Ambientas (PPGCA)

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1 Estudo sobre a atmosfera de São Paulo nos dias 7 e 8 de setembro de 2009 Priscila Lima Pereira 1, Wesley Rodrigues Santos Ferreira 2, Marcela Machado Pompeu 3, Andressa Garcia Lima 4 1 e 4 Graduada em Meteorologia UFPA 2 e 3 Estudante de Pós Graduação em Ciências Ambientas (PPGCA) pl.pereira@yahoo.com.br RESUMO O comportamento do tempo no sudeste brasileiro esta intimamente relacionada com a ocorrência de sistemas frontais (SF). A cidade de São Paulo apresenta um histórico de inundações, prejuízo econômico, proliferação de doenças e até perdas de vidas, relacionado entre outros fatores com a passagem deste tipo de fenômeno. Assim sendo, o objetivo deste trabalho é analisar sinóticamente o ocorrido na cidade nos dias 7 e 8 de setembro de Observa-se a ocorrência de um fato raro, uma vez que ocorre a oclusão de um SF sobre a capital acarretando em muitos transtornos. Palavras-chaves: Sistema frontal, Análise sinótica, São Paulo. ABSTRACT The behavior of the time in southeastern Brazil is closely related to the occurrence of frontal systems (FS). The city of São Paulo has a history of floods, economic loss, spreading disease and even loss of life, among other factors associated with the passage of this type of phenomenon. Therefore, the objective is to synoptic analysis in the city occurred on 7 and September 8, One notes the occurrence of a rare event, occurring once the occlusion of a SF on the capital resulting in many disorders. Keywords: Frontal system, Synoptic analysis and São Paulo. 1.INTRODUÇÃO A cidade de São Paulo é a capital do estado que possui o mesmo nome e pertence à região sudeste estando situada entre Lat S e Lon O, é considerada a cidade mais povoada do Brasil com cerca de 11 milhões de habitantes. É uma das principais cidades industriais, por ela circulam milhares de carros todos os dias, fato esse principal que contribui para a poluição, congestionamento e etc. Os Sistemas Frontais (SF) são sistemas meteorológicos que são gerados primariamente por encontro de massas com características diferentes, ou seja, encontro da massa fria e seca de origem polar com a massa quente e úmida de origem tropical. Bjerknes 1918 definiu frente como sendo uma zona de transição ou uma descontinuidade entre o ar frio e o ar quente. Associados aos distúrbios de grande-escala os sistemas frontais deslocam-se acompanhados de ciclones e anticiclones, alterando os campos de pressão atmosférica, de vento e de outras variáveis atmosféricas, ao longo da sua trajetória (WALLACE & HOBBS, 1977). Na América do Sul geralmente os sistemas provenientes do Pacífico deslocam-se para leste e depois da passagem pela Cordilheira dos Andes adquirem uma nova trajetória em direção ao Equador. Esses sistemas podem avançar pelo continente ou deslocar-se para o oceano Atlântico ( CAVALCANTI, 1985; SATYAMURTY ET AL., 1998, SELUCHI ET AL., 1998). As mudanças nas condições meteorológicas observadas na região sudeste do Brasil estão geralmente associadas à passagem, formação ou intensificação de frentes frias, sistemas meteorológicos típicos de latitudes médias e atuantes no litoral brasileiro em todas as épocas do ano ( KOUSKY, 1979 E SATYAMURTY ET AL. OP. CIT). Devido à parte sudestes do Brasil ser uma região naturalmente ciclogenética, ou seja, região propensa a atividade de SF se faz interessante estudos nesta linha de pesquisa já que as condições de

