Criação de um banco de topônimos paralelos na cidade de São Paulo. Fase dois: Caxingui e Butantã, Butantã, Zona Oeste. Projeto de Pesquisa
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- Armando Cortês Mangueira
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1 Criação de um banco de topônimos paralelos na cidade de São Paulo. Fase dois: Caxingui e Butantã, Butantã, Zona Oeste. Projeto de Pesquisa Profª. Drª. Patricia de Jesus Carvalhinhos 2011
2 Projeto: Criação de um banco de topônimos paralelos na cidade de São Paulo.. Fase dois: Caxingui e Butantã, Butantã, Zona Oeste. Histórico. A toponímia é um ramo tradicional de estudos dentro da Universidade de São Paulo, onde vêm sendo desenvolvidas pesquisas desde sua fundação (1934). Nascida na cadeira de Etnografia e Língua Tupi Guarani da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, esta disciplina científica essencialmente interdisciplinar faculta elementos diversos aos estudiosos de língua, geografia, historia, entre outras áreas do conhecimento, conforme as suas especificidades. A importância da disciplina é reconhecida em todo o mundo, seja em suas contribuições para o conhecimento da língua na diacronia como demonstram os estudos da vertente europeia, notadamente filológicos, que principiam em fins do século XIX como método para os estudos de linguística comparativa e adentram o século XX com o status de disciplina científica autônoma (alguns estudiosos a elevam à condição de ciência) seja em sua aplicação prática cotidiana. Esta última realidade, ainda carente de ações governamentais pontuais unificadas em termos de Brasil, é foco de atenção em Comissões especiais da Organização das Nações Unidas (ONU), cujas Comissões de Toponímia, organizadas em grupos de trabalho (GTs), desenvolvem pesquisas com profissionais ( experts ) de vários ramos do saber: língua, geografia, história, cartografia, estatística, entre outros. Os GTs estão agrupados, por sua vez, segundo critérios linguísticos e culturais. Nessas Comissões da ONU O Brasil é representado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e inserido em GTs coordenados pelo México (países latinoamericanos) e por Moçambique (países lusófonos). A participação do Brasil nos GTs, contudo, encontra-se em fase incipiente e o que se observa, na prática, é que os municípios brasileiros não têm uma norma única para a questão toponímica nas cidades (doação de nomes, alterações, substituições), tampouco critérios para as referidas situações são uniformes. São Paulo, por exemplo, necessitou recorrer à criação de um Banco de Nomes em 1973 (para resolver a questão de vinte mil ruas em situação irregular, ou seja, sem denominação ou com denominações repetidas) e, desde então, grande parte dos nomes de novas vias provém desse banco, elaborado por pessoal administrativo o denominador coletivo. Deste modo, porém, cria-se uma massificação denominativa antropotoponímica agravada pela quantidade de projetos de lei propostos pela Câmara Municipal (em pesquisa informal de alunos de graduação, aproximadamente sessenta por cento dos projetos de lei da Câmara Municipal de São Paulo são referentes a criação, alteração ou substituição de nomes de ruas e vias em geral no município). Essa massificação antropotoponímica, ou a grande quantidade de nomes de ruas referentes a pessoas e personalidades, cria uma descaracterização da função precípua do topônimo: individualizar, particularizar, identificar um lugar ou espaço. O que se observa em uma cidade do porte de São Paulo, exposto o quadro anterior, é a criação de recursos linguísticos espontâneos que objetivam possibilitar a comunicação, gerando, assim, o que denomina-se toponímia espontânea paralela. O Elevado Presidente Artur da Costa e Silva, que domina a paisagem central de São Paulo,
