Concepções e Formação continuada de Professores de ciências de Escolas Públicas de Dourados-MS sobre Educação Sanitária

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1 Concepções e Formação continuada de Professores de ciências de Escolas Públicas de Dourados-MS sobre Educação Sanitária PEREIRA, Nathalia Lopez 1 ; COLTRO, Eduarda Maria 1 ; VEZOZZO, Rafaella 1 ; SOUZA, Albneir dos Santos 1 ; SILVA, Lenice Heloísa de Arruda 2 ; CARRIJO MAUAD, Juliana Rosa 2 Palavras-chave: saúde, parasitos, capacitação. Introdução A Educação sanitária engloba mecanismos de difusão do conhecimento sobre as diversas temáticas existentes dentro da saúde, de forma que o conhecimento prévio dos docentes de todos os níveis é ferramenta essencial para a elaboração de metodologias para formação continuada dos professores do ensino de ciências (CARRIJO MAUAD et al., 2007). A saúde da comunidade de uma forma geral tem sido uma crescente preocupação por vários setores da sociedade, uma vez que diversas enfermidades de alta prevalência têm sido negligenciadas, especialmente pelos sujeitos. Tais enfermidades como pediculose, escabiose, bicho geográfico, bicho de pé, leishmaniose, toxoplasmose, doença de Chagas e dengue em sua maioria são de origem infecto-parasitárias, zoonóticas e viróticas, as quais podem ser prevenidas e ou controladas com medidas básicas de higiene, mudanças ambientais e comportamentais, implantação de saneamento básico, controle de cães e gatos errantes e principalmente educação. No município de Dourados Mato Grosso do Sul, algumas dessas doenças estão em evidência devido aos seus impactos na saúde pública. Nesse sentido, a atenção voltada para uma educação sanitária é uma das melhores ferramentas para desenvolver um projeto ativo, contínuo e abrangente para a o desenvolvimento de atitudes preventivas contra doenças e manutenção da saúde. Resumo revisado por Profa. Dra. Juliana Rosa Carrijo Mauad: Bioeducando: Difusão da Educação sanitária em comunidades de baixa renda e escolas municipais de Dourados-MS. 1 Universidade Federal da Grande Dourados/ Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais. Acadêmicos:nathy.lopez@hotmail.com; eduarda.coltro@hotmail.com; rafaavezozzo@gmail.com; albneir@hotmail.com 2 Universidade Federal da Grande Dourados/ Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais. Docentes: lenicesilva@ufgd.edu.br; julianacarrijo@ufgd.edu.br

2 Entretanto, a maioria das escolas brasileiras trabalha a educação sanitária de maneira desvinculada da realidade social dos sujeitos que as freqüentam. Tal situação leva os conteúdos relativos à educação sanitária a se tornarem desinteressantes aos alunos. Essa problemática nos parece, estar relacionada ao fato da insuficiência de preparação dos professores no domínio desses conteúdos, nas metodologias adequadas para desenvolvê-los em sala de aula. Por isso, alguns trabalhos relataram positivamente a participação de professores de ensino fundamental em palestras que promoveram o conhecimento sobre saúde e formas de prevenção de doenças, assim como a inclusão de escolares em programas de educação sanitária para controle de enfermidades (GARCIA-ZAPATA & MARSDEN, 1993; HOLLANDA et al., 1992; SCHALL et al., 1993). Em face dessas ideias, o objetivo do projeto de extensão foi avaliar concepções de professores de ciências de escolas públicas do município de Dourados-MS sobre educação sanitária, para a partir disso propor atividades junto a esses professores relativas às seguintes temáticas (dengue, leishmaniose, sarna, piolho, bicho de pé, bicho geográfico, verminose, toxoplasmose) dentro dessa educação, para subsidiá-los com conhecimentos que os possibilite desenvolver conteúdos dessa área em suas salas de aula. Metodologia O desenvolvimento deste trabalho implicou na participação de 15 acadêmicos e duas professoras/pesquisadoras do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados e 17 professoras que ministram a disciplina de Ciências em escolas municipais de Dourados/ Estado de Mato Grosso do Sul. Destas 17 professoras, 10 eram formadas em ciências biológicas, seis eram pedagogas e uma possuía graduação em história. Inicialmente foram realizadas capacitações sobre as temáticas supracitadas com todos os acadêmicos do curso de ciências biológicas integrantes do projeto, os quais elaboraram previamente, a partir da literatura científica e orientação das professoras/pesquisadoras palestras educativas, para posterior formação continuada dos professores da rede publica. Para a apresentação das temáticas foram criados grupos de, no máximo, cinco acadêmicos. Cada grupo escolheu um integrante, o qual foi responsável por

