UNISA UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO Licenciatura em História

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1 UNISA UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO Licenciatura em História Lucciano Franco de Lira Siqueira BRUXARIA NO SÉCULO XXI- A COSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NO SAGRADO FEMININO São Paulo 2017

2 Lucciano Franco de Lira Siqueira BRUXARIA NO SÉCULO XXI- A COSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NO SAGRADO FEMININO Projeto de pesquisa apresentado para produção de artigo de conclusão da Graduação em História pela UNISA- Universidade de Santo Amaro. Prof. Dr. Paulo Fernando de Souza Campos São Paulo 2017

3 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA COM SÍNTESE DA BIBLIOGAFIA FUNDAMENTAL A Bruxaria na atualidade é uma forma de espiritualidade que se integra aos chamados movimentos neopagãos. A Wicca, nome sempre seguido pelo epíteto de Bruxaria Moderna, é a religião com base na bruxaria mais popularmente conhecida, mas não pode ser confundida como se referindo a todas as práticas de bruxaria, sendo somente uma de suas vertentes. O neopaganismo e consequentemente a bruxaria são movimentos influenciados pelos movimentos de contracultura que estiveram presentes no Brasil na década de Os elementos dos movimentos de contra cultura apresentam uma perspectiva de um reencantamento do mundo, assim como a ação do que pode ser compreendido como anarquismo religioso (BOSCATO, 2006, p.11-12) que colaborou para a criação dessas correntes de pensamento espiritual, cujo principal atrativo é apresentar a flexibilidade de dogmas. Os dogmas mais definidos podem ser percebidos nas estruturas das comunidades das bruxas, os chamados covens, mas somente são seguidos por membros do mesmo. Na bruxaria mesmo a denominação coven, para essas comunidades, varia entre diferentes grupos. A pluralidade de bruxarias existentes permite mesmo a existência dos chamados bruxos solitários, que praticam sua religião e criam a liturgia que seguem. Dentre as diversas vertentes dos neopaganismos o que parece concentrar as identidades de seus praticantes enquanto bruxos e bruxas é a escolha e a crença em alguns aspectos em comum: a sacralidade da natureza, a vinculação inquebrantável entre físico e espiritual e a possibilidade da magia. Alguns dos autores pesquisados concentram seus discursos na importância da mulher como referência na Bruxaria ou como também é chamada: A Arte, ou mesmo a Antiga Religião. Partindo dos relatos sobre a inquisição e os discursos presentes que depreciam o feminino, as Bruxas, como outros movimentos neopagãos, apresentam o conceito de Sagrado

4 Feminino. Esse pode ser encontrado na crença e culto a Deusas, ou uma Deusa mulher, que estaria intimamente vinculada ao ato da criação. Nesse sentido, porque o feminino assume capital importância entre os bruxos modernos? Quais os discursos que legitimam o Sagrado Feminino? A Inquisição e a morte de mulheres acusadas de bruxaria tem importância na construção da identidade da bruxa moderna? Quais as contradições que podem ser encontradas ou conflitos nesse culto do feminino neopagão em uma sociedade ainda hegemonicamente patriarcal e cristã? Com a Escola dos Annales, em 1929, a História inicia um movimento de valorização de uma historicidade presente nas camadas marginalizadas e excluídas da sociedade. A considerada terceira geração desse movimento historiográfico eleva a preocupação com a historicidade feminina. No bojo dessas novas perspectivas da escrita da História, é possível encontrar as bases para um estudo da natureza proposta, pois as bruxas possuem longa historicidade dentro da qual foram tratadas muitas vezes como loucas, pessoas ignorantes, representantes dos resquícios deixados por cultos pagãos em locais pouco catequizados pelo cristianismo e em alguns momentos como símbolo de resistência. Na atualidade os chamados pagan studies tem se preocupado em estudar as bruxas modernas como integrantes de uma nova religião (TERZETTI FILHO, 2010). Apresentar a historicidade das bruxas modernas implica retomar a construção de identidades humanas que integram a plêiade de identidades que fazem parte de nossa sociedade. As bruxas atualmente têm filhos, famílias e empregos e mesmo no presente são vítimas de preconceito recorrente no caso de fiéis de religiões não hegemônicas. Deste modo, o tema se torna cada vez mais importante, pois insere na História personagens que foram perseguidas e mortas como permite avaliar Jules Michelet (1922), contudo, para essa proposta, serão tratadas as bruxas do século XXI enquanto integrantes sociais não muito reconhecidas, na busca de revelar especificidades identitárias que compõem a sociedade na pósmodernidade.

