CLUSTER DA PEDRA NATURAL CARATERIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ESPECÍFICA DE PORTELA DAS SALGUEIRAS

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1 CLUSTER DA PEDRA NATURAL CARATERIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ESPECÍFICA DE PORTELA DAS SALGUEIRAS

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3 CLUSTER DA PEDRA NATURAL Projeto Âncora 2 Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extrativa Atividade 1 Exploração Sustentável de Recursos no MCE Subatividade 1.2 Caraterização e Valorização das Áreas de Intervenção Específica do PNSAC CARATERIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ESPECÍFICA DE PORTELA DAS SALGUEIRAS Jorge M. F. Carvalho, José Sampaio, Susana Machado, Carla Midões, Cátia Prazeres e Rui Sardinha Fevereiro 2014

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5 Índice ÍNDICE DE FIGURAS... 5 EQUIPA TÉCNICA INTRODUÇÃO INDICADORES DE REALIZAÇÃO ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO O Maciço Calcário Estremenho Geomorfologia Geologia Tectónica Enquadramento da AIE de Portela das Salgueiras ESTUDOS ANTERIORES ESTUDO GEOLÓGICO Metodologia Litostratigrafia Temática Margas de Dagorda Vidraços da Base Calcários Ornamentais Unidade da Base Semi Rijo Vidraços do Topo Calcários de Moleanos Vidraços Escuros Estrutura Geológica Falhas Fraturação Metodologia Resultados O problema do Espaçamento da fraturação Sondagens Sondagem MCE Sondagem MCE Cortes Geológicos ÁREAS DE APTIDÃO PARA CALCÁRIOS ORNAMENTAIS E AVALIAÇÃO DE RECURSOS Delimitação de áreas de aptidão para a exploração de calcários ornamentais Cálculo de Recursos em calcários para bloco HIDROGEOLOGIA Introdução Metodologia Caraterização Hidrogeológica Enquadramento geológico local Hidrogeologia local Aptidão hidrogeológica Produtividade aquífera Modelo hidrodinâmico Qualidade da água subterrânea Vulnerabilidade à poluição Introdução Metodologia EPIK Avaliação da vulnerabilidade na AIE de Portela das Salgueiras (método EPIK)

6 Sensibilidade ambiental Conclusões e Recomendações PATRIMÓNIO GEOLÓGICO Introdução Metodologia Resultados CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA...77 ANEXOS...81 ANEXO 1- MAPA LITOSTRATIGRÁFICO DA AIE DE PORTELA DAS SALGUEIRAS; ESCALA 1/ ANEXO 2- CORTES GEOLÓGICOS...85 ANEXO 3- LOGS DE SONDAGENS...87 LOGS DE SONDAGENS REALIZADAS NO PROJETO...89 LOGS DE SONDAGENS REALIZADAS EM PROJETOS ANTERIORES...95 ANEXO 4- MAPA DE APTIDÃO PARA A PRODUÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS; ESCALA 1/ ANEXOS EM FORMATO DIGITAL Ortofotomapas; Levantamento Topográfico; Shapefiles APÊNDICE CLASSIFICAÇÃO DE CALCÁRIOS

7 Índice de Figuras Figura 1- Enquadramento no território nacional do PNSAC e do MCE (tracejado a preto) Figura 2- Enquadramento das Áreas de Intervenção Específica definidas no POPNSAC para a indústria extrativa Figura 3- Enquadramento geográfico e tectónico do MCE no contexto da BL (in Carvalho, 2013 com esquema tectónico da BL adaptado de Kullberg et al., 2013 e respetivos setores de Ribeiro et al., 1996) Figura 4- Modelo digital de terreno do MCE, sistema de coordenadas retangulares PT-TM06/ETRS Figura 5- Vales Suspensos na encosta ocidental da Serra dos Candeeiros Figura 6- Principais nascentes na periferia do MCE. a) Olhos de Água do Almonda, b) Nascentes de Chiqueda, c) Nascente do Lena, d) Nascente do Liz, e) Olhos de Água do Alviela Figura 7- Mapa geológico cronostratigráfico simplificado do MCE Figura 8- Imagem Google Earth TM do núcleo de pedreiras de Salgueiras, com representação da AIE Figura 9- Pedreiras na AIE de Portela das Salgueiras. a) vista parcial de pedreira em flanco de encosta no extremo norte da AIE; b) pedreira em poço na região sul da AIE com início de exploração subterrânea Figura 10- Enquadramento litostratigráfico da AIE de Salgueiras no setor central da Serra dos Candeeiros (adaptado de Mapa Litostratigráfico do MCE, Carvalho, 2013, a partir da cartografia 1/50000 editada pelo LNEG) Figura 11- Formalização da litostratigrafia do Jurássico Inferior e Médio do MCE (retirado de Azerêdo, 2007) Figura 12- Armazenamento de sondagens na litoteca do LNEG em Alfragide Figura 13- Esquema ilustrativo da afetação dos padrões de afloramento devido à artificialização do relevo por pedreiras (A, B, C e D correspondem a 4 diferentes unidades geológicas, estando as 3 primeiras intersetadas por uma frente de exploração) Figura 14- Mapa Geológico simplificado da AIE de Portela das Salgueiras Figura 15- Cortes geológicos representativos do modelo geológico da AIE de Portela das Salgueiras. Cortes EF e LK são transversais à orientação geral das bancadas sedimentares na região central da AIE. Corte QR é longitudinal Figura 16- Coluna litológica esquemática representativa da AIE de Portela das Salgueiras Figura 17- Falha N - S na região norte da AIE de Portela das Salgueiras Figura 18- Falhas sinsedimentares subverticais que terminam de encontro a falha inclinada cerca de 45 0 para oeste..36 Figura 19- Modelo utilizado para a correção e normalização dos dados de frequência de diaclases. Para bancadas com espessura superior a 1,5 m apenas se normalizou ao comprimento unitário (Carvalho, 2013) Figura 20- Mapa geológico simplificado da região envolvente da AIE de Portela das Salgueiras com representação das fraturas fotointerpretadas. Rosetas respeitam a fraturas nas estações 1 e 2, correspondentes a frentes de exploração de pedreiras Figura 21- Mapa de aptidão para a produção de calcários ornamentais na AIE de Portela das Salgueiras Figura 22 - Localização dos pontos de água com informação de produtividade e piezometria e que foram amostrados para caracterização qualitativa das águas subterrâneas da AIE de Portela das Salgueiras. (Implantação sobre extrato das Folhas 327 do IGeoE na escala 1:25 000) Figura 23 - Modelo digital de terreno da área compreendida entre a AIE de Portela das Salgueiras e a nascente das Alcobertas. [Sistema de Coordenadas: PT-TM06/ETRS89] Figura 24 - Representação esquemática do funcionamento de um aquífero cársico (adaptado de Doerfliger & Zwahlen, 1998)

8 Figura 25- Epicarso coberto e sem cobertura. Armazenamento sub-superficial de água com escoamento lateral do fluxo em direção a áreas com elevada condutividade hidráulica, contribuindo para o desenvolvimento de uma dolina de dissolução (adaptado de Doerfliger & Zwahlen, 1998 após Williams, 1983) Figura 26 - Representação esquemática do funcionamento do epicarso (adaptado de Doerfliger & Zwahlen, 1998, após Jeannin, 1996 e Smart & Friedrich, 1986) Figura 27 - Pedreira na AIE das Salgueiras onde se observa zonas da rocha com permeabilidade reduzida Figura 28 - Evidência de solo incipiente na AIE das Salgueiras Figura 29 - Modelo Digital de Terreno (MDT) da AIE das Salgueiras e sua envolvente Figura 30 - Mapas parciais de cada um dos parâmetros E, P, I e K na AIE das Salgueiras e área envolvente Figura 31 - Representação do Índice EPIK na AIE das Salgueiras e sua envolvente. [Sistema de Coordenadas: PT- TM06/ETRS89] Figura 32 - Ocupação do solo e Índice EPIK na AIE das Salgueiras. [Sistema de Coordenadas: PT-TM06/ETRS89] Figura 33 - Áreas de maior sensibilidade hidrogeológica na AIE de Salgueiras. [Sistema de Coordenadas: PT- TM06/ETRS89] Figura 34- Diagrama representativo do processo de valoração qualitativa do património geológico em função da atividade extrativa

9 EQUIPA TÉCNICA LNEG Carla Midões Cátia Prazeres Cristina Isabel Carvalho Jorge M. F. Carvalho José Sampaio Rui Sardinha Susana Machado Vítor Lisboa CEVALOR Ana Machuco Filomena Cavaco Natália Saúde Nuno Bonito COLABORAÇÃO NA TEMÁTICA PATRIMÓNIO GEOLÓGICO ICNF Lia Morais Mergulhão (Parque Natural de Sintra-Cascais) Olímpio Martins (Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros) 7

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11 1. INTRODUÇÃO O Maciço Calcário Estremenho (MCE), cujos limites aproximados estão representados na Figura 1, está enquadrado pelas cidades de Leiria, Ourém, Tomar, Torres Novas, Rio Maior e Alcobaça. Corresponde a uma unidade morfostrutural do território português que se individualiza das regiões circundantes pelas suas peculiaridades geológicas e geomorfológicas. Peculiaridades geológicas pelo fato de se apresentar constituído essencialmente por rochas calcárias, as quais se apresentam sobrelevadas tectonicamente, donde a peculiaridade geomorfológica. Figura 1- Enquadramento no território nacional do PNSAC e do MCE (tracejado a preto). Grande parte da área do MCE está sujeita a um regime de proteção da natureza por intermédio do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), o qual integra o Departamento de Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. O PNSAC foi implementado em 1979 pelo Decreto-Lei nº 118 de 4 de maio. Na respetiva área integram-se 5 núcleos principais de pedreiras onde, desde há décadas, se desenvolve uma importante atividade extrativa de blocos de calcário que se destinam ao setor de transformação de rochas ornamentais: os núcleos de Pé da Pedreira, Codaçal, Moleanos, Cabeça Veada e Portela das Salgueiras. O Plano de Ordenamento do PNSAC (POPNSAC), publicado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 57/2010, de 12 de Agosto, define a área ocupada por esses núcleos como Áreas de Intervenção Específica (AIE), de acordo com a sua representação na Figura 2. O POPNSAC preconiza que as AIEs sejam alvo de Planos Municipais de 9

12 Ordenamento do Território que visem a implementação de medidas de compatibilização entre a gestão racional dos recursos e a conservação dos valores ambientais, salvaguardando que essas AIEs poderão ser abrangidas por projetos integrados de exploração (artº 24, RCM 57/2010). Figura 2- Enquadramento das Áreas de Intervenção Específica definidas no POPNSAC para a indústria extrativa. No âmbito do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), foi formalmente reconhecido o Cluster da Pedra Natural por despacho conjunto do Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional e do Ministro da Economia e Inovação em 15 de Julho de Este Cluster, através da Atividade 1 Exploração Sustentável de Recursos no MCE, do seu Projeto Âncora 2 - Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extrativa, propôs-se a realizar as ações preconizadas para as AIEs do PNSAC no respetivo Plano de Ordenamento, através de subatividades para as quais foram lançados concursos públicos por parte da ASSIMAGRA Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins, nomeadamente: Subatividade Caracterização da Situação de Referência do MCE; Subatividade Caracterização e Valorização das Áreas de Intervenção Específica do PNSAC; Subatividade Desenvolvimento do Modelo de Gestão de Resíduos; Subatividade Proposta de Ordenamento e Gestão Territorial dos Núcleos Extrativos; Subatividade Comunicação e Sensibilização. A Subactividade Caracterização e Valorização das Áreas de Intervenção Específica do PNSAC foi adjudicada em 12 de Setembro de 2009 a uma parceria estabelecida entre o LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia, IP e o CEVALOR Centro Tecnológico para a Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais através de um Acordo de Cooperação celebrado em 20 de Dezembro de

13 O presente relatório pretende dar conta dos trabalhos realizados no âmbito da parceria LNEG - CEVALOR para a caraterização e valorização da Área de Intervenção Específica de Portela de Salgueiras cuja área é de 63 hectares. Esses trabalhos compreendem a estudos geológicos, estudos hidrogeológicos e estudos sobre o património geológico. Os dados e resultados obtidos constituem suporte ao desenvolvimento dos trabalhos inerentes às subactividade 1.3 e 1.4 mencionadas anteriormente, as quais foram adjudicadas pela ASSIMAGRA à empresa Visa Consultores, SA., e que integram a execução de: Desenvolvimento de um modelo de gestão dos resíduos das explorações articulado com as restrições de natureza ambiental existentes; Proposta de Ordenamento e Gestão Territorial dos Núcleos Extrativos que inclui os Planos de Intervenção em Espaço Rural e respetiva Avaliação Ambiental Estratégica e os Projetos Integrados e respetiva Avaliação de Impacte Ambiental. A execução de ambas as subactividades decorreu de modo paralelo, em estreita colaboração, pelo que aqui se integram alguns dos resultados da Subatividade 1.4, nomeadamente os respeitantes à definição de áreas de aptidão geológica e mineira e cálculo de reservas para a AIE de Portela das Salgueiras. Os estudos geológicos realizados envolveram cartografia geológica à escala 1/2000, caraterização dos litotipos aflorantes, sondagens e levantamento da fraturação do maciço rochoso da área de Salgueiras, tendo em vista a caraterização dos respetivos recursos minerais em rochas ornamentais e a delimitação das áreas de aptidão mais favoráveis à sua exploração. Os estudos hidrogeológicos visaram caraterizar e modelar os recursos hídricos subterrâneos na área de Salgueiras, com particular destaque no que respeita à avaliação da sua vulnerabilidade e sensibilidade à contaminação. Os estudos patrimoniais visaram inventariar, caraterizar e valorizar os eventuais sítios com interesse patrimonial de âmbito geológico, mineiro e geomorfológico existentes na AIE de Portela das Salgueiras. Foram realizados com a colaboração ativa por parte do PNSAC. Os resultados obtidos, para além de suporte às subactividades 1.3 e 1.4, visam integrar uma Carta Geológica Simplificada do PNSAC que, por seu lado, está integrada na Subatividade 1.1 e suporta a Subatividade

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15 2. INDICADORES DE REALIZAÇÃO Os estudos levados a cabo na AIE de Portela das Salgueiras integram-se no Projeto Âncora 2 do Cluster da Pedra Natural formalizado junto do COMPETE, designadamente nas Estratégias de Eficiência Coletiva, a quem interessa a especificação dos indicadores de realização das atividades preconizadas. Assim, dos estudos geológicos da AIE de Portela das Salgueiras resultam os seguintes Indicadores de Realização: Área total cartografada: 213 hectares; área da AIE: 63 hectares; 1 mapa geológico à escala 1/2000 (Anexo 1); 10 cortes geológicos elucidativos do modelo geológico tridimensional (Anexo 2); 2 sondagens (MCE-113 e MCE-114) com um comprimento total de 100,21 m (Anexo 3); 1 mapa de aptidão para a produção de rochas ornamentais à escala 1/2000 (Anexo 4); 1 mapa de vulnerabilidade à poluição (Figura 31); 1 mapa de sensibilidade hidrogeológica (Figura 33). 13

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17 3. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO O MCE é parte integrante da região central da Bacia Lusitaniana (Figura 3), a qual corresponde a uma bacia intracratónica, no bordo Oeste da microplaca Ibérica. Estruturalmente a Bacia Lusitaniana (BL) corresponde a um graben alongado segundo NNE-SSW no qual se depositaram sedimentos mesozoicos cuja espessura máxima ronda os 4 a 5 km (Ribeiro et al., 1979; Wilson, 1988). A origem da BL está associada aos episódios distensivos que levaram à abertura do Oceano Atlântico durante o Mesozoico. Está limitada por acidentes longitudinais herdados da orogenia varisca e apresentase compartimentada transversalmente por acidentes orientados NE-SW e W-E, também eles de herança varisca e cuja atuação se reflete ao nível da distribuição e espessura das fácies sedimentares (Kullberg et al., 2013). Após esse período distensivo a BL ficou sujeita a um regime tectónico compressivo, desde o final do Cretácico até à atualidade, por efeito da colisão entre a microplaca ibérica com as placas africana e euroasiática. Conduziu à inversão das principais estruturas tectónicas e à exposição subaérea da sequência de rochas carbonatadas mesozoicas, tendo-se depositado sobre estas uma sequência descontínua de sedimentos maioritariamente siliciclásticos (Kullberg et al., 2013). Figura 3- Enquadramento geográfico e tectónico do MCE no contexto da BL (in Carvalho, 2013 com esquema tectónico da BL adaptado de Kullberg et al., 2013 e respetivos setores de Ribeiro et al., 1996). 15

18 3.1. O Maciço Calcário Estremenho Geomorfologia O MCE foi definido enquanto unidade geomorfológica constituída essencialmente por rochas calcárias que se elevam acima da Bacia Terciária do Tejo, da Plataforma Litoral e da Bacia de Ourém, por A. Fernando Martins na sua Tese de Doutoramento (Martins, 1949). Esta constitui, ainda, um trabalho de referência atual sobre a geomorfologia deste maciço. Trabalhos mais recentes incidiram, sobretudo, em áreas específicas do MCE ou abordaram aspetos particulares da sua evolução geomorfológica, nomeadamente Ferreira et al., 1988; Rodrigues, 1991; Crispim, 1995; Rodrigues, Figura 4- Modelo digital de terreno do MCE, sistema de coordenadas retangulares PT-TM06/ETRS89. A morfologia do MCE está condicionada pela natureza calcária das rochas que o compõem, refletindo o desenvolvimento de uma morfologia cársica bem característica. De acordo com Rodrigues, 1998, a sua arquitetura é resultado, fundamentalmente, da movimentação tectónica das diversas falhas que o afetam. Essa arquitetura assenta em 3 regiões elevadas distintas separadas por duas depressões alongadas (Figura 4): A ocidente, a Serra dos Candeeiros, orientada NNE-SSW, encontra-se separada do Planalto de Santo António, a oriente, pela Depressão da Mendiga. Esta também se apresenta orientada segundo NNE- SSW e está associada à Falha da Mendiga. Ao longo da Serra dos Candeeiros, truncando o seu bordo oriental, distingue-se o alinhamento tectónico diapírico de Rio Maior Porto de Mós Batalha. O Planalto de Sto. António está separado do Planalto de S. Mamede e Serra de Aire por um alinhamento NW-SE denunciado pelas depressões de Alvados e Minde, as quais estão condicionadas pelo sistema de falhas escalonadas com o mesmo nome (Carvalho, 2013). A Serra de Aire apresenta uma orientação NE-SW e constitui a região mais elevada de todo o MCE. 16

