40º Encontro Anual da ANPOCS

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1 40º Encontro Anual da ANPOCS ST13 - Entre as ruas e os gabinetes: institucionalização e contestação nos movimentos sociais Título: As raízes do ativismo reacionário contemporâneo no Rio Grande do Sul: as manifestações públicas de empresários e profissionais liberais gaúchos Autores: Marcelo Kunrath Silva Matheus Mazzilli Pereira Camila Farias da Silva

2 As raízes do ativismo reacionário contemporâneo no Rio Grande do Sul: as manifestações públicas de empresários e profissionais liberais gaúchos Marcelo Kunrath Silva (Professor PPG Sociologia/UFRGS - mksilva@ufrgs.br) Matheus Mazzilli Pereira (Doutorando PPG Sociologia/UFRGS - matheus.mazzilli@gmail.com) Camila Farias da Silva (Doutoranda PPG Sociologia/UFRGS - camilafsb@yahoo.com.br) Resumo Um grande impacto do ciclo de protesto iniciado em 2013 foi a emergência pública e o protagonismo de um ativismo reacionário desenvolvido por indivíduos e organizações das classes dominantes da sociedade brasileira. Marcado pela concentração das análises sobre os processos de organização e/ou mobilização dos segmentos subalternos, o campo de estudos dos movimentos sociais no Brasil foi surpreendido por este processo e ainda hoje se encontra pouco instrumentalizado para um tratamento analítico mais qualificado do mesmo. Para contribuir com a superação desta lacuna, o trabalho analisa a evolução das manifestações de três segmentos das classes dominantes no estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1970 e 2010: o empresariado urbano e rural e os profissionais liberais. Buscamos identificar as origens da mobilização desses atores, caracterizando sua trajetória e analisando se, ao longo das últimas décadas, tais grupos tiveram êxito em construir processos de mobilização articulados. Utilizamos como base empírica o banco de dados sobre manifestações públicas de demandas coletivas construído pelo Grupo de Pesquisa Associativismo, Contestação e Engajamento (GPACE/UFRGS). Nossos dados indicam que, embora mobilizados, tais grupos não tiveram sucesso em construir esforços conjuntos de mobilização coletiva ao longo do período de abrangência da pesquisa. O ciclo de protestos de 2013, portanto, é marcado por uma continuidade em relação à existência de mobilização de segmentos das classes dominantes, mas rompe uma tendência histórica por ter sido potencialmente produzido por uma articulação entre tais segmentos. Introdução Grande parte da literatura sobre os protestos de 2013 enfatizou o caráter popular e/ou progressista dessas manifestações, apresentando em seus argumentos a centralidade da trajetória e da atuação dos atores identificados com a esquerda para a explicação desse processo de mobilização (GOHN, 2014; DOWBOR; SZWAKO, 2014; ZIBECHI, 2013) e/ou enfatizando as manifestações enquanto uma resposta popular a problemas

3 sócio-econômicos e/ou político-institucionais (ANTUNES, 2013; BRAGA, 2013, 2013; DOMINGUES, 2013; VAINER, 2013). Tais análises, no entanto, podem ser problematizadas. Observações de processos empíricos, dados sobre o perfil dos manifestantes1 e relatos da imprensa2 possibilitam identificar a significativa presença de um ativismo reacionário e/ou conservador disputando a direção e o sentido desse ciclo de protestos (SINGER, 2013; MARENCO, 2014). Ativismo esse que se manteve fortemente mobilizado nos anos seguintes, sustentando demandas como o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.3 Singer (2015) sugere a hipótese de que esse período de mobilização reacionária foi marcado pela formação de uma aliança entre diversos setores da elite brasileira em oposição ao governo. Segundo o autor, do setor financeiro ao industrial, passando pelo agronegócio, o comércio e os serviços, a unidade capitalista em torno do corte de gastos públicos, queda no valor do trabalho e diminuição da proteção aos trabalhadores tornava-se completa (SINGER, 2015, p.61). Nós seguimos a literatura que interpreta o ciclo de protestos iniciado em 2013 como um processo complexo e heterogêneo, sendo constituído não apenas por uma mobilização progressista, mas também pelo protagonismo de um ativismo conceituado no âmbito deste artigo como reacionário. Nesse trabalho, buscamos identificar as origens da mobilização de atores identificados com esse tipo de ativismo, caracterizando sua trajetória e analisando se, ao longo das últimas décadas, tais grupos tiveram êxito em construir processos de mobilização articulados, tal como a hipótese de Singer (2015) sugere ter ocorrido a partir de Para isso, analisamos a evolução das manifestações públicas de três segmentos das classes dominantes4 no estado do Rio Grande do Sul entre os anos de 1970 e 2010: a classe patronal urbana, a classe patronal rural e os profissionais liberais. Ao associarmos o ativismo reacionário a esses três segmentos das classes dominantes, assumimos o pressuposto de que a ação política de tais classes tende a assumir um sentido conservador e/ou reacionário na medida em que mudanças sociais 1 Disponível no portal do G1 Veja pesquisa completa do Ibope sobre os manifestantes (2013): - Acessado em 13/09/ Acessado em 13/09/ Pesquisas sobre perfil dos manifestantes nas manifestações de março de 2015: e - Acessado em 13/09/ O conceito de "classes dominantes" utilizado neste artigo segue a definição de Bourdieu (1989, p ), segundo o qual as classes dominantes são constituídas por aqueles que ocupam as posições dominantes em um determinado espaço social em virtude da posse dos recursos que conferem poder neste espaço (capitais).

