Uso de diferentes recipientes e substratos na produção de mudas de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze

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1 Uso de diferentes recipientes e substratos na produção de mudas de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze Leandro Marcolino Vieira 1, Flávio Zanette 1, Caroline Frizo 1, Crizane Hacbak 1, Erik Nunes Gomes 1, Valdeci Constantino 1 1 UFPR- Universidade Federal do Paraná. leandro_marcolinovieira@hotmail.com Resumo O pinheiro do Paraná é uma das espécies nativas de maior importância para a região sul do Brasil. Tem sido explorada comercialmente para a produção de madeira e pinhão. Um dos fatores importantes para a implantação de florestas e pomares produtivos trata-se da qualidade das mudas, a qual pode ser produzida sob diferentes tipos de recipientes e substratos. O presente trabalho avaliou três tipos de recipientes e três tipos de substratos na produção de mudas de Araucária. Após 210 dias avaliaram-se altura, diâmetro de colo, massa seca total, relação altura/diâmetro de colo e índice de qualidade de Dickson. As combinações de sacos de polietileno com solo e solo + Tropstrato HT são indicadas para a produção de mudas de Araucaria angustifolia por proporcionarem maiores alturas, massa seca total e índice de qualidade de Dickson. Palavras-chave: Pinheiro do Paraná, propagação, qualidade de mudas 1. Introdução O pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze) é uma espécie nativa de importante valor econômico, ecológico, social e cultural. É considerada uma das espécies nativas mais importantes do Sul do Brasil (WENDLING & ZANETTE, 2017). A exploração tradicional da araucária, principalmente para produção de madeira, comprometeu grande parte do bioma Floresta com Araucária. Os remanescentes que sobreviveram a esta devastação estão hoje em drástica situação, com grande parte do material genético perdido, estando na lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas de extinção (ZANETTE et al., 2007, (WENDLING & ZANETTE, 2017). Por possuir madeira de excelente qualidade e produção de pinhão rentável os plantios de araucária para produção de madeira e pinhões tem sido estudado visando aumentar o potencial produtivo da espécie (DANNER, 2012). Um dos fatores importantes para a implantação de florestas e pomares produtivos trata-se da qualidade das mudas, sendo que o desenvolvimento inicial de uma muda é fundamental para o estabelecimento de plantas adultas bem nutridas e formadas (CECONI, 2007; ROSSA, 2011). Segundo Wendling (2008) a produção de mudas de araucária é essencialmente feita via sementes. O tipo de recipiente e suas dimensões exercem influências sobre a qualidade e os custos de produção de mudas de espécies florestais (DE ANDRADE TEIXEIRA, 2008). Conforme Mendonça (2003), existem no mercado diferentes recipientes para a produção de mudas florestais, sendo o critério de escolha definido em função da disponibilidade e custo. Diante a importância da produção de uma boa muda para a produção o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade de mudas de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze produzidas em diferentes recipientes e substratos. 2. Material e Métodos

