PREFERÊNCIA DE SOJA POR PERCEVEJOS PRAGAS EM TREZE CULTIVARES DE SOJA
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1 PREFERÊNCIA DE SOJA POR PERCEVEJOS PRAGAS EM TREZE CULTIVARES DE SOJA Hingrid Raiany Santos Teixeira 1, Kamila Coutinho Ribeiro Nunes 1, Luan dos Santos Silva 1, Edvania de Araújo Lima 1 Universidade Federal do Piauí/Campus Professora CinobelinaElvas, Avenida Manoel Gracindo, Km 01, S/n - Planalto Horizonte, , Bom Jesus - Piauí, Brasil, hingridteixeira.agro@gmail.com, k.c.r.n@hotmail.com, luan_agronomia@hotmail.com, edivania@ufpi.edu.br, Resumo- Dentre os fatores que limitam a produção de soja estão os danos causados por percevejos. As principais espécies de importância econômica relatados no Brasil são Nezara viridula, Euschistosheros e Piezodorusguildinii. O objetivo deste trabalho foi levantar as espécies de percevejos pragas que infestam a cultura da soja na região do Cerrado Piauiense e a susceptibilidade de treze cultivares de soja diferentes ao seu ataque. Os estudos foram desenvolvidos em condições de campo, com treze cultivares, na fazenda São João, localiza no cerrado dos Pirajás, situado no município de Bom Jesus, PI. Foram obtidas 3 espécies de percevejos Dichelops melanocanthus, Nezara viridula e Euschistus heros, sendo Dichelops melanocanthus, a espécie mais abundante e Euschistus heros a que apareceu em menor freqüência. Palavras-chave: Insecta, percevejos da soja, Glycinemax, monitoramento Área do Conhecimento: Engenharia Agronômica (Agronomia). Introdução O cultivo da soja é uma das principais atividades agrícolas no Brasil, sendo que a cada ano sua exploração aumenta expressivamente. Assim, com o crescente aumento na produção de grãos de soja e, principalmente, pelo aumento de área plantada anualmente, também se observa aumento de problemas fitossanitário. Neste sentido, verifica-se que os insetos praga tendem a aumentar devido ao uso excessivo de inseticidas químicos causando a destruição dos inimigos naturais e com isso, a reinfestação de praga e surgimento de pragas secundárias, além de promover o desenvolvimento de resistência do inseto praga ao inseticida. A cultura da soja está sujeita, durante todo o seu ciclo, ao ataque de diferentes espécies de insetos. Embora esses insetos tenham suas populações reduzidas por predadores, parasitóides e doenças, em níveis dependentes das condições ambientais e do manejo de pragas que se pratica,quando atingem populações elevadas, capazes de causar perdas significativas no rendimento da cultura,necessitam ser controlados. Assim, o controle deve ser feito com base nos princípios do Manejo Integrado de Pragas, que se constitui na tomada de decisão de controle com base no nível de ataque, no número e estágio de desenvolvimento dos insetos-pragas e fase fenológica da cultura (EMBRAPA, 2007;2012). Dentre as pragas que atacam a cultura da soja, os percevejos sugadores de sementes (Nezara viridula Linnaeus, Piezodorus guildinii Westwood e seu hábito alimentar, o que contribui para grandes perdas na produção (CORREIA-FERREIRA, 2008; COSTA, 1996; DEGRANDE e VIVAM, 2005; GALLO et al., 2002). Estas pragas em geral, são responsáveis pela redução na produção e na qualidade das sementes, devido a transmissão de doenças e da retenção foliar da soja. Por essa razão, o complexo de percevejos constitui o maior risco à soja (EMBRAPA, 1995). Segundo Corrêa-Ferreira e Panizzi (1999), a colonização das plantas de soja pelos percevejos pode se iniciar no final do período vegetativo ou durante a floração, e no período de desenvolvimento de vagens até o final do enchimento de grãos e com isso, esses insetos aumentam seus níveis populacionais e causam os maiores prejuízos à cultura. O controle de percevejos em soja é feito principalmente pelo método químico. Para isso existem diversos inseticidas registrados com maior ou menor eficiência (EMBRAPA SOJA, 2008). Na escolha do método de controle da praga, os inseticidas apresentam vantagens por serem econômicos, apresentarem ação imediata e, a partir do momento que a população de praga se aproxima do nível de dano econômico, torna-se a única opção disponível para o agricultor. Mas o uso de produtos químicos 1