4 tendem a afetar as relações de poder nas quais ocupam exatamente a posição dominante. Teoricamente, no entanto, gostaríamos de rejeitar uma associação direta e simplista entre posição de classe e posicionamento ideológico. Nossas análises, assim, têm como um de seus limites não analisar a possibilidade de que segmentos das classes dominantes possam assumir posições progressistas bem como a possibilidade de que segmentos das classes dominadas possam assumir posições conservadoras e/ou reacionárias em determinados conflitos sócio-políticos. Utilizamos como base empírica para realizar esta análise o banco de dados sobre manifestações públicas de demandas coletivas, construído pelo Grupo de Pesquisa Associativismo, Contestação e Engajamento (GPACE/UFRGS). Nossos dados indicam que, entre 1970 e 2010, tais segmentos das classes dominantes gaúchas não se encontravam desmobilizados, tendo produzido diversas ações de apresentação públicas de demandas coletivas. Na pauta de reivindicações destes segmentos, observou-se uma tendência ao predomínio de demandas reacionárias de caráter corporativo (ou seja, de promoção ou defesa de interesses particularistas de cada segmento). Nesse período, no entanto, esses três segmentos seguiram trajetórias distintas, se engajando em confrontos específicos por meio de formas de ação peculiares. O trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: na próxima seção, definimos o conceito de ativismo reacionário, revisamos a literatura brasileira sobre a mobilização desses grupos e descrevemos conceitos que ajudam a compreender o ativismo de tais grupos por meio de uma abordagem relacional; a seguir, descrevemos os dados e métodos utilizados nessa investigação; em seguida, analisamos os dados sobre a mobilização de setores das classes dominantes no Rio Grande do Sul entre 1970 e 2010; por fim, expomos nossas considerações finais. Problematização: Ativismo Reacionário, Contramovimentos, Coalizões de Movimentos e Ciclos de Protesto Buscamos, nesse trabalho, identificar e analisar as características da mobilização das classes dominantes no Rio Grande do Sul entre 1970 e 2010, analisando também sua capacidade de construção de esforços conjuntos de ação coletiva. A análise do ativismo das classes dominantes (seja de caráter reacionário ou não) constitui um importante desafio para o campo de estudos de movimentos sociais no Brasil. De fato, desde as importantes pesquisas de René Armand Dreifuss (1981, 1989) e colaboradores

5 (SIMÕES, 1985), os processos de organização e mobilização contestatória nãoinstitucional das classes dominantes foram pouco analisados pelos cientistas sociais brasileiros. Tendendo a considerar a constituição de movimentos contestatórios como o recurso político exclusivo daqueles que ocupam posições sociais dominadas, tal campo de estudos concentrou seus esforços de pesquisa nos processos de organização e mobilização contestatória dos segmentos subalternos ou identificados com a esquerda ideológica no Brasil. É preciso ressaltar, no entanto, que os cientistas sociais brasileiros vêm buscando confrontar estas limitações, o que se expressa na emergência de uma literatura recente dedicada ao tema (VELASCO e CRUZ; KAYSEL; CODAS, 2015; TEIXEIRA; TATAGIBA; TRINDADE, 2015). O mesmo pode ser observado também em outros países da América Latina, nos quais vem se desenvolvendo o debate sobre a ação política da denominada "nueva derecha"5. Devido ao predomínio de estudos dirigidos à compreensão da mobilização de grupos subalternos ou de esquerda, pesquisadores do campo de estudos de movimentos sociais foram surpreendidos por processos de organização e mobilização envolvendo setores das classes dominantes ou identificados com a direita ideológica que ganham visibilidade a partir de Nesse campo de estudos, pesquisadores encontram-se pouco instrumentalizados para um tratamento analítico mais qualificado de tais processos. Nesse trabalho, buscamos apresentar elementos conceituais e teóricos que ajudem a superar essa lacuna. Do ponto de vista conceitual, utilizamos o conceito de "reacionário" para definir parte do ativismo desenvolvido por essas classes. Seguimos aqui a definição de Bianchi (1998, p.1073), segundo a qual são considerados reacionários aqueles comportamentos que visam inverter a tendência (...) para uma democratização do poder político e um maior nivelamento de classe e de status. Sentido similar é atribuído por Hirschman (1992) no seu estudo sobre a retórica reacionária. Adota-se aqui, no entanto, a ressalva feita pelo autor no sentido de evitar o forte conteúdo valorativo negativo tradicionalmente associado aos termos reação e reacionário. Nas palavras do autor, "a implicação negativa dos termos 'reação' e 'reacionário' é infeliz, pois eu gostaria de usá-los sem injetar constantemente um juízo de valor" (HIRSCHMAN, 1992, p.17)6. 5 Neste sentido, ver o dossiê sobre o tema publicado no número 254 da Revista Nueva Sociedad, de novembro-dezembro de Outra conceituação possível seria a de " ativismo conservador". Segundo Bonazzi (1998, p.242), o conservadorismo pode ser definido como " ideias e atitudes que visam à manutenção do sistema político existente e dos seus modos de funcionamento, apresentando-se como contraparte das forças inovadoras".

