PIBID: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA AQUISIÇÃO DA COMPETÊNCIA LEITORA
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1 PIBID: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA AQUISIÇÃO DA COMPETÊNCIA LEITORA Laiane Caroline 1, Vera Lúcia Catoto Dias 2, Anamaria da Silva Martin Gascón Oliveira 3 1,2,3 Universidade do Vale do Paraíba UNIVAP, Faculdade de Educação e Arte, FEA Campus Urbanova Av. Shishima Hifumi, Urbanova, São José dos Campos - SP, lalah.carol@hotmail.com; vcatoto@univap.br; gascon@univap.br. Resumo - Este trabalho é continuidade de pesquisa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, PIBID, convênio firmado entre universidade comunitária e escola pública, para formação inicial de professores na educação básica. O objetivo do trabalho é investigar o processo de aquisição da competência leitora, tendo como suporte o gênero textual Histórias em Quadrinho. A pesquisa em educação do tipo estudo de caso etnográfico (ANDRÉ, 2005), no período de , realizada pela observação participante de duas bolsistas PIBID, em sala do 3 o ano do Ensino Fundamental I, em uma escola estadual, localizada no município de São José dos Campos, SP. A metodologia centrou-se inicialmente em pesquisa bibliográfica fundamentada em: Oliveira (2007), Vergueiro (2010) e Santos (2003) dentre outros, seguida de pesquisa de campo. Os resultados apontaram para as contribuições das histórias em Quadrinhos para a aquisição da competência leitora. Palavras-chave: Alfabetização, leitura, história em quadrinho. Área do Conhecimento: Ciências Humanas/Educação Introdução A alfabetização no contexto atual é uma das prioridades nacionais, pois tem como base auxiliar no processo de formação da competência leitora, neste caso o professor alfabetizador tem a função de mediar o crescente processo de aprendizagem dos alunos. Para exercer sua função com eficácia o educador deve se preocupar com a definição de suas práticas pedagógicas, atentando-se aos métodos, estratégias e recursos. (SOLÉ, 1998). Um bom texto é aquele que exige do leitor o menor esforço de processamento e a escola tem a função de introduzir o aluno no mundo letrado, pois é nesse mundo que esta criança está inserida. Inserir os gêneros textuais como recurso didático para o processo de ensino e de aprendizagem significativa, aproxima o aluno da linguagem em contexto do dia a dia. A partir do momento que a criança entra em contato com o mundo social, onde a escrita está presente de formas diversificadas, inicia-se o processo de alfabetização antes do ingresso na educação formal. O processo de alfabetização é uma construção conceitual, contínua, desenvolvida concomitantemente dentro e fora da sala de aula, em processo interativo, que acontece desde as primeiras relações da criança com a escrita. (FERREIRO, 2007) Já o letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever. As estratégias que o professor utiliza para atingir os objetivos de aprendizagem, podem incluir diferentes recursos, e é neste contexto que as Histórias em Quadrinhos, HQs, devem ser consideradas. De acordo com Oliveira (2007) as HQs fazem parte de materiais pedagógicos utilizados em escolas, visando despertar a criatividade, provocar a sensibilidade, o senso crítico e a imaginação criadora, pois possui uma linguagem simples, curta e apresentada em quadros coloridos. A introdução das HQs na educação aconteceu de forma bastante restrita, utilizadas inicialmente nos livros didáticos para ilustrar textos complexos. Com o tempo, foi sendo observada a boa aceitação entre os alunos e as pesquisas mostraram benefícios de sua utilização nas salas de aula como apoio pedagógico as diversas disciplinas (VERGUEIRO, 2010). Hoje as HQs são consideradas como gênero literário que conjuga imagem e palavra, signos e símbolos. Sua linguagem se insere nos campos da cultura e da arte. (LOVETRO, 2011). A 1
2 importância das HQs nas escolas é tratada por Araújo, Costa e Costa (2008, p. 29) quando anunciam que: Os quadrinhos podem ser utilizados na educação como instrumento para a prática educativa, porque neles podemos encontrar elementos composicionais que poderiam ser bastante uteis como meio de alfabetização e leitura saudável, sem falar na presença de técnicas artísticas com enquadramento, relação entre figura e fundo entre outras, que são importantes nas Artes Visuais e que poderiam se relacionar perfeitamente com a educação, induzindo os alunos que não sabem ler e escrever á aprenderem a ler e escrever, á partir de imagens, ou seja, estariam se alfabetizando visualmente. As HQs, gênero estudado, proporcionam prazer e entretenimento e por meio delas pode-se aprender a gostar de ler e estimular possibilidades de outras leituras. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, reafirmam que as crianças aprendem a gostar de ler, se divertindo com os diversos personagens, com as imagens e os diferentes conteúdos existentes nas histórias. As HQs possuem potencialidade pedagógica especial e podem dar suporte a novas modalidades educativas (BRASIL, PCN,1997). A pesquisa realizada no trabalho tem como objetivo investigar o processo de aquisição da competência leitora, tendo como suporte o gênero textual Histórias em Quadrinho. As razões da pesquisa foi à necessidade de oferecer as crianças situações de aprendizagens significativas em relação à alfabetização, construção da língua escrita, letramento, com ênfase na aquisição da competência leitora, processo respaldado na interdisciplinaridade dos conteúdos. Metodologia Esta pesquisa foi desenvolvida por bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, PIBID, em sala de 3 ano, com alunos trinta alunos de 8 e 9 anos de idade, no Ensino Fundamental de 9 anos, em uma escola pública localizada no município de São José dos Campos. A metodologia teve como foco, pesquisa qualitativa em educação do tipo estudo de caso pela observação participante, para identificação das estratégias utilizadas pelos alunos no ato da leitura por meio de atividades desenvolvidas nas oficinas de leitura utilizando revistas de HQs. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram; a) avaliação diagnóstica e b) sondagem de leitura. Resultados Para alcançar as estratégias propostas, foram desenvolvidas atividades visando promover uma leitura que permitisse ao aluno ir além da decodificação, podendo interagir com o que estava lendo, tornando-a significativa. Na primeira oficina foi feita uma avaliação diagnóstica para identificar dentre os diferentes portadores textuais: a) poema; b) receita; c) carta; d) bilhete; e) HQs. A tabulação dos dados coletados pela aplicação do instrumento avaliação diagnóstica que; Tabela 1- Gêneros Textuais Gênero Poema Receita Carta Bilhete HQs TOTAL Alunos
3 Como conteúdo expresso pela tabela 1 constatou-se pela preferencia o gênero textual HQs. Assim o planejamento das próximas etapas das oficinas de leitura pautaram-se em atividades tenso como suporte as HQs. Na segunda oficina a partir do tema escolhido, foi feita a apresentação do gênero História em quadrinhos, e o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos. Foram disponibilizados três autores de HQs. Apresentamos a bibliografia de cada um dando a liberdade de escolha aos alunos, fazendo com que se sintam participantes do processo de construção das oficinas. E assim foi realizada a escolha do autor Mauricio de Sousa criador da Turma da Mônica. Para que a compreensão da linguagem dos HQs seja ampliada, é preciso conhecer os elementos que formam este repertório. Os termos e conceitos das HQs são: Balão, Diagramação, Onomatopeias, metáfora visual, Cores. (SANTOS, 2003). Nada nos surpreenderia se descobríssemos que as crianças tenham certa dificuldade em saber qual a orientação correta de um texto. Para sabê-lo não é suficiente saber o que é esquerda e a direita, o que é acima e abaixo numa página. Faz fata, além disso, que algum informante tenha transmitido esta informação, seja verbalmente, seja tendo lido textos ás crianças, enquanto assinalava com o dedo as palavras lidas. FERREIRO E TEBEROSKY (2007). A oficina de diagramação dos HQs, foi desenvolvida com objetivo da leitura correta seguindo os padrões de estrutura das revistas em quadrinhos. Figura 1 Oficina PIBID Os balões são convenções gráficas onde são inseridos a fala ou pensamento do personagem, e de acordo com o contexto apresentado podem variar. A variedade de balões proporcionou aos alunos a criação de falas e pensamentos de acordo com a imagem e as forma representativas de cada balão. Ao observar um balão o aluno logo consegue identificar o ato da personagem, se está assustada, se está pensando, ou apenas se comunicando. O efeito de um buum ou de um crash é sempre expressivo ( CIRNE, 1970, p. 23). Portanto as onomatopeias assim como os balões, dão vida as HQs de uma forma dinâmica, pois o ruído, nos quadrinhos, mais do que sonoro, é visual. Como há uma diferença entre a escrita e o som, utilizamos como recurso a sonoplastia, onde os alunos ouviam, identificavam o som e reproduziam. A metáfora visual é um recurso gráfico para mostrar situações das histórias por meio de imagens. Foi então elaborada uma oficina na qual os alunos criaram uma história em quadrinhos somente com imagens. 3
