Caracterização físico-química de muricis ( Byrsonima verbascifolia Rich. ex A. Juss.) produzidos na região Oeste da Bahia
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- Alícia Sabala Figueira
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1 ISSN Caracterização físico-química de muricis ( Byrsonima verbascifolia Rich. ex A. Juss.) produzidos na região Oeste da Bahia Roxana Stefane Mendes Nascimento, José Avelino Cardoso, Lucélia Dourado de Oliveira, Jamile da Silva Oliveira, Fábio del Monte Cocozza, Jackeline Miclos Cortes 1 Departamento de Ciências Humanas Campus IX, Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Barreiras - Bahia, Brasil; rostmna@yahoo.com.br; fabiococozza@yahoo.com.br j.avelino86@hotmail.com; luka_dourado@hotmail.com; milly_so12@hotmail.com; 2 Instituto do Meio Ambiente. Rua Rio São Francisco, 1, Monte Serrat, Salvador, Bahia, Brasil. CEP: biamiclos@hotmail.com.br Resumo: As fruteiras nativas do Cerrado destacam-se, dentro da exuberância desse bioma, no que se refere ao aproveitamento alimentar. Portanto, o trabalho, objetivou avaliar as características biométricas e físico-químicas de frutos do muricizeiro da região Oeste da Bahia. Foram amostrados 300 frutos de dez matrizes, os quais foram coletados em uma área do município de Angical BA e avaliados no Laboratório de Sementes da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Foi considerado para as avaliações físicas, o peso, diâmetros longitudinal e transversal do fruto; peso total de semente por fruto; peso de polpa e casca; rendimento de polpa e casca. Para as avaliações físico-químicas, a polpa dos frutos foi submetida às determinações do potencial hidrogeniônico - ph; do teor de sólidos solúveis (SS); acidez titulável (AT) e relação sólidos solúveis e acidez titulável. Para as variáveis diâmetros longitudinal e transversal, peso de polpa e casca, peso de sementes, peso de fruto e rendimento de polpa e casca, as médias foram, respectivamente, 13,05 e 14,23 mm, 1,36 g, 0,43 g, 1,79 g e 75,57% para o ph, SS,AT e SS/AT, as médias foram 3,20, 16,54 Brix, 1,46% e 11,65. Os resultados indicaram que há diferença estatística significativa entre matrizes em relação à todas as variáveis avaliadas, em função da variabilidade entre os frutos, a espécie pode ser alvo do estudo de melhoramento genético. Palavras chave: caracterização físico-química, cerrado, fruteira nativa Physicochemical characterization of murici ( Byrsonima verbascifollpa rich. ex. a.juss) produced in the western region of Bahia Abstract: The native fruit tree of cerrado (savanna) stand out within the exuberance of this biome, in relation to food use. Therefore, this work aimed to assess the physical and physicochemical features of the fruits of the muricizeiro in the Western region of Bahia. It was made a sample of 300 fruits from ten arrays, which were collected in an area of the municipality of Angical - BA and assessed in the Seed Laboratory at the University of the State of Bahia - UNEB. It was considered for the physical assessments, the fruit weight, longitudinal and transverse diameters of the fruit, total seed weight per fruit, weight of pulp and peel, yield of pulp and peel. For the physicochemical evaluations, the fruit pulp was subjected to the determinations of the hydrogenic potential-ph, the soluble solids (SS), titratable acidity (TA) and the relation between soluble solids and titratable acidity. For the variables longitudinal and transverse diameter, weight of pulp and peel, seed weight, fruit weight and yield of pulp and peel, the averages were respectively and mm, 1.36 g, 0.43 g, 1,79g and 75.57% while the averages for the ph, SS, TA and SS/TA were 3.20, Brix, 1.46% and The results indicated that there is a statistically significant difference between arrays in relation to all variables. Key words: physicochemical characterization, cerrado (savanna), native fruit tree Introdução O Cerrado é um bioma rico em biodiversidade, apresentando grande número de espécies com potencial econômico e importância no desenvolvimento regional (Pereira, 1992; IBGE, 1999). No entanto a desordenada ocupação agrícola no Cerrado associada à exploração extrativista e predatória vem colocando espécies utilizadas pela população local em risco de extinção (Ávidos e Ferreira, 2005). Desse modo, a exploração indiscriminada desses recursos vegetais pode ocasionar erosão genética, impedindo, assim, a regeneração natural de plantas ainda desconhecidas quanto à sua utilização (Santana, 2002).