19 Dada a natureza carbonatada do maciço, a morfologia cársica caracteriza-o de modo marcante, com uma grande diversidade de estruturas. As formas de exocarso mais frequentes e notórias são as depressões fechadas de tipo dolina ou uvala, os poljes, dos quais o de Minde é o mais representativo, os vales secos e os extensos campos de lapiás. De realçar, também, formas que testemunham paleorelevos resultantes de períodos de erosão normal no MCE, como sejam os Vales Suspensos da Serra dos Candeeiros (Martins, 1949), conforme a fotografia da Figura 5 ilustra. Figura 5- Vales Suspensos na encosta ocidental da Serra dos Candeeiros. Figura 6- Principais nascentes na periferia do MCE. a) Olhos de Água do Almonda, b) Nascentes de Chiqueda, c) Nascente do Lena, d) Nascente do Liz, e) Olhos de Água do Alviela. A rede de drenagem superficial é praticamente inexistente, pois predomina a drenagem subterrânea. Esta realiza-se por uma também grande diversidade de formas, desde pequenas fissuras a largas galerias subterrâneas. As conhecidas grutas que ocorrem neste maciço são o testemunho de antigas galerias de escoamento. Atualmente, esse escoamento subterrâneo dá lugar a um reduzido número de principais nascentes na periferia do MCE, das quais se destaca os Olhos de Água do Alviela e do Almonda, as nascentes dos rios Lena e Liz e ainda as nascentes de Chiqueda (Figura 6). 17

20 Geologia O MCE compreende rochas datadas desde o Jurássico Inferior (Hetangiano) ao Pliocénico. Porém, a grande maioria é do Jurássico Médio e Superior. A sua distribuição espacial está representada no mapa cronostratigráfico simplificado que se apresenta na Figura 7, o qual resulta de adaptação, por simplificação, da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50000, nomeadamente das folhas que abrangem o Maciço (Folha 27 A Vila Nova de Ourém e Folha 27 C Torres Novas). Ao Hetangiano correspondem depósitos de natureza evaporítica constituídos por argilas, margas, salgema e gesso. Afloram de modo descontínuo e condicionado por falhas ao longo duma estreita faixa NNE-SSW entre Rio Maior e Porto de Mós. Esta estrutura corresponde a uma "parede de sal" (Ribeiro et al., 1996; Kullberg, 2000), ou seja, acidente tectónico ao longo do qual se deu a ascensão dos depósitos evaporíticos. Junto às cidades mencionadas verifica-se o alargamento dessa estrutura. O Jurássico Médio-Inferior ocupa a maior parte da área do MCE e aflora nas unidades morfoestruturais soerguidas tectonicamente. Esses afloramentos datam, sobretudo, do Jurássico Médio, pois os do Jurássico Inferior afloram unicamente numa estreita faixa limitada pelo Sistema de Falhas de Alvados Minde a sul de Porto de Mós, razão pela qual no mapa geológico da Figura 7 não se procedeu à sua individualização. É constituído por rochas dolomíticas, calcárias e margosas. Quanto ao Jurássico Médio, é constituído por calcários de natureza diversa, desde mudstones a rudstones bastante grosseiros, mas que no conjunto partilham o fato de apresentarem cores bastante claras, traduzindo um elevado grau de pureza em termos de conteúdo em óxido de cálcio. Quanto ao Jurássico Superior, genericamente aflora nas regiões deprimidas que separam as regiões elevadas, onde aflora o Jurássico Médio. Aflora ainda na depressão de Alcobaça que se desenvolve para ocidente da Serra dos Candeeiros e na parte oriental do Planalto de S. Mamede, na região de Fátima. Esta série integra sobretudo margas e calcários de diversa natureza que apresentam cores acastanhadas e acinzentadas. Porém, na Depressão de Alcobaça, os afloramentos correspondem maioritariamente a depósitos arenoargilosos. No que respeita aos depósitos pós-jurássicos representados no mapa da Figura 7, eles integram maioritariamente rochas de natureza siliciclástica que datam, descontinuamente, do Cretácico Inferior ao Pliocénico e ainda aluviões e depósitos de terraços quaternários. Afloram marginalmente ao MCE, com particular destaque na Bacia Terciária do Tejo, entre Rio Maior e Torres Novas, e nas chamadas bacias de Alpedriz e Ourém. 18

21 Figura 7- Mapa geológico cronostratigráfico simplificado do MCE. No MCE ocorrem também rochas ígneas. São pouco abundantes e estão dispersas por todo o Maciço, à exceção da Serra de Aire e Planalto de São Mamede. Podem-se subdividir em três grupos principais, consoante o tipo de estruturas a que se encontram associados (Carvalho, 2013): - Corpos instalados em falhas de orientação NW SE a WNW ESE; - Corpos associados às estruturas diapíricas; - Corpos isolados com correspondência a aparelhos vulcânicos Os correspondentes ao primeiro grupo afetam todo o Jurássico. As datações radiométricas disponíveis (Ferreira & Macedo, 1983; 1987; Willis, 1988) apontam idades para a sua instalação que variam entre os 154 Ma e os 93 Ma. Os corpos ígneos associados às estruturas diapíricas são pequenas intrusões dispersas que ocorrem no interior do Diapiro das Caldas da Rainha (já fora do MCE), afetando o Hetangiano, e os que afloram ao longo do acidente de Rio Maior Porto de Mós, cortando as formações jurássicas. As datações disponíveis (Ferreira & Macedo, 1983; Willis, 1988) variam entre os 136 Ma e os 103 Ma. Neste grupo destaca-se o extenso filão-camada de Teira, a Norte de Rio Maior (Figura 7). Nos aparelhos vulcânicos incluem-se a brecha vulcânica de Abrã (a leste de Alcanede, Figura 7) que afeta rochas do Cretácico e o corpo de Alqueidão da Serra (a sudeste da Batalha) que afeta o Jurássico Superior e que parece associado a um acidente de orientação NW-SE. A instalação deste último terá ocorrido aos 140 Ma (Ferreira & Macedo, 1983) ou aos 136 Ma (Willis, 1988). 19

22 Quanto à sua natureza, estas rochas ígneas compreendem doleritos e gabro-dioritos alcalinos e subalcalinos que integram um ciclo de natureza transicional da BL (Martins, 1991; Martins et al., 2010). Pese embora alguma diversidade de idades radiométricas, elas têm sido genericamente apontadas como representativas de um episódio de magmatismo na passagem do Jurássico ao Cretácico (Terrinha et al., 1995; Kullberg, 2000; Kullberg et al., 2013) Tectónica O estilo tectónico patenteado pelo MCE é, em grande parte, herdado das estruturas originadas no decorrer da Orogenia Varisca que afetou o território nacional durante o Paleozoico. Está muito influenciado pelo facto de, no decorrer do Hetangiano, se ter depositado uma espessa sequência de depósitos evaporíticos (Formação de Dagorda) que funcionou como base de descolamento entre as rochas do soco e as mesozoicas durante os episódios extensivos da deformação Alpina. Assim, nos locais onde esses depósitos evaporíticos apresentavam espessura reduzida, a reativação dos acidentes variscos levou-os a cortar toda a sequência mesozoica como falhas normais. Nos locais em que esses depósitos apresentavam espessura elevada, os acidentes variscos não se prolongaram para a superfície. Antes surgiram novas falhas normais acima da sequência evaporítica, a mimetizar as subjacentes. Portanto e como referido por Kullberg et al., 2013, verifica-se a conjugação de tectónica de soco com tectónica pelicular (thick and thin skin tectonics). Durante os episódios de compressão Alpina as estruturas terão voltado a movimentar-se, mas agora de modo inverso e desligante, conduzindo à inversão geral da BL. Os principais acidentes tectónicos que dominam o MCE correspondem a falhas orientadas segundo três direções principais: NNE-SSW, NW-SE e NE-SW. Os acidentes NNE-SSW são os mais frequentes e integram 4 grandes falhas (Figura 7): a Falha dos Candeeiros que limita, a Oeste, a Serra com o mesmo nome, a Falha de Rio Maior Porto de Mós que trunca essa serra do lado oriental, e o sistema constituído pela Falha da Mendiga (no bordo ocidental do Planalto de Sto. António) e pela Falha de Reguengo do Fetal (no bordo ocidental do Planalto de São Mamede). Estes acidentes terão funcionado como falhas normais durante as fases extensionais mesozoicas e, pelo menos algumas delas, terão sofrido inversão durante o Cenozoico. No que respeita aos acidentes NW-SE, eles estão fundamentalmente representados pelo sistema de falhas escalonadas de Alvados e Minde as quais estão interligadas na região de Alvados, limitando uma zona deprimida. À semelhança das anteriores, terão funcionado como falhas normais durante o período distensivo Mesozoico. Conforme o mapa da Figura 7 elucida, este sistema terá sido reativado posteriormente como rampa lateral dextrogira do Cavalgamento do Arrife, durante o período de inversão (Manuppella et al., 2000; Carvalho, 2013). A direção NW-SE está ainda representada por acidentes que compartimentam transversalmente o MCE. Excetuando os que afetam o Planalto de S. Mamede, muitos dos restantes apresentam-se intruídos parcialmente por rochas ígneas de natureza dolerítica. Estes acidentes, a par com outros de grandes dimensões que afetam sobretudo a Depressão de Alcobaça e se prolongam para a Bacia Terciária do Tejo, constituem um dos traços distintivos do MCE. Wilson et al., 1989, associam-nos às fases distensivas mesozoicas. Contudo, Carvalho, 2013, associa-os a episódio compressivo precoce na passagem do Jurássico para o Cretácico. 20

23 Quanto à direção NE-SW, ela está sobretudo representada pela Falha do Arrife, a qual limita o MCE a sudeste. Durante as fases de compressão Alpina foi reativada como cavalgamento vergente para sudeste. Quanto à disposição estrutural dos estratos das diferentes unidades litostratigráficas do MCE, eles apresentam-se sub-horizontais, embora, no geral, associados a dobramentos de grande raio de curvatura. De entre eles destaca-se a estruturação anticlinal do Planalto de S. Mamede, a qual tem correspondência com um roll-over a teto do sistema de Falhas de Alvados-Minde e a estruturação anticlinal do Jurássico Superior da Depressão de Alqueidão, truncada por depósitos cretácicos (Carvalho, 2013). Também a Serra dos Candeeiros e a Serra de Aire correspondem a estruturas anticlinais, mas estas provavelmente induzidas por movimentações ascensionais de depósitos salíferos (Kullberg, 2000; Carvalho, 2013; Kullberg et al., 2013). De modo localizado ocorrem, também, dobramentos apertados que acompanham algumas das principais falhas, sendo indicativos da sua reativação sob efeito de campo tectónico compressivo. É o caso particular dos dobramentos na Depressão da Mendiga, entre a falha com o mesmo nome e a Falha de Rio Maior Porto de Mós, e os que ocorrem nas imediações do Cavalgamento do Arrife, paralelamente a esse acidente Enquadramento da AIE de Portela das Salgueiras A AIE de Portela das Salgueiras abrange parte dos concelhos de Rio Maior e de Porto de Mós, respetivamente a freguesia de Alcobertas, a sul, e União das Freguesias de Arrimal e Mendiga, a norte. Localiza-se a sudeste da povoação de Vale de Ventos, no alto da região central da Serra dos Candeeiros. O acesso principal faz-se a partir da estrada secundária que liga as povoações de Vale de Ventos e Arrimal. Esta estrada estabelece a ligação entre o IC2 e a N362. A razão subjacente à implementação da AIE de Portela das Salgueiras no POPNSAC prende-se com a intensa atividade extrativa de calcários ornamentais que aí ocorre (Figura 8). As pedreiras ocupam quase a totalidade da AIE estando localizadas na vertente oriental da Serra dos Candeeiros. Desenvolvem-se sobretudo em flanco de encosta (Figura 9-a)). Pelo grande desenvolvimento que tiveram, muitas das cortas já são exploradas em poço e já existem experiências de exploração subterrânea (Figura 9-b)). Em termos geomorfológicos a AIE de Portela das Salgueiras localiza-se junto a uma depressão estreita que estabelece o limite entre a vertente oriental do setor central da Serra dos Candeeiros com a vertente ocidental duma outra região relativamente elevada conhecida por Serra da Lua (Figura 8). Na Serra dos Candeeiros afloram, sobretudo, rochas do Jurássico Médio, ao passo que na Serra da Lua aflora o Jurássico Superior. A mencionada depressão que separa ambas as serras tem correspondência genéricacom a Falha de Rio Maior - Porto de Mós (Figura 7). Esta região está abrangida pela 1ª edição da Folha 26-D Caldas da Rainha, da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50000 editada pelo LNEG (Zbyszewski & Matos, 1959), Foi realizada em moldes cronostratigráficos e ainda não existe uma edição mais recente baseada em conceitos litostratigráficos. Nessa Folha as unidades aflorantes na AIE vêm referenciadas como J 2 a,b,c Caloviano, Batoniano, Bajociano, ou seja, não se fez a distinção das litologias do Jurássico Médio quanto à sua natureza, nem quanto à sua idade específica. 21

24 Figura 8- Imagem Google Earth TM do núcleo de pedreiras de Salgueiras, com representação da AIE. Figura 9- Pedreiras na AIE de Portela das Salgueiras. a) vista parcial de pedreira em flanco de encosta no extremo norte da AIE; b) pedreira em poço na região sul da AIE com início de exploração subterrânea. A Figura 10 corresponde a um extrato do mapa litostratigráfico simplificado do MCE, centrado no setor central da Serra dos Candeeiros. Integra simplificação de cartografia litostratigráfica inédita do LNEG. Fazendo uso da nomenclatura estratigráfica formalizada para o MCE por Azerêdo, 2007, verifica-se que a AIE de Portela das Salgueiras abrange 2 unidades litostratigráficas do Jurássico Médio, nomeadamente a Formação de Serra de Aire (Batoniano) e o Membro de Pé da Pedreira (Batoniano superior) da Formação de Santo António Candeeiros (Batoniano Caloviano) Na 2ª edição da Folha 27-C (Torres Novas), adjacente à que abrange a AIE de Portela das Salgueiras, a Formação de Serra vem designada por calcários micríticos de Serra de Aire (Manuppella et al., 1999). Apresenta uma espessura total entre 350 m e 400 m (Azerêdo, 2007) mas, nesta região essa espessura será bem menor pois corresponde a interdigitações na Formação de Santo António - Candeeiros. De modo 22

25 genérico é constituída por camadas decimétricas de calcários micríticos compactos de cores claras que integram mudstones, wackestones e floatstones mais ou menos pelóidicos, bioclásticos e oncolíticos (Azerêdo, 2007). Os afloramentos desta formação circundam os do Membro de Pé da Pedreira, exceto em parte da região a leste da AIE. O Membro de Pé da Pedreira é a unidade produtiva de calcários ornamentais. Integra-se na Formação de Santo António - Candeeiros e interdigita-se diacronicamente com os calcários da Formação de Serra de Aire. De acordo com Azerêdo, 2007, este Membro apresenta-se é constituído por unidades lenticulares maciças espacialmente distintas, de espessura decamétrica, sendo uma delas a que aflora em Portela das Salgueiras. É constituído por calcários calciclásticos grosseiros de cimento sparítico e cor creme, nomeadamente, grainstones e rudstones mais ou menos oolíticos, bioclásticos, intraclásticos e pelóidicos. Estes calcários caraterizam-se por apresentarem uma grande diversidade de estruturas sedimentares, entre elas, estratificações/laminações oblíquas tabulares e enconchadas e paralelas horizontais. É também comum a ocorrência de níveis biostromáticos que frequentemente alcançam espessuras métricas e que se apresentam mais ou menos ricos em organismos coraliários de grandes dimensões. Figura 10- Enquadramento litostratigráfico da AIE de Salgueiras no setor central da Serra dos Candeeiros (adaptado de Mapa Litostratigráfico do MCE, Carvalho, 2013, a partir da cartografia 1/50000 editada pelo LNEG). Nas áreas imediatamente adjacentes à AIE de Portela das Salgueiras afloram ainda outras unidades litostratigráficas, das quais se destaca aqui a Formação de Cabaços (Kullberg et al., 2013) datada do Oxfordiano médio (Jurássico Superior). Os afloramentos desta formação circundam os da Formação de Serra de Aire e, na região leste da AIE, estão em contato tectónico com o Membro de Pé da Pedreira. A Formação de Cabaços surge designada como Camadas de Cabaços na 2ª edição da Folha 27-C, adjacente à 26-D, na qual se integra a AIE. Nesta folha está integrada numa unidade designada por J 3 b Lusitaniano 23

26 médio: Camadas de Montejunto. Tendo em atenção Manuppella et al., 2006 e Kullberg et al., 2013, a Formação de Cabaços corresponde, genericamente, a calcários e calcários argilosos de cor cinzenta que se sobrepõem a níveis de argilas, lenhites e conglomerados. A espessura total rondará os 80 m. Esta unidade assenta sobre os calcários micríticos de Serra de Aire por intermédio de uma descontinuidade de âmbito regional, a nível dos países mediterrânicos. Está traduzida por pequena discordância angular e, sobretudo, por lacuna de sedimentação que abrange o topo do Caloviano e o Oxfordiano inferior, ou seja, a base da Formação de Cabaços (Kullberg et al., 2013). A essa descontinuidade estão associados e os conglomerados e níveis argilo-carbonosos que caraterizam a base da formação. Devido à grande abrangência regional dessa descontinuidade, os locais de boa acessibilidade aos afloramentos desses níveis de conglomerados e argilas ricas em matéria orgânica detêm valor patrimonial a nível científico e didático. No mapa da Figura 10, os afloramentos do Jurássico Superior para leste da AIE de Portela das Salgueiras estão referenciados como fazendo parte das formações de Cabaços e de Montejunto indiferenciadas. A razão subjacente a tal deriva de que esse mapa abrange também a Folha 27-A (Vila Nova de Ourém), onde também não se procedeu à individualização daquelas formações Na região de Portela das Salgueiras as unidades litostratigráficas descritas estão enquadradas por três falhas principais. A mais importante de todas é a Falha de Rio Maior Candeeiros que separa a Serra dos Candeeiros da Depressão da Mendiga (Figura 7 e Figura 10). Certamente é a responsável pelo relevo estrutural a que corresponde a Serra da Lua (Figura 8). Apresenta-se orientada NNE SSW, à semelhança de outros acidentes maiores, a leste, como é o caso da Falha de Mendiga. A sua atuação mais recente terá ocorrido em desligamento esquerdo, durante a Fase Bética da orogenia Alpina. Esta falha corresponde a uma Parede de Sal pois encontra-se intruída pelos depósitos argilo-carbonatados e salíferos da Formação de Dagorda (Kullberg et al., 2013). A sul da AIE uma outra falha coloca em contato litologias de diferente idade do Jurássico Médio. Limita os afloramentos do Membro de Pé da Pedreira. Apresenta-se orientada NW - SE e termina de encontro à Falha de Rio Maior Porto de Mós. Faz parte de um conjunto de acidentes regionais com a mesma orientação e cuja instalação inicial parece associada à passagem do Jurássico Cretácico (Carvalho, 2013). Posteriormente terão sido reativados em desligamento esquerdo. No extremo leste da AIE de Portela das Salgueiras, uma falha orientada N S e que também termina de encontro à Falha de Rio Maior Porto de Mós, põe em contato os afloramentos do Jurássico Médio (a ocidente) com os do Jurássico Superior (a oriente). Esta falha passará a ser designada, de ora em diante, por Falha de Salgueiras. 24

