DEZEMBRO/2011 CYBERCRIMES. O novo tipo penal a ser criado

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1 DEZEMBRO/2011 CYBERCRIMES O novo tipo penal a ser criado

2 Sumário Resumo... 3 Abstract... 3 A Internet... 4 Aplicação do direito penal nas novas tecnologias... 4 Tipos penais mais comuns aplicados através dos meios eletrônicos... 5 Crimes contra a honra (Calúnia, Difamação e Injúria; Artigos 138 a 140 do Código Penal Brasileiro)... 5 Ameaça (Artigo 147 do Código Penal Brasileiro)... 5 Furto (Artigo 155 do Código Penal Brasileiro)... 6 Pornografia Infantil (Artigos 241 e 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente)... 6 Conclusão... 7

3 RESUMO Trata-se de uma breve introdução ao estudo dos crimes praticados por meios eletrônicos, denominados Cybercrimes. Procuramos destacar as mudanças trazidas pela tecnologia em nossa sociedade através das redes sociais e o impacto atrelado ao nosso ordenamento jurídico penal. Neste artigo, buscamos identificar os tipos penais aplicáveis e suas vertentes, seja no mundo físico, seja no mundo virtual, suas implicações jurídicas e sociais, bem como as condutas que podem e devem ser tomadas ao longo do tempo. ABSTRACT This article is a brief introduction to the study of crimes committed by electronic means, called cybercrime. We have tried to highlight the changes that technology has brought to our society through social media and the impact linked to our penal system. In the article, we seek to identify the law that can be applicable and its variations, whether in the physical world, whether in the virtual world, the legal and social implications as well as behaviors that can and should be taken over time.

4 1. A INTERNET A Internet começou a ser realmente utilizada por milhares de pessoas em todo o mundo em meados dos anos 90, sendo uma ferramenta importantíssima no desenvolvimento humano, seja para fins particulares, seja para fins comercias. Como imaginarmos, nos dias de hoje, a ausência da ferramenta Internet? Poderíamos dizer... Impossível? Com o advento desta geração tecnológica, a sociedade como um todo, precisou adequar-se às diversas inovações trazidas por ela, como não poderia ser diferente na esfera jurídica. 2. APLICACÃO DO DIREITO PENAL NAS NOVAS TECNOLOGIAS No que concerne ao Direito Penal, ao operador do direito, surgiu o desafio de classificar e definir as condutas praticadas através da rede mundial de computadores para assegurar a efetividade do Direito, da mesma forma como ocorre no mundo físico. Em contrapartida do que se pensa, a criminalidade nos meios eletrônicos não é desprovida de proteção jurídica formal. Vários países do continente Europeu possuem regulamentação sobre o tema, bem como os Estado Unidos da América. No Brasil não há legislação específica sobre crimes eletrônicos, porém existem adaptações às normas já existentes, como por exemplo, a Lei nº /08 que visa o combate à pornografia infantil na Internet, a Lei nº 9296/96 que trata sobre a interceptação de comunicação telemática ou informática, a Lei º /10, que prevê o monitoramento eletrônico de presos e o mais comentado e aguardado Projeto de Lei nº 100/10, que dispõe sobre a infiltração de agentes policiais na Internet, para investigação de crimes contra liberdade sexual, projeto este que ainda precisa ser votado. Vale destacar o Projeto de Lei nº 84/99, mais conhecido pelo nome Projeto de Lei Azeredo por ser criado pelo Deputado Eduardo Azeredo. Tal projeto tem como

5 objetivo a tipificação específica de crimes eletrônicos e suas condutas. Este projeto é muito controverso, tanto que alguns deputados estão promovendo uma votação pública, se assim podemos dizer, sobre a criação de um novo Projeto de Lei sobre Cybercrimes, para começar do zero. Enquanto esta discussão ainda perdura, alguns juristas entendem que apenas alguns ajustes na legislação penal já seriam suficientes para o combate aos crimes cometidos pela internet. Entre esses ajustes, enquadram-se a tipificação do crime de invasão de sistemas eletrônicos, somente na forma dolosa; Tipificação penal para a disseminação de códigos maliciosos, também na forma dolosa; Aumentar a pena máxima para os crimes contra a honra praticados pelos meios eletrônicos, etc. Esta adequação seria excelente, pois apenas alteraria a forma como a conduta delitiva é praticada e não a criação de um novo tipo penal, com exceção de algumas condutas propriamente realizadas pela Internet. Podemos explicitar de forma clara delitos como difamação, calúnia, injúria, ameaça, furto, estelionato, pedofilia, pornografia infantil e racismo que também ocorrem através de meios eletrônicos e, como sabido, não são novas infrações penais. Tanto é verdade que na esfera policial, se criou delegacias especializadas em Cybercrimes, com o intuito de apurar as condutas delitivas no ambiente eletrônico, como é o caso da 4º Delegacia de Investigações Gerais do DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Em síntese, a atuação deste departamento especializado busca a identificação dos infratores a partir do endereço IP (internet protocol termo usado para definir de onde partiu a conexão á internet), através de mandado judicial, para que se obtenha de forma concreta a materialidade e autoria da conduta praticada. É muito importante ressaltar que o sujeito ativo do Cybercrime pode ser tanto pessoa física como pessoa jurídica, sendo esta, na maioria dos casos, responsabilizada através de seus representantes legais.

