Relatório: Vale do Paraíba
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- Bernadete de Andrade Bayer
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1 Relatório: Vale do Paraíba O estudo do meio realizado pelos alunos do 1º. Ano do Ensino Médio da Escola Villare envolveu uma viagem ao Vale do Paraíba, onde foi proposto aos alunos uma nova maneira de estudar uma importante região histórica, de maneira prática. Historicamente, o Vale do Paraíba foi a primeira região do Estado de São Paulo a ter destaque na produção de café, mas a ocupação da região aconteceu antes disso, com a produção açucareira, que acabou resultando no aparecimento de um grande número de latifúndios e escravos. No início do século XIX, devido ao grande crescimento do café no País, O Vale do Paraíba adotou, então, a economia baseada na produção de café, que começou a ganhar importância e reconhecimento no Brasil e também conter uma grande quantidade de fazendas onde existia o trabalho escravo. Em relação aos seus aspectos geográficos, o Vale do Paraíba se encontra entre o leste do Estado de São Paulo e o sul do Estado do Rio de Janeiro e também está inserido em uma região cercada por cadeias de pequenos morros, que apresentam como formato algo semelhante a metades de laranjas, onde eram encontradas as plantações de café, não por acaso, já que por ser um relevo, o solo tem a capacidade de promover uma maior produção, além de também colaborar com a visão dos barões do café em relação aos seus escravos. O nome Vale do Paraíba está relacionado com sua localização, já que está cercado pelo rio Paraíba do Sul. O clima da região é considerado subtropical, embora seu clima seja instável, promovendo verões chuvosos e invernos secos. Na viagem feita ao Vale do Paraíba, os alunos tiveram como objetivo obter conhecimento sobre a primeira região localizada no Estado de São Paulo a ter o desenvolvimento mais apurado da produção do café e assim estudar as modificações ocorridas nessa região no decorrer do tempo. Nesse processo,
2 acabaram também tendo o conhecimento de vários aspectos linguísticos, regionais, históricos e geográficos, que caracterizam o lugar. O primeiro lugar visitado foi o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), uma empresa que faz pesquisas sobre todos os temas relacionados com o planeta. O local possui uma área onde são realizados testes, por meio de equipamentos caros, que foram importados de outros países, mas que em conjunto fazem uma aprovação ou reprovação dos objetos testados como, por exemplo, satélites. Esta empresa possui várias unidades ao redor do mundo, como uma que foi estabelecida na Antártica, que, por decorrência a um acidente, acabou explodindo. Esse Instituto também tem convênios com outros centros de pesquisa espaciais localizados em outros países, como China, Argentina, EUA, entre outros. Outra empresa visitada foi a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) que faz o enriquecimento do urânio para que posteriormente este seja levado a usinas nucleares como Angra 1 e Angra 2, e assim gerar energia para o país. Essa empresa retira o urânio encontrado no solo, que ainda não tem capacidade de fornecer energia nuclear; assim a empresa faz com que ele passe por processo
3 de irradiação, para depois ser colocado dentro de barras de alumínio, e dessa forma, possa gerar energia nuclear e então ser aproveitado pelas usinas. No decorrer da viagem, foram visitadas duas fazendas de café tombadas, por serem patrimônios históricos, conhecidas como Resgate e Pau d Alho. Ao chegarem à Fazenda Resgate, os alunos depararam com um casarão, de aspecto simétrico, o qual possuía uma escadaria central, que levava o visitante diretamente ao segundo andar. Não era mera coincidência, mas sim uma ideologia de poder de ver o dono da casa, Valim, acima dos olhos. Outro fator presente nessa casa é a ideologia religiosa, já que na maioria dos cômodos era perceptível algum sinal religioso e em um espaço em particular da casa isso era muito nítido, havia uma capela no interior do casarão. A disponibilidade da casa era influenciada diretamente pelas diferenças sociais da época, no caso a família Valim e seus escravos. A outra fazenda visitada foi a Pau D Alho, onde havia, nitidamente, a preocupação com a produção do café, contendo uma grande área, formada por grama, que tem como função realizar o processo de secar o café após ser colhido, e que posteriormente seria armazenado numa parte coberta existente ao lado. Também se percebe que havia a preocupação com uma suposta fuga dos escravos, já que a senzala era localizada na parte alta da fazenda, que possuía uma saída só para a frente, impedindo, assim, qualquer tentativa de um escravo fugir.
4 Nessa fazenda ficou claro o porquê da plantação do café ser feita nos morros e não em um solo plano: primeiro motivo se deve pela maior quantidade de pés de café que podem ser plantados em um relevo desse tipo comparado ao plano; e segundo, devido à facilidade dos barões conseguirem visualizar o trabalho de seus escravos à distância. Na ocasião da visita à Cidade de Bananal, andando pelas ruas e praças, observando seus edifícios, os alunos perceberam que quando a cidade estava no auge de sua produção de café, com suas plantações, havia incentivos da Prefeitura local para a produção ali existente, inclusive com controle das atividades desenvolvi; no entanto, posteriormente, quando não se tinha mais nenhuma atividade econômica perceptiva, que contribuía de forma direta com o país, a cidade acabou se degradando e sendo de certa forma abandonada. Sua pequena área territorial e suas infraestruturas abandonadas tornam a cidade mais calma, com menos habitantes do que possuía no passado. Em meio desta visita, foi proposto aos alunos que fizessem entrevistas com moradores da cidade. Isso proporcionou para que tirassem uma conclusão de todas as ideias anteriormente levantadas sobre Bananal.
5 Naquele mesmo dia, no período da noite, os alunos presenciaram uma apresentação cultural do lugar, conhecido como Jongo. Esse movimento cultural consiste em uma dança que foi criada pelos escravos com o objetivo de expressarem seus sentimentos, em uma roda composta por jongueiros e um mestre (que dita o ritmo da música no tambor). A seguir, um trecho de um ponto de Jongo, o qual normalmente serve como ponto de início: Eu vô abrir meu cango ê Eu vô abrir meu cango a Primeiro eu peço a licença Prá rainha lá do mar Prá saldar minha povaria Eu vô abrir meu cango ê (...) Os conhecimentos didáticos sobre um determinado lugar e tudo que abrange não são suficientes para compor um estudo aprofundado do mesmo. A vivência, a observação real, o convívio com moradores do local, as estruturas das edificações, enfim, somente em contato com o cenário real do objeto de estudo surge a oportunidade de atingir um completo conhecimento sobre determinado assunto. A visita ao Vale do Paraíba, os locais visitados, as pessoas observadas, proporcionou ao grupo de alunos que ali estiveram a oportunidade de CONHECER melhor o tema proposto pela escola e, com certeza, assimilá-lo de maneira muito mais significativa e entusiasmante. O
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