LEVANTAMENTO DA AUTOMEDICAÇÃO REALIZADA NO BAIRRO XIV DE NOVEMBRO, CASCAVEL, 2008
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- Edson Gonçalves Benke
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1 LEVANTAMENTO DA AUTOMEDICAÇÃO REALIZADA NO BAIRRO XIV DE NOVEMBRO, CASCAVEL, 2008 Júlia Maria Tonin Geiss 1 Suzane Virtuoso Cíntia Cestari Rafaela Rauber RESUMO A automedicação é um procedimento caracterizado fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas. Realizouse um levantamento de dados na micro-área 08 do bairro XIV de Novembro, do município de Cascavel-Pr, no qual foi verificado quais são as classes e quais são os tipos de medicamentos mais utilizados na automedicação, as doença e condições que prevalece na população estudada e a relação da automedicação com o grau de escolaridade da população que faz uso da mesma. Verificou-se que a automedicação é praticada pela maioria da população em estudo, sendo que dentre as classes de medicamentos as mais usadas são os antiinflamatórios e os analgésicos (93,10%), boa parte da população utiliza receitas antigas ou informações de pessoas leigas para se automedicar e desconhecem os problemas que a automedicação pode causar, como as interações. PALAVRAS CHAVES: Automedicação, saúde, medicamentos. INTRODUÇÃO A automedicação é conhecida como a prática dos indivíduos em tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados e disponíveis sem a prescrição médica e que são seguros e efetivos quando usados segundo as instruções. Quando praticada de uma forma consciente e responsável, a automedicação contribui para uma economia substancial de tempo e dinheiro por parte da população, além de desonerar o sistema público de saúde, que já se encontra bastante prejudicado no país. A automedicação é uma prática bastante difundida não apenas no Brasil, mas também em outros países. As causas para a existência da automedicação seria a 1 Acadêmica do Curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rua Rio da Paz 297, ap4, Cascavel/Pr, , julinhatonin@hotmail.com 1
2 impossibilidade do acesso ao atendimento médico ou odontológico, seja por questões financeiras ou por próprio hábito de tentar solucionar os problemas de saúde corriqueiros tomando por base a opinião de algum conhecido mais próximo, e também a alta freqüência de propagandas através da mídia eletrônica que é muitas vezes um fator contribuinte para a automedicação de pessoas leigas no assunto. O grande problema relacionado à automedicação é a interação medicamentosa. Quando medicamentos são administrados concomitantemente, eles podem se interagir de três formas básicas, a saber: um pode potencializar a ação de outro, pode ocorrer também a perda de efeitos por ações opostas ou ainda a ação de um medicamento alterando a absorção, transformação no organismo ou a excreção de outro fármaco. Além disso, determinadas substâncias usadas indiscriminadamente podem alterar as condições fisiológicas do organismo de um paciente. Em países desenvolvidos, o número de medicamentos de venda livre tem crescido nos últimos tempos, assim como a disponibilidade desses medicamentos em estabelecimentos não farmacêuticos, o que favorece a automedicação. Nesses países, no entanto, os rígidos controles estabelecidos pelas agências reguladoras e o crescente envolvimento dos farmacêuticos com a orientação dos usuários de medicamentos, tornam menos problemática a prática da automedicação. Já no Brasil onde, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas da automedicação, a má qualidade da oferta de medicamentos, o não-cumprimento da obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a carência de informação e instrução na população em geral justificam a preocupação com a qualidade da automedicação praticada no País. O problema é antigo, universal e de grandes proporções. A automedicação pode ser considerada uma forma de não adesão às orientações médicas e de saúde. Há, contudo, meios para minimizá-la. Programas de orientação para profissionais de saúde, farmacêuticos, balconistas e população em geral, além do estímulo a fiscalização apropriada. No presente trabalho é apresentado um estudo descritivo da automedicação de uma micro-área do bairro XIV de Novembro, do município de Cascavel-Pr. Este estudo faz parte do estágio realizado na disciplina de Saúde Coletiva do curso de Farmácia da Unioeste. 2
3 OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo identificar e descrever problemas de saúde da comunidade, em especial aqueles relacionados com o uso incorreto dos medicamentos, demandando a ação do farmacêutico na assistência dos mesmos. METODOLOGIA No período entre 28 de julho e 29 de agosto do ano de 2008, foi realizado estágio na disciplina de Saúde Coletiva. Este foi desenvolvido por uma equipe de estudantes do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. A atividade foi feita no território micro-área 08 do bairro XIV de Novembro da cidade de Cascavel. Foi utilizado como instrumento para a coleta de dados um questionário fechado na qual recolheram informações sobre: idade, escolaridade, problemas de saúde, medicamentos de uso contínuo, medicamentos utilizados na automedicação, ocupação, se havia sistema de rede elétrica, sistema de esgoto, como era o sistema de coleta do lixo, a fonte da água (poço ou rede pública), se realizavam o tratamento da água, a renda familiar mensal, o tipo de casa e se era própria ou alugada. Realizou-se o processo de territorialização em uma determinada área de abrangência da UBS do bairro XIV de Novembro um. As ruas inclusas na micro-área 08 são: Rua da Amizade, Rua da Bondade, Rua Otávio Silveira Siqueira, Rua Romário Correia de Oliveira, Rua Antônio Eduardo. Percorreu-se o território a ser estudado, para avaliar a situação da área. Foram entrevistadas cerca de 80 famílias. Sistematizou-se as informações, consolidando os resultados e analisou-se os dados. