Programa de trabalho da Presidência Portuguesa para o Conselho Ecofin
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- Iago Ramalho Garrau
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1 Programa de trabalho da Presidência Portuguesa para o Conselho Ecofin A Presidência Portuguesa na área dos Assuntos Económicos e Financeiros irá centrar-se na prossecução de três grandes objectivos, definidos em conjunto com a Presidência Alemã e com a futura Presidência Eslovena: - Assegurar uma gestão eficaz e eficiente da Política Económica - Melhorar a qualidade das Finanças Públicas na União Europeia - Avançar no sentido da plena realização do Mercado Interno, em particular no que diz respeito aos Serviços Financeiros e à Fiscalidade Pretendemos assegurar uma acção estratégica da UE em torno destes objectivos-chave, contribuindo para promover o crescimento económico e o emprego num contexto de alterações demográficas e de globalização. Para atingir estes objectivos estratégicos, a Presidência Portuguesa definiu as seguintes prioridades para o Conselho Ecofin no segundo semestre de 2007: Orientar a Política Económica para o crescimento e a estabilidade Alargamento da área euro Para além de eventuais pedidos de adesão ao Mecanismo de Taxas de Câmbio II, é de esperar o alargamento da área Euro à medida que mais países venham a evidenciar uma evolução macroeconómica estável e um elevado grau de convergência sustentável, satisfazendo os requisitos para a adopção do euro. 1
2 Com base na avaliação rigorosa do cumprimento dos critérios definidos no Tratado que instituiu a Comunidade Europeia, sustentada por Relatórios de Convergência da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, a Presidência Portuguesa assegurará, de forma empenhada, os procedimentos necessários para acolher na área Euro os Estados-Membros que venham a satisfazer esses critérios. Neste âmbito, o Conselho Ecofin de Julho deverá aprovar os actos legislativos que permitirão a Chipre e Malta adoptar o euro a partir de 1 de Janeiro de Implementação do Pacto de Estabilidade e Crescimento A Presidência Portuguesa continuará a promover a aplicação, de forma economicamente consistente, do Pacto de Estabilidade e Crescimento, nas suas vertentes correctiva e preventiva. Neste contexto, o enfoque na melhoria da qualidade das finanças públicas e da sua sustentabilidade de longo-prazo contribuirá para reforçar a coerência entre as políticas orçamentais e estruturais. Com base no trabalho da Comissão, o Conselho Ecofin analisará e promoverá também formas de melhorar a eficácia preventiva do Pacto. Qualidade das Finanças Públicas A melhoria da qualidade das finanças públicas nos Estados-Membros, através do reforço do enquadramento orçamental e da eficácia e eficiência da despesa e da receita públicas, é essencial para garantir a sustentabilidade das políticas económicas e sociais e um crescimento económico assente em bases sólidas. As tendências de globalização e da evolução demográfica tornam ainda mais premente a exigência de qualidade e sustentabilidade das políticas públicas. Neste contexto, atribuímos particular importância ao papel que administrações públicas modernas e eficientes desempenham no desenvolvimento de um ambiente empresarial competitivo em linha com a Estratégia de Lisboa - e do bem-estar dos cidadãos. O impacto do esforço de modernização na melhoria da eficiência do Estado e na promoção 2
3 da competitividade e do crescimento será objecto de análise específica no decurso da Presidência Portuguesa. Estratégia de Lisboa A revisão da Estratégia de Lisboa, realizada em 2005, colocou uma maior ênfase na necessidade de fomentar a produtividade e o emprego e simultaneamente no processo de implementação, quer a nível europeu, através do denominado Programa Comunitário de Lisboa, quer a nível nacional, através dos Programas Nacionais de Reforma. Durante a Presidência Portuguesa será dado um enfoque particular à avaliação dos programas nacionais de reforma, identificando os progressos obtidos designadamente no que diz respeito à reorientação de políticas no sentido do reforço da investigação e inovação, designadamente por parte das PME, melhoria do ambiente empresarial, investimento no capital humano, modernização dos mercados de trabalho, melhoria da eficiência energética e reforço do