27 4. ESTUDOS ANTERIORES Nos estudos geológicos que têm abarcado a região de Portela das Salgueiras há a considerar os decorrentes de trabalhos de geologia regional da área abrangida pelo MCE e outros, menos abrangentes, de temática vocacionada para o apoio à indústria, todos eles realizados pelas entidades percursoras do LNEG que desempenharam a função de serviço geológico nacional. Entre os primeiros há sobretudo que ter em atenção a cartografia geológica regional à escala 1/25000 que conduziu à elaboração da Folha 26-D (Caldas da Rainha) à escala 1/50000, na sua primeira edição (Zbyszewski & Matos, 1959) e respetiva Notícia Explicativa (Zbyszewski & Moitinho de Almeida, 1960). Posteriormente foi publicado em 1985 um outro trabalho de geologia regional de âmbito particular para o MCE com o título Calcários e Dolomitos do Maciço Calcário Estremenho, o qual inclui um primeiro mapa litostratigráfico do MCE (Manuppella et al., 1985). A formalização litostratigráfica aí presente foi sendo revista com a publicação da 2ª edição da cartografia 1/50000 das folhas 27-A (Manuppella et al., 1998) e 27-C (Manuppella et al., 1999) adjacentes à Folha 26-D que integra a região de Portela das Salgueiras. Ainda não foi publicada uma 2ª edição da Folha 26-D (Caldas da Rainha). Figura 11- Formalização da litostratigrafia do Jurássico Inferior e Médio do MCE (retirado de Azerêdo, 2007). Ainda numa perspetiva regional merece referência a Tese de Doutoramento apresentada por Cristina Azerêdo à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em Essa tese (Azerêdo, 1993) centra-se no estudo sedimentológico e paleogeográfico dos calcários do Jurássico Médio do MCE, abarcando, portanto, os que afloram na região de Portela das Salgueiras. Da mesma autora importa referir a formalização mais recente das unidades litostratigráficas do Jurássico Inferior e Médio do Maciço Calcário Estremenho (Azerêdo, 2007). Neste trabalho, a unidade Calcários de Pé da Pedreira (assim designada na Folha 27-C e respetiva Notícia Explicativa, Manuppella et al., 2006) passou a ser considerada um membro (Membro de Pé da Pedreira) da Formação de Santo António Candeeiros (Figura 11). Também a Tese de Doutoramento desenvolvida paralelamente a este trabalho (Carvalho, 2013) abarca a região de Portela de Salgueiras. Aborda sobretudo os sistemas de fraturas que afetam a região. 25

28 Em Azerêdo et al., 2002 é abordado significado e importância da descontinuidade Jurássico Médio Jurássico Superior, dando-se destaque aos afloramentos representativos nas proximidades da AIE em causa, nomeadamente junto à povoação de Vale de Ventos. No que respeita aos trabalhos vocacionados para o apoio à indústria extrativa há a registar a obra publicada em 1988 sob o título Calcários Ornamentais do Maciço Calcário Estremenho (Costa et al., 1988) que dá conta de uma campanha de sondagens realizadas especificamente para avaliação deste tipo de recursos. Os resultados alcançados são de domínio público e e os respetivos testemunhos físicos estão disponíveis para consulta na Litoteca do LNEG em Alfragide (Figura 12). Os diversos núcleos de produção de calcários ornamentais do MCE, incluindo o de Portel das Salgueiras, são apresentados por intermédio de uma abordagem muito sumária aos litotipos explorados e sistema de fraturas que os afeta. Desde aquela altura até à atualidade não foram realizados outros estudos relevantes sobre esta AIE. Contudo, conhecimento específico sobre as litologias que ocorrem na Portela das Salgueiras foi obtido através dos estudos petrográficos e de caraterização tecnológica realizados sobre as variedades ornamentais exploradas e que constam no Catálogo das Rochas Ornamentais Portuguesas editado pelo LNEG ( Figura 12- Armazenamento de sondagens na litoteca do LNEG em Alfragide. 26

29 5. ESTUDO GEOLÓGICO 5.1. Metodologia A metodologia adotada para o estudo geológico realizado visou suportar o planeamento da lavra mineira através de um projeto integrado e o planeamento do uso do território em função da aptidão do substrato geológico para a produção blocos de calcários ornamentais na AIE de Portela das Salgueiras. Seguiram-se as linhas gerais propostas por Carvalho et al., 2008 que aponta a homogeneidade litológica, a dimensão e a fraturação que afeta o maciço rochoso como os critérios decisivos para o estabelecimento da aptidão ornamental desse maciço e que esses critérios podem ser devidamente determinados por intermédio de cartografia geológica detalhada e levantamento da fraturação. Porém, perante os condicionalismos impostos ao estudo da fraturação que afeta as litologias exploradas nesta AIE e que mais à frente serão devidamente apontados (cf ), a metodologia seguida assentou, sobretudo, na execução de cartografia geológica detalhada à escala 1/2000, prestando especial atenção aos seguintes aspetos: Distinção das litofácies presentes em função da sua aptidão ornamental, tendo presente a sua caraterização nos aspetos que influenciam a sua homogeneidade textural e cromática. Verificação da disposição espacial e da dimensão das bancadas sedimentares. Atribuição de nomenclatura às litofácies identificadas de acordo com a terminologia comum no meio industrial dos calcários ornamentais da região. Integração das litofácies identificadas em unidades litostratigráficas com representatividade, pelo menos, ao nível da área em estudo e sua denominação também de acordo com a terminologia em uso na região. A foi realizada sobre cartas topográficas à escala 1/2000. Estas foram elaboradas especificamente para este objetivo a partir de levantamento aerofotogramétrico efetuado em Agosto de Como apoio à orientação no terreno, foram utilizados também ortofotomapas resultantes do mesmo levantamento. A elaboração da base topográfica teve em atenção as particularidades da região no que respeita aos aspetos mineiros, nomeadamente a distinção de escarpados artificiais como correspondentes a frentes de exploração de pedreiras, e a distinção de locais de acumulação de resíduos dessas explorações (escombreiras). Durante o processo de cartografia geológica foram atualizados alguns dos limites dessas pedreiras e escombreiras. Dadas as especificidades do relevo nas AIEs, designadamente o fato de se apresentar artificializado pela existência de pedreiras, a cartografia geológica realizada apresenta alguns aspetos particulares que merecem ser aqui abordados, pois têm consequências ao nível da interpretação. Assim, em primeiro lugar, há a considerar que no mapa topográfico utilizado a representação dos diferentes pisos das pedreiras é feita por intermédio de dois tipos de linhas: limite superior de escarpado artificial e limite inferior de escarpado artificial. Correspondem, respetivamente, ao limite superior e inferior de cada piso de desmonte. Como norma, apenas se considerou a linha correspondente ao limite superior de cada um dos pisos. Em segundo lugar, correspondendo essas linhas à interseção das frentes de desmonte com a superfície, há a considerar que elas acabam por interromper as linhas representativas dos limites geológicos. Esses limites 27

30 geológicos deixam de ter representação no mapa pois, sendo apenas observáveis nas frentes de exploração, coincidem com a linha limite dessas mesmas frentes. Noutros casos, como as linhas representativas das pedreiras correspondem a escarpados verticais, em projeção planar elas estabelecem contatos artificiais entre unidades litológicas que não estão em contato real. A Figura 13 pretende elucidar de modo esquemático estas situações. Figura 13- Esquema ilustrativo da afetação dos padrões de afloramento devido à artificialização do relevo por pedreiras (A, B, C e D correspondem a 4 diferentes unidades geológicas, estando as 3 primeiras intersetadas por uma frente de exploração). Ainda como resultado da artificialização do relevo por pedreiras, ocorrem situações em que as frentes de desmonte intersetam mais do que uma unidade litológica. Para esses casos resulta a impossibilidade de avaliar variações de espessura nessas unidades por leitura direta do mapa. Para obviar esse constrangimento procedeu-se sistematicamente à realização de logs sintéticos das frentes de exploração, representando-os nos mapas geológicos por um código composto por um número (altura em metros) e um conjunto de letras (abreviatura da unidade litológica a que respeita a altura intersetada na frente de exploração). Na Figura 13 está também representada uma exemplificação deste método. A cartografia geológica não se limitou ao espaço territorial correspondente à AIE de Portela das Salgueiras, ou seja, 63 hectares. Com efeito, tendo como objetivo uma adequada interpretação geológica, foi necessário proceder a um alargamento substancial da área total cartografada para fora dos limites da AIE. Essa área cartografada geologicamente foi de 213 hectares, ou seja, cerca de 3,4 vezes superior à da AIE. Apresenta-se no Anexo 1 à escala 1/2000 e na Figura 14 apresenta-se uma versão simplificada e redimensionada para o tamanho da página. A interpretação geológica, com estabelecimento de correlações entre as diferentes unidades litostratigráficas, foi realizada sobre esse mapa à escala 1/2000 com o auxílio de 10 cortes geológicos que se apresentam no Anexo 2. O modelo geológico tridimensional idealizado para a AIE e traduzido pelos cortes geológicos foi corrigido e validado por intermédio do estudo dos testemunhos das sondagens mecânicas realizadas em campanhas de prospeção anteriores, bem como por intermédio de 2 novas sondagens realizadas no âmbito do presente estudo e cujos respetivos logs são apresentados no Anexo 3. No que respeita à fraturação que afeta o maciço rochoso, foi realizado um estudo de fotointerpretação sobre fotografias aéreas à escala aproximada 1/26000 datadas de A opção por fotografias tão antigas prende-se com a possibilidade de poder observar as estruturas que hoje se encontram mascaradas por efeito da atividade extrativa. Tendo por objetivo a validação dos resultados da fotointerpretação e o conhecimento da natureza das fraturas presentes, foi realizado um levantamento de campo de fraturas nas frentes de pedreira. Contudo e como anteriormente referido, para além dos condicionalismos que se apontam no subcapítulo 5.3.2, esse levantamento foi também condicionado pela muito reduzida acessibilidade à maioria das frentes de exploração. 28

31 5.2. Litostratigrafia Temática Decorrente dos aspetos mencionados anteriormente, no que respeita aos critérios que presidiram à caraterização das litofácies presentes na área de Portela das Salgueiras e à definição das diferentes unidades litológicas, resulta que a cartografia geológica realizada foi de âmbito litostratigráfico mas com uma temática apropriada à indústria extrativa de calcários ornamentais. Assim, na região da AIE de Portela das Salgueiras afloram as seguintes unidades litostratigráficas temáticas, da base para o topo: Margas de Dagorda Vidraços da Base Calcários Ornamentais Unidade da Base Semi Rijo Vidraços do Topo Calcários de Moleanos Vidraços Escuros Como se verá mais à frente em detalhe, estas unidades temáticas integram unidades litostratigráficas formais do Jurássico Inferior, Médio e Superior. Apresenta-se, de seguida, a caraterização das diferentes unidades, sua correlação com as unidades litostratigráficas regionais que se encontram definidas para o MCE e sua distribuição espacial. Para o efeito, para além do mapa geológico simplificado que se apresenta na Figura 14, apresentam-se também três cortes geológicos simplificados a partir dos apresentados no Anexo 2 e que são representativos do modelo geológico da área abrangida pela AIE de Portela das Salgueiras. (Figura 15) Margas de Dagorda Esta unidade corresponde à Formação de Dagorda que se encontra datada do Hetangiano (Jurássico Inferior), sendo constituída por rochas margosas e evaporíticas cujos afloramentos estão limitados por falhas NNE - SSW. Aflora apenas em local restrito, na região SW da área cartografada, onde se encontra limitada por troço da Falha de Rio Maior Porto de Mós, não se encontrando abrangida pela AIE. Superficialmente os afloramentos apresentam-se completamente destruturados por efeito da intervenção humana, no seu uso como terrenos agrícolas Vidraços da Base Os Vidraços da Base têm correspondência com a Formação de Serra de Aire, cuja idade abrange todo o Batoniano. Foi definida por Azerêdo, 2007, que a considera equivalente à unidade Calcários Micríticos de Serra de Aire das folhas 27-A e 27-C da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000, respetivamente da autoria de Manuppella et al., 1998 e de Manuppella et al.,

32 Figura 14- Mapa Geológico simplificado da AIE de Portela das Salgueiras. 30

33 Figura 15- Cortes geológicos representativos do modelo geológico da AIE de Portela das Salgueiras. Cortes EF e LK são transversais à orientação geral das bancadas sedimentares na região central da AIE. Corte QR é longitudinal. Os Vidraços da Base afloram unicamente em região restrita, externamente ao extremo SW da AIE de Portela das Salgueiras (Figura 14). A leste estão limitados pela Falha de Rio Maior Porto de Mós. A norte e a oeste contatam de modo brusco com os calcários da Unidade da Base, relativamente aos quais estão subjacentes. Por estarem limitados tectonicamente, não é possível determinar a sua espessura nesta região. Esta unidade é constituída por calcários micríticos mais ou menos bioclásticos e oncolíticos (mudstones e wackestones). Apresentam cor creme a cinzento claro e, localmente, cor castanha franca. Algumas bancadas mostram-se ricas em vesículas de calcite (fenestrae). As bancadas são de espessura centimétrica a decimétrica Calcários Ornamentais Esta unidade é constituída por duas subunidades de calcários calciclásticos: Unidade da Base e Semi Rijo. No seu conjunto correspondem ao Membro de Pé da Pedreira (Batoniano superior) da Formação de Santo António Candeeiros (Azerêdo, 2007). Esta formação é equivalente lateral da Formação de Serra de Aire 31

34 anteriormente referida. Ainda de acordo com a mesma autora, o Membro de Pé da Pedreira corresponde à unidade Calcários de Pé da Pedreira referenciada na Folha 27 C Torres Novas, da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000 (Manuppella et al., 1999). Esta unidade dos Calcários Ornamentais constitui um corpo lenticular espesso e assimétrico intercalado na Formação de Serra de Aire ao qual correspondem duas unidades de Vidraços (os da Base, já referidos, e os do Topo que mais à frente se abordarão). Do ponto de vista regional e tal como já foi anteriormente mencionado, são unidades coevas, o que justifica as fortes e bruscas variações laterais de fácies que se verificam entre elas, consoante se pretende mostrar na coluna litológica simplificada que se apresenta na Figura 16. Figura 16- Coluna litológica esquemática representativa da AIE de Portela das Salgueiras Unidade da Base A Unidade da Base aflora unicamente na região meridional da área cartografada, limitada por falhas, onde apresenta uma espessura próxima de 30 m. Na região central, sob o Semi Rijo, a possança alcança os 40 m e volta a diminuir para valores na ordem dos 30 m a norte. A passagem ao Semi Rijo suprajacente ocorre de modo gradual. Esta unidade é constituída por calcários texturalmente variados, de wackestone a rudstone, com elementos pelóidicos, oncolíticos, litoclásticos e bioclásticos. Estão dispostos em bancadas de espessura variável, desde alguns decímetros a metros. Na base predominam packstones oncolíticos de cor cinzenta com abundantes estilólitos sub-horizontais, tanto abertos como fechados, e que por vezes se apresentam preenchidos por material argilo-betuminoso de cor escura. Estes planos estilolíticos mimetizam, frequentemente, superfícies de estratificação. Por passagem gradual, os calcários na parte superior da unidade correspondem essencialmente a wackestones de pelóides granulometricamente muito finos. Exibem cor creme amarelada e igualmente estão afetados por abundantes planos estilolíticos sub-horizontais mimetizando as superfícies de estratificação Semi Rijo O nome atribuído a esta unidade advém do nome genérico pelo qual é conhecida a variedade ornamental proveniente do núcleo de exploração de Salgueiras. Conforme observável no mapa da Figura 14, o Semi 32

