Indutores de Resistência e Fungicidas na Cultura do Milho na Região dos Chapadões

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1 Indutores de Resistência e Fungicidas na Cultura do Milho na Região dos Chapadões Alfredo R. Dias (1), Edson P. Borges (1), Renato A. Guazina (1), Juliano A. R. Oliveira (1), Cleber B. Ferreira (1), Luciano Borgelt (1) e Alexandra B. de L. Abreu (1). (1) Fundação Chapadão, Caixa Posta 39, CEP , Chapadão do Sul MS, alfredomaesta@hotmail.com Palavra-chave: Controle químico, doenças de milho, Zea mayz Revisão Bibliográfica A cultura do milho sempre foi considerada uma planta rústica, mas com a expansão das fronteiras agrícolas e com a ampliação das épocas de plantio, alguns problemas começaram a surgir para a cultura, principalmente às doenças (PEREIRA et al., 2005). Desde a germinação das sementes no solo até o final do ciclo de desenvolvimento e reprodução, as plantas de milho estão sujeitas a várias doenças, alterando a fisiologia da planta, assim, resultando em baixos rendimentos na produção da cultura (BALMER, 1980). Em geral, entre os microrganismos causadores de danos no milho os fungos vêm se destacando. A utilização de fungicidas no Brasil na cultura do milho, já vem sendo pesquisada e utilizada em lavouras comercial há alguns anos para o controle das doenças. Fatores como aumento da incidência e severidade das doenças nas diferentes épocas de plantio contribuiu para o aumento da utilização dos fungicidas (SCHIPANSKI, 2008). Na busca de novas técnicas surgem termos como o controle alternativo de doenças de plantas, ou seja, indução de resistência, onde esta técnica consiste na ativação de mecanismos de defesa latentes existentes nas plantas por meio de substancias (GOZZO, 2003). Assim este trabalho teve por objetivo avaliar o uso de diferentes ativadores de resistência a doenças em tratamentos únicos e manejo com diferentes fungicidas no controle de manchas foliares na cultura do milho em condições de campo. Material e Métodos O experimento foi conduzido na safra 2008/2009, em área experimental da Fundação Chapadão, em Chapadão do Sul MS, tendo como coordenadas geográficas 18 41`33`` de latitude sul, e 52 40`45`` de longitude oeste, a uma altitude média de 810m. O hibrido de milho utilizado foi 30A04 BT, semeado no dia 20 de novembro de 2008, sendo que o sistema de produção utilizado foi o de semeadura direta, sendo o solo corrigido com 400 kg.ha -1 da formulação e com adubação de cobertura de 120 kg.ha -1 de super N. O delineamento e unidade experimental foram em blocos ao acaso com 4 repetições. As parcelas constituíram-se de 4 linhas, espaçadas 0,80 m entre si, e com comprimento de 7 metros, que resultam em 22,4 m 2, considerando área útil para a coleta dos dados as 2 linhas centrais de 4 metros. Em relação ao manejo fitossanitário, foi feito o tratamento de sementes com Cropstar ( ml/100 kg de sementes). Na dessecação utilizou-se Glifosate 4l.ha -1 + Aurora 50ml.ha -1 + Assist 0,5%. Como pós-emergente foi utilizado Atrazina 4 l.ha -1 + Sanson 150 ml.ha -1 + Assist 0,5%. Para controle de lagartas e percevejos, Engeo Pleno 200 ml.ha -1 ; Larvin + Certero (200 ml + 50g. ha -1 ) e Lannate + Dimilin (800 ml + 30g. ha -1 ). 754

