A relação entre a atividade física e rendimento escolar de crianças e adolescentes: uma revisão sistemática

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1 Nome do autor Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Projeto de Pesquisa A relação entre a atividade física e rendimento escolar de crianças e adolescentes: uma revisão sistemática TÍTULO DO PROJETO Autor: Iara Guedes, Rychard Oliveira e Thaísa Santos Orientadora: Msc. Mônica Vieira de Souza Projeto de pesquisa apresentado ao prof. como requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina do curso de das Faculdades Integradas de Patos FIP. Orientador(a): Brasília - DF 2014

2 Iara Guedes, Rychard Oliveira e Thaísa Santos A relação entre a atividade física e rendimento escolar de crianças e adolescentes: uma revisão sistemática Projeto de Pesquisa apresentado a Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de Licenciatura em Educação Física, como requisito parcial para a avaliação da disciplina no Semestre Orientadora: Msc. Mônica Vieira de Souza Assinatura do orientando Assinatura do orientando Assinatura do orientando Assinatura do orientador Brasília DF 2014

3 SUMÁRIO 1. Introdução Aspectos Metodológicos Métodos de busca e inclusão de artigos Critérios de inclusão dos artigos Estratégia de busca das fontes Criterio de avaliação das pesquisas Estratégia de coleta e síntese dos dados Discussão Considerações Finais Referências...12

4 1. INTRODUÇÃO A atividade física sempre existiu na história da humanidade. Estudos antropológicos e evidências históricas relatam a existência desta prática desde a cultura pré-histórica, como um componente integral da expressão religiosa, social e cultural (ANTUNES, 2006). Atualmente a identificamos como sendo qualquer movimento corporal muscular que gere de energia acima do nível de repouso diferente do exercício físico que também é uma forma de atividade física, porém, planejada, repetitiva, com orientação profissional (CASPERSEN, POWELL e CHRISTENSON, 1985). A prática de atividade física regular e a manutenção de níveis adequados de aptidão física têm sido reconhecidas por efeitos benéficos à saúde, sendo possível relacionar com a prevenção de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, osteoporose, entre outras. Nesse sentido, recentes achados sugerem que a prática regular de exercícios físicos pode influenciar positivamente o desempenho cognitivo em diferentes populações, incluindo crianças. (MEREGE FILHO, 2013; FARIAS et al, 2010). De acordo com Salguinho (2007), é crescente o interesse e a participação desportiva dos jovens, que cada vez mais, fazem da atividade física ou do desporto uma forma de lazer e de ocupação dos tempos livres. Sendo assim, a escola pode, desempenhar um papel relevante na conscientização dos seus alunos para os benefícios decorrentes da prática desportiva, implementando programas desportivos extracurriculares que despertem o interesse por essas práticas. Por sua vez, a prática de exercício físico na escola, nomeadamente no que diz respeito às atividades extracurriculares, como é o caso do desporto escolar, pode envolver os alunos, ajudá-los a identificarem-se mais com a comunidade educativa e, deste modo, levá-los também a obter resultados acadêmicos mais elevados (SOBRAL, 1996; SOBRAL 1993; MATOS 1988). Segundo Sobral, (1993), numa perspectiva pedagógica de educação para a saúde, a promoção de hábitos de vida saudável deve constituir um dos objetivos de qualquer sistema educativo, pois se entende que há mais do que benefícios imediatos, pois a escola deve assegurar, numa estratégia de longo prazo, a aquisição de atitudes, conhecimentos e competências motoras que garantam a autonomia e hábitos de atividade física em fases mais avançadas e nas quais os problemas de saúde se colocam.