35 Rijo ocupa a região central da AIE, estando limitado espacialmente pela unidade suprajacente dos Vidraços do Topo. Apenas na região meridional os afloramentos de Semi Rijo dão lugar aos afloramentos da Unidade da Base. Localmente, na região oriental da AIE, contata com os Vidraços Escuros por intermédio da Falha de Salgueiras, orientada segundo N S. A irregularidade do padrão de afloramento desta unidade, sobretudo nas regiões norte e oeste da área cartografada, resulta das fortes e relativamente bruscas variações laterais de fácies para os Vidraços do Topo, conforme demonstrado pelos cortes geológicos da Figura 15. Esta unidade é constituída por packstones e grainstones pelóidicos e biolitoclásticos, tendencialmente de granularidade fina a média. Apresentam cor creme de tom mais ou menos claro e textura marcada por laminações paralelas, em geral pouco evidente. Estes calcários ocorrem sob a forma de um corpo maciço no qual não se distinguem estratos sedimentares. Contudo distinguem-se macrofeixes de laminações sedimentares de espessura métrica bem como níveis de granularidade grosseira, biostromáticos, de espessura decimétrica e que são mais frequentes para o topo da unidade. A espessura da unidade é superior a 65 m, correspondendo este valor à possança máxima disponível na zona central do afloramento. A sua espessura média rondará 30 m. A passagem à unidade a teto (Vidraços do Topo) faz-se de modo brusco, mas acompanhada lateralmente de fortes variações de fácies, como anteriormente referido Vidraços do Topo Os Vidraços do Topo afloram sobretudo nas regiões setentrional e ocidental da área cartografada. Na região ocidental estão limitados pelos afloramentos dos Vidraços Escuros com os quais contatam de modo brusco, por intermédio de uma discordância angular. Afloram também ao logo de faixa estreita na região oriental da AIE, onde estão limitados pela Falha de Salgueiras que os põe em contato tectónico com os Vidraços Escuros. Tal como os Vidraços da Base, os do Topo têm correspondência com a Formação de Serra de Aire, sendo litologicamente semelhantes. A separação desta unidade litostratigráfica formal em duas unidades temáticas tem unicamente a ver com a sua posição estratigráfica, acima ou abaixo da unidade lenticular dos Calcários Ornamentais, visando o apoio ao planeamento da lavra. Com efeito, na ausência destes, não se justifica a distinção entre Vidraços do Topo e da Base. A espessura máxima alcançada pelos Vidraços do Topo na área em apreço é de 60 m Calcários de Moleanos Estes calcários afloram em pequena região no extremo sudoeste da área cartografada, não estando abrangidos pela AIE de Portela das Salgueiras. Fazem parte do Membro de Moleanos, de idade Caloviano que integra a Formação de Santo António Candeeiros (Azerêdo, 2007). Estão referenciados na Folha 27-A (Vila Nova de Ourém) da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50000, igualmente por Calcários de Moleanos (Manuppella et al., 1998). Correspondem a grainstones e rudstones pelóidicos e bioclásticos com níveis de mudstones e wackstones micríticos. Dada a reduzida extensão do afloramento abrangido pela área de estudo, não foi possível um 33

36 maior rigor na sua caraterização, quer em termos litológicos, quer em termos de dimensão das bancadas e da unidade. O contato destes calcários com os das restantes unidades cartografadas é tectónico, por intermédio de uma falha orientada NW SE Vidraços Escuros Do ponto de vista regional esta unidade faz parte da Formação de Cabaços (Kullberg et al., 2013) ou Camadas de Cabaços (de acordo nomenclatura utilizada na Folha 27 C Torres Novas, da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000 (Manuppella et al., 1999)), a que está atribuída a idade Oxfordiano médio. Esta unidade corresponde ao topo da sequência estratigráfica da região em estudo, aflorando nos seus extremos ocidental e oriental onde contata com a unidade subjacente dos Vidraços do Topo. Os seus limites estendem-se para fora da área cartografada, razão pela qual não se conhece a sua espessura total. No interior da AIE os Vidraços Escuros são apenas intersetados a nascente em estreita faixa N S, paralela à Falha de Salgueiras que os coloca em contato tectónico com os Vidraços do Topo. Esta unidade é constituída, genericamente, por calcários e calcários argilosos mais ou menos calciclásticos (mudstones, wackstones e packstones) de cores cinzentas e cremes, mais ou menos escuras, em bancadas de espessura centimétrica a decimétrica Estrutura Geológica Embora tal não seja percetível em termos imediatos, a partir dum reconhecimento expedito, a estrutura geológica da AIE de Portela das Salgueiras é relativamente simples, dispondo-se as unidades de modo tabular e sub-horizontal, conforme se pode constatar pelo mapa da Figura 14 e pelos cortes apresentados na Figura 15. As unidades Vidraços do Topo e Calcários Ornamentais apresentam-se genericamente orientadas segundo N S com suaves pendores para leste, na ordem dos 4 0 a 8 0. Contudo, como observável pela Figura 14, é frequente a observação de camadas com diferentes orientações e pendores mais elevados. A razão subjacente a tal tem causas diversas. Nos Calcários Ornamentais, os valores de atitude medidos correspondem, não a superfícies de estratificação, mas sim a macrofeixes de laminações sedimentares. Estes normalmente apresentam-se subhorizontais mas, por vezes, apresentam inclinações acentuadas e diferente orientação. Nos Vidraços do Topo as atitudes medidas correspondem a planos de estratificação. Contudo, devido às fortes variações laterais de fácies com a unidade Calcários Ornamentais na AIE, muitos desses planos têm correspondência com biselamentos de bancadas. Para a existência de atitudes que diferem da genericamente apontada acrescem os basculamentos induzidos pelas inúmeras falhas que afetam os calcários na AIE e que de seguida se abordarão. Relativamente à unidade Vidraços Escuros (Formação de Cabaços), na região ocidental apresenta-se orientada NE SW com pendores suaves para NW, o que demonstra a discordância angular com a unidade 34

37 subjacente. Na região oriental apresenta atitudes diversas o que se crê devido à proximidade com a Falha de Salgueiras e com a Falha de Rio Maior Porto de Mós Falhas Como tem vindo a ser referido, algumas falhas afetam a área estudada, destacando-se a Falha de Rio Maior Porto de Mós, a Falha de Salgueiras e a falha NW SE no extremo meridional da área. A Falha de Rio Maior Porto de Mós, orientada NNE SSW, apenas é intersetada no extremo SE da área cartografada, razão pela qual no interior da AIE não se encontram evidências concretas e diretas da sua atuação. A Falha de Salgueiras apresenta-se segundo N S. Na região meridional da área termina de encontro à Falha de Rio Maior Porto de Mós. Na região setentrional perde-se na unidade Vidraços do Topo, numa área em que os afloramentos são escassos e estão cobertos por depósitos de cobertura recentes. Não foi possível caraterizar geometricamente e cinematicamente a Falha de Salgueiras. Com efeito, a sua demarcação resulta de evidências indiretas, nomeadamente: - A falha coincide parcialmente com uma pequena linha de água N S onde ocorre, de modo brusco, o contato dos Vidraços do Topo com os Vidraços Escuros; - Sabendo-se que tal contato corresponde a uma descontinuidade de âmbito regional a que estão associados níveis argilo-carbonosos e conglomerados, esses aspetos não se verificam ao longo do contato identificado segundo N - S; - Localmente, os calcários junto ao contato estão bastante tectonizados por inúmeros veios de calcite e endurecidos, formando pequenas cristas com cerca de 1 m de altura, mas que se destacam relativamente ao encaixante. Estas evidências contribuem para se admitir que esta falha tenha atuado em regime de inversão tectónica. Pela relação angular com a Falha de Rio Maior Porto de Mós, poderá corresponder a acidente conjugado em desligamento direito com alguma componente inversa. No interior da AIE de Portela das Salgueiras foram ainda identificadas outras falhas com a mesma orientação N S, e que afetam apenas os Calcários Ornamentais, nomeadamente, uma falha no extremo norte da AIE e outra na sua região meridional. Relativamente à primeira (Figura 17) foi possível verificar-se que apresenta uma inclinação de 45 0 para oeste e que levou ao abatimento do bloco ocidental em regime de movimentação normal. Esta falha não se prolonga para além do que está representado cartograficamente. Relativamente à falha N S da região meridional da AIE, ela estabelece o contato tectónico entre a Unidade da Base e o Semi Rijo, presumivelmente também em movimentação normal. Relativamente à falha orientada NW SE no extremo sul da área cartografada, já fora dos limites da AIE, ela limita nessa região os afloramentos dos Calcários Ornamentais, que não mais voltam a aflorar. Como já foi anteriormente referido, esta falha integra uma família de acidentes com a mesma orientação cuja instalação inicial terá ocorrido na passagem do Jurássico ao Cretácico, à semelhança do que se verifica para uma outra família de acidentes regionais, subparalelos (WNW ESE). Com efeito, crê-se que a instalação destes acidentes NW SE e WNW ESE seja coeva e resulte de oscilações na orientação de um campo trativo WNW ESE naquele período de tempo (Carvalho, 2013). A sua atuação mais recente terá ocorrido em desligamento esquerdo. 35

38 Figura 17- Falha N - S na região norte da AIE de Portela das Salgueiras. No interior da AIE de Portela das Salgueiras identificaram-se falhas com estas orientações WNW ESE e NW SE. Duas estão orientadas NW SE, localizam-se na região central da AIE e afetam os Calcários Ornamentais, os Vidraços do Topo e os Vidraços Escuros. Outra, na região meridional, apresenta-se segundo WNW ESE e afeta os Calcários Ornamentais e os Vidraços do Topo, parecendo não afetar os Vidraços Escuros. Embora o padrão cartográfico denuncie movimentação em desligamento esquerdo para os dois primeiros acidentes e em desligamento direito para o localizado na região sul, admite-se que essa movimentação seja essencialmente normal, pois não foram encontradas evidências de esmagamento das rochas. Tal como os cortes geológicos demonstram, induzem rejeitos verticais na unidade dos Calcários Ornamentais. Figura 18- Falhas sinsedimentares subverticais que terminam de encontro a falha inclinada cerca de 45 0 para oeste. Importa também destacar que os Calcários Ornamentais estão localmente afetados por inúmeras falhas de caraterísticas sinsedimentares, cuja atitude não foi possível avaliar com rigor pois apenas é dado a observar os seus traços de interseção com frentes de exploração verticais (Figura 18). Estas falhas, com 36

39 movimentação normal e rejeitos de amplitude centimétrica a decimétrica, parecem constituir corredores de fraturação de largura métrica. Maioritariamente não configuram descontinuidades mecânicas e afetam espessura reduzida da unidade ornamental, na ordem dos 10 m Fraturação Metodologia O estudo da fraturação que afeta os calcários aflorantes na AIE de Portela das Salgueiras foi executado a pequena e grande escala, respetivamente por intermédio de fotointerpretação de fotografias aéreas e por levantamento sistemático de fraturas em afloramentos. Os pormenores das metodologias de trabalho aplicadas a ambos os tipos de estudo constituem capítulos específicos de trabalho de maior envergadura desenvolvido paralelamente (Carvalho, 2013), interessando aqui sublinhar apenas alguns aspetos mais relevantes. Assim, relativamente à fotointerpretação, ela foi realizada para toda a região do MCE e foram utilizadas fotografias aéreas à escala aproximada de 1/26000, as quais foram obtidas durante um voo realizado pela USAF em A pertinência da opção por fotografias tão antigas prendeu-se com a necessidade de observar os afloramentos rochosos em fase anterior à instalação da indústria extrativa que os veio a destruir. Embora em fotogeologia seja norma que as estruturas observadas sejam interpretadas genericamente como lineamentos, no presente caso foi possível a interpretação da grande maioria como sendo fraturas. Esta possibilidade decorre da existência de grandes áreas desprovidas de solos de cobertura e, consequentemente, desprovidas de vegetação. Estando as bancadas sedimentares a descoberto foi possível a identificação direta das fraturas que as afetam. É importante ter em atenção que a existência de locais nos quais não foram identificadas fraturas por este método não é sinónimo da sua inexistência. Podem corresponder a locais em que existe solo e vegetação densa, impossibilitando a sua deteção ou, ainda, a locais tão intensamente fraturados que a resolução do método não permite o discernimento individual das fraturas. Em relação ao levantamento de fraturas em afloramentos, este realizou-se pelo chamado método da scanline: linha materializada nos afloramentos por uma fita métrica ao longo da qual se medem todas as fraturas intersetadas principalmente no que respeita à sua distância à origem, atitude e natureza. O levantamento realizado foi também de âmbito regional, ou seja abrangendo todo o MCE, mas com particular incidência nos locais onde se desenvolve a indústria extrativa, não só pelos objetivos concretos de determinar como essa fraturação afeta a explorabilidade dos calcários para fins ornamentais, mas também porque as frentes e pisos de pedreiras constituem locais de excelência para obtenção deste tipo de dados. O estudo estatístico dos dados das diaclases medidas em afloramentos teve como base uma série de procedimentos sobre esses dados com dois objetivos. Um refere-se ao estabelecimento de correlações entre resultados obtidos em diferentes locais, ou seja, sobre diferentes suportes de amostragem, pelo que se procedeu à normalização dos dados a um suporte comum, quer em termos de comprimento da scanline, quer em termos de espessura da bancada em que foi realizada. Outro refere-se à correção do enviesamento das orientações (orientation bias), tendo-se para o efeito aplicado a chamada Correção de 37

40 Terzaghi (Terzaghi, 1965; Hudson & Priest, 1983). A Figura 19, mostra o modelo utilizado para a sequência de procedimentos de correção e normalização mencionados. Figura 19- Modelo utilizado para a correção e normalização dos dados de frequência de diaclases. Para bancadas com espessura superior a 1,5 m apenas se normalizou ao comprimento unitário (Carvalho, 2013) Resultados Quanto à natureza das fraturas, os dados obtidos em afloramento permitiram discernir que a maioria, concretamente 80%, correspondem a diaclases subverticais, pelo que o subsequente estudo estatístico da fraturação se centrou neste tipo de estruturas. Sob esta designação incluem-se diaclases, diaclases mineralizadas (veios de calcite) e diaclases reativadas em cisalhamento. Permitiram também discernir que as fraturas fotointerpretadas correspondem a diaclases cuja grande abertura e comprimento são resultado de episódios de reativação tectónica e dos processos de alteração química próprios da fenomenologia cársica. Os dados obtidos para a AIE de Portela das Salgueiras, quer resultantes da fotointerpretação, quer do levantamento em afloramentos, estão expressos graficamente sobre o mapa geológico simplificado da região envolvente da AIE que se apresenta na Figura 20. Nas rosetas mostra-se a distribuição estatística das orientações das fraturas medidas em frentes de exploração das pedreiras que revelaram melhor acessibilidade. Nessas rosetas não consta o número de dados respetivo, o que decorre do procedimento de normalização dos dados. Relativamente às fraturas fotointerpretadas é notável que a maioria se localiza nos Calcários Ornamentais e que, no geral, os respetivos traços de interseção com a superfície topográfica são longos, de dimensão hectométrica. Quanto à sua orientação é notória uma prevalência de fraturas orientadas segundo NW SE, paralelamente às falhas com a mesma orientação genérica. Secundariamente e sobretudo na região central da AIE ocorrem fraturas segundo NNW SSE e, de modo ainda mais secundário, fraturas N S, algumas delas mimetizando as falhas assim orientadas. No que respeita às fraturas medidas em afloramento importa referir que geneticamente é possível distinguir diaclases anteriores e posteriores ao basculamento das bancadas para leste. Contudo, tendo em atenção o objetivo do presente estudo, apenas interessa a sua disposição final, sendo essa a que está representada nas rosetas constantes da Figura 20. Na estação de levantamento realizada na região norte da AIE coexistem duas famílias de diaclases; uma principal orientada NW SE e outra segundo N S. Traduzem fielmente as direções principais aí fotointerpretadas. Na estação nº 2, realizada na região meridional da AIE, há um nítido predomínio de diaclases orientadas segundo WNW ESE, com alguma tendência para NW SE. Não traduzem o que aí se 38

41 verifica a nível da fotointerpretação, justificando a necessidade de sempre realizar levantamentos in situ. Tomados os dados no seu conjunto, continua a verificar-se que é a direção WNW ESE a que é caraterística da AIE. Essa direção está certamente associada a maior prevalência de fraturas associadas aos acidentes orientados em torno de WNW ESE. Figura 20- Mapa geológico simplificado da região envolvente da AIE de Portela das Salgueiras com representação das fraturas fotointerpretadas. Rosetas respeitam a fraturas nas estações 1 e 2, correspondentes a frentes de exploração de pedreiras. Conclui-se, portanto, que os dados de campo confirmam parcialmente os obtidos por deteção remota. As principais direções de fraturas que condicionam a exploração apresentam-se subverticais e segundo duas 39

42 principais direções: WNW ESE e, secundariamente, NW SE e N S. A prevalência de cada uma destas direções não é contante em toda a AIE O problema do Espaçamento da fraturação A lavra de calcários ornamentais não depende apenas do número de famílias de fraturas e da sua orientação mas, sobretudo, depende do espaçamento caraterístico de cada uma das famílias, sendo que o Espaçamento é a distância medida na perpendicular entre duas fraturas consecutivas da mesma família sistemática. Para efeitos de considerações geodinâmicas teóricas, uma família sistemática é constituída por diaclases planares que numa extensa área se apresentam paralelas entre si, com espaçamento regular e que resultam de um episódio de deformação tectónica preciso. Outras caraterísticas das diaclases, como a abertura e o tipo de preenchimento, são auxiliares quanto à distinção de famílias sistemáticas que partilham a mesma orientação. No caso concreto do MCE, tais situações verificam-se, ou seja, existem conjuntos de diaclases com a mesma orientação que albergam mais do que uma família sistemática, o que é resultado da sobreposição de episódios tectónicos de deformação. É o que se verifica para as famílias que caraterizam a região de Portela das Salgueiras que albergam diferentes tipos de diaclases. Portanto, não podem ser consideradas famílias sistemáticas com um espaçamento próprio regular, mas antes devem ser apenas consideradas como famílias direcionais sem espaçamento caraterístico. Serviram estas considerações para afirmar que para efeitos de aplicação prática à indústria extrativa de rochas ornamentais é necessário subdividir essas famílias direcionais nas famílias sistemáticas que as constituem e, então, determinar os respetivos espaçamentos. Porém, para o caso concreto da AIE de Portel das Salgueiras, tal não foi possível pelas razões que de seguida se expõem. Em primeiro lugar, razões que revertem nos conceitos teóricos sobre os processos mecânicos que regem a instalação de diaclases em rochas sedimentares e de como esses processos condicionam o seu espaçamento. Importa sobretudo reter que o espaçamento duma família sistemática é diretamente proporcional à espessura de cada um dos estratos sedimentares em que se instala e que essa proporcionalidade se verifica para estratos com espessura inferior ao valor empírico de 1,5 m. Para estratos sedimentares mais espessos que 1,5 m, como é nitidamente o caso dos Calcários Ornamentais de Portela das Salgueiras, perde-se essa proporcionalidade e as bancadas apresentam-se intensamente fraturadas. Embora esta grande intensidade de fraturação não seja percetível numa primeira abordagem, pois é comum observar diaclases com espaçamentos na ordem dos 3 metros ou bastante mais nas frentes de exploração, na realidade esses valores correspondem, em termos de análise teórica, a grande intensidade de fraturação. Com efeito, se tomarmos como exemplo uma bancada sedimentar com 10 m de espessura afetada por diaclases espaçadas de 2 m, essa bancada está muito mais intensamente fraturada que uma outra com apenas 0,2 m de espessura em que as diaclases se apresentem espaçadas 0,4 m. A manter-se a regra da proporcionalidade e normalizando para a espessura unitária, à situação da bancada espessa corresponde um espaçamento de 0,2 m (5 fraturas por metro), ao passo que para a bancada estreita corresponderá um espaçamento de 2 m (0,5 fraturas por metro). Os mecanismos que regem o espaçamento das famílias sistemáticas de diaclases instaladas em estratos sedimentares de elevada espessura ainda não são conhecidos, o que impossibilita o estabelecimento de 40

