A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS A PARTIR DO TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS EM GRUPO NO ÂMBITO DO PAIF
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- Rosa Ferrão Bicalho
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1 A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS A PARTIR DO TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS EM GRUPO NO ÂMBITO DO PAIF GEBELUKA. Rosmeri Ap. Dalazoana 1 FIDELIX, Suzian Cristine 2. RESUMO O PAIF Serviço de Proteção e atendimento Integral à Família, desenvolvido no CRAS, consiste no trabalho social cuja finalidade, é a de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura de vínculos e promover o acesso e o usufruto de direitos. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Para atingir estes objetivos, oportuniza ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. Nesta perspectiva, se valoriza o fluxo e o processo de trabalho especialmente em grupo para a prevenção das violências e resolução de conflitos familiares, fazendo reflexões a partir de fundamentos utilizados na Justiça Restaurativa. PALAVRAS-CHAVE Conflitos familiares, trabalho social com famílias, restaurando relações sociais. 1 - INTRODUÇÃO A Política Nacional de Assistência Social PNAS (2004) descreve como público alvo, os cidadãos e grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social. Organiza a oferta dos serviços e divide entre as proteções afiançadas, sendo a Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. A Proteção Social Básica, foco deste estudo, atua na prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições dos usuários, e visa fortalecer os vínculos familiares e comunitários, por meio de um conjunto de ações, em que o usuário seja visto como cidadão de direito, capaz de se desenvolver, buscar maior autonomia e alternativas emancipatórias. Conforme a LOAS (1993), alterada pela Lei / 2011, o Centro de Referência de Assistência Social CRAS é o equipamento estatal da proteção social básica, responsável prioritariamente pela oferta dos Serviços, Programas, Benefícios e Projetos. Alguns dos Serviços deste nível de proteção social são também ofertados pela rede não governamental, 1 GEBELUKA. Rosmeri Ap. Dalazoana. Graduada em Serviço Social pela UEPG, Pós graduada na área da Educação e Mestre em Ciências Sociais pela UEPG em Assistente Social da Prefeitura Municipal de Castro; atua também em Tutoria online e Cursos de Capacitação na área da Política de Assistência Social e Conselho Tutelar. 2 FIDELIX, Suzian Cristine. Graduada em Serviço Social pela UEPG em 2012, Pós Graduada em Serviço Social e Gestão de Projetos Sociais pela Anhanguera-Uniderp em Assistente Social da entidade Casa da Criança e do Adolescente Pe. Marcello Quilici.
2 através das entidades e serviços devidamente inscritos no Conselho Municipal de Assistência Social. Uma das funções do CRAS é também fazer a gestão dessa rede socioassistencial local, sendo considerado como a porta de entrada do SUAS Sistema Único de Assistência Social, visto que faz parte do contexto sócio territorial local e está situado em área de vulnerabilidade social. Para Silveira e Colin (2006, p.26) a organização do Sistema Municipal de Assistência Social exige a necessária implementação do CRAS como equipamento único de constituição de direito; destacam que o CRAS representa a estratégia principal de construção de protagonismos pelos próprios sujeitos de direitos, e objetiva reverter os processos de desigualdade. A Resolução nº109/2009 de 11 de Novembro de 2009, do Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, aprovou a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (TNSS) organizando os níveis de complexidade do SUAS, bem como padronizando a nomenclatura dos serviços, definindo o público-alvo, os objetivos, provisões, aquisições dos usuários, as condições e formas de acesso, a articulação com a rede e o impacto social esperado. Definiu como Serviços da Proteção Social Básica, o - Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF; o - Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV e o - Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência ou Idosas. Obrigatoriamente o CRAS deve ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF, previsto na PNAS e inserido na LOAS pela Lei nº12.435/2011. As famílias atendidas neste Serviço vivenciam e experienciam, as mais diversas expressões ou manifestações da questão social, tais como as violências, a fome, o desemprego, o subemprego, a ausência ou a baixa renda, os conflitos familiares, entre outras. O CRAS/PAIF foi pensado e criado justamente para atender estas expressões da questão social, e consiste no trabalho social cuja finalidade é a de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura de vínculos e promover o acesso e o usufruto de direitos. Prevê ainda, o desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Para atingir estes objetivos, oportuniza ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. Nesta perspectiva, com base no aparato legal e pesquisa bibliográfica, valorizamos o fluxo de atendimento e o processo de trabalho do CRAS/PAIF, especialmente o trabalho em grupo, fazendo reflexões e relações a partir de fundamentos utilizados na Justiça Restaurativa, enquanto abordagem metodológica alternativa na resolução de conflitos a partir do empoderamento das famílias e da comunidade.