mercado interno. Paralelamente será lançado o debate sobre o novo ciclo da Estratégia de Lisboa, o que permitirá construir bases sólidas para a definição, sob Presidência Eslovena, das novas Linhas Directrizes Integradas, compreendendo as Orientações Gerais de Política Económica e as Orientações para o Emprego. Iniciativa Europeia para o Crescimento Como complemento a este vasto programa de reformas estruturais, na nossa presidência será realizada a revisão intercalar da Iniciativa Europeia para o Crescimento, proporcionando a oportunidade de enfatizar o papel do BEI como parceiro estratégico dos Estados-Membros no apoio às PME activas no domínio da inovação e da investigação e à qualificação do capital humano. 3
4 Legislar melhor para reforçar a competitividade A realização de progressos significativos no domínio da melhor regulamentação constitui um vector chave da Estratégia de Lisboa, sendo fundamental para estimular a produtividade, a competitividade, a concorrência e a inovação. Assim, dando seguimento aos trabalhos já desenvolvidos por anteriores Presidências, procuraremos incentivar um ambiente legislativo e regulamentar mais propício à actividade económica, minimizando os encargos administrativos para as empresas, em especial para as PME s. Com este objectivo, assumem particular relevância a simplificação de regras - sem pôr em risco a protecção de consumidores e investidores e a qualidade das estatísticas -, a modernização da legislação existente, bem como a análise custo-benefício a aplicar a novas iniciativas legislativas. Avançar na Plena Realização do Mercado Interno Europeu A realização do Mercado Interno é um vector chave do desenvolvimento da União Europeia. Uma política económica conducente ao aprofundamento da concorrência, designadamente no sector dos serviços e nas indústrias de rede, contribuirá de forma decisiva para ganhos de produtividade e para uma maior eficiência das economias. Com base no relatório a apresentar pela Comissão, o Conselho Ecofin dará o seu contributo para a reavaliação da estratégia para o Mercado Interno, tendo por objectivo assegurar uma Europa competitiva à escala global. Fiscalidade No domínio da fiscalidade, a Presidência portuguesa pretende dar um impulso particular à definição de uma estratégia de âmbito comunitário de combate à fraude e evasão fiscais. A redução da fraude inscreve-se nos objectivos da Estratégia de Lisboa, sendo, por um lado, determinante para salvaguardar as finanças públicas dos Estados-Membros e a consequente capacidade de prossecução do interesse público e, por outro lado, 4
5 permite assegurar melhores condições concorrenciais aos operadores económicos europeus, contribuindo, deste modo, para o reforço do mercado interno. Nesse sentido, a Presidência portuguesa procurará apoiar as iniciativas que visem reforçar este combate, designadamente através da melhoria dos mecanismos de cooperação administrativa e de assistência mútua entre as autoridades fiscais. O contributo da política fiscal para a melhoria da protecção do ambiente deve ser crescentemente valorizado. Deste modo, a Presidência portuguesa tenciona impulsionar o debate em torno de iniciativas que garantam a continuidade no esforço de combate às alterações climáticas e de cumprimento das metas comunitárias de redução global das emissões de gases com efeito de estufa, reconhecendo o impacto que, neste contexto, podem revestir as politicas e medidas fiscais, enquanto instrumentos privilegiados para a transformação de comportamentos poluidores e de rotinas de consumo. Neste contexto, e assumindo que os princípios e preocupações de ordem ambiental e energética devem estar particularmente presentes em sectores como o do transporte rodoviário de mercadorias e do parque automóvel particular, a Presidência portuguesa pretende, entre outras iniciativas, imprimir uma nova dinâmica aos trabalhos referentes à proposta de Directiva sobre tributação automóvel. Também o debate lançado pela Comissão sobre o contributo da fiscalidade indirecta para a prossecução dos objectivos comunitários relacionados com a eficiência energética e as alterações climáticas deverá merecer particular atenção. A modernização e a simplificação das normas comunitárias em matéria fiscal é um exercício indispensável não só para melhorar a eficácia das mesmas, reduzindo potencialmente as dúvidas e incertezas quanto à respectiva interpretação e aplicação, como também para assegurar uma perspectiva dinâmica do quadro jurídico, adaptando-o às novas realidades económicas que vão surgindo ao longo do tempo. A Presidência portuguesa promoverá a adopção do pacote IVA, bem como o debate de novas propostas legislativas que surjam durante o seu mandato no domínio da fiscalidade, designadamente no que respeita ao IVA e aos impostos especiais de consumo. 5