43 modelos de diaclasamento para esse tipo de estratos e, portanto, também impossibilita previsões quanto à frequência de ocorrência de diaclases duma determinada família sistemática. Em segundo lugar há a considerar razões que se prendem com a metodologia de trabalho adotada para o levantamento das diaclases. Como referido, esse levantamento foi realizado nos locais de melhor exposição, ou seja, nas frentes de desmonte de uma pedreira. Mais concretamente, como em muitas situações as frentes de desmonte apresentavam raras fraturas, a fim de obter o maior número de dados para tornar relevante a sua análise estatística, a amostragem foi executada essencialmente nos locais que se apresentavam mais fraturados. Por essa razão a amostragem sofre de um enviesamento: os valores de espaçamento a obter para cada uma das famílias estarão subvalorizados. Porém, mesmo nessas condições de amostragem, a quantidade de dados obtidos não se mostrou relevante a nível estatístico, de tal modo que não foi possível a destrinça precisa de famílias sistemáticas de diaclasamento; apenas se tendo distinguido famílias direcionais (Cf. Carvalho, 2013). Assim, tanto pela impossibilidade de estabelecimento de modelos de espaçamento de diaclases adaptados a estratos sedimentares muito espessos, como pelas dificuldades na destrinça de famílias sistemáticas de diaclases, a definição das áreas de melhor aptidão para a produção de calcários ornamentais na AIE de Portela das Salgueiras que se abordará no Capítulo 6 não teve em conta o critério Fraturação Sondagens Na região de Portela das Salgueiras foram realizadas sondagens em campanhas de prospeção anteriores e que estão reportadas em Costa et al., Estão assinaladas no mapa geológico da Figura 14 e os respetivos logs encontram-se no Anexo 3. Após revisão dos respetivos testemunhos, os dados obtidos mostraram-se insuficientes para a compreensão do modelo geológico da área, bem como para a compreensão das variações de fáceis litológicas em profundidade, razão pela qual se procedeu à execução de novas sondagens de reconhecimento. Estão referenciadas na Figura 14 por MCE-113 e MCE-114 e os respetivos logs também são apresentados no Anexo 3. Os testemunhos físicos encontram-se arquivados na litoteca do LNEG em Alfragide. Apresenta-se de seguida uma síntese dos resultados obtidos nestas duas sondagens Sondagem MCE-113 Esta sondagem foi realizada na região sul da AIE de Portela das Salgueiras e visou determinar a profundidade de ocorrência dos Vidraços da Base, a fim de avaliar a espessura da unidade ornamental. Iniciou-se na unidade Calcários Ornamentais que intersetou apenas até aos 2,64 m, entrando de seguida em calcários da Unidade da Base que demonstram fraca aptidão ornamental. Aos 40, 10 m a sondagem intersetou a Unidade Vidraços da Base, tendo terminado aos 40,77 m Sondagem MCE-114 Foi implantada na região central da AIE e teve também como objetivo determinar a espessura dos Calcários Ornamentais. 41

44 Iniciou-se em calcários com mediana aptidão ornamental da unidade Calcários Ornamentais, os quais foram intersetados até aos 14,22 m de profundidade, entrando em calcários de fraca aptidão ornamental da Unidade da Base. Aos 55,80 m foram intersetados os Vidraços da Base, tendo-se parado a sondagem aos 59,44 m Cortes Geológicos Tal como referido anteriormente, tendo em vista o estabelecimento de um modelo geológico tridimensional foram realizados 10 cortes geológicos transversalmente e longitudinalmente à estrutura (Anexo 2). Numa primeira fase realizaram-se os cortes tendo em conta apenas os dados de superfície resultantes da cartografia geológica detalhada e sua interpretação, a par com os dados das sondagens realizadas em campanhas anteriores. Sobre esses cortes provisórios planeou-se a execução das duas sondagens descritas anteriormente a fim de validar as interpretações realizadas, sobretudo no que respeitou às variações de espessura dos Calcários Ornamentais e, em particular do Semi Rijo. Com os resultados obtidos nas duas novas sondagens, procederam-se às alterações necessárias e validouse o modelo geológico pela realização dos 10 cortes apresentados em anexo. Assim, os resultados obtidos, para além da respetiva visualização gráfica, estão integrados nos anteriores capítulos 5.2 e

45 6. ÁREAS DE APTIDÃO PARA CALCÁRIOS ORNAMENTAIS E AVALIAÇÃO DE RECURSOS 6.1. Delimitação de áreas de aptidão para a exploração de calcários ornamentais Tendo em atenção o que foi exposto anteriormente nos capítulos 5.1 e , a metodologia seguida para a determinação das áreas de melhor aptidão para calcários ornamentais na AIE de Portela das Salgueiras assentou na avaliação das caraterísticas respeitantes à sua homogeneidade litológica, à sua dimensão e à sua disposição espacial. A avaliação destas caraterísticas resultou da observação dos afloramentos, em particular das extensas superfícies a que correspondem as frentes de exploração existentes. Os resultados obtidos pela observação dos testemunhos das sondagens também contribuíram para essa avaliação, sobretudo pelas conclusões que permitiram obter quanto à confirmação do modelo estrutural da AIE e quanto à espessura da unidade Calcários Ornamentais. Perante as observações realizadas, optou-se por considerar com aptidão ornamental a totalidade da subunidade Semi Rijo dos Calcários Ornamentais. Não se atribuiu importância a locais restritos em que os afloramentos não evidenciam aptidão ornamental pois é grande a variabilidade lateral e vertical de fácies. Essa aptidão depende sobretudo da homogeneidade textural, da cor e da espessura dos feixes de laminações sedimentares cuja continuidade lateral é, por vezes bastante restrita. Só uma malha extremamente apertada de sondagens permitiria avaliar com alguma precisão a extensão desses locais. Também não se consideraram locais restritos em que os afloramentos se apresentam bastante fraturados pela impossibilidade de implementação de metodologia adequada à modelação da fraturação. Tendo em conta os objetivos de ordenamento territorial a que se propõem os trabalhos realizados, a delimitação de áreas centrou-se no espaço territorial da AIE. Essas áreas apresentam-se no mapa constante do Anexo 4 à escala 1/2000. São também apresentadas na Figura 21 sobre mapa geológico simplificado e redimensionado. Assim: Os Vidraços da Base não afloram na AIE. Porém importa referir que não apresentam aptidão ornamental pois denotam grande variabilidade textural de bancada para bancada, sendo que a espessura destas é, maioritariamente, inferior a 1 m, rondando frequentemente os 0,4 m. A Unidade da Base foi considerada de má aptidão para fins ornamentais, o que se deve à abundância de planos estilolíticos sub-horizontais com espaçamentos inferiores a 0,5 m e à variabilidade textural. Não invalida que localmente estes calcários não possam ser explorados, nomeadamente em locais restritos em que o espaçamento referido seja superior a 1 m e se verifique homogeneidade textural. O Semi Rijo foi considerado como a unidade com aptidão ornamental. Tal deve-se à homogeneidade textural que denota em termos cromáticos e granulométricos, ao fato de se apresentar como um corpo maciço bastante espesso e, ainda, pelo fato de estar pouco fraturado. Contudo, particularmente no topo deste corpo maciço, distinguem-se subunidades tabulares de caraterísticas biostromáticas e espessura decimétrica que não apresentam aptidão. Também localmente, o Semi Rijo apresenta abundantes falhas sinsedimentares que embora na maioria dos casos não constituam descontinuidades mecânicas, acabam por conduzir a heterogeneidades texturais. Os Vidraços do Topo não apresentam aptidão ornamental pelas razões já apresentadas para os Vidraços da Base. Contudo, até certo ponto é viável a sua extração a fim de alcançar o Semi Rijo 43

46 subjacente, razão pela qual se definiu uma área de aptidão designada por Área com recurso sob carga de Vidraços. Os Calcários de Moleanos afloram em área muito restrita, o que não permitiu a sua qualificação em termos de aptidão ornamental Para além disso, não afloram na AIE. Os Vidraços Escuros não apresentam aptidão ornamental por se apresentarem em bancadas estreitas, na ordem dos 20 a 50 cm, essas bancadas corresponderem a calcários margosos que darão reduzido polimento e, ainda, devido à ocorrência de níveis argilosos. Figura 21- Mapa de aptidão para a produção de calcários ornamentais na AIE de Portela das Salgueiras. 44

47 6.2. Cálculo de Recursos em calcários para bloco Como referido no capítulo introdutório, a delimitação das áreas de aptidão para calcários ornamentais, bem como a estimação dos recursos disponíveis para exploração, constituíram tarefas elaboradas em colaboração com a empresa Visa Consultores, SA. Essa estimativa teve como suporte a base topográfica, a cartografia geológica, os cortes geológicos e as áreas de aptidão apresentadas nos capítulos anteriores. Para o efeito, foi elaborado um modelo tridimensional da AIE numa aplicação informática específica para o efeito (Surpac 6.5.1). Esta aplicação permitiu o cálculo automático de um volume de 19,2 milhões de metros cúbicos em calcário com aptidão ornamental para blocos. Para a exploração deste volume deverão ser tidas em conta as condicionantes mineiras, geológicas e ambientais. Particularmente associado às condicionantes mineiras está o rendimento expetável da exploração que, na AIE de Portela das Salgueiras se admitiu como 40 %. Ou seja, apenas 40% do volume estimado apresentará valor comercial. O volume referido integra parte do Semi Rijo subjacente aos Vidraços do Topo. Para avaliar a viabilidade económica da sua exploração foi realizada uma análise económica que permitiu concluir que essa viabilidade se verifica sempre que a espessura dos Vidraços de Topo for igual ou inferior a 0,7 vezes a espessura do Semi Rijo. Essa análise teve em conta a espessura média dessa carga de Vidraços de Topo, os custos associados à sua remoção e o valor comercial médio da variedade ornamental. 45

48 46

49 7. HIDROGEOLOGIA 7.1. Introdução O presente capítulo pretende dar conta dos trabalhos hidrogeológicos realizados na AIE de Portela das Salgueiras no que respeita à caracterização qualitativa e quantitativa das águas subterrâneas, incluindo uma avaliação da aptidão hidrogeológica, a conceptualização de um modelo hidrodinâmico, a avaliação da vulnerabilidade à poluição e da sensibilidade hidrogeológica Metodologia Após pesquisa prévia de informação bibliográfica sobre o Sistema Aquífero Maciço Calcário Estremenho, procedeu-se a uma análise dos aspetos hidrogeológicos da AIE de Portela das Salgueiras, visando a respetiva caracterização ambiental. Os trabalhos desenvolvidos envolveram as seguintes ações gerais: - Recolha de informação hidrogeológica junto de várias entidades com competências na área do Maciço Calcário Estremenho (MCE), nomeadamente, o Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros (PNSAC) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA, IP); - Integração da informação constante na base de dados hidrogeológicos do LNEG, IP; - Reconhecimento da área de estudo, incluindo a validação dos pontos de água provenientes das diversas fontes de informação; - Verificação in situ, sempre que possível, das condições de captação de água subterrânea, nomeadamente no que se refere, à profundidade do nível de água, posição da bomba de extracção, regime de exploração e outras informações úteis; - Reconhecimento da principal nascente permanente mais próxima da AIE de Portela das Salgueiras: nascente de Alcobertas; - Seleção de pontos de água com vista à definição da rede de amostragem da qualidade da AIE ou sua envolvência. Na caracterização hidrogeológica da AIE de Portela das Salgueiras foram considerados os seguintes itens: - Enquadramento geológico local; - Aptidão hidrogeológica; - Produtividade aquífera; - Modelo hidrodinâmico; - Qualidade da água subterrânea; - Vulnerabilidade à poluição; - Sensibilidade ambiental. O enquadramento geológico local teve em consideração dados bibliográficos de Zbyszewski & Moitinho de Almeida, 1960, Azerêdo, 2007, Manuppella et al., 2000; Manuppella et al., 2006 e Crispim, 1995, bem como os resultados obtidos no âmbito do presente estudo acerca do substrato geológico da AIE de Portela das Salgueiras. 47

50 A aptidão hidrogeológica e a produtividade aquífera foram definidas considerando dados bibliográficos (Crispim, 1995; Almeida et al., 2000a; Almeida et al., 2000b) e relatórios de furos de captação de água. O modelo hidrodinâmico foi consubstanciado em dados bibliográficos (Crispim, 1995; Almeida et al., 2000b) e em dados piezométricos de relatórios de furos de captação de água. A caracterização da qualidade das águas subterrâneas da AIE de Portela das Salgueiras baseou-se em análises de amostras de água de um furo de captação localizado na AIE e da nascente de Alcobertas situada a sul da área em apreço. As colheitas decorreram de 5 a 13 de Novembro de 2012 no final de uma época de estio ( águas baixas ) e de 5 a 21 de Março de 2013 em época de chuvas avançada ( águas altas ). A caracterização em apreço teve como orientação, sempre que se considerou conveniente ou aplicável, os valores paramétricos ou os valores máximos admissíveis respeitantes a águas para consumo humano, estabelecidos pela legislação vigente (Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto e Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto). Na Tabela 1 indicam-se os tipos de análises, os parâmetros determinados, bem como os laboratórios onde foram realizadas as análises. Tabela 1 - Relação das análises laboratoriais realizadas. Tipo de análise Parâmetros analisados Laboratório Análises físicoquímicas completas. Análise substâncias perigosas. de Análises microbiológicas. Parâmetros globais ph, condutividade elétrica, alcalinidade, dureza total, sílica e resíduo seco; Composição maioritária catiões (Na +, K +, Mg 2+, Ca 2+, NH 4 - ) e aniões (F -, Cl -, HCO 3 -, S0 4 2-, H 2 P0 4 -, NO 3 -, NO 2 - ); Composição vestigiária 36 elementos (Li, Be, B, Al, V, Cr, Fe, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, 71Ga, 72Ge, As, Se, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Mo, Ag, Cd, Sn, Sb, Te, Cs, Ba, Ta, W, Hg, Tl, Pb, Bi, U). Hidrocarbonetos totais; Óleos e gorduras. Coliformes fecais; Coliformes totais; Escherichia coli. Unidade de Ciência e Tecnologia Mineral do LNEG, IP. Laboratório do Instituto Superior Técnico. Laboratório da Agência Portuguesa do Ambiente, IP. A vulnerabilidade à poluição foi avaliada tendo em consideração o método EPIK (Doerfliger & Zwahlen, 1997), aplicável a sistemas aquíferos cársicos e preconizado pela legislação em vigor [Declaração de Retificação nº 71/2012, de 30 de Novembro, Anexo da Resolução de Conselho de Ministros nº 81/2012, de 3 de Outubro, sobre as orientações estratégicas de âmbito nacional e regional para delimitação das áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional (REN)]. A sensibilidade ambiental, do ponto de vista hidrogeológico, foi analisada através da conjugação da vulnerabilidade intrínseca ao meio com o risco inerente à atividade antrópica desenvolvida na AIE. 48

51 7.3. Caraterização Hidrogeológica Enquadramento geológico local A AIE de Portela das Salgueiras tem uma área aproximada de 0,63 km 2. Localiza-se no Maciço Calcário Estremenho, na encosta leste da Serra dos Candeeiros virada à Serra da Lua (Figura 8). As litologias aflorantes da AIE correspondem sobretudo a calcários do Jurássico Médio dispostos em bancadas com orientação N - S e inclinações para E na ordem de 8 o. No contexto regional do MCE e tendo em atenção Manuppella et al. (2006), o Jurássico Médio aflorante na AIE integra os Calcários de Pé da Pedreira intercalados nos Calcários micríticos de Serra de Aire. Presume-se que sob eles ocorram, sucessivamente, os Calcários de Chão de Pias e Margas e calcários margosos de Zambujal (ainda do Jurássico Médio), os Calcários margosos e margas da Fórnea (transição Jurássico Médio/Inferior) e os litotipos do Jurássico Inferior (dolomitos das Camadas de Coimbra, Dolomitos em plaquetas e Margas de Dagorda). Genericamente, no que diz respeito à estrutura e tectónica, são de referir: i) a dobra anticlinal de orientação NNE-SSW que dá forma à Serra dos Candeeiros; ii) a falha de desenvolvimento regional Rio Maior Porto de Mós, de direção NNE-SSW que corta a estrutura anterior no seu flanco oriental, permitindo o afloramento de uma estreita faixa do complexo pelítico-carbonatado-evaporítico (Margas de Dagorda); iii) falhas transversais à falha Rio Maior Porto Mós, nomeadamente entre o limite sul da AIE e a zona de Alcobertas, onde contribuem para o controlo tectónico da nascente de mesmo nome Hidrogeologia local Aptidão hidrogeológica A aptidão hidrogeológica da AIE de Portela das Salgueiras e sua envolvente é condicionada pela litostratigrafia local, sendo de perspetivar, do topo para a base, as seguintes considerações contextualizadas no Sistema Aquífero do Maciço Calcário Estremenho (cf. Almeida et al., 2000a): - As rochas do Jurássico Médio (Calcários de pé da Pedreira, Calcários de Serra de Aire, Calcários de Chão de Pias e Margas e os termos superiores das Margas e calcários margosos de Zambujal) são as de maior importância hidrogeológica, suportando, localmente, as unidades aquíferas; - Os termos inferiores das Margas e calcários margosos de Zambujal e os termos superiores dos Calcários margosos e margas da Fórnea (transição Jurássico Médio/Inferior) apresentam interesse hidrogeológico reduzido; - Os termos inferiores dos Calcários margosos e margas da Fórnea e os dolomitos que constituem as Camadas de Coimbra, embora pouco expressivos, apresentam-se carsificados, podendo constituir um aquífero confinado entre as formações suprajacentes e as formações subjacentes do Hetangiano (Dolomitos em plaquetas e Margas de Dagorda); - As Margas de Dagorda (complexo pelítico-carbonatado-evaporítico) constituem o substrato tido como impermeável, podendo ser responsáveis por elevados valores de mineralização das águas em virtude da elevada solubilidade dos evaporitos (salgema e gesso). 49

