveiro Sacoman situado no município de Araguari-MG pela doação das mudas 4

5 Tabela 1: Média do número de minas vivas, número de ovos, número de folhas com minas vivas, número de folhas predadas e número de folhas com minas mortas em folhas de cafeeiro tratadas com diferentes plantas inseticidas. Ipameri-GO, Tratamentos Primeira avaliação 1 Segunda avaliação Terceira avaliação NMV NO NFMV NFP NFMM NMV NO NFMV NFP NFMM NMV NO NFMV NFP NFMM Testemunha 0,50 1,00 ab 0,50 0,75 3,25ab 0,50 1,00 0,25 0,50 1,50 1,00 0,50 a 0,75 a 0,50 1,50 Nim 5 % 0,50 0,50 ab 0,50 0,50 1,50 b 0,50 0,50 0,50 0,25 1,50 0,50 0,00 b 0,25 ab 0,00 1,50 Nim 10% 0,50 1,75 a 0,50 0,25 1,50 b 0,25 0,25 0,25 0,25 1,00 0,00 0,00 b 0,00 b 0,25 1,50 Sabão de Soldado 5% 0,25 0,00 b 0,25 0,25 1,75 b 0,50 0,00 0,50 0,25 3,50 0,00 0,00 b 0,00 b 0,25 1,50 Sabão de Soldado 10% 0,25 0,25 ab 0,25 0,25 4,75 a 0,75 0,50 0,50 0,25 2,50 0,50 0,00 b 0,50 ab 0,25 2,25 Nim+rotenona+piretro 5% 0,00 0,25 ab 0,00 0,00 2,50ab 0,25 0,25 0,00 0,25 1,75 0,25 0,00 b 0,25 ab 0,25 1,00 Nim+rotenona+piretro 10% 0,25 0,00 b 0,25 0,25 3,25ab 0,50 0,50 0,50 0,25 2,00 0,25 0,00 b 0,25 ab 0,25 1,25 Cartap BR 500 0,00 0,00 b 0,00 0,25 3,00ab 0,00 0,00 0,00 0,00 0,75 0,25 0,00 b 0,25 ab 0,00 0,50 C.V 25,46 44,54 27,21 29,45 30,91 28,50 38,65 32,64 29,42 42,89 28,76 14,28 24,46 23,74 41,91 F. (trat.) 0,92 NS 1,35 * 0,93 NS 0,80 NS 1,69 * 1,14 NS 0,80 NS 0,57 NS 0,31 NS 0,79 NS 1,54 NS 2,48 * 2,10 * 0,74 NS 0,34 NS Tratamentos Quarta avaliação Quinta avaliação NMV NO NFMV NFP NFMM NMV NO NFMV NFP NFMM Testemunha 1,25 a 1,25 a 0,75 1,00 1,75 1,25 a 1,00 1,00 a 0,25 0,50 Nim 5 % 0,50 ab 0,00 b 0,50 0,75 1,50 0,25 b 0,00 0,25 b 0,25 1,75 Nim 10% 1,25 a 0,25 b 0,75 0,50 0,50 0,00 b 1,00 0,00 b 0,50 1,25 Sabão de Soldado 5% 0,25 ab 0,00 b 0,25 0,25 2,25 0,25 b 0,50 0,25 b 0,25 0,50 Sabão de Soldado 10% 0,00 b 0,25 b 0,00 0,75 3,00 0,00 b 0,00 0,00 b 0,25 1,00 Nim+rotenona+piretro 5% 0,25 ab 0,25 b 0,25 0,50 1,00 0,50 ab 0,25 0,50 ab 0,25 0,75 Nim+rotenona+piretro 10% 0,00 b 0,25 b 0,00 1,00 1,25 0,50 ab 0,00 0,25 b 0,00 1,25 Cartap BR 500 0,00 b 0,00 b 0,00 0,50 1,25 0,25 b 0,00 0,25 b 0,00 1,00 C.V 33,63 26,61 25,67 39,36 36,13 28,73 33,13 24,75 27,21 29,55 F. (trat.) 2,03 * 2,69 * 2,04 NS 0,33 NS 1,16 NS 2,28 * 1,74 NS 2,37 * 0,55 NS 1,10 NS 1 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. (Para análise os dados foram transformados em (x + 0,5) 1/2 ). * Significativo a 5% de probabilidade. NS Não significativo. NMV Número de minas vivas; NO Número de ovos; NFMV Número de folhas com minas vivas; NFP Número de folhas predadas e NFMM Número de folhas com minas mortas.

6 Referências Bibliográficas GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba, FEALQ, p. HERNÁNDEZ, C.R.; VENDRAMIM, J.D. Toxicidad de extractos acuosos de Meliaceae em Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). Manejo Integrado de Plagas, v.1, p.14-22; LAGUNES T.AC.; RODRÍGUEZ H. Los extractos acuosos vegetales con actividad insecticida: el combate de la conchuela del frijol. Texcoco: Usaid-Conacyt-SME-CP, 57p, MARTINEZ, S.S. Controle da broca-do-café com inseticidas botânicos: Avanços e Perspectivas. In: HOHMAN, C.L. Manejo da broca-do-café Workshop Inteenacional. Londrina-PR, p. MARTINEZ, S. S.; MENEGUIM, A. M. Redução da oviposição e da sobrevivência de ovos de Leucoptera coffeella causadas pelo óleo emulsionável de nim. Manejo Integrado de Plagas y Agroecologia, v.67, p.30-34, REIS, P.R.; SOUZA, J.C. Manejo integrado das pragas do cafeeiro em Minas Gerais. Informe Agropecuário, v.19, p.17-25, 1998 ROEL, A.R.; VENDRAMIM, J.D.; FRIGHETTO, R.T.S. e FRIGHETTO, N. Atividade tóxica de extratos orgânicos de Trichilia pallida Swartz (Meliaceae) sobre Spodoptera frugiperda (J. E. Smith). Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v.29, p ,

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