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na tabela 1 pode-se observar a faixa etária dos inbdividuos que estão ou não freqüentando a escola. 3
4 Tabela 1. Faixa etária pela freqüência escolar (Bairro XIV de Novembro 2008) Freqüenta escola Não freqüenta escola TOTAL Nº % Nº % Nº % , , , , TOTAL Fonte: Instrumento de coleta de dados. Em relação à alfabetização foi possível constatar que 100% da população em idade escolar estão freqüentando a escola. As principais doenças ou condição referida foram tabagismo e hipertensão arterial, como pode ser verificado na trabela 2. Em relação às doenças a maior prevalência foi o tabagismo representando 43,4%, seguido da Hipertensão Arterial (24,8%) e diabete (9,3%). Havendo neste território um caso de hanseníase, e um caso de vírus HIV. Quanto a dependência química o alcoolismo representa 2,3% e 2,3% outras drogas. 4
5 Na tabela 3 é possível analisar a ocupação dos indivíduos estudados pela faixa etária dos mesmos. A maioria da população em estudo tem como ocupação/condição a de aposentado (20%) na faixa etária de 65 à 75 anos, e reciclagem (20%), estando na faixa etária de 35 à 55 anos. Dipirona e paracetamol são os princípios ativos mais utilizados na automedicação pela população do bairro XIV de Novembro, como pode ser observado na tabela 4. Tabela 4. Automedicação (Bairro XIV de Novembro -2008) Medicamento Nº % Dipirona Paracetamol 22 35,5 Nimesulida 1 1,6 Omeprazol 1 1,6 Diclofenaco 1 1,6 Dipirona/Paracetamol 6 75 TOTAL Fonte: Instrumento de coleta de dados 5
6 76,5% dos domicílios fazem uso de auto. Tabela 5. Renda familiar mensal ( Bairro XIV de Novembro -2008) SALÁRIOS Nº % Menos de 1 6 7, ,2 3 à ,5 Mais de 4 2 2,6 TOTAL Fonte: Intrumentos de coleta de dados. 85,9% das famílias possuem uma renda mensal menor que 3 salários, sendo que destas seis famílias possuem renda de menos de um salário mínimo. Mesmo sabendo que a automedicação é uma prática global e que ocorre entre todas as faixas estárias, na tabela 6 é possível analisar o grau de escolaridade da maior parte das pessoas que fazem uso da automedicação. 6
7 Entre as pessoas que se automedicam, a maioria (54,7%) apresenta Ensino Fundamental Incompleto; seguido de 20,1% com Ensino Médio Incompleto. Quanto ao uso de automedicação 93,1% da população faz uso de analgésicos e/ou anti-inflamatórios e 6,9% utiliza antibióticos e fitoterápicos. Os resultados do presente estudo sugerem que a automedicação é praticada principalmente por pessoas que contém o ensino fundamental incompleto e por aquelas onde a renda mensal familiar é menor do que 3 salários mínimo. A escolha de medicamentos é baseada principalmente na recomendação de pessoas leigas, sendo também relevante a influência de prescrições anteriores. Quanto à predominância dos analgésicos e antiinflamatórios entre os medicamentos mais procurados esse é um fato comum tanto na automedicação praticada no Brasil como em outros países. O aspecto preocupante se correlaciona com a prevalência do uso da dipirona, medicamento cuja segurança tem sido bastante questionada, por poder causar vários efeitos colaterais, como a agranulocitose. Os presentes dados confirmam a importância do estudo da automedicação, pois deve-se manter a finalidade dos medicamentos na prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades, e não o uso indiscriminado e incorreto dos mesmos. 7
8 CONCLUSÃO O ato de se automedicar não deve ser condenado porque seria socioeconomicamente inviável o atendimento por um médico para solução de todos os sintomas da população. É impossível frear essa prática, assim, a adaptação da população e principalmente dos profissionais da saúde a esta prática se faz necessária, é de extrema importância que o profissional responsável pela dispensação do medicamento dê todas as informações possíveis sobre aquele medicamento, verifique se não haverá possibilidade de interações com os medicamentos de uso contínuo, e não estimule o consumo desenfreado ou o mito de cura milagrosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIAR-Associação Brasileira da Indústria da Automedicação Responsável; São Paulo, Outubro, Disponível em: MATIAS, G. L.; Os perigos da automedicação. Universidade Estadual de Maringá (UEM). Maringá, Revista da Associação Médica Brasileira. Automedicação. vol.47 nº4 São Paulo outubro/dezembro,
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