6 O emprego do termo reacionário para denominar este ativismo implica uma perspectiva relacional do conflito político; ou seja, implica uma perspectiva que aborda os conflitos como processos interativos conformados, ao menos em parte, pelas ações e reações de agentes interdependentes. Estudos sobre movimentos sociais têm utilizado o conceito de movimentos e contramovimentos para apreender esse processo interativo de confronto. Contramovimentos são definidos como redes de indivíduos e organizações que compartilham muitos objetos de mobilização com os movimentos sociais aos quais eles se opõem (MEYER; STAGGENBORG, 1996, p.1632, tradução nossa). Quando sindicatos de trabalhadores assalariados e sindicatos patronais da indústria se engajam em um confronto em torno de questões trabalhistas, por exemplo, podem ser considerados um par de movimento/contramovimento. A literatura sobre contramovimentos fornece hipóteses importantes sobre as características da mobilização desses grupos. Movimentos e contramovimentos podem influenciar uns aos outros de maneiras múltiplas, tais como na escolha das arenas de disputa, dos formatos organizacionais e das estratégias de enquadramento interpretativo (MEYER; STAGGENBORG, 1996; ROHLINGER, 2002). A literatura indica, ainda, que vitórias de movimentos sociais podem gerar um período de intensificação na mobilização de contramovimentos e que o crescimento da disputa entre esses atores pode incentivar a formação de alianças entre grupos de ativistas ao redor dos polos dessa disputa (MEYER; STAGGENBORG, 1996). Considera-se, portanto, que os processos de mobilização e manifestação pública dos segmentos das classes dominantes estudados nesse trabalho estejam marcados pela dinâmica relacional entre movimentos e contramovimentos. Neste sentido, destaca-se que tais processos podem se constituir, em certos momentos, como um dos mecanismos causadores da mobilização de seus oponentes e, em outros momentos, como respostas às mobilizações daqueles. Eventualmente, esta dinâmica relacional pode possibilitar a formação de coalizões entre atores cujos interesses, em geral, não são construídos como idênticos. Tal processo de articulação de atores em torno de coalizões para a confrontação de coalizões adversárias é um dos mecanismos que operam na conformação de ciclos de protesto, tal como definido por Tarrow: No entanto, considera-se que o conceito de ativismo reacionário mostra-se mais apropriado para apreender o objeto de interesse deste trabalho por ressaltar a defesa de um retorno a uma condição/situação anterior que estaria sob mudança ou ameaça. A palavra de ordem "quero meu país de volta", marcante nas mobilizações de 15 de março de 2015, sintetiza o sentido reacionário destas mobilizações.

7 Uma fase de conflito acentuado que atravessa um sistema social: com uma rápida difusão da ação coletiva de setores mais mobilizados para outros menos mobilizados; com um ritmo rápido de inovação nas formas de confronto; com a criação de quadros interpretativos de ação coletiva, novos ou transformados; com uma combinação de participação organizada e não organizada; e com sequências de fluxos intensificados de informação e de interação entre os desafiantes e as autoridades (TARROW, 2009, p. 182). No auge desses ciclos de protesto, atores até então pouco mobilizados tendem a agir de forma mais intensificada. Amplia-se, assim, a possibilidade de formação de alianças entre diversos atores para a coordenação de suas ações. Entendemos essas alianças temporárias como coalizões de movimentos sociais. Movimentos e contramovimentos sociais não são grupos estáticos e definidos a priori. Pelo contrário, seus interesses e identidades são socialmente construídos e se modificam ao longo do tempo. Assim, a mobilização e a contramobilização são geradas por ativistas e organizações que formam alianças maleáveis com outros ativistas e organizações que têm interesses, identidades, características e preferências distintas deles mesmos, mas que são construídas como convergentes frente a determinado contexto e/ou adversário político, como frente à presença de ganhos de movimentos opositores vistos como ameaças a esses grupos (MEYER, 2004; MEYER; CORRIGAL-BROWN, 2005). Em suma, entende-se que o ativismo reacionário das classes dominantes observado a partir de 2013 busca evitar a ampliação da democratização do poder e a diminuição nas desigualdades de classe e de status. Tal ativismo se comporta, portanto, como um contramovimento em relação àqueles grupos que lutam por uma ampliação da democracia e da igualdade. A literatura sobre contramovimentos indica que a ação destes pode ser geradora de ciclos de protesto em reação aos avanços de seus oponentes e que, em tais ciclos, grupos distintos tendem a unir seus esforços de mobilização criando grandes coalizões. Tal argumento parece ser pertinente para analisar o conflito político que marca o Brasil a partir de O presente trabalho busca analisar como este processo se relaciona com a trajetória pregressa de manifestações das classes dominantes gaúchas: Quais as características das mobilizações das classes dominantes gaúchas entre 1970 e 2010? Como a relação de movimentos e contramovimentos se expressa nestas mobilizações? Observa-se a formação de coalizões de movimentos entre segmentos das classes dominantes ao longo deste período? Tais coalizões, se existentes, foram capazes de produzir ciclos de protesto?