2 As fruteiras nativas do Cerrado, no que se refere ao aproveitamento alimentar, destacam-se na produção de frutos com elevado valor nutricional e atrativos sensoriais próprios, sendo comercializados em feiras livres, com grande aceitação popular nos mercados locais e regionais (Ávidos e Ferreira, 2005). Dentre as inúmeras espécies que são utilizadas pela população da região Oeste da Bahia, pode-se destacar o murici ( Byrsonima verbascifolia Rich. ex A. Juss.), pertencente à família Malpighiaceae. O muricizeiro floresce normalmente entre os meses de agosto e novembro e seus frutos amadurecem a partir do mês de dezembro (Lorenzi, 2002). O fruto é do tipo drupa, mesocarpo carnoso e fino; constituído de 1 a 3 lóculos e com aproximadamente 6 mm de diâmetro. Quando maduros, os frutos possuem polpa suculenta de um amarelo intenso, sabor adocicado e cheiro característico (Almeida et al., 1998). Cada fruto pode apresentar de 1 a 3 sementes. Conforme Silva et al. (1994) a árvore produz aproximadamente 100 a 500 frutos. Rica em tanino a casca dessa espécie é muito utilizada como cicatrizante e antiinflamatório (Rodrigues e Carvalho, 2001), bem como o chá da casca apresenta atividade adstringente nas diarréias e disenterias. O murici apresenta grande importância para a alimentação da população tradicional da região Oeste da Bahia, devido às suas características nutricionais, e como fonte de renda às famílias de baixa renda. Sua comercialização ocorre em grande parte nas feiras livres e mercados públicos da região. Esses frutos são utilizados principalmente na fabricação de doces, geleias, sucos, licores e sorvetes (Almeida et al., 1998). Estudos voltados para a caracterização pós-colheita de frutas nativas, podem incentivar o aproveitamento agroindustrial (Sano et al., 1998), bem como características adequadas à comercialização e ao processamento. As características físicas e físicoquímicas dos frutos são influenciadas por vários fatores, tais como, condições edafoclimáticas, tratos culturais, constituição genética e tratamento póscolheita (Lira Júnior, 2005). A aparência externa, o tamanho e a forma, ou seja, as características físicas, bem como as características físico-químicas, como valor nutritivo e sabor, são atributos de qualidade necessários à utilização e comercialização da polpa dos frutos, como também são necessários para elaboração de produtos industrializados (Chitarra, 2005), enquanto a caracterização biométrica dos frutos serve como subsídio para a exploração e conservação do potencial econômico desses frutos. Também atua como fator importante para detectar a variabilidade genética de uma espécie e sua relação com os fatores ambientais e ainda auxilia programas de melhoramento genético (Carvalho et al., 2003). Sendo assim, objetivou-se, com o presente estudo, determinar as características biométricas e Nascimento et al. 237 físico-químicas de frutos de muricizeiro, no estágio de maturação maduro. Material e Métodos Os frutos foram coletados em uma área do município de Angical BA, localizada na região Oeste. De acordo com Thornthwaite e Mather, o clima dessa região caracteriza-se como subúmido seco C1d'A' apresentando verão chuvoso e inverno extremamente seco, com uma precipitação pluvial anual de 700 a 2000 mm (AIBA, 2004), concentrada entre os meses de outubro e abril (Silva et al., 2003), apresentando, entretanto, alta probabilidade de veranicos durante a estação chuvosa (Dias et al., 2005). As temperaturas média, mínima e máxima anuais são, respectivamente, 14 e 34 C. A umidade relativa do ar normal na região varia de 47,10% em setembro a 80,30% no mês de março, alcançando uma média anual normal equivalente a 68%. A região apresenta uma luminosidade equivalente a 3000 h ano-1 (AIBA, 2004). Ainda, apresenta solo arenoso e vegetação de Cerrado. As 10 árvores matrizes das quais foram retirados os frutos apresentavam altura média de 3,00 m. Os frutos foram coletados (Tabela 1) e transportados em sacos