COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE: ENFOQUE NA PREVALÊNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE

Transcrição

1 COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE: ENFOQUE NA PREVALÊNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE CÂNDIDO, J. O. 1 ; VILELA, V. L. D.² 1 Discente do Curso de Ciências Biológicas da FAP 2 Docente da Faculdade de Apucarana Resumo O complexo compreende de duas doenças mórbidas distintas, com sintomatologia e epidemiologia totalmente diferentes causadas pelo mesmo parasita do gênero Taenia. Esta revisão objetivou descrever, o agente etiológico e a cadeia epidemiológica, enfatizar a prevalência da zoonose e medidas preventivas para o controle da doença. As medidas de controle do Complexo Teníase-Cisticercose baseiam-se principalmente em educação sanitária, melhoria no saneamento básico, vinculação dos abatedouros com os serviços de inspeção. Palavras-chave: Parasitose, Epidemiologia, Saúde coletiva. Abstract The complex comprises two distinct morbid diseases with completely different symptoms and epidemiology caused by the same parasite Taenia genus. This review aimed to describe the etiologic agent and the epidemiological chain, emphasizing the prevalence of zoonoses and preventive measures to control the disease. The control measures Taeniasis-cysticercosis complex based mainly on health education, improved sanitation, linking the abattoir with the inspection services. Keywords: Parasitosis, Epidemiology, Public health.. INTRODUÇÃO O homem adquire a Teníase ao ingerir carne crua ou insuficiente cozida de bovinos e suínos contendo cisticercos viáveis (SILVA, 2005). Ao eliminar fezes contaminadas em locais abertos, o ser humano possibilita a dispersão de ovos da tênia pelo ambiente contaminando rios, plantações, lagoas etc. Desta forma, está água pode ser utilizada para mitigar a sede de animais, na irrigação de hortas e para o consumo humano (AGROSOFT BRASIL, 2006).

2 Assim os animais ingerem ovos da tênia, desenvolvendo o Cysticercus bovis, Cysticercus Cellulosae, alojando-se em diferentes tecidos dos vários órgãos do organismo, sendo mais frequente seu alojamento no sistema nervoso central e no músculo esquelético, provocando uma reação hospedeiro-parasita com ativação dos mecanismos de defesa e desenvolvimento de resposta inflamatória (JÚNIOR, 2002). A contaminação da cisticercose no homem ocorre quando ele assume a condição de hospedeiro intermediário do helminto, a infecção acontece geralmente pela ingestão acidental de ovos de T. solium presentes em ambiente contaminado com fezes de origem humana. A contaminação do ser humano pode ser direta, com a ingestão dos ovos de um indivíduo por outro, por autoinfecção, devido a movimentos retro peristálticos do intestino que levam as proglotes para o estômago; ou por contaminação indireta, pelo consumo de produtos hortifrutiganjeiros ou água contaminada, levando a formação de cistos (ROPPA, 2006). Este estudo objetivou apresentar um breve referencial acerca do complexo teníase-cisticercose, enfatizando a prevalência, a prevenção e controle da parasitose no Brasil. REFERÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Para o estudo utilizou-se a pesquisa bibliográfica, com base na leitura, análise e interpretação de livros, teses, dissertações, monografias, artigos e revistas científicos sobre a temática abordada, em formato impresso ou digital disponíveis no acervo da biblioteca da FAP Apucarana/PR, e em sites como Scielo, Bireme, Google Acadêmico, e Portal de Periódicos CAPES. Rossi et al.(2014), descreve que a prevalência do complexo-cisticercose ocorre em todo o Brasil, mas a distribuição dessa zoonose é variável nas diferentes regiões do país, sendo mais endêmica na região sudeste. Para evitar o seguimento deste parasito algumas medidas necessitam ser tomadas como: medidas de saneamento básico e adoção de boas práticas agropecuárias, resultando na produção de produtos de qualidade e seguro para o consumo assim se resulta na redução de custos com a saúde pública do país.