3 2 FUNDAMENTOS DO TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS NO ÂMBITO DO PAIF A Política Nacional de Assistência Social PNAS (2004) a partir de 2004, materializa-se com a implantação e implementação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), que [...] é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo que tem por função a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo da proteção social brasileira. (BRASIL, 2005). A proteção social deve ser entendida como um conjunto de políticas ou programas que visam amparar indivíduos e famílias que se encontrem em alguma situação de vulnerabilidade. Ela deve ser vista ainda como um dos principais elementos estratégicos para a superação das mais diversas formas de vulnerabilidades sociais (SOUSA, 2016). Descreve como público alvo, os cidadãos e grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social. Organiza a oferta dos serviços e divide entre as proteções afiançadas, sendo a Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. A Proteção Social Básica atua na prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições dos usuários, e visa fortalecer os vínculos familiares e comunitários, por meio de um conjunto de ações, em que o usuário seja visto como cidadão de direito, capaz de se desenvolver e visar maior autonomia e alternativas emancipatórias. O Centro de Referência de Assistência Social CRAS é o equipamento municipal de proteção social básica, responsável prioritariamente pela oferta dos Serviços, Programas, Benefícios e Projetos. Alguns dos Serviços deste nível de proteção são também ofertados pela rede não governamental, através das entidades e serviços devidamente inscritos no Conselho Municipal de Assistencia Social. Uma das funções do CRAS é fazer a gestão dessa rede socioassistencial local, sendo considerado como a porta de entrada do SUAS, visto que faz parte do contexto sócio territorial local e está situado em área de vulnerabilidade social. Para Silveira e Colin (2006, p.26) a organização do Sistema Municipal de Assistência Social exige a necessária implementação do CRAS como equipamento único de constituição de direito; destacam que o CRAS representa a estratégia principal de construção de protagonismos pelos próprios sujeitos de direitos, e objetiva reverter os processos de desigualdade. A Resolução nº109/2009 de 11 de Novembro de 2009, do Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, aprovou a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (TNSS) organizando os níveis de complexidade do SUAS, bem como padronizando a nomenclatura dos serviços, definindo o público-alvo, os objetivos, provisões, aquisições dos
4 usuários, as condições e formas de acesso, a articulação com a rede e o impacto social esperado. Definiu como Serviços da Proteção Social Básica, o - Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF; o - Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV e o - Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência ou Idosas. Obrigatoriamente o CRAS deve ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF, previsto na PNAS e inserido na LOAS pela Lei nº12.435/2011, Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), que integra a proteção social básica e consiste na oferta de ações e serviços socioassistenciais de prestação continuada nos Cras, por meio do trabalho social com famílias em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de prevenir o rompimento dos vínculos familiares e a violência no âmbito de suas relações (grifo nosso), garantindo o direito à convivência familiar e comunitária. (LOAS, 2013, p. 40). Já o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV é ofertado de forma complementar ao PAIF e pode ser executado diretamente pelo CRAS, nos equipamentos públicos, de forma descentralizada, ou por entidades da rede socioassistencial do território a ele referenciadas. É também complementar ao PAEFI (Serviço de Proteção e atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos) e desenvolvido nos CREAS. Serviço continuado, realizado em grupos e