Aula 6 - Obrigações Divisíveis Indivisíveis: Por Marcelo Câmara

Transcrição

1 Aula 6 - Obrigações Divisíveis Indivisíveis: Por Marcelo Câmara

2 texto Sumário:

3 texto 1. Obrigação Divisível: 1.1. Conceito: 1.2. Reflexos jurídicos: 2. Obrigação Indivisível: 2.1. Conceito: 2.2. Reflexos jurídicos:

4 texto Desenvolvimento:

5 1. Obrigação Divisível: CC arts. 257; 258; 260; 261 e 262: CC arts. 87; 88; 252 2º; 455; 776; 812; 830; 831; 858; 1.266; 1.272; 1.297; 1.326; 1.968; e

6 1.1. Conceito: Destaca Caio Mário da Silva Pereira (2008, p. 70) que obrigação divisível é aquela que, uma vez fracionada, suas partes não perdem as características essenciais do todo nem sofrem depreciação acentuada.

7 1.2. Reflexos jurídicos: Se a obrigação é divisível, cada credor só tem direito a uma parte, podendo reclamá-la, independentemente dos demais sujeitos. Por seu turno, cada devedor responde exclusivamente pela sua quota parte, liberando-se assim com o respectivo pagamento (art. 257, CC).

8 1.2. Reflexos jurídicos: Art Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

9 1.2. Reflexos jurídicos: Concursu partes fiunt (As partes se satisfazem pelo concurso). A pluralidade de sujeitos (ativo /passivo) faz com que nenhum destes possa exigir ou ser exigido senão o seu quinhão.

10 1.2. Reflexos jurídicos: Quanto ao objeto (prestação): O que interesse é o perdimento ou não das suas características (conteúdo econômico) quando for dividida. A contrario sensu, em ocorrendo, a prestação é indivisível. Ex: Uma produção agrícola é fracionável, sem perda de suas características.

11 2. Obrigação Indivisível: CC arts. 88; 258; 259; 260; 261; 262 e 263:

12 2.1. Conceito: Tratam-se de obrigações complexas com multiplicidade de sujeitos. De acordo com o Código Civil de 2002, temos, no art. 258, o que segue:

13 2.1. Conceito: Art A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.

14 2.1. Conceito: Assim, embora a (in)divisibilidade da prestação seja comumente confundida com a (in)divisibilidade do objeto (art. 87 e 88, ambos do CC), a confusão é descabida, uma vez que aquele conceito é, antes de tudo, jurídico e não material.

15 2.1. Conceito: Seção IV - Dos Bens Divisíveis Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.

16 2.1. Conceito: Seção IV - Dos Bens Divisíveis Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.

17 2.2. Reflexos jurídicos: Indivisibilidade X Solidariedade: São institutos diferentes. Embora em ambas cada devedor possa ser demandado pelo todo, ou cada credor esteja apto a receber o todo para posterior fracionamento com seus consortes. A solidariedade será estudada na aula 7.

18 2.2. Reflexos jurídicos: Tipos de Indivisibilidade: a) Física (ou material): b) Jurídica (ou legal): c) Convencional (ou contratual): d) Judicial:

19 2.2. Reflexos jurídicos: Tipos de Indivisibilidade: a) Física (ou material): Consequência da incapacidade física do seu fracionamento sem que ocorra perda da substancia. Ex: Entrega de animal. Restituição de coisa alugada (imóvel)

20 2.2. Reflexos jurídicos: Tipos de Indivisibilidade: b) Jurídica (ou legal): Consectário da lei. Ainda que seja possível fisicamente o seu fracionamento. Ex: Acervo hereditário não partilhado.

21 2.2. Reflexos jurídicos: Tipos de Indivisibilidade: c) Convencional (ou contratual): Resultam da volição das partes celebrantes. Embora plenamente divisível fisicamente. Ex: Dívida em dinheiro.

22 2.2. Reflexos jurídicos: Tipos de Indivisibilidade: d) Judicial: Determinada em sentença. Ex: Sentença (transitada em julgado) que determinou uma obrigação de indenizar de forma solidária à todos os envolvidos em um acidente.

23 2.2. Reflexos jurídicos: Da pluralidade de devedores e sub-rogação: Sendo indivisível a prestação, cada um dos co-devedores responde pela totalidade da dívida, eis que a inviabilidade de fracionamento do objeto leva à necessidade de seu cumprimento por inteiro, e por isso, pode ser buscado por inteiro junto à qualquer dos obrigados. Caso haja pluralidade de credores adota-se a mesma rega.

24 2.2. Reflexos jurídicos: Da pluralidade de devedores e sub-rogação: A sub-rogação implica na assunção de pleno direito, pelo devedor que satisfez a pendencia, de todos os direitos creditórios. Seu principal efeito diz respeito ao novo credor (antigo devedor) de exercer o direito de regresso em face dos demais consortes.

25 2.2. Reflexos jurídicos: Da pluralidade de devedores e sub-rogação: OBS: Consorte - Companheiro na mesma sorte, estado ou encargo(s). Cônjuge.

26 2.2. Reflexos jurídicos: Da pluralidade de devedores e sub-rogação: Art Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.