8 Dados e métodos Para analisar a mobilização das classes dominantes no estado do Rio Grande do Sul são abordadas as características e as transformações das ações promovidas pelo empresariado urbano e rural e por profissionais liberais gaúchos ao longo de 40 anos. Para esse estudo, foram utilizados dados do projeto Regimes e Repertórios Associativos: oportunidades políticas e organização social no Brasil (financiado com recursos da Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq e do Programa de Iniciação Científica da UFRGS), produzidos entre os anos de 2011 e Tais dados foram produzidos e analisados por meio do método da análise de eventos de protestos, que busca mapear de forma sistemática a ocorrência de eventos de protesto em determinado recorte espaço-temporal (KOOPMANS; NEIDAHRDT; RUCHT, 1999; KOOPMANS; RUCHT, 2002; OLZAK, 1989; SILVA; ARAÚJO; PEREIRA, 2016)7. Para a operacionalização desse método, foi construído um banco de dados com informações sobre eventos de manifestação pública de demandas coletivas ocorridos no estado do Rio Grande do Sul entre 1970 e Definimos como unidade de análise desse estudo o repertório utilizado pelos atores naqueles eventos. Assim, um mesmo evento pode dar origem a mais de uma entrada no banco de dados, caso nesse evento tenham sido usados múltiplos repertórios. Foram incluídas nesse banco de dados tanto ações marcadas pelo uso de repertórios mais disruptivos (tais como depredações e confrontos com a polícia) quanto ações nas quais foram utilizados repertórios menos disruptivos (tais como a realização de reuniões com autoridades públicas ou privadas). Ainda, foram incluídos eventos produzidos por atores individuais ou coletivos, societários ou estatais, desde que esses atores expressassem uma demanda coletiva. Nesse estudo foi utilizada uma amostragem não-aleatória, na medida em que o levantamento de dados para todo o período do estudo seria inviável e que uma amostragem aleatória simples inviabilizaria o acompanhamento do desenvolvimento das campanhas de protesto ao longo dos dias. Assim, foram produzidos dados referentes a todos os dias de cada ano do período de referência da pesquisa de cinco em cinco anos (1970, 1975, 1980, 1985, 1990, 1995, 2000, 2005 e 2010). Como fontes de dados foram utilizados jornais diários, fontes recorrentes em pesquisas baseadas na AEP devido ao seu fácil acesso e à sua permanência ao longo do tempo (OLZAK, 1989; NEIDAHRDT; RUCHT, 1999). De forma mais específica, foi 7 Para mais detalhes sobre o desenho metodológico dessa pesquisa, ver Silva, Araújo e Pereira (2016).

9 utilizado o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na medida em que este é único jornal gaúcho de abrangência estadual que se manteve em circulação ao longo de todo o período da pesquisa. A escolha por uma fonte que não se interrompa ao longo do tempo é essencial na medida em que permite que os vieses da fonte sejam distribuídos por toda a amostra. Vieses tradicionalmente observados em jornais diários são o viés de seleção e o viés de descrição dos eventos (EARL et al., 2004)8. A principal limitação de nosso desenho de pesquisa para os objetivos desse artigo decorre do viés de seleção da fonte utilizada. Jornais tendem a noticiar eventos planejados para serem visíveis ou ações que se tornaram visíveis pelo seu valor jornalístico. Muitos repertórios de ação, no entanto, são desenhados para serem pouco ou nada visíveis (SCOTT, 2000). No caso da ação política das classes dominantes, abordada nesse artigo, repertórios importantes como o lobby são geralmente realizados de forma não pública e, portanto, não são identificados por meio desse método. Assim, a ausência de ações noticiadas no período analisado não significa ausência de atuação política, mas sim ausência do uso de repertórios de ação que objetivam ter visibilidade pública. As categorias para codificação das variáveis utilizadas pelo Observatório de Conflitos Urbanos do Rio de Janeiro 9 serviram como base para essa pesquisa. Após a realização de um estudo piloto, algumas dessas categorias foram modificadas, adicionadas ou retiradas. Para as análises apresentadas nesse trabalho, algumas dessas categorias foram, ainda, mescladas, possibilitando uma maior inteligibilidade na leitura dos dados. Todos os codificadores foram treinados e obedeceram às regras de um manual de codificação. Cada notícia, no entanto, foi codificada por apenas um pesquisador, não permitindo a comparação dos critérios utilizados pelos membros da equipe. Os dados utilizados nesse trabalho incluem informações referentes a todo o período da pesquisa, com exceção do mês de Novembro de A amostra utilizada engloba casos de uso de repertórios de expressão pública de demandas coletivas 10. A Tabela 1 mostra que a maior parte dos casos está concentrada entre os anos de 1980 e 8 Para uma maior discussão sobre o uso de jornais como fontes de dados para pesquisas sobre movimentos sociais, ver Earl et al. (2004), Hocke (1996), Neidhardt e Rucht (1999) e Swank (2000). 9 Disponível em: 10 As análises posteriores, no entanto, podem apresentar números diferentes, na medida em que as categorias não há informação ou não se aplica são excluídas das análises.