3 apresentar o tema em questão para os educadores. Para tais apresentações recursos, como slides, cartazes e figuras foram utilizados para facilitar o entendimento. No início da apresentação, foram aplicados questionários as professoras. Um referente a cada temática, e outro sobre a avaliação do projeto. Os questionários foram desenvolvidos pelo grupo de cada temática com 10 questões objetivas cada um e foram revisados pelas professoras/pesquisadoras. As questões versaram principalmente sobre o agente causador das respectivas enfermidades, sintomas e controle/prevenção e foram respondidas pelas professoras antes do desenvolvimento das palestras de educação sanitária, pois tinham como objetivo avaliar concepções de cada uma das professoras sobre essa educação, e a partir das palestras e discussões reformular tais concepções, caso houvesse necessidade, este, gerando um novo aprendizado das temáticas abordadas e assim subsidiar suas práticas pedagógicas. A partir dos questionários foram obtidos dados estimando o nível de entendimento e reflexão sobre os temas. Podendo assim fazer uma análise qualitativa dos resultados obtidos. Mostrando qual é a maior defasagem na formação dos professores e ou quais as dificuldades que os mesmos têm em abordar os assuntos na sala de aula. Resultados e discussão Com os questionários aplicados antes das palestras foi possível fazer um levantamento do nível de conhecimento prévio das educadoras entrevistadas. A partir da temática Bicho de pé e Bicho Geográfico percebeu-se que 90% e 88% respectivamente dos participantes conheciam a enfermidade, porém 55,5% não conheciam ou tinham dúvida a respeito do agente causador destas parasitoses. Para o Bicho Geográfico 50% não sabiam como prevenir a doença e 52% tinham dúvidas de qual doença o bicho de pé causava. Quando foram abordadas questões sobre a escabiose observou-se que 61,1% das entrevistadas não conheciam a forma de transmissão de tal enfermidade parasitária, já para a pediculose 63,1% conheciam. Entretanto, apesar de 100% das entrevistadas já terem tido contato com essa doença, todas acreditavam que ela só é adquirida a partir de cabelos sujos.

4 Dos participantes, 89% conhecem ou já ouviram falar da Leishmaniose e 57% já viram algum cão contaminado com o protozoário. Uma parcela considerável (68,4%) acreditou que a enfermidade é transmitida pelo cão e 63,2% não conheciam o agente transmissor. Em relação a toxoplasmose 60% das pessoas não tinham conhecimento sobre o assunto e 80% não sabiam ou tinham dúvida de como o ser humano poderia adquirir tal doença. Para o Mal de Chagas a maioria (90%) não conhecia ou tinham dúvida sobre o agente transmissor e 50% acreditavam que uma mulher não pode ter filhos se estiver infectada por essa doença. Apesar dos números alarmantes todas as educadoras acreditam que a partir da educação sanitária podese combater o vetor da mesma. Já para a dengue, apesar de ser uma doença virótica, ela também foi abordada dentro das temáticas, uma vez que o município é endêmico para esta enfermidade e dentro dos métodos de profilaxia e controle considera-se a educação sanitária essencial. Dentre os integrantes que realizaram a capacitação todos conheciam e sabiam o que era a doença, seus sintomas, agente transmissor e métodos de controle ambiental. No decorrer das palestras, as professoras participavam trocando conhecimentos com o grupo e a partir disso, discussões foram geradas. Os resultados do presente trabalho demonstraram que as atividades desenvolvidas, até o presente momento, trouxeram algumas contribuições importantes para a prática pedagógica das professoras de ciências, que pode significar reformular concepções que traziam das temáticas abordadas. Conclusões Com a abordagem das temáticas, observou-se que a partir da formação continuada os profissionais docentes adquiriram novos conhecimentos podendo assim transmitir aos seus alunos de forma mais segura quanto ao conteúdo, inovando e melhorando sua prática pedagógica. Além disso, a interação entre o mundo acadêmico universitário e o escolar proporcionou aos alunos do curso de ciências biológicas importante aprendizado teórico e prático, tendo em vista que o sujeito a ser trabalhado já possuía um conhecimento prévio e experiência e os universitários puderam transmitir conteúdo

5 atualizado, aproveitando de certa forma a experiência das educadoras em sala de aula. Conclui-se que a educação sanitária é ferramenta indispensável para promoção de saúde no contexto escolar e na comunidade. Referências bibliográficas CARRIJO MAUAD, J. R.; AMIN, M. ; VIDIS, N. Y. ; PINTO, G. R. O. S.; FERNANDES, E. C.. Projeto Integracão Estrela Dalva - A Educacão Sanitária na Comunidade. In: II Congresso Nacional de Saúde Pública Veterinária, 2007, Fortaleza-CE. GARCIA-ZAPATA, M.T.A.; MERSDEN, P.D. Chagas s Disease: Control and surveillance through use of insecticides and community participation in Mambaí, Goiás, Brazil. Bulletin of the Pan American Health Organization v.27, p HOLLANDA, H. H. Saúde como compreensão de vida. Um manual de Educação para a saúde. Brasília: Divisão Nacional de Educação Sanitária, Ministério da Saúde OLIVEIRA, L. C. V. Reflexões sobre as Políticas de formação de professores das séries iniciais de EAD. In: políticas e Educação Ed. São Bernardo do Campo: Unesp, SCHALL, V. T.; DIAS, A. G. P.; MALAQUIAS, M. L. G.; SANTOS, M. G. Educação em saúde em escolas públicas de 1 grau da periferia de Belo Horizonte, MG, Brasil I avaliação de um programa relativo à esquistossomose. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 1993 v.35, p TEXEIRA, M. G. L. C. Dengue e espaços intra-urbanos: Dinâmica de Circulação Viral e Efetividade de Ações de Controle Vetorial. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva). Instituto de Saúde Coletiva de Universidade Federal da Bahia, Salvador Fontes Financiadoras Os autores agradecem ao MEC/Sesu/PROEXT 2011 e a Universidade Federal da Grande Dourados pelo apoio financeiro.