2 possui desvantagens devido o espectro de ação, incluindo efeitos não desejados sobre os inimigos naturais e o meio ambiente (CORSO et al., 1999; MOSCARD, 2002; PARRA et al., 2002). Segundo Moscard (2014), nem sempre o controle das pragas é realizado de forma correta e eficiente pelos agricultores, os quais estão sujeitos a falhas no manejo integrado de pragas e na utilização de todas as ferramentas disponíveis para reduzir o custo de produção e a utilização de produtos químicos altamente impactantes no meio ambiente. Além disso, alguns produtores adotam medidas inadequadas de controle como aplicação preventiva de produtos químicos que podem causar grandes problemas ambientais, desequilíbrio populacional dos insetos, estimularem o crescimento de pragas secundárias e elevar os custos de produção da lavoura (EMBRAPA, 2008). O presente trabalho tem como objetivo determinar a preferencia alimentar e a susceptiblidade ao ataque de percevejos praga que infestam a cultura da soja em treze cultives de soja no cerrado piauiense. Metodologia O experimento foi instalado em dezembro de 2014, em uma área de iniciação de cultivo na fazenda São João, localiza no cerrado dos Pirajás, situado no município de Bom Jesus, PI, o qual esta localizado às coordenadas geográficas 09º04 28 S, 44º21 31 W e altitude média de 277 m. Foram avaliadas treze cultivares de soja.: FT Campo Novo RR, P99R 03, M 8766 RR, FT Paragominas RR, M 9144RR, BRS 333 RR, Pampeana 10 RR, Pampeana 20 RR, Pampeana 30 RR, BRS Sambaíba, M9350, P99R 09, BRS Carnaúba. A escolha dos cultivares foi fundamentada na duração dos ciclos vegetativo e reprodutivo, assim como na resposta ao fotoperíodo, caracterizando um grupo de maturação específico, priorizando aqueles com níveis elevados de produtividade e estabilidade. Foi adotado o delineamento em blocos casualizados com 13 tratamentos, na qual foram as 13 cultivares, com quatro repetições. A unidade experimental foi composta por nove fileiras de 5,0 m de comprimento, com espaçamento de 0,45 m, sendo a área útil representada pelas cinco fileiras centrais de cada parcela, com descarte das plantas localizadas nas extremidades (0,5 m em cada lado) das fileiras. Adubação de plantio foi realizada conforme análise de solo, seguindo as recomendações básicas para acultura da soja sendo o adubo distribuído na linha de plantio (EMBRAPA, 2008), bem como o manejo fitossanitário foi realizado de acordo com o recomendado para a cultura. A avaliação da entomofauna foi realizada mediante o plano de amostragem de pragas da soja. sendo realizadas semanalmente, a partir do início da floração até a maturação (estágios fenológicos R1 até R5), em três pontos aleatórios de cada parcela com a utilização do pano de batida. Em cada ponto será avaliado 1m linear de plantio. Os resultados serão submetidos à análise de variância e no caso do teste F indicar significância, as médias serão comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados Durante as avaliações da infestação de percevejos na cultura da soja apenas as espécies Nezara viridula, Euchistus heros e Dichelops melacanthus foram encontrados. 2
3 Tabela 2. Média da preferência das cultivares de soja por percevejos ao longo do cultivo. Rolim de Moura RO, Tratamento Dichelops melanocanthus Nezara viridula Euschistus heros Pampeana 10 RR 3,855ª 1,640b 1,771b BRS 333 RR 3,554ª 1,801b 1,552b FT Campo Novo RR 3,565ª 1,825b 1,025bc Pampeana 20 RR 3,475a 1,232 b 1,731 c Pampeana 30 RR 3,989a 0,994 bc 0,751 c P99R 03 2,685ª 1,556b 0,798c M 9144RR 2,555b 1,080 bc 0,741 c FT Paragominas RR 3,447a 1,049 bc 0,724 c BRS Sambaíba 2,968a 1,094 bc 0,740 c M 8766 RR 2,875a 1,258b 0,987c M9350 2,865a 0,985c 0,996c BRS Carnaúba 2,125b 0,874c 0,789c P99R 09 2,214b 0,968c 0,774c DMS 0,2454 0,456 CV% 10,65 2,77 ¹Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dados transformados em raiz quadrada de (X+ 0.5). Discussão Com relação à preferência das cultivares pelos percevejos D. melacanthus, E. herose N. viridula observa-se que houve maior infestação nas cultivares Pampeana 30 RR,P 99 RR 09 e M 9144 RR, seguido das cultivares BRS 333 RR, Pampeana 20 RR, BRS Sambaíba, M 8766 RR,causando danos nas plantas e grãos. Verifica-se que o número médio de percevejos por amostragens foi muito semelhante para E. heros e N. viridulaem baixíssimas populações. Diferentemente, D. melacanthus revelou-se muito preocupante, visto que suas populações sempre estiveram em níveis de dano em 3