2 tempo estão intimamente ligadas à passagem dos mesmos. Ressaltamos ainda que este tipo de fenômeno pode acarretar danos e perdas para a sociedade em casos extremos como o que houve em São Paulo nos dias 7 e 8 de setembro de 2009 como, inundações, proliferação de doenças, prejuízos financeiros e etc. Tudo isto pode ser evitado com mais pesquisas no sentido de se prever tais fenômenos. Por isso, o objetivo deste trabalho é fazer uma análise preliminar das variáveis ambientas coletadas nas estações de Marte e São José dos Campos com o intuito de descrever a influência da passagem de um sistema considerado extremo para região de estudo. 2.MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo baseou-se principalmente na decodificação do código METAR para os dias 7 e 8 de setembro de 2009 das estações de Marte e São José Dos Campos, disponíveis na página da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica (REDEMET), de onde se obtêm informações de temperatura do ar, temperatura do ponto de orvalho, pressão, velocidade e direção do vento, presença de rajadas, cobertura e o tipo de nuvem, todos dados horários para serem utilizados como dados de entrada em gráficos gerados no Excel. Utilizam-se para auxílio imagens de satélite disponíveis na página do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). 3.RESULTADOS 3.1 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS NA ESTAÇÃO DE MARTE. Os parâmetros abaixo não seguem uma linha continua por falta de informações no código METAR em certos horários. A figura 1 representa a relação entre a temperatura do ar, do ponto de orvalho e a pressão ao longo dos dois dias na estação de marte, onde no dia 7 é observada uma elevação da pressão de 1013 hpa as 9 UTC para 1015 hpa as 11 UTC, se mantendo constante até as 13 UTC, em seguida ocorre queda da pressão até as 17 UTC, atingindo um mínimo de 1011 hpa se mantendo constante até as 21 UTC, entretanto a Tar cresce de 17 C para 29 C, entre 9 e 17 UTC, e logo em seguida decresce para 25 C as 22 UTC porém uma queda do Td de 15 C para 13 C entre 13 e 16 UTC, voltando para 15 C as 20 UTC. Com o abaixamento da pressão, o que se espera é a proximidade de Tar e Td, indicando 100% de umidade e consequentemente precipitação, com tudo, como podemos ver nas imagens de satélite (Figura 7), devido a configuração de um Sistema Frontal se deslocando de Santa Catarina passando próximo a estação de Marte-SP no quadrante sul lembrando da passagem de outro sistema frontal em dias anteriores deixando um rastro de nuvens não precipitantes rumo ao oceano atlântico resultando no tempo registrado na estação, isso fica confirmado quando analisamos a direção do vento (Figura 5) que predominou no quadrante sudeste, leste, nordeste, entre 10 e 00 UTC do dia 8, ou seja, vindo do oceano atlântico devido a presença deste Sistema Frontal, onde a velocidade do vento na estação (Figura 3) neste dia ficou entre 2 e 5 m/s com um pico de 6 m/s as 12:15 e 14:50 UTC. As 9 UTC do dia 8 o SF entra na cidade de São Paulo atuando durante os próximos dias, provocando o registro de 5 rajadas de vento entre 11 e 14:50 UTC acima de 11 m/s com um pico de 13 m/s as 14 UTC, assim como, a direção do vento (Figura 3) entre 11 e 20 UTC do dia 8, se apresenta caótico devido a essa grande instabilidade persistente neste dia por um sistema de grande escala, a momentos de súbitas quedas de temperatura do ar indicando que nesses horários o sistema se intensifica gerando pancadas de chuva, o período de maior ação do sistema ocorre entre 15 e 18 UTC quando ocorre a queda de pressão de 1016 hpa para 1012 hpa se mantendo até a hora seguinte. Entre 22:30 e 2 UTC a pressão se mantêm constante em 1016 hpa indicando a estabilidade do sistema.

3 3.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES METEOROLÓGICA NA ESTAÇÃO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. Na figura 2, a pressão inicia uma queda entre 3 e 9 UTC do dia 7, de 1016 hpa para 1010 hpa, ou seja, ocorre intensificação de um sistema apesar de apresentar certas oscilações na pressão indicando formação e dissipação de pequenos sistemas, ou seja, interação entre as escalas e isso se confirma quando analisamos a velocidade do vento (Figura 4) que fica em torno de 3 m/s, vento considerado fraco na horizontal o que indica que na vertical estejam mais intensos provocando convergência, com intervalos de calmaria sendo que a direção predominante é de nordeste (Figura 6), Tar e o Td estão indicando a saturação do ar entre 6 e 8 UTC. Entre 10 e 13:00 UTC a pressão estabiliza em 1015 hpa enquanto a Tar descreve um crescimento atingindo a máxima do dia de 30 C as 17 UTC o que é esperado devido ao aquecimento diferencial da superfície que ocorre naturalmente nos horários da tarde, com tudo para as próximas horas a temperatura decai o que pode esta relacionado com uma possível precipitação causada pela intensificação do sistema de baixa e pelas aproximações de Tar e Td neste período. Isto se confirma através da oscilação da direção do vento (Figura 6), entre 17 e 20 UTC ( quadrantes Norte, Oeste, Sudoeste), com uma velocidade média de 3,5 m/s (Figura 3), lembrando que os parâmetros meteorológicos estão sendo modulados pela aproximação do SF depois das 19 UTC. A queda da temperatura se procede até as 5 UTC do dia 8 chegando a 23 C, as 21:00 UTC do dia 7 a pressão volta a ser de 1014 hpa se mantendo constante ate as 5:00 UTC do dia 8 (Figura 2). O fato de a temperatura aumentar entre 5 e 8 UTC para 22 C no dia 8 concorda com o aumento da pressão proveniente da passagem de um sistema, a partir das 5 UTC a pressão descreve um crescimento ate 2 UTC atingindo 1018 hpa, durante todo esse período a momentos que a pressão cai e logo em seguida volta a crescer indicando convecções localizadas. Entretanto essas pequenas convecções estão dentro de uma escala maior que seria o SF, como podemos confirmar pela queda da pressão entre 12 e 00 UTC do dia 8 o encontro das curvas de Tar e Td indica saturação do ar conseqüentemente chuva. Figura 1: Dados horários da temperatura do ar, temperatura do ponto de orvalho e pressão para o dia 7 e 8 de setembro, da esquerda para direita respectivamente, na estação de Marte. Figura 2: Dados horários da temperatura do ar, temperatura do ponto de orvalho e pressão para o dia 7 e 8 de setembro, da esquerda para direita respectivamente, na estação de São José dos Campos.