52 Produtividade aquífera Face à escassez de dados existentes, a produtividade aquífera da AIE de Portela das Salgueiras é caracterizada tendo por base um único furo de captação (Figura 22), cujas características constantes no respetivo relatório de construção se apresentam na Tabela 2. O furo identificado tem uma elevada profundidade (536 m) e proporciona um caudal da ordem dos 1,3 L/s conseguido com um rebaixamento de 138 m, pelo que o caudal específico é apenas de 0,01 L/s.m. Furo Tabela 2 - Características geométricas e produtividade de furos. Coordenadas Totalidade e Cota do Prof. do Prof. do Prof. do Datum 73 posição dos NHD NHE Hayford Gauss IPCC terreno furo NHE NHD drenos Caudal Caudal específico X (m) Y (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (L/s) (L/s.m) Portela das Salgueiras S entre 332 e ,3 0,01 Na AIE, atendendo à sua altimetria (cotas compreendidas entre os 380 e 480 m), ao nível piezométrico posicionado à cota aproximada de + 98 m (cf. Figura 22) e ao elevado rebaixamento necessário para a obtenção de um caudal relativamente reduzido, é expectável que a captação de água dentro desta AIE, apenas seja possível através de furos com profundidades superiores a m. Em suma a pesquisa hidrogeológica nesta área reveste-se de grande dificuldade, uma vez que para além da apreciável profundidade dos furos, acresce o elevado grau de incerteza, característico dos meios cársicos, na interseção de condutas de água e subsequente obtenção dos pretensos caudais. No que diz respeito a nascentes, mais do que as de carácter temporário que ocorrem no eixo Alcobertas - Sourões, importa salientar a nascente genuinamente cársica e perene de Olho de Alcobertas, situada a cerca de 4 km a sul da AIE (Figura 22). Segundo informação bibliográfica (Ribeiro, 1967; Crispim, 1995), o caudal desta exsurgência na época de estiagem assume valores na ordem 15 a 55 L/s Modelo hidrodinâmico Atendendo à Figura 22, na AIE de Portela das Salgueiras apenas se conhece um furo de captação de água cujo nível hidrostático à data da sua construção, se posicionava numa cota próxima de + 98 m. Face à escassez de pontos de água com dados piezométricos não é possível definir um mapa de tendências de sentido de fluxo devidamente fundamentado, pelo que se optou por apresentar apenas a informação pontual. 50

53 Figura 22 - Localização dos pontos de água com informação de produtividade e piezometria e que foram amostrados para caracterização qualitativa das águas subterrâneas da AIE de Portela das Salgueiras. (Implantação sobre extrato das Folhas 327 do IGeoE na escala 1:25 000). Apesar da AIE inserida na vertente leste da Serra dos Candeeiros (Figura 23) se localizar numa zona topograficamente elevada e ter como nascente mais próxima o Olho de Água de Alcobertas situado a jusante, não é plausível que a referida área de intervenção se insira na área de recarga direta desta nascente. De facto, a diferença de potencial hidráulico entre a exsurgência (+ 140 m) e a cota do nível piezométrico (+ 98 m) observada no furo à data da sua construção, determinaria um escoamento subterrâneo de sul para norte. Esta realidade, na falta de mais dados e admitindo como correta a cota do nível piezométrico do furo, leva a crer que o complexo pelítico-carbonatado-evaporítico (Margas de Dagorda) instalado ao longo da falha regional Rio Maior Porto de Mós constitui uma barreira hidráulica a 51

54 leste/sudeste da AIE, não favorecendo o escoamento subterrâneo desta área para a nascente de Alcobertas. Face ao exposto e atendendo ao controlo tectónico da nascente de Alcobertas, afigura-se que a área de recarga desta exsurgência se estende para as seguintes zonas: i) terrenos a leste da falha Rio Maior Porto Mós afetados por falhas paralelas a esta, mas de menor extensão; ii) zonas da Serra dos Candeeiros seccionadas transversalmente por falhas de orientação WNW-ESSE que cortam localmente a barreira das Margas de Dagorda, constituindo zonas preferenciais de circulação em direção à nascente. Perante o considerado, excluída a conjetura de um escoamento subterrâneo da AIE para a nascente de Alcobertas, esse escoamento no interior da área em apreço deverá ser parcialmente condicionado pelas inclinações das camadas jurássicas aí observadas, as quais sugerem que a circulação se processe para o quadrante NE. Figura 23 - Modelo digital de terreno da área compreendida entre a AIE de Portela das Salgueiras e a nascente das Alcobertas. [Sistema de Coordenadas: PT-TM06/ETRS89]. 52

55 Qualidade da água subterrânea Na Figura 22 assinalam-se os pontos de água utilizados para a caracterização da qualidade das águas subterrâneas da AIE de Portela das Salgueiras e sua envolvência. Para o efeito, analisaram-se amostras de água colhidas num furo (Salgueiras S) e na nascente perene de Alcobertas. As colheitas decorreram de 5 a 13 de novembro de 2012 no final de uma época de estio ( águas baixas ) e de 5 a 21 de março de 2013 em época de chuvas avançada ( águas altas ). Na Tabela 3, na Tabela 4, na Tabela 5, na Tabela 6 e na Tabela 7 apresentam-se, respetivamente, resultados analíticos referentes a parâmetros físico-químicos globais, à composição iónica maioritária, à composição vestigiária, aos hidrocarbonetos, óleos e gorduras e à componente microbiológica. Conforme a Tabela 3 e a Tabela 4, as águas amostradas apresentam as espectáveis características de circulação em meio carbonatado, isto é, têm carácter alcalino (7,26 ph 7,69), são águas medianamente duras a duras (144 dureza total 230 mg/l CaCO 3 ) e evidenciam fácies bicarbonatada-cálcica. Os valores de condutividade elétrica compreendidos entre 267 e 445 µs/cm refletem valores de mineralização total a variar de 240 a 403 mg/l. Os valores de ph, condutividade elétrica e dureza total observados nas amostras, nas duas épocas de colheita, são inferiores ou balizados pelos respetivos valores paramétricos definidos pelo Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de agosto, no que diz respeito a águas para consumo humano. Tabela 3 - Parâmetros físico-químicos de caracterização global. Características globais Época de Amostragem Furo Salgueiras S Nascente de Alcobertas Valor paramétrico * ph AB AA 7,67 7,69 7,27 7,26 [6,5-9,0] Condutividade eléctrica a 20,0 o C (µs/cm) AB AA Mineralização total (mg/l) AB AA Sílica (SiO 2 ) (mg/l) AB AA 1,7 1,7 3,7 3,9 Dureza total (mg/l CaCO 3 ) AB AA [ ] AA: Águas Altas (Março/2013); AB: Águas Baixas (Novembro/2012). * cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto. As amostras de água da nascente de Alcobertas situada a sul da AIE apresentam valores de mineralização significativamente superiores aos valores do furo localizado no interior da AIE, sendo as concentrações dos iões HCO - 3, Ca 2+, Cl - - e NO 3 as que mais contribuem para essa diferença na mineralização. No entanto, atendendo à proximidade do complexo pelítico-carbonatado-evaporítico (Margas de Dagorda), importa salientar que os valores de mineralização e a composição iónica das amostras de água da nascente são típicos dos meios carbonatados, não evidenciando interação com os minerais evaporíticos (salgema e gesso) daquele complexo. Relativamente ao ião nitrato, as suas concentrações nas amostras de água do furo são pequenas, na ordem de 3 mg/l. Na nascente de Alcobertas, as concentrações de NO 3 - são mais elevadas, em particular no 53

56 Catiões (mg/l) Aniões (mg/l) período das águas baixas em que se atinge uma concentração de cerca de 14 mg/l, contra o valor próximo de 8 mg/l nas águas altas, facto explicado pelo efeito de diluição de alguma carga poluente. Nos elementos vestigiários, atendendo à Tabela 5, não se verifica qualquer concentração, suscetível de constituir uma anomalia, notando-se apenas uma diferença significativa entre as concentrações de Estrôncio (Sr) no furo e na nascente, sendo que nesta última a sua concentração praticamente duplica, tanto para as águas altas como para as águas baixas. A ocorrência de Sr deverá estar associada à substituição do ião Ca 2+ característico das águas com circulação em meios carbonatados. Tabela 4 - Resultados analíticos da componente iónica maioritária. Composição Iónica Época de Amostragem Furo Salgueiras S Nascente de Alcobertas Valor paramétrico * Cloreto (Cl - ) AB AA 8,8 9,8 21,7 16,9 250 Bicarbonato (HCO 3 - ) AB AA Sulfato (SO 4 2- ) AB AA 3,8 3,5 9,1 7,3 250 Nitrato (NO 3 - ) AB AA 3,3 3,5 13,9 7,8 50 Nitrito (NO 2 - ) AB AA < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,5 Fosfato (H 2 PO 4 - ) AB AA < 0,73 < 1,20 < 1,45 < 1,20 Fluoreto (F - ) AB AA <0,28 <0,50 0,72 <0,50 1,5 Sódio (Na + ) AB AA 4,9 5,8 10,9 10,4 200 Potássio (K + ) AB AA 0,40 0,32 2,4 0,72 Magnésio (Mg 2+ ) AB AA 3,3 7,0 2,8 2,9 50 Cálcio (Ca 2+ ) AB AA 49,9 50,8 88,6 81,4 100 Amónio (NH 4 + ) AB AA < 0,10 < 0,10 < 0,10 < 0,10 0,5 Iões predominantes AB AA HCO 3 - > Ca 2+ HCO 3 - > Ca 2+ AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto. Os valores apresentados como "< XXX" são Quantidades Analíticas Mínimas Doseáveis (QAMD), obtidas através da expressão: QAMD = Limite de Quantificação x Factor de Diluição Praticado. No que diz respeito aos óleos e gorduras e hidrocarbonetos totais, atendendo à Tabela 6, é de referir que ambos os pontos amostrados evidenciam valores < 10 µg/l, tanto para as águas altas com para as águas baixas. Do ponto de vista microbiológico, conforme a Tabela 7, é de referir: 54

57 i) Nas águas baixas, a contaminação está patente nas amostras do furo e da nascente relativamente aos três parâmetros analisados, embora em concentrações muito menores no furo localizado no interior da AIE. ii) Nas águas altas, nas amostras de água do furo constata-se uma apreciável diminuição dos coliformes totais e desaparecimento das colónias de coliformes fecais e Escherichia coli. No caso da nascente, apesar da diminuição acentuada destes dois últimos parâmetros, verificou-se um aumento da concentração de coliformes totais, certamente explicado pela incorporação no meio hídrico subterrâneo destes contaminantes existentes no solo aquando dos processos de recarga no período de chuvas intensas. Tabela 5 - Resultados analíticos de componentes vestigiários. Composição vestigiária (µg/l) Época de Amostragem Furo Salgueiras S Nascente de Alcobertas Valor paramétrico * Alumínio (Al) AB AA 51,0 28,1 8,3 < 16,7 200 Antimónio (Sb) AB AA 0,12 0,05 < 0,03 < 0,04 5 Arsénio (As) AB AA < 0,38 < 3,20 0,43 < 3,20 10 Boro (B) AB AA 7,5 < 19,4 13,4 < 19, Cádmio (Cd) AB AA < 0,04 < 0,10 < 0,04 < 0,10 5 Crómio (Cr) AB AA 0,9 < 1,2 1,1 < 1,2 50 Cobre (Cu) AB AA 2,2 < 1,3 0,6 < 1, Chumbo (Pb) AB AA 0,12 0,06 <0,02 <0,05 25 Ferro (Fe) AB AA < 77,8 < 79,0 < 77,8 < 79,0 200 Manganês (Mn) AB AA 0,74 < 1,4 0,18 < 1,4 50 Mercúrio (Hg) AB AA 0,05 < 0,10 <0,02 <0,10 1 Níquel (Ni) AB AA < 0,83 < 21,9 < 0,83 < 21,9 20 Selénio (Se) AB AA < 0,59 < 3,0 < 0,59 < 3,0 10 Zinco (Zn) AB AA 8,9 < 2,5 1,5 11,0 Bário (Ba) AB AA 3,2 2,6 10,5 8,2 Estrôncio (Sr) AB AA 49,1 36,5 91,1 77,7 AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto. Os valores apresentados como "< XXX" são Quantidades Analíticas Mínimas Doseáveis (QAMD), obtidas através da expressão: QAMD = Limite de Quantificação x Factor de Diluição Praticado. 55

58 Tabela 6 - Resultados analíticos de óleos e gorduras e hidrocarbonetos totais. Época de Amostragem Furo Salgueiras S Nascente de Alcobertas Valor paramétrico * (µg/l) Óleos e Gorduras (µg/l) AB AA < 10 < 10 < 10 < 10 Hidrocarbonetos totais (µg/l) AB AA < 10 < 10 < 10 < AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 236/1998, de 1 Agosto. Tabela 7 - Resultados da componente microbiológica analisada. Época de Amostragem Furo Salgueiras S Nascente de Alcobertas Valor paramétrico * (UFC/100 ml) Coliformes totais (UFC/100mL) AB AA Coliformes fecais (UFC/100mL) AB AA Escherichia coli (UFC/100mL) AB AA AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 236/1998, de 1 Agosto Vulnerabilidade à poluição Introdução A avaliação da vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas na AIE em estudo representa um contributo para uma gestão ambiental mais sustentada do respetivo plano de exploração. Simplificadamente, entende-se por vulnerabilidade, a maior ou menor capacidade que as camadas superiores de um aquífero têm para atenuar a passagem de contaminantes. Trata-se, portanto, de uma propriedade intrínseca ao meio. Os sistemas aquíferos cársicos, tal como o do Maciço Calcário Estremenho, são muito sensíveis aos impactes antropogénicos, pelo que são geralmente considerados como vulneráveis. Esta vulnerabilidade deve-se a dois fatores principais: - A heterogeneidade dos sistemas cársicos, que proporciona processos de recarga que tanto podem ser difusos (através de camadas ou blocos de rocha) ou concentrados (através das estruturas cársicas importantes); - A permeabilidade que é muito variável: de muito elevada, como acontece no caso das condutas cársicas subterrâneas, a muito baixa, como se verifica nos blocos de rocha mais compacta. 56

59 Na Figura 24 representa-se esquematicamente um modelo conceptual de um aquífero cársico, evidenciando-se os processos de circulação subterrânea que nele ocorrem. Escoamento rápido Recarga difusa e concentrada Escoamento lento Dolina Lapiás Solo Dolina Sumidouro Epicarso Zona não saturada Nascente cársica Zona saturada Formação "impermeável" Figura 24 - Representação esquemática do funcionamento de um aquífero cársico (adaptado de Doerfliger & Zwahlen, 1998). Nos modelos cársicos, para efeito da avaliação da vulnerabilidade, importa atender às diferenças do seu funcionamento hidráulico, nomeadamente nas épocas de estio e de chuva. Nas épocas de chuva ( águas altas ), quando ocorrem episódios de pluviosidade intensa, as condutas epicársicas como sumidouros e dolinas concentram grande parte da infiltração e conduzem rapidamente a água até à zona saturada, alimentando nascentes temporárias e incrementando fortemente os caudais das nascentes permanentes. Nestas condições, a vulnerabilidade é muito elevada pois a capacidade de depuração do meio é muito baixa, podendo as cargas poluentes atingir rapidamente a zona saturada do aquífero. Nas épocas de estio (período de águas baixas ), uma vez esgotada a circulação através das condutas cársicas, a água circula muito lentamente através dos blocos e camadas com alguma permeabilidade intersticial, sendo os períodos de residência no aquífero, suficientemente longos para sustentar os caudais de estio das principais nascentes. Nestas épocas, sendo a circulação epicársica irrelevante, o aumento do tempo de chegada da carga poluente à zona saturada confere ao aquífero uma vulnerabilidade menor. Pelo exposto, a vulnerabilidade, podendo variar sazonalmente, depende das condições de infiltração, da variação espacial da condutividade hidráulica e do coeficiente de armazenamento do aquífero. A representação da vulnerabilidade dos aquíferos é relativamente complexa, não sendo fácil apresentar num único mapa, sobretudo se a uma pequena escala, todas as variáveis do meio que exercem controlo sobre o comportamento dos diversos contaminantes em diferentes cenários. Efetivamente, cada tipo de contaminante é afetado de diferente forma, por diversos fatores, e.g., espessura de solo, litologia, espessura da zona não saturada, velocidade de recarga, etc. 57

60 Vulnerabilidade decrescente Um dos métodos para avaliar a vulnerabilidade consiste na utilização de índices que sintetizam, num único valor, a influência de vários fatores, sendo depois este índice representado cartograficamente, permitindo a identificação de áreas com diferentes graus de vulnerabilidade (Ribeiro, 2001). Atenta a legislação nacional vigente, em conformidade com a Declaração de Retificação nº 71/2012, de 30 de novembro, Anexo da Resolução de Conselho de Ministros nº 81/2012, de 3 de outubro, sobre as orientações estratégicas de âmbito nacional e regional para delimitação das áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional (REN), no que diz respeito à avaliação das áreas vulneráveis à poluição, aplicou-se, com a subsequente representação cartográfica recorrendo a SIG, o método considerado para sistemas cársicos, isto é, o método EPIK (Doerfliger & Zwahlen, 1997) que a seguir se descreve Metodologia EPIK O método EPIK baseia-se na geologia cársica dos aquíferos, na geomorfologia e nas características hidrogeológicas, sendo os índices de vulnerabilidade definidos a partir de quatro parâmetros: - Epicarso (E); - Cobertura de proteção (P); - Condições de infiltração (I); - Grau de desenvolvimento da rede cársica (K). A construção do índice é feita atribuindo-se um valor a cada parâmetro segundo uma classificação que tem em conta o impacte potencial da poluição (cf. Tabela 8, Tabela 9, Tabela 10 e Tabela 11). Epicarso (E) Conforme a Tabela 8, o parâmetro E é avaliado por três indicadores (E1, E2 e E3), cujos valores respetivos (1, 3 e 4) correspondem, sucessivamente pela mesma ordem, ao decréscimo da vulnerabilidade. A caracterização do epicarso baseia-se principalmente no estudo das formas cársicas de superfície, ou seja, nos aspetos da geomorfologia cársica. A análise deste parâmetro é complexa e deve atender ao desenvolvimento e grau de ligação à rede cársica. O epicarso pode encontrar-se coberto ou à vista e ter maior ou menor continuidade lateral, sendo tanto mais difícil a sua caracterização quando existe solo de cobertura (Figura 25). Tendencialmente, existe acumulação e circulação de água na zona de passagem entre o nível de epicarso muito fraturado e os blocos de rocha com fraturas afastadas (Figura 26). Tabela 8 -Parâmetro E. Epicarso Aspectos da geomorfologia cársica Classificação E1 Sumidouros, dolinas, afloramentos muito fraturados. 1 E2 Zonas intermédias no alinhamento de dolinas, vales secos, afloramentos com fracturação média. 3 E3 Ausência. 4 58