3 é o Minhocão clássico exemplo de topônimo paralelo espontâneo que se sobrepõe ao nome oficial. Existe, pois, um mecanismo linguístico que preside essa gênese toponímica. Regrado pelas normas do universo de discurso ao qual pertence, esse mecanismo marca o que se chama a sincronia na toponímia e revela a visão etnolinguística presente nas denominações, por meio das escolhas realizadas em determinado paradigma lexical. Objetivos. O que se pretende com o presente projeto, pois, é coletar topônimos paralelos espontâneos na cidade de São Paulo, por meio de entrevistas com moradores e usuários do sistema viário paulistano. O projeto pretende formar um banco de nomes paralelos para que, posteriormente, mecanimos e modalizações possam ser detectados a partir dos nomes. Os nomes paralelos poderão caracterizar-se como denominações espontâneas ou topônimos que foram substituídos, mas que permanecem na memória do falante. O presente projeto também visa a oferecer subsídios complementares para o projeto Memória Toponímica de São Paulo, bairro a bairro. A segunda fase do projeto pretende dar continuidade aos estudos iniciados na fase um, pois como a memória dos moradores não é contínua não foi possível limitar, simplesmente, as lembranças ao bairro Previdência. Surgiram, também, lembranças relativas a outros bairros vizinhos, Caxingui, Butantã e Jardim Guedala, entre outros. Alguns são mais antigos (como é o caso do Butantã, bairro urbanizado já na década de 20 ou 30, com muitas casas pertencentes aos moldes de construção da companhia City). As alternâncias de denominações entre os bairros também será foco de estudo 1 (Jd. Everest, Jd. Christi ou Butantã? As três denominações constam, inclusive, de listas de nomes de órgãos de serviços, como abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica). A subprefeitura do Butantã, distrito onde se localizam os bairros em questão, alberga cento e quarenta e seis bairros (segundo informações da Prefeitura Municipal, disponível em Os bairros podem ser visualizados na área a seguir: 1 Segundo Cazollato (2005, p. 60 e SS.) e vários autores por ele referidos, não existe uma unidade de posições quanto a bairro em São Paulo (e outras cidades brasileiras). O autor exemplifica que órgãos como a Empresa de Correios e Telégrafos e concessionárias de serviços de distribuição de energia elétrica e telefonia têm seu próprio elenco de bairros, geralmente conflitantes entre si. Para ele esta é uma das faces visíveis da omissão, por parte da municipalidade, em relação ao próprio espaço.essa inoperância, no limite, significa não reconhecer o cidadão. (2005, 66).
4 Figura 1. Região onde estão os bairros Butantã, Caxingui e Previdência, acesso em 20 de Nov. de 2011 Metodologia. Um dos métodos tradicionais para a pesquisa toponímica engloba o trabalho de campo, ou seja, o levantamento de dados diretamente com o denominador. O presente projeto prevê os seguintes passos metodológicos: 1) pesquisa de campo: entrevistas com moradores e usuários de vias para levantamento de: a) denominações anteriores; b) topônimos paralelos; 2) transcrição das entrevistas; 3) formulação de banco de informações (uso conjunto de planilhas Excel e banco de dados Access) para captação das denominações presentes nas entrevistas; 4) preenchimento de fichas lexicográfico-toponímicas; 5) análise dos mecanismos linguísticos presentes nas denominações (segundo a teoria toponímica); relatório final. O espaço a ser estudado será segmentado entre os bolsistas, conforme a necessidade. Justificativa. Há duas justificativas fundamentais para o presente projeto, dadas as características interdisciplinares da toponímia: 1) o conhecimento da teoria toponímica básica e o trabalho de campo possibilitam a aplicação de conceitos apreendidos em salas de aula ensino médio, relacionando disciplinas como geografia, história e língua portuguesa; 2) a dinâmica do projeto prevê o envolvimento do bolsista com a rotina cotidiana de pesquisa, visando, também, à prática necessária em graus superiores (pósgraduação). Resultados esperados. Como já se apontou dentro de objetivos espera-se construir um banco de nomes espontâneos presentes na fala de moradores e usuários dos bairros, bem como elencar possíveis nomes ou denominações anteriores que tenham sido substituídos pelas atuais formas mas que permaneçam íntegras na memória dos entrevistados.
