Entrevista A Diálogo Do Chefe Do Estado-Maior Da Jamaica: General-De-Brigada Antony Anderson

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1 Entrevista A Diálogo Do Chefe Do Estado-Maior Da Jamaica: General-De-Brigada Antony Anderson O tópico mais importante discutido durante a Conferência de Segurança das Nações Caribenhas, sediada pelo Comando Sul dos Estados Unidos e Trinidad e Tobago em Port of Spain, em 23 e 24 de fevereiro, foi o combate ao tráfico ilícito... WRITER-ID 14 março 2011 Chefe da Defesa da Jamaica, o general-de-brigada Antony Anderson. (Diálogo Photo / Marcos Ommati) O tópico mais importante discutido durante a Conferência de Segurança das Nações Caribenhas, sediada pelo Comando Sul dos Estados Unidos e Trinidad e Tobago em Port of Spain, em 23 e 24 de fevereiro, foi o combate ao tráfico ilícito, um desafio transnacional que requer cooperação e parcerias transnacionais. Diálogo discutiu este e outros temas mais profundamente com o Chefe da Defesa da Jamaica, o generalde-brigada Antony Anderson, um dos apresentadores do evento. Quais são as principais preocupações quanto à segurança na Jamaica atualmente?

2 Precisamos dar continuidade a nosso processo de redução da criminalidade. Precisamos também garantir a segurança de nosso espaço marítimo e ter certeza de que somos devidamente capazes de responder a uma ampla gama de contingências. Tudo aquilo que se refere às questões de segurança que surgem com um desastre natural, até as questões provenientes de uma pandemia, as questões de criminalidade e segurança pública. São muitas prioridades Infelizmente você não escolhe o que lhe acontece, você só pode escolher como se preparar para lidar com isto. O que as Forças Armadas estão fazendo para lidar com essas questões? As Forças Armadas fizeram um balanço da defesa em 2006 que mostra claramente os papéis que deverão ser assumidos. Esses papéis incluem nossa estratégia de segurança nacional, que é uma atribuição do Governo. Nós levantamos as capacitações de que precisamos e então, é claro, analisamos as capacitações que temos, e as lacunas que devemos preencher, determinando como as preencheremos. Quando você faz realmente uma análise, surge uma série de capacitações que devemos ter e que podem envolver mais mudanças estruturais, mais mudanças doutrinárias e, evidentemente, aqueles fatores associados às despesas reais e ao apoio orçamentário, como equipamentos e infraestrutura. Assim sendo, quando você estuda os fatores que lhe permitem uma capacitação, a coisa mais importante é decidir o que deverá ser feito, e o que você precisa fazer para concretizá-lo. O senhor declarou na conferência: Já ultrapassamos o ponto em que pensávamos que os militares nada tinham a ver com o cumprimento da lei. Esta é uma atribuição dos militares. Por favor, fale um pouco mais sobre esta declaração: Eu fiz este comentário no contexto do fato de que para um estado pequeno não será possível evitar a participação das Forças Armadas, quando o problema ultrapassar a capacidade da Polícia por uma série de razões. Admitindo isto, é preciso passar da questão da relutância e assumir que é a realidade, e como podemos melhor cumprir esta missão. Esta é uma das missões que temos, e foi neste contexto que eu fiz aquela declaração. Ao longo dos anos, vimos desenvolvendo uma boa sinergia com nossa força policial, e eu acho que tem sido uma boa sinergia, visto que realizamos muitos trabalhos conjuntos, mas nos bastidores também damos muito suporte.

3 Como o senhor está trabalhando com a Polícia para combater o tráfico ilícito e a disseminação das organizações criminosas transnacionais? Estamos agindo de diversas maneiras: através do apoio direto com soldados e patrulhamento conjunto, e participando de toda sorte de ações policiais, que podem ser a necessidade de postos de controle, mas apenas na frente deste controle. Na retaguarda, fornecemos nossa capacidade de planejamento e a levamos para o ataque às situações que a Polícia pode enfrentar ou que podemos enfrentar em conjunto, e para isto realizamos o treinamento conjunto. Oferecemos treinamento e desenvolvimento para a Polícia e com a Polícia, e assim por este lado, pelo lado do desenvolvimento da capacidade humana de assumir novos desafios, damos apoio à Polícia, da mesma forma em que apoiamos com a inteligência. O que pode ser feito para evitar que surjam novos líderes de quadrilhas? Posso dizer que já dobramos a esquina. Não se tratava apenas de confiança na Polícia, tratava-se de confiança pública, da sociedade realmente querendo e reconhecendo que é preciso mudar. Suas forças policiais e de segurança não podem realmente lidar com este assunto sem o apoio da sociedade, e eu acho que há vozes na sociedade que agora a incentivam a continuar. Acho que a Polícia tem uma energia renovada. Suas lideranças, pelo que sei, são de primeira categoria, e elas estão fazendo tudo certo. Ainda demorará um pouco para que isto atinja a força toda, mas já se pode perceber uma nova energia e como as coisas estão sendo enfrentadas e, se for possível continuar assim, então eu acho que poderemos realmente virar a mesa. Evidentemente, por outro lado, existe uma parte do ambiente social que não está a nosso alcance, tal como o acesso ao emprego e outros temas exclusivamente sociais que devem ser abordados também para que se possa fazer face ao problema. Que benefício traz o trabalho com os outros países da região e com os Estados Unidos? Essas ameaças são consideradas transnacionais por natureza e, portanto, a resposta deve ser transnacional para que se possa enfrentar totalmente a situação. Grande parte do sucesso no combate ao crime transnacional e organizado são as investigações transnacionais e as abordagens transnacionais organizadas. Se você procurar as origens desse sucesso, encontrará as parcerias que o tornaram possível. O que acho que precisamos fazer é estabelecer isto como uma forma normal de operação, onde se pode trocar informações e apoiar as operações mútuas, porque eu não acho que exista um só desses países a que nos referimos que deseje ter problemas com o crime organizado. É realmente o caso de fortalecermos as estruturas entre as nações para que a extensão do problema com o crime organizado transnacional seja definida. O senhor acha que a Iniciativa para a Segurança da Bacia do Caribe (CBSI) facilitará esta cooperação regional?