61 Solo Carso coberto Infiltração rápida através de fissuras abertas Zona de acumulação de água Barreira capilar atenuante da percolação rápida Diminuição da permeabilidade com a profundidade Carso sem cobertura Infiltração condicionada pela presença ou ausência de solo Superfície piezométrica sub-superficial Percolação lenta nas fissuras estreitas Percolação rápida nas fissuras alargadas Figura 25- Epicarso coberto e sem cobertura. Armazenamento sub-superficial de água com escoamento lateral do fluxo em direção a áreas com elevada condutividade hidráulica, contribuindo para o desenvolvimento de uma dolina de dissolução (adaptado de Doerfliger & Zwahlen, 1998 após Williams, 1983). Solo Epicarso (permeabilidade elevada) Escoamento rápido Escoamento lento Zona saturada do epicarso Bloco de rocha pouco permeável em zona não saturada Zona saturada do aquífero cársico com conduta de escoamento rápido Escoamento rápido Escoamento lento Figura 26 - Representação esquemática do funcionamento do epicarso (adaptado de Doerfliger & Zwahlen, 1998, após Jeannin, 1996 e Smart & Friedrich, 1986). Figura 27 - Pedreira na AIE das Salgueiras onde se observa zonas da rocha com permeabilidade reduzida. 59

62 Vulnerabilidade decrescente Na Figura 27, pode-se observar uma zona de pedreira com rocha sem fracturação/carsificação, sendo, portanto, a permeabilidade muito baixa. Cobertura de proteção (P) Conforme Tabela 9, o parâmetro P é avaliado por quatro indicadores (P1, P2, P3 e P4), cujos valores respetivos (1, 2, 3 e 4) correspondem, sucessivamente pela mesma ordem, ao decréscimo da vulnerabilidade. Cobertura de protecção Tabela 9 - Parâmetro P. Espessura de solo acima do aquífero cársico Classificação P cm 1 P cm 2 P3 1-8 m 3 P4 > 8 m 4 A cobertura de proteção do aquífero cársico pode corresponder a solo ou a material de alteração da formação carbonatada, ou ainda, a formações detríticas que se depositaram sobre os calcários. As características destes materiais, nomeadamente a textura/granulometria e a concentração de matéria orgânica, sendo espacialmente variáveis, conferem-lhes diferentes condutividades hidráulicas e, por conseguinte, diferentes graus de proteção ao aquífero cársico subjacente. Dada a grande dificuldade em incluir todas as características dos materiais de cobertura neste tipo de metodologias, o parâmetro P apenas reflete a espessura de solo existente. No caso em estudo a espessura de cobertura de proteção (solo) é de um modo geral reduzida e corresponde a solos de alteração das formações carbonatadas jurássicas (Figura 28). Figura 28 - Evidência de solo incipiente na AIE das Salgueiras. Condições de infiltração (I) Conforme a Tabela 10, o parâmetro I é avaliado por quatro indicadores (I1, I2, I3 e I4), cujos valores respetivos (1, 2, 3 e 4) correspondem, sucessivamente pela mesma ordem, ao decréscimo da vulnerabilidade. 60

63 Vulnerabilidade decrescente Vulnerabilidade decrescente Condições de infiltração Tabela 10 - Parâmetro I. Tipo Classificação Cursos de água de carácter permanente ou temporário I1 1 que alimentam sumidouros ou dolinas. I2 Áreas em bacias hidrográficas com inclinação > 10 % em áreas cultivadas e > 25 % em prados e pastagens. 2 I3 Áreas em bacias hidrográficas com inclinação < 10 % em áreas cultivadas e < 25 % em prados e pastagens. 3 I4 A restante área da bacia hidrográfica. 4 A avaliação das condições de infiltração é feita através da identificação das zonas de infiltração concentrada (e.g., linhas de água influentes, sumidouros, dolinas) e das zonas de infiltração difusa. No caso das zonas de infiltração difusa, as condições de infiltração são inferidas pelo coeficiente de escoamento que depende da inclinação do terreno e da ocupação do solo (florestas, pastagens e campos de cultivo). A delimitação das áreas é feita a partir da informação topográfica, sendo esta operação simplificada pela utilização de um modelo digital de terreno obtido num sistema de informação geográfica. O modelo digital de terreno da área das Salgueiras é apresentado na Figura 29. Rede cársica (K) Conforme a Tabela 11, o parâmetro K é avaliado por três indicadores (K1, K2 e K3), cujos valores respetivos (1, 2 e 3) correspondem, sucessivamente pela mesma ordem, ao decréscimo da vulnerabilidade. Tabela 11 - Parâmetro K. Rede cársica Grau de desenvolvimento Classificação K1 Moderado a muito desenvolvido 1 K2 Fraco 2 K3 Aquífero sem carsificação 3 O parâmetro K é avaliado com base na presença ou ausência de uma rede cársica e do seu grau de desenvolvimento. Para avaliar a importância da rede cársica em relação ao volume da rocha pouco permeável circundante (fissurada ou não), devem ser considerados indicadores, tais como a presença de grutas, poços verticais e espeleologia ativa. Caso não seja possível observar estes aspetos da geomorfologia cársica, poder-se-á recorrer a métodos indiretos como os ensaios de traçadores, hidrogramas de cheia, análise da variabilidade do quimismo da água subterrânea. O número de nascentes e o seu carácter permanente ou temporário são indicadores de grande importância na suposição da existência de uma hierarquia num sistema cársico (Magin, 1975 in Doerfliger & Zwahlen, 1998): por regra, uma única nascente ou um número reduzido de 61

64 nascentes principais de carácter permanente indica uma rede cársica bem desenvolvida, enquanto um número elevado de nascentes caracteriza uma rede pouco desenvolvida. Após a classificação dos quatro parâmetros (E, P, I, K), passa-se à construção do índice que é dado pelo valor do fator de proteção F. Para tal, recorre-se à utilização de um sistema de informação geográfica que processa e cruza todos os dados tendo em conta a expressão seguinte: O valor de F resulta portanto de uma soma ponderada onde os coeficientes de ponderação atribuídos a cada parâmetro são: α = 3; β = 1; ϒ = 3 δ = 2 Os coeficientes de ponderação considerados pretendem refletir a importância que os autores do método quiseram dar a cada parâmetro na definição da vulnerabilidade do meio. Sendo assim, os parâmetros E e I são considerados os mais importantes, o parâmetro P é o que menos condiciona o fator de proteção e o K corresponde ao parâmetro com um peso intermédio. Da expressão que determina o valor de F (índice EPIK) resulta que este pode assumir valores entre 9 e 34, correspondendo os valores menores às áreas mais vulneráveis à poluição. 9 F (Índice EPIK) 34 Por fim, conforme a Tabela 12, os valores de F são agrupados em três classes às quais se fazem corresponder as áreas com vulnerabilidades muito alta, alta ou moderada a baixa. De acordo com a legislação vigente, para efeitos de delimitação da REN consideram-se as áreas mais vulneráveis à poluição dos aquíferos cársicos, aquelas cujos valores de EPIK correspondem às classes de vulnerabilidade muito alta a alta. Índice EPIK (F ) < F < Tabela 12 - Classificação da Vulnerabilidade. Vulnerabilidade Muito alta Alta Moderada a baixa Avaliação da vulnerabilidade na AIE de Portela das Salgueiras (método EPIK) O cálculo do índice EPIK apoiou-se em informação obtida no âmbito do projeto, designadamente a cartografia geológica à escala 1:2 000 e os levantamentos topográficos também à escala 1: Estes dados foram complementados com observações de campo, tais como observação da variação do caudal e parâmetros hidroquímicos das nascentes principais em períodos de estio e após períodos de chuva intensa e persistente. Paralelamente, foram observadas estruturas da geomorfologia cársica com eventual interesse hidrogeológico. 62

65 Estas observações foram efetuadas na superfície do terreno e nos cortes das pedreiras que permitem amiúde a observação da dinâmica cársica da região e da relação entre as águas subterrâneas e superficiais. Figura 29 - Modelo Digital de Terreno (MDT) da AIE das Salgueiras e sua envolvente. Os parâmetros E, P, e K foram obtidos a partir da classificação das diferentes litologias presentes na cartografia geológica, sendo posteriormente representados em mapas parciais (Figura 30). A representação espacial do parâmetro I (Figura 30) foi obtida a partir da informação altimétrica (pontos cotados e curvas de nível) que permitiu a elaboração do modelo digital de terreno (Figura 29) e subsequente cálculo do declive. Posteriormente, os declives foram agrupados em duas classes tendo em conta os critérios do EPIK que melhor refletem a área em estudo. No caso presente, independentemente da ocupação de solo, considerou-se que na AIE das Salgueiras existem duas situações: i) inclinações do terreno superiores a 25% (I2) e ii) inclinações do terreno inferiores a 25% (I3). 63

66 Figura 30 - Mapas parciais de cada um dos parâmetros E, P, I e K na AIE das Salgueiras e área envolvente. Do cruzamento dos quatro mapas parciais referentes a cada um dos parâmetros E, P, I e K, resulta o mapa final do Índice de Vulnerabilidade que se apresenta na Figura 31. No interior da AIE das Salgueiras, os índices obtidos distribuem-se pelas classes de vulnerabilidade muito alta e alta, em percentagens de área de 60% e 40%, respetivamente. As áreas com vulnerabilidade muito alta distribuem-se por toda a AIE e incluem todas a formações descritas na cartografia geológica de pormenor, cujas idades pertencem ao Jurássico Médio e Superior. As manchas de vulnerabilidade alta localizam-se na zona central da AIE. Litologicamente compreendem os Calcários de Pé da Pedreira, classificados na cartografia geológica de pormenor (escala 1:2000) como Calcários Ornamentais. Refira-se que estes calcários integram as formações do Jurássico Médio com elevado interesse hidrogeológico. 64

67 Figura 31 - Representação do Índice EPIK na AIE das Salgueiras e sua envolvente. [Sistema de Coordenadas: PT-TM06/ETRS89]. A formação Margas de Dagorda, localizada fora da AIE, apresenta um grau de vulnerabilidade moderado a baixo, evidenciando características de um substrato tido como impermeável, sem interesse hidrogeológico e que do ponto de vista hidráulico comportar-se-á como uma barreira à circulação subterrânea a leste/sudeste da AIE. Para finalizar, salienta-se que a metodologia utilizada apresenta um certo grau de incerteza, seja por alguma subjetividade na valorização de cada um dos parâmetros (EPIK), seja pela imprevisibilidade resultante da elevada heterogeneidade própria do meio cársico Sensibilidade ambiental Para além das questões intrínsecas ao sistema aquífero que condicionam a vulnerabilidade à contaminação, a análise de fatores externos que se relacionam com a ocupação do solo e com as atividades antrópicas assume importância na gestão e preservação dos recursos hídricos subterrâneos e, por conseguinte na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas deles dependentes. 65

68 Dependendo do tipo de ocupação do solo e do modo de intervenção dos vários intervenientes na gestão territorial da área em estudo e sua envolvente, as atividades antrópicas que aí se desenvolvem podem gerar impactes ambientais importantes. Os maiores ou menores impactos negativos associados a essas atividades e à vulnerabilidade intrínseca de um aquífero, traduzem de modo simplificado o conceito de sensibilidade ambiental hidrogeológica. Atendendo às atividades dominantes no interior da AIE das Salgueiras, a avaliação da sensibilidade fundamentou-se, conforme a Figura 32, na projeção das áreas de pedreiras e escombreiras sobre o mapa de Vulnerabilidade obtido pelo método EPIK atrás descrito. Figura 32 - Ocupação do solo e Índice EPIK na AIE das Salgueiras. [Sistema de Coordenadas: PT-TM06/ETRS89]. As áreas ocupadas pelas pedreiras e pelas escombreiras correspondem, respetivamente, a 31% e a 12% da área total da AIE. A restante área encontra-se preenchida por vegetação predominantemente rasteira. Da atividade de exploração de pedreiras de blocos (calcários ornamentais) na AIE das Salgueiras poderão resultar impactes negativos sobre a quantidade e qualidade dos recursos hídricos subterrâneos. Relativamente aos possíveis impactes sobre a quantidade águas subterrâneas há que referir a interferência na recarga do aquífero e na circulação subterrânea por destruição do epicarso e de outras estruturas cársicas (dolinas, algares, grutas, condutas, etc.), em particular aquelas que tenham continuidade lateral relativamente às áreas de exploração e conexão à zona saturada. No que respeita aos riscos e possíveis impactes sobre a qualidade das águas subterrâneas, salienta-se: - A diminuição da filtração e da capacidade de atenuação natural do meio por remoção do solo de cobertura, ainda que este tenha espessuras reduzidas; - O acréscimo das partículas em suspensão nas águas subterrâneas através da infiltração de águas/lamas com pó de serragem de blocos de rocha ornamental; 66

69 - A eventual contaminação do aquífero por substâncias (lubrificantes, óleos e combustíveis) relacionadas com a maquinaria de extração, corte e transporte de blocos de rocha. Atendendo ao exposto, considera-se que na AIE das Salgueiras, as áreas de implantação das pedreiras serão aquelas que apresentam um maior grau de sensibilidade hidrogeológica (Figura 33). Figura 33 - Áreas de maior sensibilidade hidrogeológica na AIE de Salgueiras. [Sistema de Coordenadas: PT-TM06/ETRS89]. Conforme referido anteriormente, foram efetuadas colheitas de água no único furo conhecido no núcleo de extração das Salgueiras, para avaliar a presença de algum vestígio de contaminação diretamente associada à atividade extrativa. Foram pesquisadas substâncias tóxicas e indesejáveis, tendo-se verificado a presença de contaminação microbiológica. Perante estes resultados e as observações efetuadas considera-se plausível que a contaminação verificada possa estar associada ao sistema a alguma deficiência do saneamento das instalações locais. Estas ilações carecem no entanto de confirmação, dado que a contaminação pode ter origem em locais exteriores ao perímetro da AIE em estudo Conclusões e Recomendações A escassa informação existente relacionada com a hidrogeologia local permite estabelecer o diagnóstico respeitante aos impactes da AIE sobre os recursos hídricos subterrâneos, que se passa a detalhar. Vulnerabilidade Segundo o método EPIK, utilizado na avaliação da vulnerabilidade à poluição, a AIE das Salgueiras apresenta vulnerabilidade muito alta e alta, em percentagens de área de 60% e 40%, respetivamente. 67

70 Conjugando a vulnerabilidade intrínseca do meio e o risco inerente à atividade antrópica aí desenvolvida, as áreas de implantação das pedreiras serão aquelas que apresentam um maior grau de sensibilidade hidrogeológica. Impactes Do ponto de vista da afetação quantitativa das águas subterrâneas é de referir o seguinte: - Não se prevê que as profundidades de desmonte das pedreiras atinjam a cota dos níveis piezométricos observados nos furos da AIE aquando da sua construção; - A exploração do furo de captação conhecido e diretamente relacionado com a atividade extrativa da AIE, apesar do significativo rebaixamento de nível (± 138 m) necessário à obtenção de caudal diminuto (1,3 L/s), não deverá causar interferência significativa nas reservas hídricas subterrâneas e na produtividade de outras captações; - Haverá sempre alguma interferência na recarga do aquífero e na circulação subterrânea por destruição do epicarso e de eventuais estruturas cársicas com conexão à zona saturada do aquífero. Do ponto de vista da afetação qualitativa das águas subterrâneas: - As amostras colhidas no furo de captação situado no interior da AIE e na nascente de Alcobertas evidenciam as características físico-químicas típicas de circulação em meio carbonatado, sem problemas de contaminação relativamente a hidrocarbonetos totais óleos e gorduras. No que se refere à contaminação por colónias microbiológicas (coliformes totais, coliformes fecais e Escherichia coli), verifica-se que a água da nascente apresenta maior grau de contaminação comparativamente com a água do furo; - Face ao modelo de hidrodinâmico acima descrito, em caso de derrame acidental de quantidades apreciáveis de substâncias poluentes no interior da AIE que atinjam o meio hídrico subterrâneo, a propagação da contaminação deverá processar-se para direções dos quadrantes NW a NE, não se perspetivando a afetação da qualidade da nascente das Alcobertas; - A diminuição da filtração e da capacidade de atenuação natural do meio de episódios de contaminação em consequência da remoção do solo de cobertura, ainda que este tenha espessuras reduzidas; De um modo geral, é sempre possível que possa ocorrer: - O acréscimo das partículas em suspensão nas águas subterrâneas através da infiltração de águas/lamas com pó de serragem de blocos de rocha ornamental; - A contaminação do aquífero por substâncias (lubrificantes, óleos e combustíveis) relacionadas com a maquinaria de extração, corte e transporte de blocos de rocha, além de contaminação microbiológica resultante do saneamento das instalações locais. Medidas de Mitigação No âmbito das medidas de mitigação de potenciais impactes negativos sobre a qualidade das águas subterrâneas, considerando as classes de vulnerabilidade à poluição do sistema cársico muito alta a alta, afigura-se necessária a implementação de planos de gestão dos resíduos, integrados nos planos de 68

