SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL. Cerimónia Militar das Comemorações do Dia do Exército

Transcrição

1 INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL Cerimónia Militar das Comemorações do Dia do Exército Beja, 26 de outubro de 2014 Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora

2 2 Exmo. Senhor Chefe do Estado-Maior do Exército, General Carlos Hernandez Jerónimo Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Beja, Prof. João Rocha Senhores Deputados da Assembleia da República Senhores Generais, Antigos Chefes do Estado-Maior do Exército Senhor Chefe da Casa Militar de Sua Excelência o Presidente da República, Tenente-General Carvalho dos Reis Senhores Autarcas Senhores Vice-chefes dos Estados-Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea Senhor Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Chito Rodrigues Senhores Oficiais Generais Senhores Diretores-gerais do Ministério da Defesa Nacional Senhor Presidente do Instituto de Ação Social das Forças Armadas, Tenente-General Fialho da Rosa Excelência Reverendíssima, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel Linda Ilustres convidados Senhores Oficiais, Sargentos, Praças e Funcionários Civis do Exército

3 3 Alunos da Academia Militar, da Escola de Sargentos do Exército e dos Estabelecimentos Militares de Ensino Ilustres Convidados Minhas Senhoras e meus Senhores, É com muito orgulho que estou aqui, em Beja, a presidir a esta cerimónia de grande significado para o Exército Português e para todos os seus militares mas também para Portugal e para os portugueses, que têm razões de sobra para estarem gratos a esta instituição fundamental para o nosso país. Permitam-me que as primeiras palavras sejam dirigidas a Beja e às suas gentes, não só por acolherem com garbo este dia festivo mas, sobretudo, pela forma como têm acarinhado o seu Regimento, há já 152 anos. Esta presença do Exército no coração do Alentejo, esta longa e frutuosa relação, tem proporcionado benefícios inegáveis tanto para as Forças Armadas como para as populações desta região, o que é motivo de satisfação para o país todo. Portugal está profundamente reconhecido às mulheres e aos homens que servem o País no Exército, integrando a sua Força Operacional Permanente, com todas a implicações de prontidão que isso significa. A importância do Exército é particularmente sentida e reconhecida pelas nossas populações quando estão em causa missões de interesse público, seja no apoio em ações de Proteção Civil e de

4 4 defesa do Ambiente, seja no apoio logístico a entidades sem fins lucrativos ou mesmo na participação em atividades culturais. O contributo do Exército para a segurança e bem-estar dos portugueses em tempo de paz é precioso, indispensável e generoso. Mas, felizmente para todos nós, o papel dos militares está longe de se esgotar no auxílio durante o combate aos fogos florestais ou no apoio prestado por ocasião de catástrofes naturais, só para dar dois exemplos de missões que recolhem apreço unânime. A participação em missões externas no âmbito da NATO, da União Europeia ou da ONU tem sido decisiva para Portugal se afirmar como coprodutor de segurança internacional. Esta afirmação externa é inequívoca e radica no reconhecimento do elevado profissionalismo das nossas Forças Nacionais Destacadas e dos contributos relevantes que os nossos militares dão às missões em que participam. De forma igualmente meritória e com desempenho excecional, realço, com conhecimento próprio e in loco, o apreço que merecem os nossos militares envolvidos na Cooperação Técnico-Militar. Em Angola, Moçambique, Timor-Leste, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estão em desenvolvimento dezenas de projetos que são estratégicas para a política externa portuguesa. Estamos a falar de quase uma centena de militares portugueses destacados e do acolhimento de 70 bolseiros no nosso país, ao abrigo destes programas de cooperação.

5 5 Do empenhamento em Forças Nacionais Destacadas à Cooperação Técnico-Militar, passando pelas missões de interesse público, o Exército tem sabido corresponder às expetativas dos portugueses relativamente ao papel das Forças Armadas. É por tudo isto que estamos hoje aqui, mas também é para fazer o reconhecimento público da importância dos homens e mulheres que, Em perigos e guerras esforçados, servem Portugal no Exército, na esteira do seu patrono, D. Afonso Henriques. Daqui a pouco assistiremos à imposição de condecorações a militares e civis e, com elas, celebraremos a excelência que se pretende generalizada a todas as Forças Armadas. O Exército é um pilar e uma salvaguarda dos valores da Pátria e da consciência nacional, bem como um elemento matricial de coesão interna, uma força indispensável para resistir às diferentes formas de pressão externa sobre a nossa condição de Estado independente, solidário, que pugna pela defesa dos valores identitários da cultura europeia. Minhas Senhoras e meus Senhores, Estamos a entrar na etapa final do processo político de reorganização da estrutura superior da Defesa Nacional e das Forças Armadas a Reforma Defesa É tempo para, mais uma vez, unirmos esforços na sua implementação ao nível das estruturas militares e da cadeia de comando.