4 Ela deve facilitar devido à maneira como funciona; é uma iniciativa de segurança multilateral. Quanto ao compromisso dos EUA, trabalhar de forma multilateral é algo relativamente recente. Tradicionalmente temos uma série de ações bilaterais com países ou grupos específicos, mas a CBSI procura alcançar um grupo mais abrangente. Como acontece com qualquer coisa no estágio inicial, ela passará pela fase de adaptação, mas já existe no CARICOM uma atividade multilateral significativa. Existem estruturas adequadas para segurança e providências, tratados e legislação para apoiar tais tratados e estruturas, meios de inteligência que compartilham mecanismos para sistemas avançados de passageiros e carga, comitês importantes para as chefias das agências de segurança. Assim sendo, existe uma estrutura. Eu acho que a CBSI, tendo agora decidido que o Secretariado ficará com a agência do CARICIM, conseguirá atingir uma sinergia que valorizará as estruturas já existentes, ao invés de criar estruturas paralelas, e por isto eu acho que ela facilitará nosso processo no decorrer do tempo. Com o que a Jamaica está contribuindo? Com aquilo que já oferecemos à região há muito tempo. Damos treinamento para a região de diversas maneiras, desde o treinamento das equipes juniores até os oficiais de nível médio, ao treinamento de inteligência, treinamento de aviação, e também o suporte de diversas maneiras que damos aos outros países da região. Vimos fazendo isto há algum tempo e continuaremos por mais algum tempo. E também talvez tenhamos um pouco mais de experiência em operações conjuntas com a Polícia do que a maioria das populações. Diversos países só começaram a fazer isto nos últimos 3 a 5 anos; mas nós já o fazemos há 35 anos. É importante compartilharmos nossa experiência para que eles não tenham que trilhar um caminho mais longo, eles não têm tempo para isto. Precisam ser eficientes agora, e sua situação está evoluindo rapidamente. E com isto há uma demanda maior de atenção por parte dos militares para o que era essencial e tradicionalmente um assunto da Polícia. Como o senhor vê o futuro da Jamaica? Acho que estamos bem preparados como país para vencer a luta contra o tráfico ilícito. Basta que consigamos galvanizar a disposição de todas as partes necessárias para vencermos a luta e darmos um fim a ela. A capacidade está onde se consegue agir para alcançar um objetivo. Acho que somos capazes, porém, como em tudo o mais, são as circunstâncias que determinam como devemos agir. Vamos ver como as coisas vão se desenrolar. Até agora, estamos no caminho certo. Continuaremos nesta direção. Já se sabe o que deve ser feito do ponto de vista socioeconômico, e esta área está recebendo atenção. Dependerá de como coordenaremos toda esta atenção e de como manteremos nossa disposição tanto socialmente, como país, quanto politicamente, através da liderança. Ainda que um país vença esta luta através da normalização de sua situação interna, ele não continuaria vulnerável?

5 Existem alguns fatores quanto às pessoas envolvidas no combate à criminalidade transnacional que requerem uma estrutura e uma legislação robustas para evitar coisas tais como a corrupção, ou para estabelecer mecanismos que permitam às pessoas contar o que sabem e permanecerem protegidas e seguras. Todos os seus problemas desaparecerão? Certamente não, porque eles evoluem e as coisas mudam. Em uma região, existem grandes disparidades e capacidades para lidar com esses problemas, mas na Jamaica sempre mantemos a mão estendida. Mesmo tendo enormes problemas internos, sempre estendemos uma mão para o Caribe. O Haiti foi um exemplo, pois estávamos lá nas primeiras 48 horas do terremoto. Não apenas colaboramos nas buscas e resgates, mas também enviamos cirurgiões ortopédicos. Para um país pequeno como o nosso, conseguimos atender cinquenta mil famílias e transportar 500 toneladas de suprimentos de ajuda, o que mostra que temos um histórico de apoio à região. Copyright 2017 Diálogo Americas. All Rights Reserved.