2 O experimento foi constituído por 12 tratamentos (Tabela 1.), sendo tratamentos com aplicações de fungicida + adjuvante e tratamentos com combinações de fungicida + adjuvante + indutor de resistência, em aplicações únicas ou seqüenciais, sendo a primeira aplicação em estádio fenológico V6, a segunda aplicação em e a terceira aplicação em pré-pendão. Tabela 1. Tratamentos e doses (ml.pc.ha -1 ou g.pc.ha -1 ) utilizados no controle de Manchas foliares do milho. Dose Tratamento Ingrediente Ativo ml/g.pc.ha - Estádio da 1 Aplicação 1- Testemunha Bion Acibenzolar-S-Metílico 15 Pré-Pendão 3- Bion Acibenzolar-S-Metílico Bion Acibenzolar-S-Metílico Tilt >Tilt +Bion Propiconzole > Propiconzole +Acibenzolar- S-Metílico 400 > V6 > 6- SupaK Silicato de Potássio PrioriXtra +Nimbus Azoxystrobin+Ciproconazole Pré-Pendão 8- PrioriXtra +Nimbus Azoxystrobin+Ciproconazole PrioriXtra +Nimbus >Bion Azoxystrobin+Ciproconazole >Acibenzolar-S-Metílico 10-Bion Acibenzolar-S-Metílico >PrioriXtra +Nimbus >Azoxystrobin+Ciproconazole 11-PrioriXtra +Nimbus Azoxystrobin+Ciproconazole >SupaK > Silicato de Potássio 12-SupaK Silicato de Potássio >PrioriXtra +Nimbus >Azoxystrobin+Ciproconazole p.c. Produto Comercial. >Aplicação seqüencial >15 15 > > > O equipamento utilizado para a aplicação foi um pulverizador costal com pressão constante tipo CO 2, com seis pontas de pulverização, pressão de 3,0 bar e volume da calda referente a 150 l.ha -1, e condições climáticas favoráveis a aplicação como segue na Tabela 2. Tabela 2. Dados das pulverizações. Momento da Data Horas T( 0 C) UR(%) Bicos Pressão aplicação V h XR ,0 bar h40-11h XR ,0 bar Pré Pendão h-11h XR ,0 bar As avaliações de severidade foram realizadas com auxilio de escalas diagramáticas, na metade inferior e metade superior da planta. Com a utilização dos dados originais realizou-se a análise estatística Skott-Knot, 5% de probabilidade, utilizando o programa SASM-Agri (CANTERI, et al., 2001). 755

3 Resultados e Discussão Em avaliação realizada no dia 05/03/2009 (Tabela 3), em folhas basais da planta, notou-se que os tratamentos não diferiram estatisticamente do tratamento testemunha, sendo que o tratamento com o fungicida Priori Xtra + Nimbus (T8), com aplicações seqüenciais em e Pré-pendão, obteve a menor severidade em valores absolutos em relação aos demais, mostrando um melhor controle. O tratamento com indutor de resistência Bion (T2), com aplicação única em Pré-pendão, teve os maiores valores de severidade, superando a severidade dos tratamentos com aplicações iniciais em V6 (T4) ou (T3) e o tratamento testemunha. Na segunda avaliação realizada no dia 13/03/2009 (Tabela 3), em folhas basais da planta, o tratamento testemunha apresentou 60 % de severidade, sendo que os tratamentos que apresentaram melhor controle, a severidade variou entre 35% a 52,5% respectivamente, sendo os tratamentos T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11 e T12. Os tratamentos com severidade igual ou maior que a testemunha, foi obtida com aplicação de indutor de resistência Bion (T2, T3 e T4), não mostrando eficiência no controle das doenças, quando comparados aos tratamentos com aplicações de fungicidas e indutores de resistência. Tabela 3. Percentagem de severidade de manchas foliares (Helminthosporium turcicum - 54%, Helminthosporiuim maydis - 8%; Cercospora zea-maydis 22% e Stenocarpella macrospora 16%) no milho, folhas do baixeiro, em 05/03/09 e 13/03/2009. Chapadão do Sul-MS, safra 2008/09. Fundação Chapadão, Tratamentos Momento da aplicação Severidade (%)* 05/03/09 13/03/09 1- Testemunha - 50,0a 60,0a 2- Bion Pré-Pendão 52,5a 60,0a 3- Bion 42,5a 65,0a 4- Bion V6 > 45,0a 62,5a 5- Tilt >Tilt +Bion 22,5a 45,0b 6- SupaK 35,0a 50,0b 7- Priori Xtra + Nimbus Pré-Pendão 32,5a 45,0b 8- Priori Xtra + Nimbus 20,0a 45,0b 9- Priori Xtra +Nimbus >Bion 22,5a 42,5b 10- Bion >Priori Xtra +Nimbus 22,5a 45,0b 11-PrioriXtra + Nimbus > SupaK 37,5a 52,5b 12-SupaK >PrioriXtra + Nimbus 22,5a 35,0b Coeficiente de Variação (%) 27,82 16,14 Em avaliação realizada no dia 05/03/2009 (Tabela 4), em folhas acima da espiga, os tratamentos que apresentaram as menores severidades foram T5, T6, T7, T8, T9, T10 e T12 com severidade variando de 1,2% a 4% e diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Os tratamentos T2 e T3 apresentaram percentual de severidade igual ao tratamento testemunha, não mostrando eficácia no controle da doença. O tratamento T4 teve os maiores incides de severidade das doenças, superando o tratamento testemunha. Na segunda avaliação realizada em folhas acima da espiga no dia 13/03/2009 (Tabela 4), os tratamentos com aplicação de fungicida + indutor de resistência (T12 e T5), com exceção dos tratamentos T9 e T10, apresentaram as menores severidades diferindo 756