4 Figura 2 Leitura em sala PIBID Para que o conhecimento fosse fixado de forma significativa, foi apresentado um vídeo Duelo em quadrinhos da Turma da Mônica, onde os alunos relembraram de forma divertidos a estrutura de uma História em quadrinhos. Discussão O desenvolvimento da competência leitora é tema recorrente e priorizado em pesquisas científicas dada a importância da qualidade do processo ensino e aprendizagem que culmine na formação de leitor fluente. A leitura possui suas diversas interpretações, como Solé (1998) explica que ao longo da História emergiram várias definições de leitura/ato de ler, decorrentes de variadas correntes de pensamento e linhas de pesquisa sobre o tema. A partir de estudos realizados em oficinas PIBID como citado em (BARUEL,LIMA 2014), foram realizadas em dois momentos a sondagem da competência leitora com os trinta alunos. No primeiro momento foi proposta a leitura de uma das histórias existentes em um gibi de histórias em quadrinhos. Os resultados foram os seguintes: Tabela 2 Sondagem de leitura inicial autonomia dificuldade Não fez a Leitura 50% 40% 10% Pode-se afirmar a partir desses resultados que os alunos de modo geral, têm certa dificuldade na interpretação da história, apenas conseguem identificar algumas cenas a partir das características de alguns personagens. Como afirma Smith (1999), a criança pequena utiliza o visual para reconhecer a decodificação e ativa seu conhecimento prévio para associar a palavra em questão. No segundo momento foi sugerida a leitura do mesmo gibi novamente para comparar o desenvolvimento do aluno durante o processo das oficinas. 4
5 Tabela 3 Sondagem de leitura final autonomia dificuldade Não fez a Leitura 70% 25% 5% Para analisarmos o resultado desta segunda sondagem utilizamos como parâmetro os resultados da primeira e o desenvolvimento dos alunos nas oficinas. Segundo Molina (1992), a partir do momento em que se reconhece o papel da escola na formação do leitor, apesar de todos os limites concretos, torna-se possível uma mudança de práticas, com o objetivo de dar ao aluno a competência em utilizar a leitura como um instrumento útil em sua vida, além da escola. Nesse sentido, observa-se que a escola poderá exercer um importante papel na formação de um leitor mais competente Os resultados nos mostram como a falta de estímulo e materiais siginicativos tornam a aprendizagem do aluno irrelevante. Com a inserção de algo novo que proporcionou uma experiência prazerosa e estimulante os alunos avançaram consideravelmente, afirmando assim a importância da inserção de novos métodos ou simplementes novas maneiras de se abordar a leitura em sala de aula. Conclusão Motivar para a leitura consiste em planejar muito bem a tarefa de leitura, escolher com critério os materiais que serão utilizados, dar ajudas prévias a alunos que possam necessitar, evitar situações de concorrência entre os alunos, utilizar sempre que possível situações de uso real da leitura e deixar o aluno avançar em seu próprio ritmo, construindo sua própria interpretação. É importante que a biblioteca ou sala de leitura esteja, sempre que possível, de portas abertas, pronta para acolher os leitores. Também é preciso escutar sempre o que os freqüentadores têm a dizer. A organização do acervo deve se adequar ao desejo dos leitores, disponibilizando diversos tipos de textos. Durante as oficinas desenvolvidas que resultaram esta pesquisa, identificou-se que a exploração das histórias em quadrinhos aguçou a curiosidade dos alunos em relação à leitura. Podendo-se conciliar a teoria com a prática, pode-se observar o quanto as HQs proporcionaram aos discentes momentos crítico-reflexivos acerca dos efeitos de sentidos propostos nela e quão importante é a proposta de inserção deste recurso no ambiente escolar. Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES, pelo apoio financeiro. Às nossas orientadoras Profª Vera Lúcia Catoto Dias e Profª Anamaria da Silva Martin Gascón Oliveira, pela colaboração e dedicação em suas orientações. Referências Brasil. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa/ Secretaria da Educação Fundamental.- Brasília: Ministério da Educação p FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, MOLINA, Olga. Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: E.P.U.,
6 OLIVEIRA, Fátima Ferreira. A linguagem das histórias em Quadrinhos. IFEUSP Programa de Pós- Graduação 1º semestre de Seminários de Estudosem Epistemologia e Didática (SEED) Disponívelemhttp:// s.pdf>2011. SMITH, Frank; Compreendendo a Leitura. ARTMED, SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, VERGUEIRO, Waldomiro. Uso das HQs no ensino In: RAMA, Angela.; VERGUEIRO, Waldomiro. (Org.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, LOVETRO, José Alberto. Quadrinhos a linguagem completa. Comunicação educação. São Paulo Vol. 1, No 2. Disponível em: SANTOS, Roberto Elísio; Vergueiro, Waldomiro. A história em quadrinhos no âmbito acadêmico: 35 anos de pesquisas realizadas na universidade de São Paulo. Revista eletrônica. Cadernos.Com. v. 4, n.1 1º semestre de Disponível em: CIRNE, Moacy. A explosão criativa dos quadrinhos. Petrópolis: Vozes, SMITH, Frank. Leitura Significativa. Artemed.Porto Alegre ARAÚJO, Gustavo Cunho; COSTA, Mauricio Alves; COSTA, Evânio Bezerra. As historias em quadrinhos na educação: possibilidades de um recurso Didático-Pedagógico. Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes. Uberlândia, n.2,p Julho/dezembro Disponível em: 6
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