5 Bibliografia 2 AB SABER, Aziz Nacib. São Paulo: ensaios, entreveros. São Paulo: Edusp: Imprensa Oficial, AZEVEDO, Aroldo de (dir.). A cidade de São Paulo. Estudos de geografia urbana. Associação dos Geógrafos Brasileiros. Secção Regional de São Paulo, Cia. Editora Nacional, vs.. Subúrbios orientais de São Paulo. Tese (provimento de cátedra) apresentada ao concurso para provimento da cadeira de Geografia do Brasil da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, BRUNO, Ernani Silva. História e tradições da cidade de São Paulo. 3. ed. São Paulo: HUCITEC: Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Cultura, Memória da cidade de São Paulo. Depoimentos de moradores e visitantes. 1553/1958. Registros, 4. São Paulo, Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Património Histórico, Seção Técnica de Divulgação e Publicações, BUENO, Francisco de Assis Vieira. A cidade de São Paulo. Recordações evocadas de memória. Notícias históricas, Expl. de Sérgio Buarque de Holanda. São Paulo, Academia Paulista de Letras, CAZZOLATO, J. D. Os bairros como instância territorial local - contribuição metodológica para o caso de São Paulo. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós- Graduação em Geografia Humana da FFLCH-USP, Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Paul Pérez Machado. Ano: Disponível em: acesso em 10 out D'ALINCOURT, Luís. Memória sobre a viagem do porto de Santos à cidade de Cuiabá. Pref. de Mário Guimarães Ferri. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, DAUZAT, Albert. Les noms de lieux. Origine et évolution. Paris, Librairie Delagrave, DICK, Maria V. P. A. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. 3. ed. Serviços de Artes Gráficas da FFLCH-USP, LEITE, Pe. Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa, Livraria Portugalia; Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1918, livro III. MACHADO, A. Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, A bibliografia poderá ser ampliada com outros documentos e títulos mais específicos.
6 MADRE DE DEUS. Frei Gaspar da. Memórias para a história da Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Livraria Itatiaia Editora, MARQUES, Gabriel. Ruas e tradições de São Paulo. Uma história em cada rua. São Paulo, Conselho Estadual de Cultura, MARX, Murillo de Azevedo. Cidade brasileira. São Paulo. Ed. Melhoramentos/Edusp, MORSE, Richard M. Formação histórica de São Paulo (de comunidade à metrópole). São Paulo: Difusão Européia do Livro, MOURA, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora: evocações da metrópole. Belo Horizonte/São PauloJ: Itatiaia/Edusp, PETRONE, Pascoale. Aldeamentos paulistas e sua função na valorização da região paulistana: Estudo de Geografia Histórica Tese de Livre-Docência apresentada à Cadeira de Geografia Humana da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Ed. datilografada, 1964, 2 vs. PORTA, Paula (org.) História da cidade de São Paulo: a cidade colonial. São Paulo: Paz e Terra, V. 1.. História da cidade de São Paulo: a cidade no Império São Paulo: Paz e Terra, V. 2.. História da cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX: São Paulo: Paz e Terra, V.3. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Cultura. História dos bairros de São Paulo (COLEÇÃO). São Paulo: Departamento de Patrimônio Histórico, PREFEITURA MUNICIPAL DE São Paulo. Secretaria de Educação e Cultura, Departamento de Cultura. História dos Bairros de São Paulo (SÉRIE), REIS FILHO, Nestor Goulart. São Paulo e outras cidades. São Paulo: Hucitec, p. SAINT-HILAIRE. Auguste de. Viagem à província de São Paulo e resumos das viagens ao Brasil, província Cisplatina e Missões do Paraguai. Tradução, prefácio e notas Rubens Borba de Morais. São Paulo: Martins: Editora da Universidade de São Paulo, SAMPAIO, Theodoro. São Paulo de Piratininga no fim do século XVI. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Tipografia Andrade Melo e Cia., , v. IV. SANT ANNA, Nuto. São Paulo no século XVIII. São Paulo: Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, Conselho Estadual de Cultura, 1977.
7 . São Paulo histórico (Aspectos, lendas e costumes). São Paulo, Departamento de Cultura, 1937, 1939, vols. SUZUKI, Júlio César. A gênese da moderna cidade de São Paulo: uma contribuição da geografia urbana à história da cidade. Tese de Doutoramento. FFLCH-USP, São Paulo, TAUNAY, Affonso d' Escragnolle. Relatos Monçoeiros. Coletânea, introd. e notas de Affonso d' E. Taunay. Belo Horizonte; [São Paulo]: Editora Itatiaia: Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo nos primeiros anos (l ). Ensaio de reconstituição social. / São Paulo no século XVI. História da vila piratiningana. Paz e Terra: São Paulo, 2004.
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