de polietileno para o Laboratório de Sementes da Universidade do Estado da Bahia - (UNEB), Barreiras, BA. No laboratório foram iniciadas imediatamente as avaliações biométricas, onde foram utilizados aleatoriamente 300 frutos sadios e sem deformações, pois de acordo com Cruz e Carvalho (2002), são necessários no mínimo 100 frutos para a realização das avaliações. Para a caracterização biométrica foram considerados: os diâmetros longitudinal e transversal do fruto, medidos com paquímetro digital; peso do fruto, casca, polpa e peso total de semente por fruto, utilizando-se uma balança de precisão digital; e o rendimento de polpa e casca. Para as análises físico-químicas, foram Tabela 1 - Coordenadas das matrizes de muricizeiro no município de Angical, BA. Plantas Coordenadas 11 44' 53,1" / 44 33' 38,8" / 439m 11 44' 54,4" / 44 33' 37,5" / 425m 11 44' 54,4" / 44 33' 37,5" / 425m 11 44' 54,3" / 44 33' 37,5" / 427m 11 44' 54,1" / 44 33' 37,6" / 427m 11 44' 53,3" / 44 33' 38,6" / 439m 11 44' 53,3" / 44 33' 38,6" / 439m 11 44' 53,3" / 44 33' 38,6" / 439m 11 44' 53,1" / 44 33' 38,8" / 439m 11 44' 53,1" / 44 33' 38,8" / 439m
3 utilizados, de cada planta matriz 30 frutos maduros e sem deformações, coletados aleatoriamente e retirados dos quatro quadrantes de uma única matriz, totalizando 300 frutos. Os frutos foram acondicionados em caixa de isopor e imediatamente levados para o laboratório. No laboratório os frutos foram macerados em peneira para obtenção da polpa, a qual foi acondicionada em sacos de polietileno e armazenada sob refrigeração (- 18 C) durante as determinações físico-químicas. A polpa dos frutos de cada matriz foi dividida em seis lotes iguais. Os lotes representaram as repetições e as matrizes foram consideradas como tratamentos. Após descongelamento em refrigeração, a polpa foi submetida às determinações do ph pelo método potenciométrico em peagâmetro digital; o teor de sólidos solúveis (SS) por leitura direta em refratômetro digital e expresso em Brix (AOAC, 1990); acidez titulável (AT) segundo as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo os dados submetidos à análise de variância utilizando-se o programa computacional ASSISTAT (Silva, 2008), e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão De acordo com a Tabela 2 observa-se que os frutos dos muricizeiros avaliados apresentaram uma variação no diâmetro longitudinal entre 11,30 mm e 14,00 mm, enquanto no diâmetro transversal houve uma variação entre 13,20 mm e 15,40 mm. Esses valores foram superiores aos encontrados no trabalho de Araújo (2009), no Estado de Alagoas, em que cita muricis com diâmetro longitudinal variando entre 6,00 mm e 12,99 mm, e diâmetro transversal variando de 5,00 mm a 11,99 mm. Os valores de diâmetro encontrados nesse trabalho corroboram com Gusmão et al. (2006), em trabalho com murici no qual foram encontrados valores que variaram de 10,08 ± 1,92 a 11,93 ± 2,34 mm de comprimento e diâmetro, respectivamente. As diferenças observadas podem ser decorrentes das influências climáticas e edáficas, ou seja, o ambiente pode ser favorável a expressão de determinada característica que não se manifestaria em diferente localidade (Botezelli et al., 2000). Conforme Chitarra e Chitarra (2005), o diâmetro e o comprimento dos frutos são atributos físicos pouco utilizados em produtos que se destinam ao processamento, diferente dos frutos destinados ao consumo in natura. Observa-se também que o peso do fruto variou de 1,50 a 2,30 g, valores mais elevados que os observados por Gusmão et al. (2006), os quais relatam valores de 0,27 a 2,34 g, e os relatados por Araújo (2009) cuja variação foi de 0,76 a 1,32 g. A variação nos dados de peso de frutos ocorrida entre as matrizes avaliadas foi uma variação já esperada, em função do Nascimento et al. 238 muricizeiro ser uma planta ainda não domesticada. Segundo Vieira e Gusmão (2008), as variações no peso dos frutos podem ser decorrentes de variabilidade genética ou de variações ambientais devido às diferentes localidades geográficas. Contudo, as matrizes 1, 7 e 10 destacaram-se por apresentar os maiores pesos de fruto, pois essa é uma característica importante para o mercado de frutas frescas, uma vez que os frutos mais pesados são também os de maiores tamanhos, tornando-se mais atrativos para os consumidores. