Hiato: estratégias de evitação.
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- Vanessa Fragoso Arruda
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1 Hiato: estratégias de evitação. IX Salão de Iniciação Científica PUCRS Rita de Cássia Glaeser Stein 1, Fernanda de Marchi 2, Prof. Dr. Leda Bisol 1 (orientadora). 1 Faculdade de Letras, PUCRS. Resumo O português é uma das línguas românicas que se faz notar pela tendência a evitar o hiato. Quais as estratégias mais comuns de evitar o hiato e o que sustenta o hiato que persiste? É o problema a ser discutido. As estratégias mais comuns de solução do hiato são: a)elisão: apagamento de uma das vogais (EL): rosa+eira, * rosaeira > roseira; b) epêntese: inserção de um segmento (EP): café+eira> *cafeeira> cafeteira; c) ditongação: transformação de uma das vogais em glide (DI): diabo > djabo. Este projeto, que começa pela ditongação para, mais adiante, dedicar-se às duas outras estratégias, compreende as seguintes fases: a) levantamento de dados em três amostras do Projeto Varsul: Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba. Tais dados são nomes e adjetivos que devem ser ouvidos cuidadosamente para registrar a pronúncia; b) classificar os dados de acordo com certas suposições; e c) analisar pelo modelo variacionista de Labov. Introdução A presente pesquisa tem dois objetivos: 1) descrever o uso variável do hiato e do ditongo crescente para averiguar se a freqüência de um ou de outro distingue
2 variedades geográficas e 2) explicar com fundamentos teóricos os mecanismos de evitação de hiato que se fazem presentes no léxico e na gramática. Na fase atual, está em processamento o levantamento e a classificação dos dados da amostra de Porto Alegre. Tal levantamento consiste em distinguir e registrar a pronúncia das palavras em termos de hiato e ditongo, por exemplo: teatro x t[ja]tro. A classificação compreende a análise de cada palavra de acordo com os seguintes itens: posição na palavra, acento, vogal derivada, monomorfema, heteromorfema, classe da palavra, morfologia (com inserção de glide), morfologia (sem inserção de glide), gênero, flexão verbal. Espera-se completar essa parte até o final do corrente ano para submeter os dados à análise computacional no estilo laboviano. Metodologia ANÁLISE SOCIOLINGÜÍSTICA QUANTITATIVA Amostra Do Banco VARSUL, Variação Lingüística no Sul do País, foram extraídos os dados da mostra de Porto Alegre, os quais estão sendo classificados com vistas a verificar as motivações lingüísticas e extralingüísticas que conduzem o uso variável de hiato/ditongo na seqüência de duas vogais. Para verificar o papel dos fatores lingüísticos no uso variável ditongo ou hiato, toda seqüência levantada será classificada quanto ao segmento precedente e seguinte, ao tipo de vogais que a constitui, à posição do acento na palavra ou palavras em que se encontram e ao pé métrico incidente. O papel de fatores extralingüísticos como gênero, etnia, idade e escolaridade também será averiguado. Os dados devidamente etiquetados de acordo com esses fatores serão submetidos ao Programa VARBRUL, especificamente escrito para análise de regras variáveis, na linha variacionista de Labov (1966), modelo sociolingüístico bastante
3 conhecido dos pesquisadores do português brasileiro, como Naro (1992), Scherre (1992), Mollica (1992), Tarallo (1986), Brescancini (2002), entre outros. Resultados (ou Resultados e Discussão) Espera-se que os resultados venham a especificar os casos de preservação do hiato e as motivações para evitá-lo, assim como verificar se o uso maior ou menor de uma e outra forma, hiato ou ditongo, distinguindo dialetos, ou seja, variedades do português brasileiro. Conclusão Esta pesquisa deve distinguir características do português do Sul relacionadas à alternância hiato e ditongo. A expectativa é de que venha prevalecer o uso do ditongo sobre o hiato. Referências ARCHANGELI, Diana. Optimality Theory: an introduction to Linguistics in the 1990s. In: ARCHANGELI, Diana; LANGEDOEN, D. Terence (ed.) Optimality Theory: an overview. Oxford: Blackwell, p , BECKMAN, Jill. Positional Faithfulness. University of Massachusetts Amherst. Tese de doutorado, BISOL, Leda. O ditongo na perspectiva da fonologia atual. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 5, n. 2 p , ago Ditongos Derivados. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 10, n. especial, p , O sândi e a ressilabação. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p , BRESCANCINI, C. A análise da regra variável e o programa VARBRUL 2S. In: BISO L & BRESCANCINI, C. Fonologia e Variação, Recortes do português brasileiro. Porto Alegre, DIPUCRS, p , CAMARA JR., Joaquim M. Problemas de lingüística descritiva. Petrópolis: Vozes, Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro: Simões, Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, Dicionário de lingüística e gramática. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, CEDERGREEN, H., SANKOFF, D. Variable Rules performance as a statistical reflection of competence. Language, Baltimore, MD, v. 50, n. 2, p , CHOMSKY, Noam. Aspects of the Theory of Syntax. Mass.: MIT Press, 1965.
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