6 Durante a Presidência Portuguesa a Comissão irá apresentar um relatório de avaliação global do impacto da aplicação das taxas reduzidas de IVA, nomeadamente, sobre a criação de emprego, crescimento económico e bom funcionamento do mercado interno, esperando-se igualmente a apresentação de propostas legislativas. A Presidência portuguesa promoverá um debate construtivo no Conselho das iniciativas a apresentar pela Comissão nesta matéria. Integração dos Mercados Financeiros Mercados financeiros integrados e eficientes são essenciais para assegurar uma melhor afectação de recursos, proporcionando condições de investimento mais favoráveis. Nessa medida, são um elemento chave para reforçar a competitividade e o crescimento da economia europeia, salvaguardando-se simultaneamente a estabilidade financeira e uma adequada protecção dos consumidores. Neste contexto e tendo por objectivo alcançar progressos significativos na Estratégia da União Europeia para os serviços financeiros, a Presidência portuguesa tem como principais prioridades: - promover o acordo relativamente à Directiva Solvência II, que visa práticas de gestão de risco mais eficientes no sector segurador, fortalecendo a solidez financeira das empresas de seguro e a protecção dos tomadores e beneficiários; - reforçar a eficiência das estruturas regulamentares e de supervisão, em particular através da revisão do processo Lamfalussy - tendo por base o relatório final do Grupo de Acompanhamento Inter-Institucional, calendarizado para o Outono de 2007 bem como a convergência da supervisão e análise dos aspectos de longo-prazo; 6
7 - aprofundar o enquadramento relativo à estabilidade financeira, com o objectivo de reforçar a eficiência dos mecanismos de gestão e resolução de crises, designadamente através de uma adequada articulação entre autoridades; - reforçar a integração dos mercados no domínio da liquidação e compensação de valores mobiliários, acompanhando de perto a aplicação do recente Código de conduta e analisando as questões relacionadas com a segurança e solidez dos sistemas, com o projecto Target 2 Securities e com os progressos obtidos na eliminação de obstáculos jurídicos e fiscais; - promover a plena realização da Área Única de Pagamentos na União Europeia, apoiada no recente acordo entre o PE e o Conselho sobre a Directiva relativa aos serviços de pagamento no mercado interno, o que permitirá tornar os pagamentos no interior da União Europeia mais eficientes e seguros, potenciando assim os benefícios do mercado interno e da introdução do euro; - aprofundar a integração do mercado de serviços financeiros de retalho, por forma a que os consumidores usufruam plenamente das vantagens do mercado único; - desenvolver o potencial de crescimento da indústria de capital de risco a nível europeu, identificando, com base no contributo da Comissão, os obstáculos existentes, tendo em vista a definição de futuras iniciativas neste domínio; - aprofundar e alargar o diálogo regulamentar com os principais parceiros a nível mundial, tendo por objectivo promover a convergência regulamentar, a compreensão mútua e a abertura dos mercados financeiros; neste contexto, assume particular relevância o reconhecimento mútuo das normas contabilísticas, sem necessidade de reconciliação, no âmbito do diálogo transatlântico UE/EUA. 7
8 Orçamento comunitário No que diz respeito às questões orçamentais, constitui principal prioridade da Presidência Portuguesa garantir um acordo com o Parlamento Europeu que conduza à aprovação do Orçamento para 2008, por forma a permitir assegurar o financiamento das várias políticas e prioridades da União Europeia através do procedimento orçamental anual, no quadro da aplicação do Acordo Interinstitucional sobre disciplina orçamental e a sã gestão financeira. 8
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