27 2.2. Reflexos jurídicos: Pluralidade de Credores e consequência do pagamento: Quando houver pluralidade de credores, poderá qualquer um deles reclamar e receber a divida como um todo. Caso o contexto conduza para uma indefinição do credor, o devedor o contituirá em mora accipiendi (mora do credor que se recusa a receber o que lhe é devido nos termos contratados).

28 2.2. Reflexos jurídicos: Pluralidade de Credores e consequência do pagamento: O devedor fica exonerado de suas obrigações quando: a) Com o pagamento de toda a dívida a um só tempo e a todos os credores, em conjunto; b) Com o pagamento a apenas um deles, que dependerá de prévia autorização dos demais credores; c) Pagando o total a apenas um e deste receber caução idônea que repassará o quinhão aos demais.

29 2.2. Reflexos jurídicos: Pluralidade de Credores e consequência do pagamento: OBS: Outras formas de pagamento a somente um dos credores não libera o devedor da dívida dos demais. Embora possibilite a recuperação do valor pago a maior.

30 2.2. Reflexos jurídicos: Pluralidade de Credores e consequência do pagamento: Art Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

31 2.2. Reflexos jurídicos: Pagamento integral a um credor e consequência aos demais: Quando apenas um dos credores receber todo o crédito, os demais podem exigir deste o seu quinhão. Presumindo-se este serem de idêntico valor. Tal dispositivo existe quando ausente previsões (contratuais e extracontratuais) internas de regulamentar a quem o crédito deva ser satisfeito.

32 2.2. Reflexos jurídicos: Pagamento integral a um credor e consequência aos demais: Ex: Uma obra de arte que deveria ter sido entregue em condomínio, e não o foi. Após sua avaliação, caberá a cada um receber o seu quinhão.

33 2.2. Reflexos jurídicos: Pagamento integral a um credor e consequência aos demais: Art Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.

34 2.2. Reflexos jurídicos: Pagamento integral a um credor e consequência aos demais: Ex: Uma obra de arte que deveria ter sido entregue em condomínio, e não o foi. Após sua avaliação, caberá a cada um receber o seu quinhão.

35 2.2. Reflexos jurídicos: A remissão e suas consequências: Em havendo alteração na relação entre as partes por remissão, transação, novação, compensação ou confusão, a dívida gera obrigações apenas em face dos demais. Ficando exigível apenas a diferença desta alteração.

36 2.2. Reflexos jurídicos: A remissão e suas consequências: Ex: Um caminhão é devido a 4 pessoas por 1 pessoas. Este bem não divisível é avaliado em R$ ,00. Um credor remite a sua quota parte ao devedor.

37 2.2. Reflexos jurídicos: A remissão e suas consequências: Ex: Logo o crédito inicial que seria de R$ ,00 para cada um deverá ser descontada os R$ ,00 remidos. O crédito remanescente de R$ ,00 será dividido e pago aos 4 (R$ ,00). Inclusive ao que remiu.

38 2.2. Reflexos jurídicos: A remissão e suas consequências: OBS: Remissão Perdão da dívida - CC - arts. 385 a 388: Art A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

39 2.2. Reflexos jurídicos: Art Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.

40 2.2. Reflexos jurídicos: -Transação Alteração ou exclusão de uma obrigação CC arts. 840 ao 850: -Novação Conversão de uma dívida por outra CC arts. 360 ao 367: -Compensação Extinção parcial ou total entre duas pessoas que são, concomitantemente devedora e credora CC arts. 368 ao 380: -Confusão Um único sujeito é credor e devedor CC arts. 381 ao 384:

41 2.2. Reflexos jurídicos: Perdas e Danos: Quando por qualquer motivo a prestação não puder ser adimplida pelos devedores esta será resolvida por perdas e danos.

42 2.2. Reflexos jurídicos: Perdas e Danos: Se por culpa de todos os devedores, responderão em quotas iguais perante o devedor comum. Cabendo ao (s) credor (s) demandar a sua fração individual em face do devedor solidário.

43 2.2. Reflexos jurídicos: Perdas e Danos: Se por culpa de apenas um dos devedores, a obrigação desaparece para os co-devedores. Ficando o inadimplente como único responsável pelas perdas e danos.

44 2.2. Reflexos jurídicos: Art Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.

45 texto OBS: Demais artigos do CC que integram a obrigação indivisível:

46 texto Art Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.

47 texto Art Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.

48 texto Art O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa.

49 texto Art Quando a renda for constituída em benefício de duas ou mais pessoas, sem determinação da parte de cada uma, entende-se que os seus direitos são iguais; e, salvo estipulação diversa, não adquirirão os sobrevivos direito à parte dos que morrerem.

50 texto Art Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado.

51 texto Art O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota. Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuirse-á pelos outros.

52 texto Art Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa; se esta não for divisível, conferir-se-á por sorteio, e o que obtiver a coisa dará ao outro o valor de seu quinhão.

53 texto Art Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.

54 texto Art As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.

55 texto Art O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.

56 texto Art Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou disposição de última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.

57 texto Art Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, far-se-á esta dividindo-o proporcionalmente.

58 texto Art A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.

59 texto Art Sempre que houver ação regressiva de uns contra outros herdeiros, a parte do co-herdeiro insolvente dividir-se-á em proporção entre os demais.

60 texto Conclusão:

61 Aula 6 - Obrigações Divisíveis Indivisíveis: texto Que a Força esteja com Todos! Vida Longa e Próspera:

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