CRIPTORQUIDISMO EM EQÜINOS: ANÁLISE DE 61 CASOS
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- Miguel Brezinski Lacerda
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1 CRIPTORQUIDISMO EM EQÜINOS: ANÁLISE DE 61 CASOS Cryptorchidism in horses: analysis of 61 cases SILVA, L.C.L.C. 1 ; FAVARETTO, R.M. 2 ; MICHIMA, L.E.S. 3 ; ZOPPA, A.L.V. 1 ; BACCARIN, R.Y.A 4.; FERNANDES, W.R Professor Doutor do Departamento de Cirurgia FMVZ-USP 2- Médico Veterinário Residente HOVET-USP 3- Pós-graduanda do Departamento de Clínica Médica FMVZ-USP 4- Professor Doutor do Departamento de Clínica Médica FMVZ-USP RESUMO: INTRODUÇÃO: O criptorquidismo é uma afecção congênita comum em eqüinos, onde ocorre a retenção de um ou ambos os testículos por sua via normal de migração até o escroto (ARIGHI; BOSU, 1989; COLLIER, 1980; KNOTTENBELT et al., 2004; MUELLER; PARKS, 1999; SHIRA; GENETZKY, 1982). No embrião eqüino, os testículos diferenciam-se na região sublombar do abdômen, e devem migrar da cavidade abdominal para o escroto entre o nono e o décimo-primeiro mês de gestação, geralmente encontrando-se no escroto antes do nascimento (LEIPOLD et al., 1986; TROTTER, 1988). A migração testicular é um processo associado com o crescimento das regiões lombar, inguinal e abdominal, enquanto que o gubernáculo, ligamento próprio do testículo e ligamento da cauda do epidídimo sofrem um processo de retração (LEIPOLD et al., 1986). Alterações na morfologia dos testículos fetais dos eqüinos também são importantes no processo de migração. Os mesmos aumentam de tamanho até o oitavo mês de gestação, e sofrem uma redução de sua massa em aproximadamente 40% no último mês de gestação, por influência de hormônios maternos (COLLIER, 1980; COX, 1992b; LEIPOLD et al., 1986). Essa redução de tamanho testicular facilita sua passagem pelo canal inguinal. Fatores hormonais e mecânicos são responsáveis por coordenar a migração testicular, mas seu mecanismo preciso permanece incompletamente esclarecido (ASHDOWN, 1963; COX, 1992b). O criptorquidismo pode ser classificado como abdominal, quando o testículo não passou pelo canal inguinal, permanecendo no abdômen, ou inguinal, quando o testículo passou pelo canal vaginal mas não alcançou o escroto (CORYN et al., 1981; COX; EDWARDS; NEAL, 1979, MAXWELL, 2005, O CONNOR, 1971; STICKLE; FESSLER, 1978).
2 Alguns testículos inguinais podem migrar ao escroto espontaneamente com o avanço da idade (entre 2 e 4 anos de idade), e a remoção do testículo contra-lateral não é necessária para que isso ocorra (ARIGHI; BOSU; RAESIDE, 1986; COX; EDWARDS; NEAL, 1979). Essa condição geralmente é unilateral, e é chamada de retenção inguinal temporária, sendo que em 75% dos casos o testículo direito é o acometido (COX, 1992b). Apesar da farta bibliografia sobre o criptorquidismo em eqüinos, essa afecção ainda não é completamente compreendida, e estudos retrospectivos têm auxiliado no esclarecimento de diversos aspectos da condição. MATERIAL E MÉTODOS: Foram estudados 61 casos de criptorquidismo em eqüinos diagnosticados no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, entre o período de 1998 a Para o diagnóstico, diversos procedimentos foram realizados. Após a avaliação da anamnese e realização de exame físico geral, realizou-se exame físico específico, que na maioria das vezes consistiu-se da observação do comportamento do animal, inspeção da região escrotal, palpação da região inguinal externa, palpação transretal do anel inguinal profundo e estruturas adjacentes, e à procura de um testículo abdominal, ultra-sonografia trans-abdominal sobre o canal inguinal, e laparoscopia. Nem todos os animais foram submetidos a todos estes procedimentos, já que uma vez localizado o testículo retido, o exame era dado como encerrado. Os eqüinos com retenção testicular foram classificados em criptorquídicos inguinais unilaterais, inguinais bilaterais, abdominais unilaterais e abdominais bilaterais. Em todos os casos recomendou-se como tratamento a orquiectomia bilateral. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa estatístico MINITAB v. 13.0, adotando nível de significância de 5% (p=0,05) para os testes de inferência. RESULTADOS: IDADE AO DIAGNÓSTICO: Dos 59 casos em que havia registro da idade do animal no momento do diagnóstico, a mesma variou de 2 a 20 anos, sendo que a média de idade da população foi 5 anos. Dos casos de criptorquidismo abdominal com registro de idade (n= 37), a média de idade foi 5,2 anos, e dos casos de criptorquidismo inguinal com registro de idade (n= 22), a média de idade foi de 4,7 anos, não havendo diferença significante entre as mesmas (p=0,605) RAÇA: A Tabela 1 informa a distribuição do criptorquidismo por raça. TABELA 1: Distribuição dos eqüinos criptorquídicos por raça. RAÇA NÚMERO E PORCENTAGEM DE CASOS Mangalarga Marchador 12 (19,67%)
3 Quarto de Milha 9 (14,75%) Sem Raça Definida 9 (14,75%) Árabe 6 (9,84%) Lusitano 6 (9,84%) Brasileiro de Hipismo 5 (8,20%) Andaluz 3 (4,92%) Paint Horse 2 (3,28%) Puro Sangue Inglês 2 (3,28%) Outras Raças 7 (11,48%) TOTAL 61 (100%) QUEIXA DO PROPRIETÁRIO: Dos 27 casos onde havia registro de queixa pelo proprietário, em 81,5% (n= 22) uma das queixas foi a de comportamento de garanhão; em 37% (n= 10) foi a de hemicastração (retirada somente do testículo escrotal, mantendo-se o criptorquídico), em 11,1% (n= 3) foi a de ausência de um ou ambos os testículos escrotais. MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Em 33 casos havia registro do método de diagnóstico, sendo 13 casos de criptorquidismo inguinal e 20 casos de criptorquidismo abdominal. Os métodos de diagnóstico utilizados nos casos de criptorquidismo inguinal e abdominal encontram-se citados nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. TABELA 2: Método de diagnóstico dos casos de criptorquidismo inguinal MÉTODO DIAGNÓSTICO NÚMERO E PORCENTAGEM DE CASOS Palpação externa do testículo inguinal 6 (46,1%) Ultra-sonografia inguinal 5 (38,5%) Laparoscopia 2 (15,4%) TOTAL 13 (100%) TABELA 3: Método de diagnóstico dos casos de criptorquidismo abdominal MÉTODO DIAGNÓSTICO NÚMERO E PORCENTAGEM DE CASOS Palpação transretal do testículo abdominal 7 (35%) Laparoscopia 5 (25%) Palpação transretal do anel vaginal fechado 4 (20%) Histórico + ausência de testículo na ultra-sonografia inguinal 4 (20%) TOTAL 20 (100%) DIAGNÓSTICO: A ocorrência da retenção testicular encontra-se esquematizada na Tabela 4. TABELA 4: Lado de retenção testicular X Localização do testículo retido (número e porcentagem) de cavalos com criptorquidismo Lado de Retenção Direito Esquerdo Bilateral Total Localização Inguinal 12 (19,7%) 7 (11,4%) 3 (4,9%) 22 (36,1%)
4 Abdominal 15 (24,6%) 18 (29,5%) 6 (9,8%) 6 (9,8%) Total 27 (44,3%) 25 (41,0% 9 (14,7%) 61 (100%) O criptorquidismo inguinal ocorreu 36,1% dos casos (n= 22), e o abdominal em 63,9% (n= 39), e esta diferença foi significante (p=0,001). Em 85,3% dos casos o criptorquidismo foi unilateral (n=52) e em 14,7% foi bilateral (n=9), também havendo diferença estatística significante entre ambos (p<0,001). Dos casos de retenção unilateral, 51,9% foram do testículo direito (n=27) e 48,1% do esquerdo (n=25), não havendo diferença estatística significante (p= 0,695). Dentre os casos de criptorquidismo inguinal, 31,8% (n=7) foram de retenção do testículo esquerdo, 54,6% (n=12) do direito e em 13,6% a retenção foi bilateral (n=3). Dos casos de criptorquidismo abdominal, em 46,1% o testículo retido foi o esquerdo (n=18), em 38,5% o direito (n=15), e em 15,4% a retenção foi bilateral (n=6). Não houve diferença estatística significante entre a retenção do testículo direito e esquerdo, tanto no criptorquidismo inguinal (p=0,118) quanto no abdominal (p=0,458). TRATAMENTO: Em 57 animais (93,4 %) foi realizado como tratamento a orquiectomia do(s) testículo(s) retido(s). Nos