6 3. TIPOS PENAIS MAIS COMUNS PRATICADOS ATRAVÉS DOS MEIOS ELETRÔNICOS Para termos uma melhor compreensão das condutas delitivas praticadas através dos meios eletrônicos, explicaremos em breve síntese, alguns deles. Crimes contra a honra (Calúnia, Difamação e Injúria; Artigos 138 a 140 do Código Penal Brasileiro) São crimes cometidos contra a honra do ofendido, fazendo-se juízo de valor de determinada pessoa citada. O crime de calúnia faz imputação inverídica sobre o ofendido, imputando -lhe crime que não cometeu. A difamação ocorre com o intuito de manchar a reputação do ofendido. Já a injúria ocorre quando o criminoso retira da vítima sua dignidade ou decoro. Tais crimes são cometidos principalmente via Redes Sociais, como é o caso do Orkut, Facebook e o microblog Twitter, pois algumas pessoas ultrapassam o seu direito constitucional da liberdade de expressão, incorrendo nas penas previstas nos crimes contra a honra. Vale lembrar que o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 143, estabelece o instituto da retratação, porém impossível atingir ou retratar-se da ofensa proferida pela Internet, meio este que configura causa de aumento de pena conforme previsão legal do artigo 141, III do mesmo diploma legal. Ameaça (Artigo 147 do Código Penal Brasileiro) Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave (artigo 147 do Código Penal Brasileiro). Este crime é o mais corriqueiro e comum praticado por meios eletrônicos ou de forma convencional. Deve-se buscar imediatamente a identificação do criminoso, seja por ou mensagem enviada à vítima através de Redes Sociais, sempre por representação da vítima, já que este delito se encontra na seara de crimes de ação penal publica condicionada a representação.

7 Podemos citar como exemplo, algum usuário de uma Rede Social que profere algum tipo de ameaça para outro usuário, sendo que o autor desta ameaça sequer possa existir, pois são criados muitos perfis falsos apenas para prática deste tipo penal. Furto (Artigo 155 do Código Penal Brasileiro) O crime de furto, ao contrário dos que muitos pensam, pode ser cometido através da internet, porém em sua forma qualificada, conforme previsão expressa do artigo 155, parágrafo 4º, II do Código Penal Brasileiro. Na maioria dos casos, esta conduta ocorre com furtos de senhas e transferências de quantias em dinheiro em instituições financeiras sem o consentimento do titular da conta, sendo qualificado pelo emprego de fraude. O autor da conduta delitiva pode ser apenado com até 8 (oito) anos de reclusão e multa. Pornografia Infantil (Artigos 241 e 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente) Infelizmente, o crime mais comentado entre a população, pois sua propagação ocorre de forma assustadora. Porém, foi criada a Lei nº /08 que alterou alguns dispositivos do ECA. Os artigos 241 e 241-A estabelecem a prática do crime de Pornografia Infantil praticado pela Internet, até mesmo para a pessoa que apenas armazenar fotografias, vídeos ou outra forma de registro que contenha imagens de crianças nuas. O legislador foi muito feliz ao trazer esta mudança a um dos dispositivos mais importantes do Estatuto da Criança e do Adolescente. 4. CONCLUSÃO Após este breve artigo sobre o estudo dos Cybercrimes, é importante ressaltar que os delitos cometidos através dos meio eletrônicos podem ser punidos em nosso País, buscando a identificação do criminoso virtual, não se vislumbrando que a Internet é uma terra sem lei e sim um ambiente a ser efetivado o direito de proteção de toda uma sociedade. Porém, o poder de punir do Estado deve ser efetivado na

8 medida da culpabilidade do infrator para que não haja aplicação ou interpretação extensiva da norma penal, sendo respeitado todo um Estado Democrático de Direito e os princípios basilares do Direito Penal Brasileiro. Bibliografia: Manual de direito eletrônico e internet / Renato M. S. Opice Blum, Marcos Gomes da Silva Bruno, Juliana Canha Abrusio (coordenadores).-são Paulo: Lex Editora, JESUS, de Damásio. Direito Penal Parte Especial; Vol. 2 31º Ed. São Paulo: Editora Saraiva, Estatuto da Criança e do Adolescente Col. Saraiva de Legislação 18º Ed. São Paulo: Editora Saraiva, GRECO, Rogério. Código Penal Comentado 5º Ed. São Paulo: Editora Impetus, 2011.