organizado por percursos, tem também como objetivo o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e visa ainda complementar o trabalho social com as famílias, propiciar trocas culturais e de vivência, desenvolver o sentimento de pertencimento e mobilizar para a cidadania. As famílias atendidas no PAIF vivenciam e experienciam, as mais diversas expressões ou manifestações da questão social, tais como as violências, a fome, o desemprego, o subemprego, a ausência ou a baixa renda, os conflitos familiares, entre outras. O CRAS/PAIF foi pensado e criado justamente para atender estas demandas geradas pela desigualdade social, próprias e originadas pelo modelo de desenvolvimento econômico e social do país. O PAIF: É serviço baseado no respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos valores, crenças e identidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo (grifo nosso), no combate a todas as formas de violência (grifo nosso), de preconceito, de discriminação e de estigmatização nas relações familiares. (BRASIL, 2009). Uma das demandas mais comuns no cotidiano do CRAS são as violências e os conflitos familiares e comunitários. O CRAS tem como mais um de seus objetivos, o compromisso de promover espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares e comunitárias, a fim de apoiar às famílias nas mais diferentes situações. A família é
5 uma realidade social complexa que tem passado por diversas transformações (PRATTA, 2007) e tem se configurado de diferentes formas, não havendo um único modelo e vem se modificando constantemente. A violência e os conflitos são manifestações presentes nas mais diferentes famílias e contextos socioeconômicos e culturais. De acordo com Amorim (2005) a violência é um fenômeno complexo, não podendo ser compreendida como resultado de um sistema linear, e sim de relações historicamente construídas e multideterminadas, que envolve diferentes realidades de uma sociedade, cultura, valores e representações. A Política de Assistência Social desenvolve ações em rede para a prevenção e o combate aos tipos de violência familiar e social, por meio do trabalho social com famílias, seja na Proteção Social Básica ou na Especial. Na Proteção Social Básica, este trabalho é desenvolvido a partir do PAIF, que possui como impacto social esperado para o Serviço, a redução da ocorrência de situações de vulnerabilidade social no território de abrangência do CRAS, bem como a prevenção da ocorrência de riscos sociais, seu agravamento e reincidência; o aumento do acesso a serviços socioassistenciais e setoriais e consequentemente a melhoria da qualidade de vida das famílias envolvidas. (BRASIL, 2009) Refletindo sobre o processo e o fluxo de trabalho essencial ao Serviço de Proteção e atendimento integral à família - PAIF: O CRAS é a porta de entrada do SUAS, e possui um fluxo de atendimento. Recebe os usuários que procuram o equipamento espontaneamente, bem como realiza a busca ativa aos que vivem em situação de vulnerabilidade e exclusão social e por algum motivo não chegam ao Serviço; atende aos encaminhamentos da rede socioassistencial e das demais políticas públicas. Possui como trabalho essencial ao Serviço, descritos na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009): a Acolhida, a escuta qualificada, a orientação, o encaminhamento; para as famílias mais vulneráveis elabora o plano de acompanhamento familiar, realiza o próprio acompanhamento, as visitas domiciliares que complementam o diagnóstico familiar; o convite e a inclusão em grupos de famílias, foco deste estudo; as atividades comunitárias, campanhas sócio educativas; informação, comunicação e defesa de direitos; busca ativa; acesso à documentação pessoal; mobilização e fortalecimento de redes sociais de apoio, a fim de fortalecer a família e contribuir para a solução ou para minimizar as vulnerabilidades e conflitos; o desenvolvimento do convívio familiar e comunitário; a mobilização para a cidadania; o conhecimento do território; o cadastramento socioeconômico; elaboração de relatórios e ou prontuários, e outros.