casos de criptorquidismo unilateral em que o testículo escrotal contra-lateral estava presente, este era retirado. Em 4 animais (6,6 %) não foi realizado nenhum tratamento, já que os mesmos foram encaminhados ao Hospital Veterinário somente para fins de diagnóstico. Dos 33 eqüinos com criptorquidismo abdominal unilateral, 32 receberam tratamento, que encontra-se detalhado na Tabela 5. TABELA 5: Método de criptorquidectomia nos casos de retenção testicular abdominal unilateral. MÉTODO NÚMERO E PORCENTAGEM DE CASOS Laparoscopia em estação 21 (65,6%) Laparoscopia em decúbito 8 (25%) Acesso inguinal 2 (6,25%) Acesso parainguinal 1 (3,1%) TOTAL 32 (100%) Todos os casos de criptorquidismo abdominal bilateral receberam tratamento (6 casos), sendo que o mesmo foi a excisão dos testículos retidos por laparoscopia em decúbito dorsal em todos os animais (100 %). Dos 19 casos de criptorquidismo inguinal unilateral, 17 receberam tratamento (89,5 %), sendo esse a criptorquidectomia por acesso inguinal em todos estes animais (100 %). Dos 3 casos de criptorquidismo inguinal bilateral, 2 receberam tratamento (66,6 %), sendo esse a retirada cirúrgica dos testículos retidos por acesso inguinal em ambos os animais (100 %). DISCUSSÃO:
5 O diagnóstico de criptorquidismo, e conseqüentemente, seu tratamento foram realizados numa idade precoce na maioria dos casos, assim como em outros estudos (STICKLE e FESSLER, 1978; CORYN et al., 1981; HAYES, 1986; CATTELAN et al., 2004). Animais das raças Mangalarga Marchador e Quarto de Milha foram os mais freqüentemente acometidos pelo criptorquidismo. Cattelan et al. (2004) também encontraram uma maior ocorrência da afecção nas raças Quarto de Milha e Mangalarga. Stickle e Fessler (1978) e Hayes (1986) encontraram uma grande ocorrência do criptorquidismo em cavalos da raça Quarto de Milha. Cattelan et al. (2004) afirmam que a distribuição racial entre os casos de criptorquidismo pode ser o resultado da ocorrência das raças nas regiões próximas aos centros de referência, não refletindo necessariamente uma predisposição racial para a afecção. A queixa mais freqüentemente relatada pelos proprietários foi a de comportamento de garanhão. Antigamente afirmava-se que eqüinos criptorquídicos possuíam este comportamento exacerbado devido à maior produção de testosterona pela gônada retida submetida a elevadas temperaturas. Atualmente sabe-se que a produção de testosterona é a mesma em eqüinos criptorquídicos e em garanhões com testículos escrotais (CORYN et al., 1981; BOSU; RAESIDE, 1986; ARIGHI; BOSU, 1989; COX, 1989; ARIGHI; CATTELAN et al., 2004), e que além da testosterona sérica, outros fatores ainda não esclarecidos também podem contribuir para o comportamento de garanhão (ARIGHI e BOSU, 1989; SEARLE et al., 1999). Diversos métodos têm sido propostos para o diagnóstico do criptorquidismo em eqüinos. Neste estudo, o método que mais diagnosticou a retenção inguinal foi a palpação profunda do anel inguinal superficial, encontrando-se o epidídimo ou o próprio testículo inguinal em 46,1% dos casos (n=6). Em um eqüino de porte médio, 3 ou 4 dedos podem ser introduzidos no anel inguinal superficial para procurar-se por estas estruturas (MUELLER; PARKS, 1999). Pressão digital profunda aplicada no sentido cranial para caudal, iniciando cranialmente ao anel inguinal superficial pode trazer o conteúdo do canal inguinal para uma localização mais palpável (COX, 1992a; TROTTER, 1988). A tranqüilização com xilazina ou detomidina e/ou flexão e abdução do membro posterior ipsilateral pode facilitar o exame da região inguinal (MUELLER; PARKS, 1999; TROTTER, 1988). Nos casos em que o testículo inguinal está muito próximo do anel inguinal profundo não é possível palpá-lo (CORYN et al., 1981). O CONNOR (1971) observou que de 31 eqüinos criptorquídicos inguinais, 16 eram palpáveis externamente na região inguinal, sendo que em alguns destes casos o testículo