10 1990, havendo um período de crescimento posterior nos anos de 2000 e 2005 e novo decréscimo no ano de 2010 (no qual ocorreram eleições presidenciais)11. Tabela 1 - Distribuição da Amostra por Ano Total Frequência Porcentagem 158 3, , , , , , , , , ,0 Fonte: autoria própria A Tabela 2 mostra que a maior parte dos casos ocorreu entre julho e setembro, distribuição que pode estar relacionada a vieses na pesquisa12. Ainda, 72,9% dos eventos registrados ocorreram na Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre (na qual se encontram os grandes centros urbanos do estado e a sede do governo estadual). A segunda região na qual mais casos podem ser observados é a Mesorregião Noroeste Rio-grandense (7,5% dos casos), região na qual tendem a se concentrar boa parte dos conflitos agrários do estado. 11 A relação de interdependência entre os processos político-eleitorais e as manifestações públicas parece ser uma hipótese pertinente para explicar o declínio significativo dos casos de manifestações registrados em 2010, com a canalização da conflitualidade social para a disputa eleitoral presidencial. Tal hipótese, no entanto, não será analisada neste trabalho. 12 Como a pesquisa foi organizada de forma a produzir dados completos sobre um mês a cada etapa, a passagem dos meses acompanha também a mudança nas equipes de produção e codificação dos dados. Apesar de todos os pesquisadores serem treinados, os critérios podem ter sido operacionalizados de forma diferente por cada indivíduo, podendo gerar vieses na amostra (que, no entanto, estão igualmente distribuídos ao longo dos anos de abrangência da pesquisa).

11 Tabela 2 - Distribuição da Amostra por Mês Porcentagem Frequência Válida Janeiro 232 5,6 Fevereiro 335 8,1 Março 288 7,0 Abril 150 3,6 Maio 320 7,8 Junho 272 6,6 Julho ,8 Agosto ,4 Setembro ,1 Outubro 254 6,2 Novembro 294 7,1 Dezembro 236 5,7 Total ,0 Fonte: autoria própria 40 anos de ativismo das classes dominantes gaúchas Os pesquisadores do campo de estudo sobre movimentos sociais podem ter sido surpreendidos pelos processos de organização e mobilização protagonizados pelas classes dominantes observados a partir de Porém, os dados apresentados nessa seção sugerem que manifestações públicas de demandas coletivas não são novidades para esses setores, especificamente no estado do Rio Grande do Sul. Nessa seção será caracterizado como se apresentou publicamente o ativismo público das classes dominantes do estado do Rio Grande do Sul entre 1970 e Temos como objetivos identificar: seus níveis de mobilização ao longo do tempo em comparação com outros atores; se os objetos de sua mobilização estão relacionados a demandas reacionárias; e de que forma tais atores se mobilizam para promovê-las. A classe patronal urbana, a classe patronal rural e os profissionais são respectivamente representados pelas seguintes categorias do banco de dados: Sindicatos, Federações, Associações, e Grupos informais da Classe Patronal Urbana; Sindicatos, Federações, Associações, e Grupos informais da Classe Patronal Rural; e Sindicatos, Federações, Associações, e Grupos informais de Profissionais Liberais (essas categorias são unidas em uma - Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais em parte das análises). Atores:

12 Buscamos nessa seção identificar se as classes dominantes se mobilizaram de forma significativa ao longo do período da pesquisa. Para isso, analisamos os dados da amostra geral e comparamos os níveis absolutos e relativos de usos de repertórios da ação coletiva pela classe patronal e por profissionais liberais em relação a outros grupos. Os dados coletados sobre os atores promotores das manifestações ocorridas no Rio Grande do Sul no período que abrange a pesquisa foram classificados em 23 categorias, no total da amostra de 4139 registros. Porém, para os objetivos desse trabalho foram contabilizados apenas aquelas que apresentavam mais de 5% de frequência, apresentando a seguinte distribuição13: Figura 1 Tipo de ator promotor do evento no total da amostra Fonte: autoria própria Conforme os dados, Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais é a terceira categoria mais frequente de ator promotor de repertórios de manifestação pública de demandas coletivas, representando aproximadamente 9% dos casos observados. Enquanto Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais de Trabalhadores Assalariados Urbanos e Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais de Servidores Públicos, as duas categorias com maior número de casos, correspondem a 16% e 24,5% dos casos, respectivamente. Juntas, essas três categorias são responsáveis por aproximadamente metade dos casos observados ao longo de todos os anos de abrangência da pesquisa. 13 A categoria outros e atores múltiplos não foram contabilizadas.

