RECURSO SUSEPE (Agente Penitenciário Administrativo)

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1 RECURSO SUSEPE (Agente Penitenciário Administrativo) BANCA: La Salle ANO: 2017 MATÉRIA: Legislação PROFESSORA: Joerberth Nunes AVISO: O texto abaixo, para o pedido de recurso, é meramente ilustrativo e não deve ser copiado. Serve para orientar a apresentação dos aspectos relevantes de correções de provas de concursos públicos. O conteúdo deve ser escrito com suas próprias palavras. Questão 67 Roberto e Renata são casados legalmente. Ambos trabalham, mas o salário de Renata é superior ao do marido. Roberto sabendo que a esposa poupa dinheiro e o guarda em um envelope na gaveta de sua mesa de cabeceira subtrai para si, sem o conhecimento e o consentimento de Renata, a importância de R$ 1.000,00, a fim de efetuar compras pessoais em um shopping center. Nesse caso, Roberto: a) não responderá criminalmente, pois sua conduta pode ser enquadrada como bagatelar. b) será isento de pena, pois sua conduta fora em prejuízo do cônjuge na constância da sociedade conjugal. c) responderá por furto simples. d) responderá por furto qualificado (em razão da relação de confiança advinda do matrimônio). e) responderá por roubo. Resposta da banca: B A questão trata acerca de conhecimento sobre as denominadas imunidades absolutas nos crimes contra o patrimônio, ora previstas no art. 181, CP, o qual prescreve, in verbis : Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:

2 I do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. De fato, nos termos deste dispositivo penal, no caso de crimes contra o patrimônio, ora previstos nos arts. 155 a 180, CP, em sendo entre cônjuges na questão da sociedade conjugal, estará seu autor isento de pena, regra esta de condição negativa de punibilidade, segundo a doutrina entende. Logo, na questão indigitada, Roberto e Renata são casados legalmente, sendo que o primeiro subtrai a quantia de R$ 1.000,0 de sua esposa, sem consentimento daquela, o que caracteriza, em tese, o delito previsto no art. 155, par. 4º, II, CP. Por entendimento da Banca Examinadora, nos termos do gabarito oficial, tem-se correta a alternativa B, a estar Roberto isento de pena, nos moldes do artigo legal acima indicado. Assim, data vênia, a questão merece reparos quanto ao gabarito, uma vez que como escrita, não menciona a idade da vítima, no caso Renata, eis que o art. 183, III, CP traz exceção à aplicação destas imunidades, o qual prescreve, in verbis : Art. 183 Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II ao estranho que participa do crime. III se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Por exemplo, consubstanciado neste inciso acima citado, tendo a vítima 60 (sessenta anos) ou mais, não estará o autor do delito amparado pela regra de imunidade legal absoluta, devendo responder pelo crime, o qual, nesta hipótese, deverá responder pelo crime na tipificação antes elencada. Portanto, a Banca Examinadora baseou-se, outrossim, para marcar o gabarito, única e exclusivamente no art. 181, CP, deixando de lado o art. 183, III, CP, sendo que, a depender dos dados que deveriam estar escritos no caso, poderia ter-se como resposta, além da alternativa B, a alternativa D. ANTE O EXPOSTO, com a base nos argumentos acima, a questão requer seja anulada a questão. Questão 70 Relativamente à dosimetria da pena, praticar delito contra criança, enfermo, irmão ou cônjuge, por exemplo, implicam em: a) atenuantes.

3 b) qualificadoras. c) agravantes. d) majorantes. e) privilegiadoras. Resposta da banca: C A questão acima trata acerca do conhecimento sobre as circunstâncias agravantes da pena, ora previstas no art. 61, CP, o qual prescreve, in verbis : Art. 61 São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I a reincidência; II ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Assim, a questão indaga relativamente sobre a dosimetria da pena, referindo que praticar o crime contra criança, enfermo, irmão ou cônjuge, por exemplo, são circunstâncias denominadas agravantes da pena, segundo correta a alternativa C, nos termos do gabarito oficial, o que, de fato, encontra amparo no art. 61, II, e, h, CP.