tornava-se palpável somente após o animal ter sido anestesiado. Quanto ao diagnóstico do criptorquidismo abdominal, muitos autores afirmam que o valor do exame retal à procura da palpação do testículo retido é tido como insignificante, pois o órgão é pequeno e flácido e tem grande amplitude de movimentação, sendo apenas ocasionalmente encontrado (ADAMS, 1964; COX, 1992a; O CONNOR, 1971; TROTTER, 1988; WRIGHT, 1960). No entanto, neste trabalho a palpação transretal à procura do próprio testículo abdominal foi o método que diagnosticou o criptorquidismo abdominal com maior freqüência (35% dos casos; n= 7). O testículo abdominal geralmente encontra-se próximo do anel inguinal profundo (TROTTER, 1988). É
6 importante lembrar que a maioria dos garanhões jovens não é acostumada com a palpação transretal, por isso a mesma deve ser realizada cautelosamente. Em certos casos a sedação do animal com xilazina ou detomidina pode ser indicada, tornando o procedimento mais seguro tanto para o veterinário quanto para o paciente. O predomínio do criptorquidismo abdominal sobre o inguinal foi significante estatisticamente. Acreditamos que esse predomínio possa ser reflexo da idade média dos animais avaliados (5 anos), suficiente para que os testículos com retenção inguinal temporária apresentem migração ao escroto, diminuindo o número de casos de criptorquidismo inguinal.. Além disso, atribuímos também o maior número de casos de criptorquidismo abdominal à casuística hospitalar, onde são encaminhados casos mais complicados para a correção cirúrgica a campo. Houve predomínio significante do criptorquidismo unilateral sobre o bilateral, assim como em outros estudos (CORYN et al., 1981; COX; EDWARDS; NEAL, 1979; O CONNOR, 1971; STICKLE; FESSLER, 1978). Dentre todos os casos de retenção unilateral, não houve diferença estatística significante entre a retenção do testículo esquerdo e direito, assim como afirmam outros autores (CATTELAN et al., 2004; SHIRA; GENETZKY, 1982; STICKLE; FESSLER, 1978; TROTTER, 1988). Nos casos de criptorquidismo abdominal, houve discreto predomínio da retenção do testículo esquerdo sobre o direito, sendo esta diferença não significante estatisticamente. A prevalência de retenção do testículo esquerdo nos casos de criptorquidismo abdominal foi encontrada por outros autores (ARIGHI; BOSU; RAESIDE, 1986; CATTELAN et al., 2004; COX; EDWARDS; NEAL, 1979; O CONNOR, 1971; STICKLE; FESSLER, 1978), e pode ser atribuída ao fato de que no momento da descida testicular normal, a regressão do testículo fetal hipertrofiado é mais lenta no lado esquerdo. O testículo esquerdo, estando maior que o direito, possui maiores chances de não atravessar o anel vaginal e ficar retido no abdômen (CORYN et al., 1981; SCHUMACHER, 2006). Nos casos de criptorquidismo inguinal, houve predomínio da retenção do testículo direito sobre o esquerdo, mas não houve diferença estatística entre ambos. Alguns autores afirmam que no criptorquidismo inguinal, os testículos direito e esquerdo são igualmente acometidos (CORYN et al., 1981; COX, 1992b; KNOTTENBELT; HOLDSTOCK; MADIGAN, 2004). Outros encontraram um maior número de testículos criptorquídicos inguinais no lado direito (ARIGHI; BOSU; RAESIDE, 1986; SCHUMACHER, 2006; STICKLE; FESSLER, 1978). Schumacher (2006) acredita que o testículo direito, por ser menor que o esquerdo, possui maior probabilidade de ficar retido no canal inguinal, ao invés de no abdômen. Em todos os casos recomendou-se como tratamento a excisão cirúrgica dos testículos retidos e dos escrotais, quando presentes. A excisão cirúrgica dos testículos retidos é tida como o único tratamento definitivo para o criptorquidismo em eqüinos (KNOTTENBELT; HOLDSTOCK; MADIGAN, 2004; TROTTER, 1988). Nos cavalos criptorquídicos que possuem um testículo escrotal, o mesmo também deve ser retirado, já que existe a suspeita de que esta seja uma afecção hereditária (MERRIAM, 1972).