4 todas as cultivares estudadas. No entanto, as treze cultivares utilizadas nos experimentos não apresentam nenhuma resistência ao ataque dessa praga. Com relação aos percevejos pode-se observar na mesma Tabela que houve diferença na população de percevejos. Todavia a infestação se mostrou maior para a espécies D. melacanthus diferenciando estatisticamente da espécie E. heros como pode ser observado na tabela 1, o mesmo foi observado por Thomazini et, al., (2001) em experimento conduzido no Estado do Acre no ano de 1999 e No entanto, Marsaro Júnior (2008) monitorando duas áreas de cultivo em Boa vista RR constatou que as espécies mais abundantes foi E. heros seguido de D. melacanthus. Conclusão A cultivar Pampeana 30 RR foi a que a apresentou a maior média de infestação de percevejos Dichelops melanocanthus, enquanto para Nezara viridula foi a cultivar FT Campo Novo RR e para Euschistus heros foi a Pampeana 10 RR. A espécie D. Melacanthus surgiu em alta densidade, apresentando maior infestação (3,989 percevejos por pano de batida) e se comportou de maneira semelhante nas treze cultivares estudadas, ao longo do tempo, sempre apresentando altas densidades nas cultivares. A espécie E. heros só apareceu mais tarde e em baixa densidade (0,2 percevejos por pano de batida) e com freqüência muito pequena em todas as cultivares de soja, diferenciando estatisticamente da espécie D. Melacanthus. Referências AGUIAR, G.A.M; LIMA FILHO R.R.; TORRES JUNIOR, A.M. A última fronteira agrícola. Agroanalyses, v, 33, n.5, p.15-16, ANDRADE JUNIOR, A. S.; SILVA, A. A. G. da; BARROS, A. H. C.; BORDINI, J. A. Zoneamento de risco climático para o arroz de terras altas no Estado do Piauí In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, , Santa Maria. Anais... Santa Maria RS: UNIFRA/ SBA/ UFSM,2003. v. 1, p BODENHEIMER, F.S. Precis d ecologieanimale. Paris: Payot, p. COMPANIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Acompanhamento da safra Brasileira. Grãos. Safra 2013/2014. Décimo segundo levantamento, Setembro/2014. CORREA-FERREIRA, B. S.; e PANIZZI, A. R. Percevejos da soja e seu manejo. Londrina: EMBRAPACNPSo,1999, 45p. (Circular Técnica 24) CORREIA-FERREIRA. B. Controle de percevejos. EMBRAPA SOJA, CORRÊA-FERREIRA, B.S.; KRZYZANOWSKI, F.C.; MINAMI, C.A. Percevejos e a qualidade da semente de soja Série Sementes. Londrina: EMBRAPA SOJA, p. (Embrapa Soja: Circular Técnica, 67). CORSO, I. C.; GAZZONI, L.D.; NERY, E.M. Efeitos de doses e refúgio sobre a seletividade de inseticidas apredadores e parasitóides de pragas de soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.34, n.9, p.1-10, COSTA, J.A; Manica, I Cultura da soja. Ed. Cinco continentes, Porto Alegre 1996, 233p. DEGRANDE, E. P & VIVAM, M.L. Pragas da soja. Fundação MT, 2005, 142P (Boletim de pesquisa de soja). EMBRAPA SOJA. A soja. Disponível em: Acessado em: 07 de novembro de
5 EMBRAPA SOJA. Ferramentas biotecnológicas aplicadas à cultura da soja. Londrina: EMBRAPACNPSo, 6p, (Circular Técnica, 47). EMBRAPA SOJA. Tecnologias de produção de soja na região central do Brasil Londrina: EMBRAPA SOJA: EMBRAPA CERRADOS, 2008, 282p (Sistema de Produção, 12). GALLO, D.; NAKANO. I.; NETO, S.S.; CARVALHO, L.P.R.; BAPTISTA, G.C de.; FILHO, B.E.; PARRA, P.R.J.; ZUCCHI.A.S.; ALVES, B.S.; VENDRAMIM, D.J.; MARCHINI, C.L.; LOPES, S.R.J.; OMOTO, C..Entomologia Agrícola. 3ª ed. Piracicaba: FEALQ, p. MARGALEF, R. Diversidad de especiesenlas comunidades naturales. Publicacionesdel Instituto de Biologia Aplicada e Barcelona, Barcelona, v.6, p GAZZONI, D.L. Efeito de populações de percevejos na produtividade, qualidade da semente e características agronômicas da soja. Pesquisa agropecuariabrasileira,brasilia, v.33, n.8, p l237, ago
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