5 Desta forma, entendemos que o desempenho escolar é uma experiência que o aluno vive e interpreta, além das situações nas quais este aluno se encontra em um momento de sua história escolar, envolvendo atitudes, condutas, construção da autoimagem, entre outros; podemos destacar o aspecto cognitivo dentro dos conteúdos escolares que envolvem percepção, atenção, memória, raciocínio, imaginação, linguagem e pensamento (PASIN, 2012; RANSDELL, 2001). Trabalhar a relação entre a atividade física e o rendimento escolar destes alunos, constitui um trabalho de pertinência teórica, tendo em vista que esta é uma área de informação escassa e muitas vezes inconclusivas e coloca em evidencia duas partes importantes do desenvolvimento das crianças: A atividade física, apresentada de diversas maneiras com seus benefícios e o rendimento acadêmico que é a avaliação do conhecimento na formação escolar (SALGUINHO,2007). O mesmo autor afirma que: Explorar a relação existente entre a prática desportiva e o rendimento acadêmico destes alunos, constitui assim um trabalho revestido de pertinência teórica, na medida em que, para além de contribuir para uma área de saber onde a informação é escassa e a maioria das investigações não apresenta resultados confluentes, coloca em jogo duas variáveis relevantes nesta etapa da vida: o desporto, pelos benefícios e o rendimento acadêmico que parece concretizar o sucesso escolar destes jovens, cujo projeto de vida assenta sobretudo na sua formação acadêmica. No Brasil, com o objetivo de avaliar o nível da aprendizagem de seus estudantes, sejam eles de caráter nacional, como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), ou de caráter transnacional, como o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA), teve como uma de suas diagnoses o fato de que a maioria dos alunos não atingiram o nível mínimo do aprendizado esperado para sua série escolar, e, portanto é comum que a reação no meio acadêmico e na sociedade em geral seja de preocupação, sendo inegável uma mudança da política educacional com relação a avaliação do desempenho de estudantes (OECD, 2010; INEP, 2012). Diante do diagnóstico de desempenho abaixo do esperado de grande parcela dos estudantes, verifica-se na literatura que educadores, pedagogos, psicólogos e demais profissionais da educação buscam explicações para as possíveis causas das dificuldades de aprendizagem (MEISTER e cols., 2001; PERES & MENEZES, 2007; RANSDELL, 2001; TOLEFFSON & CHEN, 1988).

6 Sendo a escola, por excelência, uma entidade de referência social, ela deve ser um veículo de promoção de comportamentos e valores socialmente relevantes (MOTA, 2001), tais como a prática de atividades físicas e desportivas. De fato, enquanto entidade transmissora de saberes e comportamentos, a escola pode consubstanciar em si uma forte possibilidade de associação para os comportamentos vivenciados na comunidade, particularmente no da promoção da atividade física entre os jovens (MOTA, 1997). Dentre os elementos que compõe a cognição está à função executiva, a qual é composta pelo sistema atencional, memória de trabalho, raciocínio e flexibilidade. Tanto a atenção quanto à memória compõem uma rede que se estabelece no momento da aprendizagem, portanto são pontos importantes a serem considerados quando há o intuito de melhorar o nível de aprendizagem do aluno (AHAMED et.al. 2007). Ao relacionar exercícios físicos e função executiva verificou-se uma melhora significativa nesta função nas crianças em idade escolar (AHAMED et al., 2007). Além disso, Budde et al. (2008) mostraram que a atenção e a concentração dos escolares melhoraram após a prática de exercícios coordenativos. Assim como, a atividade física crônica melhorou o desempenho em tarefas atencionais, em pré-escolares, como ficou demonstrado nos estudos de (CASTELLI et.al., 2007; HILLMAN et al., 2009). Dessa forma, o uso do exercício físico como alternativa para melhorar a função cognitiva parece ser um objetivo a ser alcançado, principalmente em virtude da sua aplicabilidade, pois se trata de um método relativamente barato, que pode ser direcionada a grande parte da população (ANTUNES, 2006). Assim, o objetivo da presente revisão é verificar a relação da prática de atividades físicas, no desempenho escolar de crianças e adolescentes.

7 2. Aspectos Metodológicos 2.1 Tipo de Estudo Trata-se de uma revisão sistemática, tida como uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre determinado tema. Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação (SAMPAIO e MANCINI, 2006). 2.2 Definição dos critérios de inclusão: Amostra com crianças e/ou adolescentes em fase escolar, saudáveis e sem distinção de sexo; Artigos publicados no máximo nos últimos 10 anos e Artigos de pesquisa primária. 2.3 Estratégias de busca das fontes Após a definição das perguntas e do objetivo da pesquisa, definimos os descritores (palavras-chave) e os operadores booleanos ( or e and ) para posteriormente iniciarmos a consulta combinada de descritores, palavras e limites nas bases de dados selecionadas (Medline, Scielo e Lilacs). As buscas foram feitas por dois pesquisadores diferentes. No medline para a pesquisa das referências relacionadas ao rendimento escolar, foram utilizados os termos school performance e cognitive performance, e para atividade física foram utilizados os termos physical activity, sports, sports training e school physical education no título dos estudos. No Scielo e Lilacs os temos foram: rendimento escolar, desempenho escolar e desempenho cognitivo combinados com atividade física, esportes, treinamento esportivo e educação física escolar. 2.4 Critérios de avaliação das pesquisas Após o filtro das buscas com as palavras-chaves nas três bases de dados, foram identificados 32 estudos; em seguida foi feita a análise de seus títulos (verificando se havia relação com o tema pesquisado), excluindo-se assim 15 artigos, dos 17 estudos que restaram, foi feita uma leitura minuciosa de seus resumos e excluídos mais 14 estudos, entre eles pesquisas de revisão ou que se encaixassem nos critérios de exclusão acima relacionados. Por fim, restaram 3 estudos que foram lidos e analisados na íntegra, sendo considerados válidos para esta pesquisa.