13 Os dados demonstram, portanto, que, contrariamente ao discurso de uma surpreendente emergência da ação coletiva das classes dominantes no período atual (2013, 2014, 2015 e 2016), essa categoria encontra-se mobilizada 14 em todo período que abrange a pesquisa, ou seja, desde o ano No entanto, cada categoria apresenta mudanças na intensidade e na capacidade de mobilização ao longo do tempo. No objetivo de apreender essa dinâmica, as Figura 2 e 3 apresentam a evolução dos atores mais ativos ao longo do período pesquisado em termos absolutos e relativos respectivamente Figura 2- Variação absoluta de cada ator promotor do evento ao longo dos anos Fonte: autoria própria 14 Nessa seção assumimos que os dados representam os níveis de mobilização dos grupos. É importante relembrar, no entanto, que cada caso representa o uso de repertórios de ação coletiva e não a realização de eventos de protesto. Um evento de protesto, em todos os casos, dá origem a ao menos um caso, mas pode dar origem a mais casos, caso repertórios múltiplos sejam usados nesse evento. Assim, um grupo que promove poucos eventos, mas que utiliza repertórios de ação diversos nos eventos que promove pode ser aqui considerado mais mobilizado que aquele que promove mais eventos, mas que utiliza menos repertórios de ação em cada evento.

14 Figura 3- Participação relativa de cada ator promotor do evento no total das ocorrências registradas em cada ano Fonte: autoria própria De acordo com o gráfico representado na Figura 2, em valores absolutos, apresenta-se baixo nível de mobilização das classes dominantes no período ditatorial. Ainda assim, em valores relativos, o ator Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais encontrava-se ativo durante a Ditadura Militar, sendo a segunda categoria mais mobilizada do período, atrás apenas de Associações e Grupos informais de Moradores, ator mais frequente nas notícias coletadas no período ditatorial (Figura 3). Na década de 1980, há um crescimento em valores absolutos da participação de todas categorias. No entanto, atores das classes dominantes perdem a centralidade na promoção de manifestações públicas de demandas, apresentando um declínio significativo na sua importância relativa. Na década de 1990 os dados apresentam um declínio da mobilização de todas categorias em valores absolutos. Em valores relativos percebe-se que, no ano de 1990, Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais apresentam a participação relativa mais baixa de todo o período estudado. Nessa década, a maioria das categorias também apresenta uma baixa mobilização em termos absolutos. Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais de Servidores Públicos e Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais de Trabalhadores Assalariados apresentam uma intensa mobilização no ano de 1990 (que só fica atrás do ano de 1985 em termos do número absoluto de casos), mas

15 observa-se um declínio muito significativo das manifestações promovidas por estas categorias no ano de Na década de 2000, em valores absolutos, os dados demonstram um crescimento dos casos em relação ao período anterior (ainda que não cheguem ao mesmo nível de mobilização registrado entre os anos de 1980 e 1990). Os atores das classes dominantes voltam a apresentar uma maior presença relativa na promoção de manifestações públicas de demandas coletivas, sendo o ano de 2005 o momento no qual se observa o maior valor relativo das ações promovidas por estes atores. Em 2010, todas categorias voltam a apresentar um valor absoluto baixo de participação, similar ao observado no período ditatorial. No entanto, em valores relativos, os dados demonstram que, apesar de um pequeno declínio, as classes dominantes representadas pelos Sindicatos, Federações, Associações e Grupos informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais mantém sua centralidade na produção de manifestações em Dessa forma, os dados apresentados nessa seção demonstram que as classes dominantes encontram-se mobilizadas no Rio Grande do Sul entre 1970 e Em comparação com outros grupos, as classes patronais e os profissionais liberais se mobilizam principalmente no período ditatorial, tem uma queda em sua mobilização relativa entre as décadas de 1980 e 1990 e voltam a se mobilizar fortemente a partir de Objeto: Nessa seção, buscamos identificar se os objetos de mobilização das classes dominantes estão relacionados a demandas reacionárias. Para isso, analisamos os dados referentes aos objetos reivindicados nos casos de uso de repertórios de manifestação pública de demandas coletivas observados. No total da amostra, foram classificados dezesseis tipos diferentes de objeto de reivindicação. Os três tipos de objeto mais recorrentes nas manifestações públicas de demandas coletivas promovidas pelas classes dominantes estão representados na Figura 3 de acordo com sua frêquencia A categoria outros e objetos múltiplos não foram contabilizadas.

16 Figura 3 - Tipo de objeto de reivindicação nos eventos promovidos por Sindicatos, Federações, Associações e Grupos Informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais Fonte: autoria própria Os dados demonstram que pautas relacionadas aos temas de Economia Industrial, Agrícola e Financeira são o objeto de reivindicação mais frequente nas manifestações públicas promovidas pelas classes dominantes, representando aproximadamente 77% dos registros. Os objetos Salarial e Trabalhista e Reivindicação e Garantia de Direitos Básicos representam 16% e 7%, respectivamente. Os níveis de mobilização desse grupo em relação as questões de economia industrial agrícola e financeira é alto se comparado ao de outros atores. No total da amostra (Figura 4), esse objeto de reivindicação representa apenas 14% de todos os casos de uso de repertórios de manifestação pública de demandas coletivas registrados. Esse número é similar ao observado para o objeto Reivindicação e Garantia de Direitos Básicos, que representa 15% dos casos. O objeto Salarial e Trabalhista é o de maior frequência no total da amostra, com 57% dos casos.