71 pedreira, que garantam o cumprimento generalizado das boas práticas respeitantes ao manuseamento e armazenamento de resíduos e efluentes produzidos, nomeadamente óleos e combustíveis, resíduos sólidos e águas residuais, através da sua recolha e condução a destinos finais apropriados. De entre outras medidas, destacam-se: - Não efetuar qualquer tipo de manutenção de equipamentos que implique a produção de resíduos no interior das pedreiras; - Os locais de armazenamento temporário de resíduos devem ser cobertos e impermeabilizados; - As operações de abastecimento e de reposição de níveis de óleo da maquinaria afeta à exploração devem ser sempre efetuadas sobre tabuleiros metálicos de modo a evitar qualquer derrame; - Aquando da interceção de estruturas cársicas ou respeitantes a planos de fratura durante o avanço da exploração, dever-se-ão implementar as seguintes medidas específicas: i) garantir que substâncias tóxicas como os hidrocarbonetos e os óleos (novos ou usados) se encontrem devidamente armazenados, em locais distantes de tais estruturas; ii) garantir a proteção física do acesso às estruturas cársicas, impedindo a introdução de resíduos ou objetos estranhos no seu interior; iii) desviar as águas industriais com elevado teor de sólidos em suspensão resultantes do corte de blocos de calcário, impedindo a sua infiltração através daquelas estruturas; - Garantir que os efluentes de infraestruturas, tais como balneários e WCs, não atinjam quaisquer zonas ou estruturas de infiltração preferencial. No que respeita à mitigação do impacte negativo sobre a quantidade dos recursos hídricos disponíveis, e atendendo à grande variação sazonal da produtividade dos aquíferos cársicos, os planos de gestão das pedreiras deverão contemplar a seguinte medida: - Reutilizar, sempre que possível, a água necessária aos diferentes processos de extração e corte de blocos de calcário, de modo a minimizar os impactes sobre os volumes de água a captar e subsequentes rebaixamentos piezométricos. Plano de Monitorização No que respeita à necessidade de implementar um plano de monitorização é de referir que dada a escassez de pontos de água (furos) no interior da AIE, idealmente seria desejável a construção de dois furos destinados exclusivamente à monitorização quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos subterrâneos, isto é, que servissem de piezómetros e de pontos de amostragem com vista ao controlo sistemático, com periodicidade semestral ( águas baixas e águas altas ), da variação dos níveis piezométricos e dos parâmetros de qualidade da água. Numa primeira análise e considerando o modelo de fluxos conceptualizado anteriormente, um dos furos de monitorização deveria localizar-se junto do limite norte e o outro junto ao limite sul da AIE. 69

72 70

73 8. PATRIMÓNIO GEOLÓGICO 8.1. Introdução A singularidade do património natural e da paisagem do MCE resultam da conjugação da natureza calcária da maioria das rochas que o constituem com a sua sobrelevação e posição geográfica na Bacia Lusitaniana. Neste Maciço encontram-se séries sedimentares completas de vários períodos do Jurássico e acidentes tectónicos que testemunham sobretudo as fases distensivas da abertura da Bacia Lusitaniana, associadas ao processo global de abertura do Oceano Atlântico. Porém, séries sedimentares incompletas do Cenozoico e a reativação dos antigos acidentes tectónicos, constituem testemunhos dos episódios compressivos associados à orogenia alpina que tiveram lugar a partir do final do Cretácico. Graças às excelentes condições de exposição originadas pela sobrelevação tectónica e ausência de cobertura vegetal densa, esta por ausência de escorrência superficial, é grande a diversidade de fenómenos geológicos exibidos em numerosos locais de fácil acessibilidade que merecem ser alvo de valorização como património geológico. Os locais com interesse geológico patrimonial (ou geossítios) só assumem esse interesse se devidamente caraterizados e avaliados. Assim, no presente capítulo apresentam-se os resultados dos trabalhos realizados na AIE de Portela das Salgueiras acerca do património geológico. Tiveram como objetivos específicos a sua inventariação, caraterização e avaliação à luz dos objetivos gerais da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, designadamente no que respeita à conservação e promoção da utilização sustentável dos valores naturais. Ainda à luz dessa Estratégia, mas dos seus objetivos estratégicos, os trabalhos realizados visaram a integração dos resultados obtidos nos instrumentos de ordenamento do território em curso para a presente a AIE Metodologia A inventariação realizada na AIE de Portela das Salgueiras visou não só o património geológico no seu sentido restrito, mas também o geomorfológico e o geomineiro. Teve como base informação dispersa em diversas publicações e relatórios de âmbito mais lato e a recolha de informação oral junto dos técnicos do PNSAC. Relativamente à informação escrita destaca-se a produzida por Martins, 1949; Rodrigues, 1991; 1998; Azerêdo & Crispim, 1999; 2000; Coelho, 2003; Rodrigues & Fonseca, 2010 e a constante do Anexo I do Plano de Ordenamento do PNSAC (RCM.º 57/2010, de 12 de agosto). A esta recolha de informação seguiu-se uma etapa de reconhecimento no terreno, acompanhada da pesquisa de eventuais novos sítios com interesse geomorfológico, geológico ou geomineiro. A caraterização e avaliação dos geossítios inventariados tiveram por base Fichas Tipo especificamente elaboradas para aplicação ao PNSAC no âmbito do presente projeto. Reproduzem o atual estado de conhecimentos respeitantes à caraterização e avaliação de património geológico. Neste âmbito destacamse os trabalhos de Brilha, 2005; 2006; Brilha & al., A Ficha de caraterização é de caráter descritivo. Nela registam-se os diversos aspetos que caraterizam o geossítio, desde a sua localização, enquadramento e especificidades geológicas, até à sua documentação fotográfica. 71

74 Quanto à avaliação dos geossítios, pretendeu-se uma abordagem baseada em critérios claros e fundamentados e daí a elaboração de uma Ficha Tipo de avaliação quantitativa onde cada geossítio é avaliado em função da quantificação dos seguintes Valores: Valor Científico, Vulnerabilidade e Uso Potencial. Essa quantificação é o resultado duma avaliação também quantitativa, mas também ponderada, de um conjunto de critérios específicos a cada um dos Valores considerados. Assim, esta metodologia conduz à obtenção de resultados quantitativos, permitindo a sistematização dos geossítios inventariados. Por sua vez, essa sistematização constitui a base para a seleção dos que merecem medidas de preservação, seja pela sua importância científica, seja pela sua vulnerabilidade. Figura 34- Diagrama representativo do processo de valoração qualitativa do património geológico em função da atividade extrativa. Tendo em conta que os resultados a alcançar por este tipo de metodologia se destinam a ser incorporados no processo de ordenamento territorial em curso para a AIE de Portela das Salgueiras, numa perspetiva de compatibilização da atividade económica de extração de rochas ornamentais com a conservação dos valores naturais, a seleção dos geossítios foi alvo de um novo processo metodológico. Este assentou no relacionamento do valor patrimonial atribuído a cada geossítio com a presença de pedreiras licenciadas e com a aptidão económica dos recursos minerais, de acordo com o diagrama que se apresenta na Figura 34, no qual se sistematiza o património geológico em 3 classes de valor qualitativo: valor excecional, alto e médio/baixo Resultados A consulta realizada às fontes de informação referidas anteriormente não forneceu dados relativos à existência de elementos geológicos, geomorfológicos ou geomineiros com valor patrimonial. Do mesmo 72

75 modo, pelos trabalhos de reconhecimento de campo efetuados nesta AIE verificou-se não existir património geológico com valor assinalável. Excetuam-se elementos de caráter sedimentológico observáveis nas frentes de exploração das pedreiras de rocha ornamental. Contudo, estando essas frentes de exploração em constante evolução e não se podendo considerar esses elementos como detentores de caráter excecional e único, não foram considerados. 73

76 74

77 9. CONCLUSÕES A cartografia geológica de detalhe realizada na região da Área de Intervenção Específica de Portela das Salgueiras permitiu destrinçar e delimitar cartograficamente 6 unidades litostratigráfica temáticas que, da base para o topo, se denominaram Margas de Dagorda, Vidraços da Base, Calcários Ornamentais, Vidraços do Topo, Calcários de Moleanos e Vidraços Escuros. No interior da unidade Calcários Ornamentais distinguiram-se duas subunidades, nomeadamente a Unidade da Base e, superiormente, o Semi Rijo. Em termos da gestão integrada da AIE interessam, sobretudo, as unidades Vidraços da Base, Calcários Ornamentais, Vidraços do Topo e Vidraços Escuros. Os Vidraços da Base e os do Topo são calcários essencialmente micríticos que texturalmente se apresentam como mudstones, wackestones e floatstones com cores cremes e cinzentas de tons claros que se dispõem em bancadas de espessura decimétrica. Não detém aptidão ornamental. Em termos de litostratigrafia formal estas unidades temáticas têm correspondência com a Formação de Serra de Aire definida para o MCE por {Azerêdo, 2007 #981} e que está datada do Batoniano (Jurássico Médio). A Unidade da Base dos Calcários Ornamentais corresponde a wackstones e packstones de granulometria tendencialmente muito fina em que é comum a ocorrência frequente de planos estilolíticos subhorizontais. Estes planos constituem descontinuidades mecânicas, sendo o principal fator responsáveis por a esta unidade não ser atribuída aptidão ornamental. O Semi Rijo é a unidade que detém aptidão ornamental nesta AIE. É constituído por calcários que ocorrem sob a forma de corpos maciços muito espessos. A sua espessura média ronda os 30 m, mas chega a alcançar os 65 m na zona central da AIE. Estes calcários correspondem a packstones e grainstones pelóidicos e biolitoclásticos, tendencialmente de granularidade fina a média. Apresentam cor creme de tom mais ou menos claro e textura marcada por laminações paralelas, em geral pouco evidente. É frequente, sobretudo no topo da unidade, a ocorrência de níveis biostromáticos de espessura decimétrica. A elevada aptidão ornamental da unidade Semi Rijo, para além da elevada espessura total, deriva da homogeneidade textural e cromática dos calcários que a constituem quando cortados a favor. A unidade Calcários Ornamentais tem correspondência com a unidade litostratigráfica formal designada por Membro de Pé da Pedreira da Formação de Santo António Candeeiros. À semelhança da Formação de Serra de Aire, está datada do Batoniano, sendo equivalentes laterais. Os Vidraços e os Calcários Ornamentais estruturalmente apresentam-se orientados segundo N S com ligeiros pendores para leste. Contudo, esta atitude é frequentemente afetada por movimentações induzidas por duas famílias de falhas principais orientadas segundo N S e WNW ESE a NW SE. Sobre os Vidraços do Topo ocorrem os Vidraços Escuros que, no essencial, são calcários margosos de tons cinzentos e castanhos, em bancadas decimétricas. Não detém aptidão ornamental. Formalmente correspondem à Formação de Cabaços que está datada do Oxfordiano médio, andar integrado no Jurássico Superior. O contato entre ambas as unidades dá-se por intermédio de uma discordância angular com significado regional. Na região leste da AIE, o contato entre ambas as unidades e também com os Calcários Ornamentais é de natureza tectónica, ao longo de uma falha N S. Em termos de disponibilidade de recursos em Semi Rijo na AIE de Portela das Salgueiras, estimaram-se 19,2 milhões de metros cúbicos. As reservas a calcular deverão ter em conta as condicionantes mineiras e 75

78 ambientais de cada uma das pedreiras, bem como a espessura da carga estéril correspondente aos Vidraços do Topo. O rendimento médio expectável para a AIE de Portela das Salgueiras é de 40% e a exploração de Semi Rijo sob a carga de Vidraços do Topo é viável desde que a espessura dessa carga seja igual ou inferior a 0,7 vezes a espessura da unidade com aptidão ornamental. Quanto aos estudos hidrogeológicos realizados, eles permitiram determinar a produtividade aquífera da AIE e a respetiva caraterização das águas subterrâneas em termos de qualidade. No que respeita à produtividade, os dados obtidos por medições no furo existente mostram que ela é diminuta, com valores de caudais específicos de 0,01 L/s.m. Atendendo à altimetria da AIE, é expectável que a captação de água apenas seja possível através de furos com profundidades superiores a 450 m a 500 m, a que acresce o elevado grau de incerteza, característico dos meios cársicos, na intersecção de condutas de água. Quimicamente as águas subterrâneas na AIE de Portela das Salgueiras são águas medianamente duras a duras, alcalinas, evidenciando fácies bicarbonatada-cálcica. Apresentam mineralização que varia de. 240 a 403 mg/l. Relativamente a contaminantes constata-se que as águas não estão afetadas por óleos, gorduras e hidrocarbonetos. Do ponto de vista microbiológico verifica-se alguma contaminação por coliformes fecais durante a época de águas baixas, a qual desaparece em águas altas. Por aplicação da metodologia EPIK avaliou-se a vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição na AIE de Portela das Salgueiras. Concluiu-se que essa vulnerabilidade é muito alta e alta em percentagens de área de 60% e 40 %, respetivamente. As manchas de vulnerabilidade muito alta distribuem-se por toda a AIE, em todas as litologias. Já em relação à vulnerabilidade alta, ela verifica-se sobretudo na região central da AIE, associada aos Calcários Ornamentais. A vulnerabilidade à contaminação por parte das águas subterrâneas depende diretamente das caraterísticas do sistema aquífero. Da conjugação dos resultados obtidos quanto à vulnerabilidade com o modo de ocupação do território e atividades nele desenvolvidas, concluiu-se que as áreas de implantação das pedreiras são aquelas que apresentam um maior grau de sensibilidade hidrogeológica. Perante a contaminação revelada pela água do furo estudado durante as águas baixas, é plausível considerar que ela resulte das caraterísticas do sistema de saneamento das instalações locais. Relativamente aos trabalhos de inventariação de património geológico na AIE de Portela das Salgueiras verificou-se não existirem elementos geológicos, geomorfológicos ou geomineiros com valor patrimonial. 76

79 10. BIBLIOGRAFIA Almeida, C.; Crispim, J. A.; Silva, M. L. & Paralta, E., 2000a. Hidrogeologia. In: Manuppella, G. et al. (Editors), Notícia Explicativa da Folha 27-A, Vila Nova de Ourém, Carta Geológica de Portugal, Escala 1:50000, 2ª edição. Instituto Geológico e Mineiro, Lisboa, pp. 156 Almeida, C.; Mendonça, J. J. L.; Jesus, M. R. & Gomes, A. J., 2000b. Sistemas Aquíferos de Portugal Continental. INAG/CGUL, Lisboa, 661 p. Azerêdo, A. C., Jurássico Médio do Maciço Calcário Estremenho, Bacia Lusitânica : análise de fácies, micropaleontologia, paleogeografia. Tese de Doutoramento, Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa, 360 p. Azerêdo, A. C. & Crispim, J., Principais locais de interesse geológico do Maciço Calcário Estremenho, Simpósio sobre o Património Geológico, Instituto Geológico e Mineiro, Alfragide. Azerêdo, A. C. & Crispim, J., Principais locais de interesse geológico do Maciço Calcário Estremenho. In: Manuppella, G. (Editor), Notícia Explicativa da Carta Geológica de Portugal na escala 1:50000, folha 27-A Vila Nova de Ourém. Instituto Geológico e Mineiro, Lisboa. Azerêdo, A. C.; Wright, V. P. & Ramalho, M. M., The Middle-Late Jurassic forced regression and disconformity in central Portugal: eustatic, tectonic and climatic effects on a carbonate ramp system. Sedimentology 49 (6), Azerêdo, A. C., Formalização da litoestratigrafia do Jurássico Inferior e Médio do Maciço Calcário Estremenho (Bacia Lusitânica). Comunicações Geológicas 94, Brilha, J., Património geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Palimage Editores, Viseu, 190 p. Brilha, J., Proposta metodológica para a estratégia de geoconservação, VII Congresso Nacional de Geologia, Pólo de Estremoz da Universidade de Évora, pp Brilha, J. & al., O inventário nacional do património geológico: abordagem metodológica e resultados, VIII Congresso Nacional de Geologia. e-terra : Revista Electrónica de Ciências da Terra, Braga. Carvalho, J. M. F.; Henriques, P.; Falé, P. & Luís, G., Decision criteria for the exploration of ornamental-stone deposits: Application to the marbles of the Portuguese Estremoz Anticline. International Journal of Rock Mechanics & Mining Sciences 45, Carvalho, J. M. F., Tectónica e caraterização da fraturação do Maciço Calcário Estremenho, Bacia Lusitaniana. Contributo para a prospeção de rochas ornamentais e ordenamento da atividade extrativa. Tese de Doutoramento, Universidade de Lisboa, 884 p. Coelho, R. J., Aspectos geológicos do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e sua divulgação multimédia - um contributo para o ensino das Ciências da Terra. Tese de Mestrado em Geociências, Universidade de Coimbra, Coimbra. Costa, J. G.; Moreira, J. B. & Manuppella, G., Calcários Ornamentais do Maciço Calcário Estremenho. Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro 30, Crispim, J., Dinâmica cársica e implicações ambientais nas depressões de Alvados e Minde. Tese de doutoramento, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa, 394 p. Doerfliger, N. & Zwahlen, F., EPIK. A new method for outlining of protection areas in karstic envioronment. In: Gunnay, G. & Johnson, A. (Editors), International Symposium and Field seminar on karst waters and environmental impacts. Balkema, Rotterdam, Antalya, Turkey, pp Doerfliger, N. & Zwahlen, F., Cartographie de vulnerabilité en regions karstiques (EPIK). Guide Pratique. Office fédéral de l`environnement, des forêts et du paysage (OFEPP), Berne, 56 p. Ferreira, A. B.; Rodrigues, M. L. & Zêzere, J. L., Problemas da evolução geomorfológica do Maciço Calcário Estremenho. Finisterra XXIII (45), Ferreira, M. P. & Macedo, C. R., Igneous rocks in the diapiric areas of the western portuguese border: the K-Ar ages and settings of the Upper Jurassic suite. Memórias e Notícias do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra 96, Ferreira, M. P. & Macedo, C. R., Idade radiométrica K- do filão das Gaeiras (Óbidos), VII Semana Geoquímica, Universidade de Aveiro. 77

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82 80

83 ANEXOS 81

84 82

85 ANEXO 1- MAPA LITOSTRATIGRÁFICO DA AIE DE PORTELA DAS SALGUEIRAS; ESCALA 1/2000 (Anexo de grande formato; junta-se em separado) 83

86 84

87 ANEXO 2- CORTES GEOLÓGICOS Folha 1 e Folha 2 (Anexos de grande formato; juntam-se em separado) 85

88 86

89 ANEXO 3- LOGS DE SONDAGENS 87

90 88

91 LOGS DE SONDAGENS REALIZADAS NO PROJETO Legenda de abreviaturas: VT: Vidraços do Topo CO: Calcários Ornamentais UB: Unidade da Base VB: Vidraços da Base 89

92 90

93 91

94 92

95 93

96 94

97 LOGS DE SONDAGENS REALIZADAS EM PROJETOS ANTERIORES Legendas 95

98 96

99 97

100 98

101 99

102 100

103 101

104 102

105 103

106 104

107 ANEXO 4- MAPA DE APTIDÃO PARA A PRODUÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS; ESCALA 1/2000 (Anexo de grande formato; junta-se em separado) 105

108 106

109 ANEXOS EM FORMATO DIGITAL Ortofotomapas; Levantamento Topográfico; Shapefiles 107

110 108

111 APÊNDICE Classificação de Calcários BASE DE CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA BASE DE CLASSIFICAÇÃO MICROSCÓPICA 109

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