6 6 O Exército e a sua chefia podem contar com o incondicional apoio político para este desafio de configurar um Exército mais moderno e mais operacional, integrado coerentemente nas Forças Armadas e na Defesa Nacional. Serenidade e motivação em permanência, a par de rigor na formação e no treino, são o garante de que o Exército segue o caminho que permite a prontidão operacional sustentável que se exige a uma força eficaz e adaptada ao paradigma dos nossos dias. O edifício legislativo está definido e foi consensualizado com as chefias militares. Em cada tempo estratégico é essencial cuidar das capacidades atuais, projetá-las e adequá-las para utilizações no futuro. Tendo começado com a aprovação do Conceito Estratégico de Defesa Nacional, seguido, de imediato, pela Lei da Defesa Nacional e pela Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas (LOBOFA), cedo completámos uma primeira fase da Reforma Defesa 2020, definidora das orientações estratégicas e da inserção das Forças Armadas no Estado e das suas relações com o poder político eleito. Estas medidas tiveram logo sequência no Conceito Estratégico Militar, no Sistema de Forças e nas Missões das Forças Armadas. Já numa segunda fase do Ciclo de Revisão Estratégica em curso, entraram agora na reta final do processo legislativo as Leis Orgânicas do MDN, do EMGFA e dos Ramos das Forças Armadas.

7 7 O resultado final destas alterações definirá um sistema de forças flexível e equilibrado, coerente, sustentável e visível, conjugando tudo isto com a gestão adequada dos recursos disponibilizados. Mas o edifício legislativo da reorganização das Forças Armadas não se esgota nas estruturas. Não poderia ser assim. Paralelamente e sequencialmente, procede-se à revisão do Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR), dos incentivos à prestação do serviço militar nos regimes de voluntariado e de contrato e dos efetivos, adequando-os às realidades legislativas atuais, aos novos paradigmas operacionais e às tipologias emergentes das novas realidades de emprego das Forças Armadas. A opção por servir nas Forças Armadas representa uma oportunidade louvável de percurso de vida, profissionalizante, qualificante e gratificante. O impacto mais positivo desta reforma legislativa será a capacidade de resposta militar e da sua atuação conjunta, pela adequação estrutural das Forças Armadas. É com este desígnio que se desenvolvem todos os trabalhos de racionalização, num quadro mais lato da Reforma do Estado. Na sequência deste esforço já foi possível disponibilizar cerca de 6 dezenas de imóveis militares, na esmagadora maioria pertencentes ao Exército, para que sejam rendibilizados. No cumprimento do interesse coletivo e do bem público, é indispensável que este património possa ter outra utilidade, com a vantagem adicional de desonerar o Orçamento da Defesa Nacional.

8 8 Foi também particularmente importante consolidar o redimensionamento dos efetivos, pressupondo a sua adequação a um esforço padrão em termos de carreiras (para oficiais, sargentos e praças) e de modalidades de prestação de serviço (quadro permanente e regimes de voluntariado e de contrato). Neste sentido, e como preconiza a LOBOFA, está a ser finalizado o diploma legal que fixa os efetivos para o ano de Quanto ao dispositivo, houve uma clara aposta na concepção de unidades comuns de apoio, racionalização e rendibilização conjunta de infraestruturas, sinergias que libertam verbas para a área operacional. A Reforma Defesa 2020 continuará e, quando concluída, traduzirse-á numa melhoria de processos e num reforço do produto operacional das Forças Armadas. Agora, os nossos esforços estão concentrados no EMFAR, na adequação do projeto de Lei de Programação Militar (LPM) a uma política de investimento público a médio prazo (a três quadriénios), com base no planeamento estratégico da NATO e na estratégia orçamental do Estado e, ainda, no desenvolvimento de uma Lei de Programação das Infraestruturas Militares (LPIM) que vá ao encontro do esforço já efetuado e das necessidades emergentes. Realça-se, a este propósito, o significativo investimento já efetuado nas Pandur e outro, igualmente avultado, que se seguirá, para dotar o Exército de modernas viaturas táticas 4x4. É justo realçar que esta reforma só tem sido possível com os contributos e os pareceres das chefias militares, sinal evidente do

9 9 elevado nível de compromisso assumido por todos neste processo, complexo mas imperativo. Minhas Senhoras e meus Senhores, Nada disto se faz sem preservar o moral dos militares. E o Ministério da Defesa Nacional tem tido uma especial preocupação com este aspeto, tratando de forma diferente o que é diferente. Consideramos que as promoções são um fator essencial na manutenção dessa condição. Por isso mesmo, e pelo terceiro ano consecutivo, o Governo autorizou as promoções nas Forças Armadas em A responsabilidade das promoções cabe, em primeira linha, às chefias militares e o Governo encarregou-se de encontrar soluções para as viabilizar no Orçamento de Estado, documento onde passou a estar assegurado para a Defesa Nacional um valor equivalente ao intervalo de 1 a 1,2 por cento do nosso Produto Interno Bruto. Minhas Senhoras e meus Senhores, Na qualidade de Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, quero terminar reafirmando o meu apreço e a minha total confiança nos homens e mulheres que servem abnegadamente o Exército Português.

10 10 Estou certa de que o Vosso desempenho é a garantia de que continuarão a merecer a confiança dos portugueses, pelo profissionalismo, determinação e eficácia que têm demonstrado. Só com o contributo de todos homens e mulheres; oficiais, sargentos, praças e civis será possível preparar o Exército para os desafios de amanhã. Seja qual for a Vossa função e a Vossa missão, a cada um de Vós, enquanto militar, cabe um papel fundamental no futuro de Portugal.