6 Este fluxo, processo e metodologia de trabalho são organizados de forma a atender os usuários com qualidade, ética, sigilo e respeito; e os profissionais devem fundamentar-se em uma abordagem metodológica, a qual é fundamental para a operacionalização do trabalho social com as famílias, conforme orienta e sugere o Manual de Orientação Técnica sobre o PAIF, volume 2, elaborado pelo MDS em Recursos Humanos para atuação no CRAS/PAIF - trabalho com grupos, conforme as normativas do SUAS: A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (2006), a NOB- RH/SUAS orienta que a equipe de referência do CRAS, seja composta por servidores efetivos para evitar a rotatividade e garantir a continuidade, a eficácia e a efetividade do trabalho desenvolvido. Prevê na equipe, os profissionais Assistentes Sociais e Psicólogo 3 e profissional de nível médio, denominado pela Resolução nº 9 do Conselho Nacional de Assistência Social, de 15 de abril de 2014, como Orientador Social. Uma das atribuições do técnico de referência de nível superior do CRAS, é o planejamento e a implementação do PAIF de acordo com as características do território de abrangência, bem como a Mediação de grupos com famílias e o acompanhamento familiar às famílias em suas diferentes demandas. Já o Orientador Social, possui como uma de suas atribuições, prevista pela Resolução nº 9 do CNAS, desenvolver atividades que contribuam com a prevenção de rompimentos de vínculos familiares e comunitários, possibilitando a superação de situações de fragilidade social vivenciadas. O profissional de nível médio apoia o profissional de nível superior no desenvolvimento das atividades em grupo, seja nos grupos do PAIF e ou do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. 2.3 A contribuição da abordagem metodológica da Justiça Restaurativa e a Mediação no trabalho social com famílias no âmbito do PAIF Descendente dos países de Nova Zelândia, Áustria e Canadá, em meados da década de 1980, a Justiça Restaurativa surge com a finalidade de propor metodologias inovadoras para a resolução de conflitos entre jovens, com o objetivo de extinguir a estigmatização causada pelas práticas punitivas, bem como compreender a alta taxa de reincidência criminal. (BRASIL, ). No Brasil a prática desta metodologia, ainda em 3 Observar o porte dos municípios, conforme orienta a mesma NOB-RH/SUAS (2006), bem como conforme o número de famílias referenciadas ao CRAS.
7 caráter experimental, tem sido utilizada por diversas áreas do conhecimento em todo o país por pelo menos 10 anos (BRASIL, 2014). Mesmo se tratando de um conceito ainda em processo de construção no Brasil, a justiça restaurativa pode ser entendida como um método voluntário, informal, com a necessidade de intervenção de mediadores ou facilitadores, para intermediar relações como: vítima e infrator; encontros coletivos para indivíduos, famílias e comunidade; e círculos decisórios. (PINTO, 2007) É possível afirmar que tais práticas não têm sido ampliadas e desenvolvidas somente no Sistema Judiciário, como também nos mais diversos espaços institucionais que atuam com crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidade, pois em qualquer lugar onde há relação humana, isto é, onde exista a experiência da diferença e assim de conflito, é possível falar em Justiça Restaurativa. (BRASIL, , p. 15) De acordo com Vasconcelos (2008) o conflito é intrínseco da relação humana, decorrentes da convivência social junto a suas contradições. O autor afirma que os conflitos podem ser divididos em quatro espécies, sendo: a)conflitos de valores (diferenças na moral, na ideologia, na religião); b) conflitos de informação (informação distorcida, conotação negativa); c) conflitos estruturais (diferenças nas circunstâncias políticas, econômicas, dos envolvidos); e d) conflitos de interesses (contradições na reivindicação de bens e direitos de interesse comum). (VASCONCELOS, 2008, p. 21). Nesta perspectiva, faz-se necessário o uso de metodologias apropriadas para a resolução de conflitos, através de uma comunicação clara, com princípios éticos e de caráter construtivo através da mediação. Compreende-se por mediação uma técnica em que duas ou mais pessoas, com a colaboração de terceiros (mediadores/facilitadores), apresentam um problema; tem direito a escutar e também a ser escutado, são questionados, e assim discutem de forma construtiva visando os interesses em comum. De acordo com o autor, o mediador... deve ser apto, imparcial, independente e livremente escolhido ou aceito assessorando os mediandos a uma prática de comunicação construtiva por ambas as partes. (VASCONCELOS, 2008, p.36) A proposta de articular as ações de grupos do PAIF com a metodologia da denominada Justiça Restaurativa será a de dialogar sobre os problemas, por meio dos círculos e ou rodas de conversa, com os usuários da assistência social, através da mediação realizada pelo técnico de nível superior, responsável pelo serviço. Os técnicos (assistentes sociais, psicólogos) irão desenvolver junto ao grupo as alternativas e possibilidades para resoluções de conflitos, identificando as demandas e necessidades de cada participante, para que em conjunto consigam identificar e