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), os frutos que apresentam tamanho e peso padronizados são mais fáceis de serem manuseados em grandes quantidades, pois apresentam perdas menores, produção mais rápida e melhor qualidade. Os muricis avaliados apresentaram apenas uma semente por fruto com peso variando de 0,30 a 0,60 g e média geral de 0,40 g (Tabela 2). Esses valores são superiores aos encontrados por Gusmão et al. (2006), os quais encontraram peso com variação de 0,16 a 0,25 g. De acordo com Chitarra e Chitarra (2005), o menor peso de sementes por fruto é uma importante característica de qualidade, no que se refere à comercialização dos frutos. Essa característica influencia diretamente o percentual de rendimento, principalmente para os frutos destinados à elaboração de produtos, cujo valor mínimo exigido pelas indústrias processadoras é de 40%. Essa característica foi observada nas matrizes 1 e 6, as quais apresentaram os menores pesos de sementes e os maiores rendimento de polpa e casca. No que se refere ao peso de polpa e casca, do murici o menor valor observado foi 1,00 g e o maior foi 1,70 g, sendo a média geral 1,40 g (Tabela 2), valores superiores a 0,90 e 1,35, variação encontrada por Araújo (2009), com média geral de 1,13 g. O rendimento de polpa apresentou uma variação entre 69,95 e 81,27%, valores próximos a 73,63% citado por Gusmão et al. (2006), e superiores a 63,04% relatado por Araújo (2009), apresentando, portanto, bom rendimento industrial. Segundo Lima et al. (2002), os frutos que apresentam rendimento em polpa superior a 50% demonstram condições adequadas para comercialização. Observou-se na Tabela 3, uma correlação positiva para todas as variáveis biométricas dos frutos de murici, sendo todas significativas estatisticamente. Os maiores valores observados, foram para o peso do fruto x peso de polpa (0,95), e diâmetro transversal x peso da semente (1,00), indicando que quanto maior o tamanho do fruto e diâmetro transversal maior o rendimento de polpa e peso da semente, respectivamente. Portanto, o valor de uma variável é diretamente proporcional ao valor da outra. Gusmão et al. (2006) estudando murici na região de Montes Claros MG também observou uma proporcionalidade entre a massa do fruto e massa de polpa.
4 Os dados referentes às características físicoquímicas são apresentados na Tabela 3. Com relação ao ph, verificou-se que os frutos das matrizes analisadas foram equivalentes quanto ao ph, sendo a média geral 3,20, com valores variando de 3,00 a 3,40. Da mesma forma Guimarães e Silva (2008) encontraram valor de 3,40 em trabalho analisando as características físico-químicas de muricis do Estado de Nascimento et al. 239 Goiás. Entretanto, de acordo com Azeredo et al. (2004) os frutos com ph abaixo de 4,50, são classificados como muito ácidos. O ph está relacionado com a qualidade e segurança dos alimentos, por apresentar uma faixa determinada pela legislação para favorecer a conservação da polpa evitando o crescimento de leveduras (Brasil, 1999). Tabela 2 - Características físicas dos frutos das matrizes de murici coletados na região de Angical - BA, Média de 30 frutos. Diâmetro (mm) Peso (g) Matriz Longitudinal Transversal Fruto Polpa e Casca Sementes Rendimento % (polpa e casca) 1 14,0 a 14,9 b 2,0 c 1,6 a 0,4 cd 81,3 a 2 12,5 cd 13,9 c 1,6 ef 1,2 cd 0,4 bc 73,6 cde 3 12,3 d 13,4 de 1,5 fg 1,1 de 0,4 bc 73,0 de 4 14,0 a 13,8 cd 1,8 de 1,3 bc 0,5 b 73,9 cd 5 13,1 b 14,8 b 1,9 cd 15,0 b 0,4 bc 77,3 bc 6 12,9 bc 13,2 e 1,5 g 1,2 cde 0,3 d 78,7 ab 7 13,8 bc 15,4 a 2,3 a 1,7 a 0,6 a 74,1 cd 8 11,3 e 13,6 cde 1,5 g 1,0 e 0,4 b 69,9 e 9 12,5 cd 14,0 c 1,6 e 1,2 cd 0,4 bc 74,5 cd 10 14,0 a 15,4 a 2,2 b 1,7 a 0,5 b 79,4 ab DMS 0,15 0,53 0,46 0,06 0,15 3,83 CV% 5,0 3,9 9,9 13,0 18,6 6,2 Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância. Tabela 3 - Correlação para as variáveis biométricas dos frutos das matrizes de murici coletados na região de Angical - BA. Correlações Coeficiente de Correlação(r) Signif.