4 Figura 3: Dados horários da velocidade do vento para o dia 7 e 8 de setembro na estação de Marte, da direita para esquerda Figura 4: Dados horários da velocidade do vento para o dia 7 e 8 de setembro na estação de São José dos Campos, da direita para esquerda Figura 5: Dados horários da direção do vento para o dia 7 e 8 de setembro na estação de Marte, da direita para esquerda Figura 6: Dados horários da direção do vento para o dia 7 e 8 de setembro na estação de São José dos Campos, da direita para esquerda 3.3 ANÁLISE DA NEBULOSIDADE SOBRE SÃO PAULO NOS DIAS 7 E 8 DE SETEMBRO DE Com o auxílio das imagens de satélite no campo da realçada fica mais claro de entender o que ocorreu, pois quanto mais frio o topo da nuvem mais profunda ela é, assim sendo, mais precipitação ela é capaz de gerar. A esquerda se percebe claramente a aproximação do sistema frontal as 22 UTC do dia 7. À direita a imagem é do dia 8 as 18 UTC, fica claro que sobre a cidade de São Paulo esta ocorrendo forte precipitação decorrente do SF que se instala na região. Figura 7: Imagem de satélite realçada dias 7 e 8 de setembro da esquerda para direita, respectivamente (CPTEC/INPE).

5 4.CONCLUSÃO Os parâmetros meteorológicos registrados durante o dia 7 e 8 estão diretamente relacionados com a entrada de um sistema frontal que se soma a outro sistema de dias anteriores resultando em uma oclusão sobre o continente se estendendo para o oceano, somando se a isso se tem também as características físicas do lugar já que é um região de frequente encontro de massas. Faz-se ainda uma observação de que este evento registrado nestes dois dias é considerado raro por não ser comum se observar oclusão sobre o continente, mas sim sobre o oceano. Ressaltamos que é interessante se desenvolver linhas de pesquisa nesta área já que o conhecimento é muito útil para a prevenção de desastres como os ocorridos no referente estudo como: danos econômicos, sociais, perda de vidas e etc. 5.REFERÊNCIAS BANCO DE IMAGENS. DIVISÃO DE SATÉLITE E SISTEMAS AMBIENTAIS (DAS). Satélite Disponível em: < Acesso em: 8 de Maio de CAVALCANTI, I. F. A. Casos de intensa precipitação nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil no período de inverno de 1979 a pp. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos, SP, (INPE-3743-RPE/498). CONSULTA DE MENSAGENS. REDE DE METEOROLOGIA E COMANDO DA AERONÁUTICA (RED EMET). Produtos meteorológicos. [19--]. Disponível em: < e9c02c9ce c e5b9>. Acesso em 8 de Maio de KOUSKY, V. E. Frontal influences on Northeast Brazil. Monthly Weather Review, v. 107, n. 9, p , RODRIGUES M. L. G.; FRANCO D.; SUGAHARA S. Climatologia de Frentes Frias no Litoral de Santa Catarina. Revista Brasileira de Geofísica. p v. 22(2) SATYAMURTY P, MATTOS LF, NOBRE CA & SILVA DIAS PL Tropics South America. In : METEOROLOGY OF THE SOUTHERN HEMISPHERE, Ed. Kauly, D. J. and Vincent, D. G., Meteorological Monograph. American Meteorological Society, Boston, SATYAMURTY, P., C. A. NOBRE, P. L. SILVA DIAS. South America, In: Karoly, D. J., Vincent, D. G. ed. Meteorology of the Southern Hemisphere. American Meteorological Society, , (Meteorological Monographs, vol.27, nº49). SELUCHI, MARCELO E., Y. V. SERAFINI E H. LE TREUT,.The Impact of the Andes on Transient Atmospheric Systems: A Comparision between Observations and GCM Results. Monthly Weather Review, p , v. 126, n. 4, WALLACE JM & HOBBS PV Atmospheric Science: An Introductory Survey. Academic Press, Inc, London, 467 pp.