8 2.5 Estratégia de coleta e síntese dos dados A tabela 1 apresenta os artigos selecionados, nome do autor e ano de sua publicação, nome do periódico onde foi publicado e o titulo do artigo. Tabela 1: Identificação dos estudos selecionados. Identificação dos autores/ano, nome do periódico publicado e título do artigo. Nº do Artigo Autor/ano Nome do Periódico Título do artigo 01 Merege Filho, 2013 Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 02 Ahamed, 2007 Medicine and Science in Sports and Exercise 03 Castelli, 2007 Journal of Sport & Exercise Psychology Associação entre o nível de atividade física de lazer e o desempenho cognitivo em crianças saudáveis. School-based physical activity does not compromise children s academic performance. Physical fitness and academic achievement in 3rd 5th grade students Logo abaixo, a tabela 2 traz os dados coletados nos artigos utilizados como amostra, sendo eles: objetivo, tipo de estudo, idade dos avaliados, instrumento de avaliação, tipo de escola onde foi feito o estudo, principais resultados obtidos com o estudo, principais atividades esportivas realizadas pela amostra e a conclusão dos autores.

9 3. Discussão Infelizmente, este tema não parece ser de interesse da comunidade acadêmica, pois como podemos perceber em nosso referência teórico, o debate é bastante escasso e muitas vezes inconclusivo (SALGUINHO, 2007). De tal forma que mesmo pesquisando em diversas bases de dados, foram encontrados 3 artigos tratando diretamente sobre o assunto abordado. Corroborando com Salgadinho (2007), constatamos de acordo com a tabela 1, onde apresentamos de forma sistematizada a identificação dos estudos selecionados, que apenas um artigo foi encontrado em bases de dados nacionais e os outros dois em base de dados internacional, o que nos leva a crer que falta interesse por parte de estudiosos da área em pesquisar tais variáveis. Na Tabela 2 onde apresentamos os resultados dos artigos selecionados podemos observar que mesmo sendo unânime a discussão em torno da importância entre atividade física e rendimento escolar ainda não podemos tomar como uma conclusão, pois, estes resultados variam muito de criança para criança. Ahamed (2007) e Castelli (2007), observaram também que as crianças de 07 a 10 anos que apresentaram melhor forma física e são mais ativos, principalmente quanto a prática de exercícios aeróbios, apresentaram melhores resultados nos teste de desempenho acadêmico. Contudo, devemos ressaltar a melhoria da resposta cognitiva dada à prática de atividades extracurriculares e atividade de lazer, o que pode ser uma boa opção para as crianças, por ser uma atividade mais agradável de praticar, em um local diferente do ambiente escolar. Com as análises das tabelas podemos ver que as crianças que fizeram parte dos estudos realmente tiveram uma melhora relativa no desempenho escolar e cognitivo diretamente relacionado com a prática de atividade física, mas, infelizmente, devido a falta de informações conclusivas e base na literatura, não podemos de fato dizer que a atividade física exerce essa boa influencia sobre o desenvolvimento de crianças em fase escolar. Temos indícios, que é um bom começo para pesquisas futuras, que possam investir neste assunto de suma importância, que é o desenvolvimento das nossas crianças, e nada melhor que fazê-lo com saúde. Ainda devemos dar destaque a uma informação que obtivemos através da pesquisa, de Salgadinho, 2007 que ressalta que a atividade física influência de forma positiva, porém que a mesma prática de atividades em excesso, acaba atrapalhando o desempenho acadêmico, estabelecendo assim um parâmetro de 4,5 horas de atividades

10 extracurriculares semanalmente. O que nos leva a outra discussão que também deve ser estudada futuramente. Não se podendo tomar como verdade estas afirmações. 4.Considereções Finais Esta é uma área com grande campo a ser explorado, pois existem poucos trabalhos na literatura. Nosso estudo verificou que nos três artigos utilizados houve uma melhora significativa no desempenho escolar e/ou cognitivo, das crianças/adolescentes que praticavam algum tipo de atividade física, assistida ou não. Sugerindo assim, que crianças/adolescentes que praticam atividade física, parecem ter seus desempenhos escolares e cognitivos melhorados com a prática de atividade física. Contudo estes dados devem ser interpretados com cautela, devido às limitações (poucos artigos relacionados ao tema e com todos os artigos apresentando resultados não conclusivos), necessitando para tanto de pesquisas com maior rigor metodológicos e mais abrangentes para a realidade escolar brasileira.