** Peso Fruto x Diâmetro Longitudinal 0,52 ** Peso Fruto x Diâmetro Transversal 0,67 ** Peso Fruto x Peso Sementes 0,67 ** Peso Fruto x Peso Polpa 0,95 ** Peso Fruto x Rendimento 0,37 ** Diâmetro Longitudinal X Diâmetro Transversal 0,53 ** Diâmetro Longitudinal X Peso Sementes 0,53 ** Diâmetro Longitudinal X Peso Polpa 0,53 ** Diâmetro Longitudinal X Rendimento 0,32 ** Diâmetro Transversal X Peso Sementes 1,00 ** Diâmetro Transversal X Peso Polpa 0,63 ** Diâmetro Transversal X Rendimento 0,21 ** Peso Sementes x Peso Polpa 0,63 ** Peso Sementes x Rendimento 0,21 ** Peso Polpa x Rendimento 0,63 ** ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 01)
5 Com relação ao teor de sólidos solúveis, o valor mínimo foi 15,10 ºBrix e o máximo de 18,20 ºBrix, com média 16,50 ºBrix. Estes foram os valores mais elevados que o relatado por Guimarães e Silva (2008) (10,67 Brix) e Araújo (2009) (9,75 Brix). O teor de sólidos solúveis é de fundamental importância para o consumo in natura e para a agroindústria, pois relaciona-se com o sabor do fruto que inclui os açúcares e ácidos, bem como, influencia o rendimento industrial, e principalmente o peso final do produto processado (Macêdo et al., 2003). Menezes et al. (2001) afirmam que o conteúdo médio de sólidos solúveis superior a 9% é bastante desejável do ponto de vista comercial. Considerando-se essa variável, os frutos de todas as matrizes são propícios para o processamento e consumo in natura, pois de acordo com Pereira et al., (2000), do ponto de vista comercial são preferidos os frutos com teores de sólidos solúveis mais elevados, implicando maior rendimento e menor custo operacional, além de conferir um excelente grau de doçura A acidez média foi de 1,5, com variação de 1,2 a 1,9. Os resultados obtidos para AT evidenciam a adequação dos frutos dessa espécie ao consumo in natura, em função do sabor diferenciado, e ao processamento, justificado pela não necessidade da adição de acidulantes para reduzir o ph, quando superior a 4,5, o que pode favorecer o crescimento de Clostridium botulinum, bactéria patogênica, anaeróbica, e causadora do botulismo. A relação SS/AT apresentou uma variação de 8,3 a 15,4, e a média foi 11,7. A relação SS/AT propicia uma Nascimento et al. 240 boa avaliação do sabor dos frutos, sendo mais representativa do que a medição isolada de açúcares e de acidez (Pinto et al., 2003). De acordo com Chitarra (2005), essa relação relaciona a qualidade do fruto em termos de maturidade e sabor. Os resultados mostraram que os frutos de murici apresentaram valores elevados para a relação SS/AT, o que indica que a polpa desse fruto é indicada para a industrialização de produtos adocicados, como, doces, geléias, picolés e sorvetes. Tabela 5 - Correlação para as características físicoquímicas dos frutos das matrizes de murici coletados na região deangical - BA. Correlação ph x Brix ph x Acidez Brix x Acidez Coeficiente de correlação(r) Significativo 0,21-0,68-0,30 ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01=<p< 0.05) ns não-significativo Para as características físico-químicas dos frutos de murici pôde ser observado que não houve diferença estatística na correlação ph x Brix (0,21). Porém foi significativa a correlação do ph x acidez (-0,68) e Brix x acidez (-0,30), apresentando uma correlação negativa, o que significa que o aumento do ph e do Brix são inversamente proporcionais ao aumento da acidez. ns ** * Tabela 4 - Características físico-químicas dos frutos das matrizes de murici coletados na região de Angical - BA. Matriz ph SS (ºBrix) AT (%) SS/AT - Razão 1 3,4 a 18,1 ab 1,2 b 15,4a 2 3,2 bcde 16,6 abcd 1,4 b 12,2 b 3 3,2 cde 16,1 bcd 1,4 b 11,4 b 4 3,2 ef 16,1 bcd 1,4 b 11,4 b 5 3,0 g 15,6 cd 1,9a 8,3 d 6 3,2 bc 16,7 abcd 1,4 b 11,9 b 7 3,3 b 15,1 d 1,4 b 11,1bc 8 3,1 f 18,2 a 1,4 b 13,2 ab 9 3,2 de 15,5 cd 1,8 a 8,7 cd 10 3,2 bcd 17,6 abc 1,4 b 12,9ab DMS 0,06 2,05 0,45 5,75 CV % 1,00 6,50 10,30 11,30 Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância. SS= Sólidos Solúveis AT= Acidez Titulável