7 Na maioria dos casos de criptorquidismo abdominal unilateral, a criptorquidectomia foi através de laparoscopia com o animal em estação. Esta é uma técnica segura e minimamente invasiva para a remoção de testículos abdominais (FISCHER; VACHON, 1992; MAXWELL, 2005; MUELLER; PARKS, 1999; SILVA et al. 2000). As alças intestinais permanecem localizadas cranioventralmente na laparoscopia em estação, permitindo melhor visualização do anel vaginal quando comparada à laparoscopia em decúbito (FISCHER; VACHON, 1992; FISCHER, 1997; MUELLER; PARKS, 1999). É realizada com uma combinação de sedação e analgesia, (xilazina/ detomidina e butorfanol) e anestesia local nos locais onde serão feitos os portais laparoscópicos e instrumentais, eliminando assim os riscos associados à anestesia geral (HENDRICKSON; WILSON, 1997; SILVA et al., 2000). Um aspecto importante a ser levado em conta na decisão de se realizar a criptorquidectomia por laparoscopia com o animal em estação é o temperamento do animal. Caso o paciente não seja dócil, o mesmo pode apresentar uma reação brusca mediante um estímulo doloroso, colocando em risco o equipamento e a segurança do cirurgião (SILVA et al., 2000; TRUMBLE; HENDRICKSON, 2000). Nestes casos o mais recomendado é que se opte pela criptorquidectomia através de laparoscopia com o animal em decúbito. Em todos os casos de criptorquidismo abdominal bilateral, a excisão das gônadas retidas foi através de laparoscopia com o animal em decúbito. Apesar da necessidade de anestesia geral, esta técnica é indicada para os casos de retenção abdominal bilateral, já que fornece um fácil acesso a ambos os anéis vaginais, onde geralmente os testículos abdominais encontram-se próximos. Em todos os casos de criptorquidismo inguinal unilateral e bilateral que receberam tratamento, o mesmo foi a criptorquidectomia por acesso inguinal. Este acesso é realizado no paciente sob anestesia geral posicionado em decúbito dorsal. Após dissecção regional do canal inguinal, o testículo é procurado (COLLIER, 1980; MUELLER; PARKS, 1999). Testículos inguinais são rapidamente encontrados quando o anel inguinal superficial é exposto (SCHUMACHER, 2006). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. ADAMS, O. R. An improved method of diagnosis and castration of cryptorchid horses. Journal of American Veterinary Medical Association, v. 145, n. 5, p , ARIGHI, M.; BOSU, W. T. K. Comparision of hormonal methods for diagnosis of cryptorchidism in horses. Journal of Equine Veterinary Science, v. 9, n. 1, p , ARIGHI, M.; BOSU, W. T. K.; RAESIDE, J.I. Hormonal diagnosis of equine cryptorchidism and histology of the retained testes. Proceedings of the American Association of the Equine Practioners, v. 10, p , ASHDOWN, R. R. The anatomy of the inguinal canal in the domesticated mammals. Veterinary ecord, v. 75, n. 50, p , CATTELAN, J. W.; MARCORIS, D. G.; BARNABÉ, P. A.; URBINATI, E. C.; MALHEIROS, E. B. Criptorquidismo em eqüinos: aspectos clínico-cirúrgicos e determinação da testosterona sérica. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 56, n. 2, p , COLLIER, M. A. Equine cryptorchidectomy: surgical considerations and approaches. Modern Veterinarian Practice, v. 61, n.6, p , CORYN, M.; DE MOOR, A.; BOUTERS, R.; VANDEPLASSCHE, M. Clinical, morphological and endocrinological aspects of cryptorchidism in the horse. Theriogenology, v. 16, n. 4, p , COX, J. E. Cryptorchid castration. In: MCKINON, A.; VOSS, J. L. Equine reproduction. Pennsylvania: Lea & Febiger, 1992a, p COX, J. E. Developmental abnormalities of the male reproductive tract. In: McKINNON, A.; VOSS, J. L. Equine reproduction. Pennsylvania: Lea & Febiger, 1992b, p COX, J. E.; EDWARDS, G. B.; NEAL, P. A. An analysis of 500 cases of equine cryptorchidism. Equine Veterinary Journal, v. 11, n. 2, p , COX, J. E. Testosterone concentration in normal and cryptorchid horses: response to human chorionic gonadotrophin. Animal Reproduction Science, v. 18, p , FISCHER, A. T.; VACHON, A. M. Laparoscopic cryptorchidectomy in horses. Journal of American Veterinary Medical Association, v. 201, n. 11, p , 1992.
8 13. FISCHER, A. T. Laparoscopic management of the cryptorchid horse. Equine Veterinary Education, v. 9, n. 5, p , HAYES, H. M. Epidemiological features of 5009 cases of equine cryptorchism. Equine Veterinary Journal, v. 18, n. 6, p , HENDRICKSON, D. A.; WILSON, D. G. Laparoscopic cryptorchid castration in standing horses. Veterinary Surgery, v. 26, p , 1997.
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