5 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar a construção da identidade da bruxa moderna baseada no conceito de Sagrado Feminino como elemento marcante e presente na bruxaria do século XXI. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS. a) Analisar a partir de publicações nacionais a presença do foco da sacralidade no feminino dentro da Bruxaria; b) Compreender as relações existentes entre a construção das identidades das bruxas e os discursos que as representavam em diferentes momentos históricos; c) Investigar como o surgimento de correntes ocultistas e esotéricas que serviram de base para a bruxaria foram registradas por historiadores.

6 3. MATERIAL E MÉTODO 3. MATERIAL E MÉTODO Como documento para a construção dessa pesquisa são utilizadas publicações nacionais escritas por duas integrantes da Bruxaria : Márcia Frazão, bruxa carioca de 65 anos que trabalha como tradutora e é autora de mais de 10 livros sobre bruxaria. Frazão afirma em seus livros pertencer a uma família de bruxas hereditárias tendo aprendido grande parte de suas práticas, com uma de suas avós. O ambiente do ofício da bruxa em muitas de suas obras é a cozinha, e apresenta em toda a sua narrativa a predominância da bruxa, enquanto mulher e um foco perceptível na sacralidade do feminino. As publicações são construídas pela autora como narrativas de histórias de sua vida e reflexões, embora majoritariamente trate de divindades do panteão greco-romano apresenta traços de sincretismo religioso. Outra fonte é série de revistas "Wicca" lançadas nas bancas no início dos anos 2000, são de autoria da escritora carioca e jornalista que assina como Eddie Van Feu. Em suas obras a autora trata de diversos assuntos relacionados ao esoterismo e bruxaria. Uma coluna da revisa era destina aos leitores que encaminhavam para a autora opiniões, dúvidas e mesmo relatos das dificuldades enfrentadas por quererem seguir a Bruxaria sendo em muitos casos membros de famílias cristãs. A análise pretende se apropriar das perspectivas teórico-metodológicas da Micro-História, cujo principal expoente é o historiador italiano Carlo Gizburg e que propõem uma redução na escala de observação que faz possível o desenvolvimento de conhecimentos específicos de campos sociais não observáveis em uma história preocupada com os grandes acontecimentos ou mesmo de longa duração. Isso permite que se percebam variáveis nos fatos históricos e se registrem diferentes dimensões das experiências sociais, ao focar-se em atores históricos, muitas vezes, não expressivos nas estruturas de uma macro-história. (PEVEL, 2010)

7 Isto posto, buscar-se-á analisar a vivência e história relatadas nas obras das duas autoras evidenciando por meio destas re-apropriações de elementos do imaginário sobre as bruxas que acreditamos de grande importância na identidade das bruxas do século XXI.

8 5. CRONOGRAMA Atividades Jun Jul Ago Set Out Nov Levantamento bibliográfico X X X X Leitura e fichamento de textos X X X Levantamento do material documental X X X Análise das fontes consultadas X X X Reuniões com orientador X X X X X X Apresentação da pesquisa no X GP/CISGES/UNISA/CNPq Escrita da monografia X X Apresentação do relatório final X Participação no 20 Congresso de X Iniciação Científica da UNISA Apresentação da Monografia X

9 6. REFERÊNCIAS BOSCATO, Luiz Alberto de Lima. Vivendo a Sociedade Alternativa: Raul Seixas no Panorama da Contracultura Jovem. 2006, 258 f. Tese ( Doutorado em História Social) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, FOUCAULT. Michael. Os anormais: curso no College de France ( ). São Paulo: Martins Fontes, FRAZÃO, Márcia. Revelações de uma bruxa.9 Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, A cozinha da bruxa. Rio de janeiro:bertrand do Brasil. 16 ed O feitiço da lua: memórias de uma bruxa malcomportada. Rio de janeiro:bertrand Brasil. 3 ed O gozo das feiticeiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 5 ed A panela de Afrodite, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Amor de faz na cozinha. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: Feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras História Noturna. São Paulo: Companhia de Bolso, MICHELET, Jules. A Feiticeira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, NOGUEIRA, Carlos Roberto Figueiredo. O nascimento da bruxaria: da identificação do inimigo à diabolização de seus agentes. São Paulo: Editora Imaginário, PALOU, Jean. A feitiçaria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor REVEL, Jacques. Micro-história, macro-história: o que as variações de escala ajudam a pensar em um mundo globalizado. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, vol. 15, no.45, set./dez TERZETTI FILHO, Celso Luiz. Introduction to pagan studies. Ultimo andar: caderno de Pesquisa em Ciência da Religião PUC-SP, São Paulo, N.18, p.51-57,2 semestre

10 THOMAS, Keith. Religião e o declínio da magia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.