6 Conclusões As avaliações biométricas e físico-químicas dos frutos apresentaram alta variação, indicando potencial genético para a conservação de germoplasmas e para a coleta de sementes. Agradecimentos Os autores agradecem à Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) (Base Cerrado). Referências Nascimento et al. 241 Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 13 de set. de Seção 1, p CARVALHO, J. E. U.; NAZARÉ, R. F. R.; OLIVEIRA, W. M. Características físicas e físico-químicas de um tipo de bacuri ( Platonia insignis Mart.) com rendimento industrial superior. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz dasalmas, v. 25, p , CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de Frutos e Hortaliças: Fisiologia e Manuseio. Lavras: ESAL/Faepe, 320 p CRUZ, E. D.; CARVALHO, J. E. U. Biometria de frutos e germinação de sementes de Couratari stellata A. C. Smith (Lecythidaceae). Acta Amazonica, Manaus, v. 3, p , ALMEIDA, S. P. de. Cerrado: aproveitamento alimentar. Planaltina: EMBRAPA CPAC, p ALMEIDA, S. P. et al. Cerrados: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, p. ARAÚJO, R. R. Fenologia e morfologia de plantas e biometria de frutos e sementes de muricizeiro ( Byrsonima verbascifolia L. Dc.) do Tabuleiro Costeiro de Alagoas f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal Rural do Semi- Árido, Mossoró, ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS, Official Methods of Analysis of the Association of Agricultural Chemists, 11th ed., Washington, ÁVIDOS, M. F. D.; FERREIRA, L. T. Frutos dos Cerrados: Preservação gera muitos frutos Disponível em: < /bio15/frutos.pdf>. Acesso em: 22 mar AZEREDO, H. M. C.; BRITO, E. S. Tendências em Conservação de Alimentos. In: AZEREDO, H. M. C. Fundamentos de Estabilidade de Alimentos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, cap. 6, p BOTEZELLI, L.; DAVIDE, A. C.; MALAVASI, M. M. Características dos frutos e sementes de quatro procedências de Dpterix alata Vogel (Baru). Cerne, Lavras, v. 6, p. 9-18, BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa nº 122, de 10 de setembro de DIAS, T. M. O. et al. Probabilidade de verânicos para o Cerrado Baiano. 1. estudo de periodo de 20 dias. In: C O N G R E S S O B R A S I L E I R O D E AGROMETEOROLOGIA, 14., 2005, Goiania, Anais, Goiania: SBA, GUIMARÃES, M. M.; SILVA, M. S. Valor nutricional e características químicas e físicas de frutos de muricipassa ( Byrsonima verbascifolia). Ciência Tecnologia de Alimentos, Campinas, 28(4): , GUSMÃO, E.; VIEIRA, F. A. de; FONSECA JÚNIOR, É. M. da. Biometria de frutos e endocarpos de murici ( Byrsonima verbascifolia Rich. ex A. Juss.). Cerne, Lavras, v. 12, n. 1, p , jan./mar IBGE (Rio de Janeiro, RJ). Tabelas de composição de alimentos. 5.ed. Rio de Janeiro, INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físicoquímicos para análise de alimentos. 4. ed. Brasília, D. F.: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, LIMA, E. D. P. A. et al. Caracterização física e química dos frutos da umbu-cajazeira ( Spondia spp.) em cinco estádios de maturação da polpa congelada e néctar. Revista Brasileira de Fruticultura. Cruz das Almas, v. 24, p , LIRA JÚNIOR, J. S. de et al. Caracterização Física e Físico-Química de Frutos de Cajá-Umbu ( Spondias Spp.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 25 n. 4, p , 2005.
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XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010
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