8 compreender suas potencialidades e capacidades, assumindo responsabilidades e restaurando relações sociais. O conflito pode ser entendido como degrau para as mudanças; e as práticas de justiça restaurativa podem ser ferramentas que contribuem para a construção de uma política que valoriza o sujeito e as relações humanas e sociais, e ainda contribuírem para romper com ciclos históricos de violências. Neste viés, o CRAS/PAIF, trabalho social com família e neste caso, em grupo, se afirma como espaço de diálogo e prevenção, de restauração de vínculos e consequentemente de fortalecimento da função protetiva da família. 3 CONCLUSÃO Compreendemos que o CRAS/PAIF é espaço de escuta, diálogo e troca de vivências familiares e comunitárias. Considerando os objetivos do CRAS/PAIF já elencados, o processo e fluxo de trabalho deste equipamento, bem como o impacto social esperado para o Serviço, destacamos o Serviço de Proteção e atendimento integral à família - PAIF, a partir do trabalho realizado em grupos, enquanto espaço de diálogo, de reflexão, de mediação de conflitos, de prevenção, proteção social e proatividade. Atuando desta forma, é possível atingir os objetivos previstos na Tipificação Nacional dos Serviços Sócioassistenciais (2009), prevenindo situações de risco pessoal e social. Sendo assim, compreendemos que os fundamentos previstos na abordagem metodológica da Justiça Restaurativa, podem contribuir neste processo de trabalho, como mais uma alternativa na resolução de conflitos, restauração das relações sociais, para o enfrentamento do fenômeno da cultura da violência e a diminuição destes índices locais, bem como na defesa de uma cultura pacífica. 4 - REFERÊNCIAS AMORIM, S. M. Reflexões sobre o enfrentamento da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. In: SILVA, A. S.; SENNA, E.; KASSAR, M. (Org.). Exploração sexual comercial de crianças e adolescentes e tráfico para os mesmos fins: contribuições para o enfrentamento a partir da experiência de Corumbá-MS. Brasília, DF: OIT, 2005, cap. 5. BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social (1993). Lei nº 8742 de 7 de dezembro de 1993, alterada pela Lei /2011. Brasília Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de Assistência Social. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social. Resolução n.º 269, de 13 de dezembro de Brasília:
9 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de Assistência Social. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social. Resolução n.º 130, de 15 de julho de Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de Assistência Social. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social. Resolução n.º 33, de 12 de dezembro de Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social PNAS. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução do CNAS n.º 109, de 11 de novembro de Brasília: Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Justiça restaurativa: o que é e como funciona. Brasília, Disponível em: < Acesso em: 20 de julho de Secretaria de Direitos Humanos da Presidencia da República. CDHEP Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo. Tecendo Redes de Cuidados: Fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente e Práticas de Justiça Restaurativa. Brasilía Ministério do Desenvolvimento Social e combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Manual de Orientação Técnica sobre o PAIF. Trabalho Social com famílias do Serviço de Proteção e atendimento integral à Familia PAIF. Vol. 2, 1ª Ed, Brasília Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 9, de 15 de abril de Ratifica e reconhece as ocupações e as áreas de ocupações profissionais de ensino médio e fundamental do Sistema Único de Assistência Social SUAS, em consonância com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS NOB/RH/SUAS. PINTO, R. S. G. A construção da Justiça Restaurativa no Brasil. Revista Jus Navigandi. Teresina, ano 12, n. 1432, 3 jun Disponível em: < Acesso em: 20 jul PRATTA, E. M. M.; SANTOS, M. A. dos. Família e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros. Psicol. estud., Maringá, v. 12, n. 2, p , SILVEIRA, J. I.; COLIN, A. D. Centro de Referência de Assistência Social: Gestão Local na Garantia de Direitos. In: SETP - SUAS/PR: Sistema Único de Assistência Social. Caderno I. Sistema Municipal e Gestão Local do CRAS. Curitiba, SETP, SOUSA, R. P. Proteção social. In Dicionário crítico: política de assistência social no Brasil. Org: ROSA, M. C.; FERNANDES, A. H. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2016, p VASCONCELOS, C. E. de. Mediação de conflitos e práticas restaurativas. São Paulo:
10 Método, Disponível em: < os_2008.pdf>. Acesso em 20/07/2016.
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