11 5. Referências Bibliográficas AHAMED, Y., MACDONALD H., REED K., NAYLOR P. J., LIU-AMBROSE T., & MCKAY H. (2007). School-based physical activity does not compromise children s academic performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, 39(2), doi: /01.mss e ANTUNES, Hanna K.M.; ET AL (2006). Exercício físico e função cognitiva: uma revisão. Rev Bras Med Esporte. Niterói/RJ. V.12, nº 2. BUDDE, H., VOELCKER-REHAGE, C., PIETRAßYK,Y., K-KENDZIORRA, S., RIBEIRO, P., & TIDOW, G. (2008). Acute coordinative exercise improves attentional performance in adolescents. Neurosci Lett, 441(2), doi: /j.neulet CARDEAL, C.M. ET AL (2013). Efeito de um programa escolar de estimulação motora sobre desempenho da função executiva e atenção em crianças. Motricidade. Vila Real, v. 9, n. 3. CASPERSEN CJ, POWELL KE, CHRISTENSON GM (1985). Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public Health. CASTELLI, D. M., HILLMAN, C. H., BUCK, S. M., & ERWIN, H. (2007). Physical fitness and academic achievement in 3rd 5th grade students. Journal of Sport & Exercise Psychology, Vol.29(2), CHARLOT, B. (2000). Da relação com o saber: Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. CUNHA, C. A., SISTO, F. F. & MACHADO, F. (2007). Autoconceito e reconhecimento de palavras em crianças do ensino fundamental. Avaliação Psicológica, 6(2), FARIAS, Edson S.; CARVALHO, Wellington R. G.; GONÇALVES, Ezequiel M.; GUERRA- JÚNIOR, GIL (2010). Efeito da atividade física programada sobre a aptidão física em escolares adolescentes. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. Vol.12(2). MATOS, Z.; GRAÇA, A (1988). Criação de hábitos de actividade física regular: um objectivo central da educação física. In: BENTO, J.O.; MARQUES, A.T. Desporto saúde e bem-estar. Porto FCDEF/UP, p MEREGE FILHO, CARLOS ALBERTO ABUJABRA ET AL (2001). Associação entre o nível de atividade física de lazer e o desempenho cognitivo em crianças saudáveis. Rev. bras. educ. fís. esporte, São Paulo, v. 27, n. 3, Sept MEISTER, E. K., BRUCK, I., ANTONIUK, S. A., CRIPPA, A. C. S., MUZZOLON, S. R. B., SPESSATTO, A. E COLS. (2001). Learning disabilities: analysis of 69 children. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 59(2B), PASIN, ELIZABETH BOZOTI; PAI, MARIA DAS GRAÇAS VASCONCELOS; LANNES, DENISE ROCHA CORREA(2012). Associação entre fatores psicológicos e relacionais e o rendimento escolar no ensino fundamental. Aval. psicol., Itatiba, v. 11, n. 2, ago. 2012

12 PERES, E. M. & MENEZES, M. C. B. (2007). A implicação da relação professor-aluno na aprendizagem. Arquivos Mudi, 11(2), 636. RANSDELL, S. (2001). Predicting college success: the importance of ability and noncognitive variables.international Journal of Educational Research, 35, SALGUINHO (2007). Prática Desportiva e Rendimento Académico: Um estudo com alunos do Ensino Secundário, Coimbra Portugal. Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia, Universidade de Coimbra. SAMPAIO, R.F e MANCINI, M.C. (2007). Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência Científica. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, Vol. 11, Nº. 1, pag SISTO, F. F. & MARTINELLI, S. C. (2004). Escala de autoconceito infanto-juvenil (EAC- IJ). São Paulo: Vetor. STERNBERG, R. J. (2000). Psicologia cognitiva. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. TOLEFFSON, N. & CHEN, J. S. (1988). Consequences of teachers' attributions for student failure. Teaching and Teacher Education, 4(3),