2 O trabalho foi desenvolvido durante o período de agosto de 2016 a março de 2017, no Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, localizada à 25º25 de latitude Sul e 49º16 de longitude Oeste, altitude 911 m. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, em um fatorial com com 3 tipos de recipientes (tubete médio (126 cm³), tubete grande (290 cm³) e saco de polietileno (879 cm³) e 3 tipos de substrato(tropstrato HT, solo e Tropstrato HT + solo), totalizando 9 tratamentos em 5 repetições, tendo 10 plantas como unidade experimental. As sementes obtidas a partir de matrizes da região foram mantidas em água por 24 horas em seguida foi realizada a semeadura. A umidade do substrato foi mantida manualmente. As avaliações foram realizadas aos 210 dias após o plantio. Avaliaram-se altura, diâmetro de colo, massa seca total, relação altura/diâmetro de colo e índice de qualidade de Dickson (DICKSON et al., 1960). Os dados foram submetidos a ANOVA e ao teste de Tukey ao nível de 5% de significância, utilizando o programa ASSISTAT. 3. Resultados e Discussão É possível observar na tabela 1 que a altura das plantas aos 210 dias após o plantio foi maior na interação entre o saco de polietileno e os substratos solo e solo+tropstrato HT. Comportamento semelhante foi observado para a massa seca total e índice de qualidade de Dickson. Os volumes dos recipientes influenciam a disponibilidade de nutrientes e água, devendo ser ressaltado que o maior volume promove a melhor arquitetura do sistema radicular (GOMES et al., 2003), o que pode explicar o melhor desempenho das mudas nos sacos de polietileno em relação aos tubetes. Quanto aos substratos, provavelmente o solo possui maior teor de nutrientes em relação ao substrato comercial e também, pela maior quantidade de microporos proporcione maior disponibilidade de retenção de água. Segundo Pio et al. (2005) o substrato deve proporcionar condições adequadas à germinação e ao desenvolvimento inicial da muda, devendo possuir baixa densidade, boa capacidade de absorção e retenção de água, boa aeração e drenagem para evitar o acúmulo de umidade, conforme os resultados do presente traballho pode se concluir que o solo apresentou estas características. A relação entre altura e diâmetro de colo é um parâmetro de qualidade de mudas que representa o equilíbrio de crescimento, representando dois parâmetros morfológicos estando diretamente relacionado à sobrevivência das mudas no campo (GOMES et al., 2002). Segundo CARNEIRO (1995), os valores devem se situar entre 5,4 a 8,1. Neste sentido, pode se afirmar que para mudas de araucária o tubete de 126cm³ não é recomendado. Apesar dos melhores resultados com sacos de polietileno, segundo HUNT (1990) o valor mínimo para o índice de qualidade de Dickson deve ser de 0,20, de modo que todos os tratamentos promoveram valores adequados para as mudas de araucaria nas condições deste experimento

3 TABELA 1. Médias de altura, diâmetro de colo, massa seca total, relação altura/diâmetro de colo e índice de qualidade de Dickson em mudas de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze submetidas à diferentes recipientes de plantio e substratos. Curitiba/PR (2017). Altura (cm) Tubete 126cm³ 18,21 ca 17,95 ba 18,73 ca 18,29 c Tubete 290cm³ 22,53 ba 21,61 aa 22,13 ba 22,09 b Saco Polietileno 27,00 aa 22,96 ab 29,66 aa 26,77 a Média 22,80 A 20,84 B 23,51 A Diâmetro de colo (mm) ns Tubete 126cm³ 3,69 3,54 4,92 4,05 Tubete 290cm³ 3,82 3,84 4,01 3,89 Saco Polietileno 4,72 4,05 4,55 4,44 Média ns 4,07 3,81 4,50 Massa seca total (g) Tubete 126cm³ 4,97 ca 6,73 aa 4,65 ca 5,4 c Tubete 290cm³ 9, 22 ba 8,58 aba 8,4 ba 8,7 b Saco Polietileno 12,39 aa 9,44 ab 14,20 aa 12,0 a Média ns 8,86 8,24 9,09 Relação altura/diâmetro de colo Tubete 126cm³ 4,97 5,08 4,24 4,77 b Tubete 290cm³ 6,06 5,62 5,51 5,73 a Saco Polietileno 5,88 5,71 6,51 6,04 a Média ns 5,64 5,47 5,43 Índice de qualidade de Dickson Tubete 126cm³ 0,65 ba 0,89 aa 0,7 ca 0,74 c Tubete 290cm³ 1,06 aa 1,05 aa 1,06 ba 1,06 b Saco Polietileno 1,27 aab 1,09 ab 1,40 aa 1,26 a Média ns 0,99 1,0 1,05 *Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.trop: Substrato comercial Tropstrato HT. 4. Conclusões As combinações de sacos de polietileno com solo e solo + Tropstrato HT são indicadas para a produção de mudas de Araucaria angustifolia por proporcionarem maiores alturas, massa seca total e índice de qualidade de Dickson. 5. Agradecimentos