17 Figura 4- Tipo de objeto de reivindicação no total da amostra Fonte: autoria própria A categoria Economia Industrial e Agrícola abrange demandas relacionadas à regulamentação do processo produtivo e à oposição à reforma agrária, entre outras demandas. Assim, tal categoria engloba demandas que se opõem diretamente aos movimentos de trabalhadores do campo e da cidade e a um maior nivelamento de classe e, portanto, abrange demandas reacionárias. Tendo em vista a predominância de tal categoria como objeto dos usos de repertório de ação coletiva dos segmentos das classes dominantes estudados, argumentamos que, apesar de nem todas as demandas desses grupos estarem necessariamente ligadas a pautas reacionárias, nossos dados nos permitem inferir que parte de tais demandas potencialmente se relaciona a pautas desse tipo. Dessa forma, ainda que a relação entre o pertencimento a classes dominantes e a defesa de demandas reacionárias presente em nossos pressupostos não seja necessária e que casos contrários sejam obscurecidos em nossa análise, a recorrência dessa relação é suportada pelas nossas evidências empíricas. Repertório: Buscamos também identificar de que forma as classes dominantes se mobilizaram para apresentar suas demandas por meio da análise de seus repertórios de ação. Os tipos de repertório utilizados nas manifestações públicas de demandas coletivas identificados na pesquisa foram classificados em doze categorias. Para analisar como as classes dominantes realizam suas manifestações públicas de demandas

18 coletivas as agrupamos seus repertórios de ação em duas categorias mais abrangentes: Repertórios Institucionais e Repertórios Extra-institucionais 16. Figura 5 - Tipo de repertório utilizado nos eventos promovidos por Sindicatos, Federações, Associações e Grupos Informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais Fonte: autoria própria Percebe-se no gráfico representado na Figura 5 que as classes dominantes recorreram ao longo do período principalmente a repertórios institucionais para expressar suas demandas. Essa categoria representa aproximadamente 70% dos casos. Quando observados em relação à sua evolução no período analisado (Tabela 6), os repertórios institucionais são, até o ano de 1995, a forma mais recorrente de expressão pública de demandas coletivas das classes dominantes em valores absolutos. No ano de 2000, no entanto, tais formas de ação são superadas pelos repertórios extrainstitucionais, que mantém seu crescimento até o ano de 2005 e declinam de forma significativa no ano de 2010, quando voltam a ser ultrapassados pelos repertórios institucionais. 16 Foram classificados como institucionais os repertórios: Reuniões e Pedidos Formais a Autoridades Públicas e Privadas, Manifestação via Meio de Comunicação em Massa, Manifestação em Plenário e Instrumentos Jurídicos e Legais. Foram classificados como extra-institucionais os repertórios: Atos, Passeatas e Carreatas em Locais Públicos (Repertórios de Rua), Realização de Assembléias e Eventos, Fechamento de Vias Públicas, Ocupação de Prédios e Terrenos, Depredação, Rebelião e Confronto Direto com as Forças de Segurança, Paralisações, Greves e Boicotes ao Processo de Trabalho, Manifestação Performática e Mensagem em Espaço Público.

19 Figura 6- Variação absoluta do tipo de repertório utilizado nos eventos promovidos por Sindicatos, Federações, Associações e Grupos Informais da Classe Patronal e Profissionais Liberais em cada ano Fonte: autoria própria A partir dos dados apresentados nessa seção é possível perceber que segmentos das classes dominantes, que surpreenderam como protagonistas de diversos eventos de protesto nos últimos três anos, encontram-se mobilizados há pelo menos quarenta anos. Ressalta-se, no entanto, que sua dinâmica de atuação se transforma de forma significativa ao longo do tempo, seja em termos de intensidade de mobilização, apresentando momentos de maior ou menor frequência de manifestações, seja em termos das formas de manifestação, com o uso de repertórios mais ou menos conflitivos. É preciso destacar, novamente, que a presença de momentos de baixa presença das classes dominantes como promotoras de eventos de manifestação pública não significa que estas não estejam organizadas, mobilizadas e atuando na defesa de seus interesses. Tais momentos, ao contrário, podem significar um intenso investimento em formas não-públicas (e, assim, invisíveis para nossa fonte) de atuação política. De qualquer forma, os dados apresentados demonstram uma marcante intensificação do ativismo não-institucional das classes dominantes ao longo do tempo, atingindo o seu ápice em 2005 e mantendo-se relativamente importante em Contudo, as classes dominantes não constituem uma unidade e a análise das variações nas dinâmicas das manifestações promovidas por seus distintos segmentos,