4 estatisticamente, mostrando uma melhor eficiência no controle quando comparados aos tratamentos com aplicações apenas com indutor de resistência (T2, T3 e T4) ou com apenas fungicidas (T7, T8 e T11). Tabela 4. Percentagem de severidade de manchas foliares (Helminthosporium turcicum - 54%, Helminthosporiuim maydis - 8%; Cercospora zea-maydis 22% e Stenocarpella macrospora 16%) no milho, folhas acima da espiga, em 05/03/09 e 13/03/2009. Chapadão do Sul-MS, safra 2008/09. Fundação Chapadão, Tratamentos Momento da aplicação Severidade (%)* 05/03/09 13/03/09 1- Testemunha - 12,5b 21,7a 2- Bion Pré-Pendão 12,2b 22,5a 3- Bion 12,5b 27,5a 4- Bion V6 > 16,0a 25,0a 5- Tilt >Tilt + Bion 2,0d 11,5b 6- SupaK 4,0d 20,5a 7- Priori Xtra + Nimbus Pré-Pendão 3,0d 18,0a 8- Priori Xtra + Nimbus 1,2d 21,7a 9- Priori Xtra + Nimbus > Bion 3,0d 18,0a 10- Bion >Priori Xtra +Nimbus 2,0d 20,5a 11-PrioriXtra + Nimbus > SupaK 8,0c 23,7a 12-SupaK >PrioriXtra + Nimbus 3,7d 11,0b Coeficiente de Variação (%) 26,99 23,45 Apesar do eficiente controle do complexo de manchas foliares proporcionadas no tratamento 5, a sua produtividade não teve diferença estatística do tratamento testemunha bem como os tratamentos com mistura de triazol e estrobilurina (Tratamentos 7 e 8), e nos tratamentos com uso de indutores de resistência a doenças apenas (Tratamentos 2, 3, 4 e 6), por outro lado a utilização de Bion e Supak associado ao manejo com fungicida PrioriXtra + Nimbus (Tratamentos 9, 10, 11 e 12), apresentaram as melhores produtividades diferindo estatisticamente dos demais tratamentos como pode se observar na Tabela 5. Tabela 5. Produtividade (sc.ha -1 ), com umidade dos grãos corrigida para 13% em função dos tratamentos. Chapadão do Sul-MS, safra 2008/09. Fundação Chapadão, 2009 Tratamentos Momento da aplicação Produtividade* (sc.ha -1 ) 1- Testemunha - 141,0b 2- Bion Pré-Pendão 143,0b 3- Bion 150,0b 4- Bion V6 > 150,0b 5- Tilt >Tilt + Bion 148,0b 6- SupaK 143,0b 7- Priori Xtra + Nimbus Pré-Pendão 147,0b 8- Priori Xtra + Nimbus 144,0b 9- Priori Xtra + Nimbus > Bion 160,0a 757

5 10- Bion >Priori Xtra +Nimbus 157,0a 11-PrioriXtra + Nimbus > SupaK 155,0a 12-SupaK >PrioriXtra + Nimbus 156,0a Coeficiente de Variação (%) 3,72 Conclusão Nas condições de campo em o experimento foi conduzido os indutores de resistência Bion e SupaK apresentaram potencial para serem inseridos no manejo do complexo de manchas foliares na cultura do milho, pois proporcionaram junto ao fungicida PrioriXtra as melhores produtividades. Quando Bion e SupaK, aplicados de maneira isolada ou independente do número de aplicações, ambos não proporcionaram ganhos relativos à testemunha tanto no controle quanto na produtividade. Revisão Bibliográfica BALMER, E. Doenças do Milho. Manual de Fitopatologia, São Paulo:Agrônomica Ceres, 2 ed., v. 2, p PEREIRA, O. A. P.; CARVALHO, R. V. de & CAMARGO, L. E A. Doenças do Milho (Zea mays). In: Ed. KIMATI, H. et al., Manual de Fitopatologia, São Paulo:Agrônomica Ceres, 4 ed., v. 2, p , SCHIPANSKI, C. A.; SILVA, O. C. da; RUTHES, E.; FREITAS, J. de; MICHELI, A. & GALLO, P. Efeito de aplicação de Fungicidas sobre o Controle das Doenças Foliares do Milho na Semeadura de Safrinha. In: Congresso Nacional de Milho e Sorgo, Londrina, p GOZZO, F. Systemic acquired resistance in crop protection: from nature to a chemical approach. Journal of Agricultural and Food Chemistry v.51, p , CANTERI, M. G., ALTHAUS, R. A., VIRGENS FILHO, J. S., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM - Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p