4 A CAPES pela concessão da bolsa, a Universidade Federal do Paraná e ao programa de Pósgraduação em Agronomia Produção Vegetal. Referências ANSELMINI, J. I.; Fenologia reprodutiva da Araucaria angustifolia (BERT.) O. Kuntze, na região de Curitiba PR. Curitiba, 62 F. Dissertação (Mestrado em Agronomia Produção Vegetal), Universidade Federal do Paraná CARNEIRO, J.G.A. Produção e controle de qualidade de mudas florestais. Curitiba: UFPR/FUPEF; Campos: UENF, p. CECONI, D. E.; POLETTO, I.; LOVATO, T.; MUNIZ, M. F. B. Exigência nutricional de mudas de ervamate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.) à adubação fosfatada. Ciência Florestal, v. 17, n. 1, p , DANNER, Moeses Andrigo; ZANETTE, Flávio; RIBEIRO, Juliana Zanetti. O cultivo da araucária para produção de pinhões como ferramenta para a conservação. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 32, n. 72, p. 441, DE ANDRADE TEIXEIRA, Sueli et al. Efeito de diferentes tamanhos de sacos plásicos na produção de mudas de Triplaris americana L. e Jacaranda micrantha Cham. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. S2, p. pg , DICKSON, A.; LEAF, A. L.; HOSNER, J. F. Quality appraisal of white spruce and white pine seedling stock in nurseries. The Forestry Chronicle, v. 36, n. 1, p , FREITAS, Teresa Aparecida Soares de et al. Produção de mudas de eucalipto com substratos para sistema de blocos. Revista Árvore, v. 34, n. 5, GOMES, José Mauro et al. Crescimento de mudas de Eucalyptus grandis em diferentes tamanhos de tubetes e fertilização NPK. Revista Árvore, v. 27, n. 2, p , GOMES, J.M.; COUTO, L.;LEITE, H. G.; XAVIER, A.; GARCIA, S. L. R. Parâmetros morfológicos na avaliação da qualidade de mudas de Eucalyptus grandis. Revista Árvore, v. 26, n. 6, p , HUNT, G. A. Effect of styroblock design and copper treatment on morphology of conifer seedlings. General technical report RM-Rocky Mountain Forest and Range Experiment Station, US Department of Agriculture, Forest Service (USA), VANDER MENDONÇA, Sebastião Elviro de Araújo et al. DIFERENTES SUBSTRATOS E RECIPIENTES NA FORMAÇÃO DE MUDAS DE MAMO-EIRO SUNRISE SOLO. Rev. Bras. Frutic., v. 25, n. 1, PIERIN NETO, Leone. Influência do recipiente na qualidade de mudas de Euterpe edulis Martius (Juçara) e Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze (araucaria) PIO, R.; RAMOS, J.D.; GONTIJO, T.C.A.; CARRIJO, E.P; MENDONÇA, V.; FABRI, E.G.; CHAGAS, E.A. na produção de mudas de jabuticaba. Revista Brasileira de Agrociência,

5 v.11, n.4, p , ROSSA, Überson Boaretto et al. Fertilizante de liberação lenta no crescimento de mudas de Araucaria angustifolia e Ocotea odorifera. Floresta, v. 41, n. 3, WENDLING, I.; DELGADO, M. E. Produção de mudas de araucária em tubetes. EMBRAPA FLORESTA, Maio ZANETTE, F.; DANNER, M. A.; CONSTANTINO, V.; WENDLING, I. Particulariedades e biologia reprodutiva de Araucaria angustifolia. In: ZANETTE, F.; WENDLING, I. (Ed.). Araucária: particulariedades, propagação e manejo de plantios. p