4 Porém, esta resposta merece reparos, pois somente estas causas serão circunstâncias agravantes, nos termos do caput do citado artigo, se não constituírem ou qualificarem o crime, pois, nesta hipótese, por exemplo, sendo uma qualificadora, incidirá somente na pena-base, não podendo, outrossim, esta circunstância ser entendida como agravante sob pena de bis in idem. No caso, em seus termos está incompleta, não podendo afirmar-se, desta forma, que tais circunstâncias serão, de pronto, agravantes, pelos termos acima descritos. ANTE O EXPOSTO, requer a anulação da questão, pelos motivos acima expostos. Questão 71 Segundo o Código Penal, deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo consiste em: a) peculato. b) corrupção ativa. c) corrupção passiva. d) concussão. e) prevaricação. Resposta da banca: C A questão trata acerca do conhecimento do crime do art. 319-A, CP, o qual assim dispõe : Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. A Banca Examinadora, na hipótese, descreveu a conduta típica e indagou sobre qual delito tratava-se, sendo, segundo gabarito oficial, alternativa E, qual seja, o crime de prevaricação. Contudo, há de referir-se que o delito de prevaricação está previsto no art. 319, CP, sendo o art. 319-A, CP denominado modalidade equiparada à prevaricação ou intitulado prevaricação imprópria, segundo prescreve Damásio de Jesus, em sua obra Direito Penal, Parte Especial, Volume 4, 16ª ed., p. 213, ed. Saraiva quanto ao nome do delito. Assim, até para distinguir ambos os crimes, o art. 319, CP tem a exigir como elementar do tipo o dolo específico de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, o que não se dá no outro.

5 Assim, diante das alternativas apresentadas, não há resposta correta. ANTE O EXPOSTO, requer a anulação da questão, pelos motivos acima expostos. Questão 76 As condutas de transportar, vender e oferecer drogas ilícitas são insuscetíveis de, EXCETO: a) anistia. b) liberdade provisória. c) graça. d) progressão de regime. e) indulto. Resposta da banca: D A questão trata de conhecimento acerca da conduta típica de transportar, vender e oferecer drogas ilícitas, as quais são, segundo o gabarito oficial, como sendo alternativa D, insuscetíveis de vários benefícios penais e processuais penais, exceto a progressão de regime. Ora, refere-se, portanto, à conduta de tráfico de drogas, prevista no art.33, caput, lei 11343/06, o qual dispõe : Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a (mil e quinhentos) dias-multa. Neste sentido, a resposta encontra respaldo, segundo entende-se, no art. 44, lei 1134/06, o qual assim prevê : Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. No caso, a resposta merece reparos, eis que a conduta de oferecer drogas pode não caracterizar o delito de tráfico de drogas na forma do art. 33, caput, lei 11343/06. Isto, pois, há no art. 33, parágrafo par. 3º, lei 11343/06 a conduta de tráfico de drogas na forma privilegiada, à qual não se aplica tais vedações, tratando-se, por conseguinte, de uma modalidade de oferecer drogas, segundo o citado dispositivo legal, conforme se observa abaixo :

6 Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a (mil e quinhentos) dias-multa.... 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Logo, incorreto, pois, afirmar-se que a conduta de oferecer drogas a outrem, por si só, já caracteriza o art. 33, lei 11343/06, não podendo o autor fazer jus à anistia, graça, indulto, liberdade provisória, mas sim á progressão de regime. Caso a conduta de oferecer drogas dê-se na forma do art. 33, par. 3º, lei 11343/06, as vedações do art. 44 da citada lei não alcançam esta forma de tráfico, não sendo a questão explícita em diferenciar estas condutas, a fim de referirse ao tráfico de drogas na forma do caput do aludido artigo. Portanto, na forma como escrita, suscita dúvidas, não podendo prevalecer esta reposta, pois não restou claro á qual forma de oferecer drogas se refere a questão, sob pena de ser possível outra resposta contrária a não aplicação das vedações acima, não havendo, no caso, resposta correta. ANTE O EXPOSTO, requer a anulação da questão com base nos motivos acima.