3 No estudo de Rossi et al. (2016),foi realizado um levantamento sobre a prevalência da cisticercose em bovinos e suínos nos anos de 2008 á 2013 no estado de São Paulo. Foi observada a prevalência de 0,01% da zoonose em suínos abatidos, já nos bovinos a prevalência foi de 1,69% em cabeças abatidas. Durante o período analisado notou-se que o baixo número de carcaças suínas contaminadas, se dá devido a boa prática na suinocultura como criações de cadeia integrada, sistemas intensivos com orientação técnica adequada, biossegurança, práticas sanitárias, preventivas e controle sanitário adequado. Nos bovinos são necessárias implantar programas de boas práticas agropecuárias afim de reduzir o índice da cisticercose, conforme observada nos suínos. Já no trabalho de Falavigna-Guilherme et al (2006), foi analisado os bovinos e suínos abatidos no município de Sabáudia/PR, com o objetivo de verificar a incidência de cisticercose nesses animais, no ano de 2004 o número de suínos abatidos foi maior do que bovinos sendo relatado a prevalência de 9,3% de cisticercose nos bovinos e nenhum cisticerco nos suínos. O estudo revela que os bovinos tinham acessos a espaços abertos e mananciais aquáticos que poderiam estar contaminados com ovos da Taenia saginata. Entretanto medidas de controle como educação sanitária a população humana deve enfatizar aspectos de epidemiologia do controle do complexo teníase-cisticercose. Fellipe et al. (2014), demonstrou em sua pesquisa feita na zona rural da cidade Divinésia/MG algumas características importantes para o controle do complexo teníase-cisticercose. A pesquisa apontou que a maioria das famílias das propriedades rurais possuía casa com banheiros e redes de esgoto, destinando os resíduos em fossas localizadas distantes de fontes de água potável, anualmente fazem o uso de anti-helmínticos, e não consomem carne crua ou malpassada, sendo essas características favoráveis para a prevenção do complexo, e contribuindo para o controle de parasitoses.

4 CONCLUSÃO Através deste estudo tomando como base a revisão bibliográfica foi possível concluir que a prevalência do complexo teníase-cisticercose ainda é um sério problema de saúde pública em nosso país, possuindo um ciclo que envolve o homem, suínos, bovinos, ambiente e alimentos. Sendo que a prevalência da cisticercose é maior em bovinos do que em suínos provavelmente devido ao bovino ser mais exposto á contaminação por serem na grande maioria das vezes criados em locais abertos, com acesso a águas superficiais de rios e lagos, sendo maiores as chances desse animal entrar em contato com ovos de tênia. Já a maioria dos suínos são criados em sistema intensivo com orientação técnica adequada onde tem alimento e água de melhor qualidade. É possível observar que os meios de contaminação são relacionados à falta de saneamento básico, socioeconômico, higiene pessoal, sendo necessário ser implantados pelos órgãos públicos e privados programas educativos, incentivadores e profiláticos de combate ao complexo teníase/cisticercose para o esclarecimento e diminuição de casos da doença na população. REFERÊNCIAS AGROSOFT BRASIL. Conhecendo a prevalência da cisticercose suína e bovina no Brasil: devemos rever nossos hábitos alimentares? Disponível em: < Acesso em: 29 set FALAVIGNA-GUILHERME, A.L.; SILVA, K.; ARAÚJO, S.M.; TOBIAS, M.L.; FALAVIGNA, D.M.L. Cisticercose em animais abatidos em Sabáudia, Estado do Paraná. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n. 5, p , FELIPPE, A. G. et al. Características favoráveis ao controle do complexo teníasecisticercose em uma região rural de Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, Niterói, v. 21, n. 4, p , LINO JUNIOR, Ruy de Souza et al.características evolutivas do Cysticercus cellulosae no encéfalo e no coração humanos. Rev. Soc. Bras. Med.

5 Trop. [online]. 2002, vol.35, n.6, pp ISSN SILVA, A.V.M. Teníase e cisticercose. In: NEVES, D.P. Parasitologia humana. 11.ed. São Paulo: Atheneu, Cap.25, p ROPPA, L. Carne Suína: Mitos e Verdades. [online] [citado 06 Janeiro 2006]. Disponível em: < >. Acesso em: 09 set ROSSI, G.A.M.; GRISOLIO, A.P.R.; PRATA, L.F.; BURGER, K.P.; HOPPE, E.G.L. Situação da cisticercose no Brasil. Semina: Ciências Agrárias, v. 35, n. 2, p , ROSSI, Gabriel Augusto Marques et al. Cisticercose suína e bovina-ocorrência em abatedouros do Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 22, n. 3-4, 2016.