20 particularmente no que se refere à articulação ou não de suas ações, pode contribuir para a compreensão do intenso ativismo reacionário observado no período atual. Neste sentido, na próxima seção serão analisadas de forma separada as manifestações promovidas pela Classe Patronal Urbana, Classe Patronal Rural e Profissionais Liberais. Distintas trajetórias de mobilização Os dados apresentados na seção anterior mostram que atores da classe patronal urbana e rural e profissionais liberais têm um forte histórico de mobilização no estado do Rio Grande do Sul. Singer (2015) sugere a hipótese de que, a partir de 2013, setores das classes dominantes brasileiras criaram uma agenda em comum, formando grandes coalizões, combinando recursos, coordenando táticas e se apoiando em ciclos de protesto influentes. O quão comum é essa coordenação da ação política contestatória entre as classes dominantes? A seguir, comparamos as características das mobilizações dos três segmentos das classes dominantes analisados para responder a essa pergunta. Nossos dados indicam que a formação de coalizões entre tais segmentos em ciclos de confronto é rara. Entre 1970 e 2010, no Rio Grande do Sul, processos de mobilização promovidos de empresários urbanos, empresários rurais e profissionais liberais ocorreram em períodos distintos. Esses processos se diferenciaram, ainda, no que diz respeito aos repertórios utilizados em cada um deles, bem como no que se refere objetos de reivindicação de cada grupo e aos alvos da sua mobilização. A construção de coalizões de movimentos entre as classes dominantes e, particularmente, a produção de ciclos de protesto nos quais tais atores ajam em conjunto são, portanto, fenômenos difíceis de serem observados, que ocorrem em circunstâncias específicas que merecem ser estudadas em profundidade. Classe Patronal Urbana: Dois períodos de maior intensidade das manifestações públicas da classe patronal urbana ocorreram entre 1970 e 2010 no Rio Grande do Sul. O primeiro e mais forte deles ocorre entre 1970 e Na década de 1970, embora o número absoluto de casos de uso de repertórios de ação coletiva seja menor que aquele observado na década seguinte, a quantidade relativa de casos desse grupo é alta em relação a outros grupos.

21 Tal número relativo decresce na década de seguinte, se estabilizando até o segundo período de intensificação, em 2005 (Apêndices 1 e 2). Dessa forma, consideramos que esse primeiro período tem seu auge na década de 1970, seu declínio na década de 1980 na qual aumenta o número absoluto de protestos, mas decresce de forma substancial o seu número relativo e seu fim em No primeiro período, a classe patronal urbana utilizou principalmente repertórios institucionais para a apresentação de suas reivindicações às autoridades (Apêndice 3). Reuniões com autoridades tais como governadores, secretários e prefeitos foram comuns em todo o período, bem como o envio ou a entrega de cartas e solicitações a essas autoridades. Em 1970, essa forma de ação é utilizada em 92,9% dos casos observados para esse grupo e seu menor uso relativo pode ser observado em 1985, já no momento de declínio desse primeiro período de mobilizações, ano no qual 56% dos casos desse grupo foram marcados pelo uso desse tipo de repertório. Outros repertórios utilizados pela classe patronal urbana em menor número no auge do primeiro período foram manifestações em meios de comunicação de massa e a realização de assembleias ou eventos. Nessas reuniões com autoridades, os principais objetos de reivindicação envolviam questões relacionadas à economia industrial e financeira (Apêndice 4). Eram discutidos aspectos tais como os preços dos bens produzidos, os impostos e taxas pagos pelo setor, os incentivos governamentais para produção industrial, as condições para obtenção de empréstimos junto a bancos públicos, as políticas de exportação do governo, entre outros. Destacam-se também reivindicações direcionadas ao tema do transporte público, principalmente relacionadas às empresas privadas que atuam nesse setor. O alvo mais visado pela classe patronal urbana nesse primeiro período de intensificação das manifestações foi o Governo Federal (apesar de uma queda de ações voltadas a esse alvo no final do período), seguido do Governo Municipal (que cresce de importância numérica em 1980) e do Governo Estadual (mais importante numericamente em 1985) (Apêndice 5). O segundo período de maior manifestação pública do empresariado urbano é menos intenso e ocorre no ano de 2005 (Apêndices 1 e 2). Nesse breve período, nenhum repertório se destaca como o mais importante. Para expor suas reivindicações, empresários urbanos utilizaram ações diversas, como reuniões com autoridades, manifestações em meios de comunicação de massa e ações de rua (como atos,

22 passeatas e o fechamento de vias públicas). Nesse segundo ciclo, as reivindicações também estavam centradas em questões relacionadas à economia industrial e financeira (Apêndices 1, 2, 3 e 4). No caso da classe patronal urbana, a dinâmica movimento/contramovimento parece ser importante para a compreensão da ascensão e queda dos seus períodos de mobilizações. Após o final do auge da mobilização do primeiro e mais importante desses períodos, observa-se o crescimento do ciclo de protestos da redemocratização, fortemente baseado na mobilização dos sindicatos e grupos informais de trabalhadores urbanos (entre 1985 e 1980), que invertem o protagonismo político da classe patronal no período ditatorial. Um aumento nas mobilizações de profissionais assalariados no ano de 2000 parece gerar o segundo período de intensificação do ativismo da classe patronal urbana que, dessa vez, reage a um crescimento da mobilização dos trabalhadores assalariados. Classe Patronal Rural: De forma semelhante ao que ocorre no caso do grupo analisado anteriormente, podem ser observados dois períodos de intensificação das manifestações públicas da classe patronal rural no recorte espaço-temporal dessa pesquisa. Nesse caso, no entanto, o segundo período é o mais significativo. O primeiro período ocorre entre 1970 e Nesse caso, também, o maior número absoluto de casos é observado no ano de Porém, em termos relativos, esse número é levemente inferior àqueles observados na década de Esse período é, portanto, menos intenso, menos duradouro, mas mais estável que aquele observado para a classe patronal urbana para esse mesmo período. Como no caso anterior, na década de 1970, o repertório mais importante é o uso de reuniões e pedidos formais a autoridade. No ano de 1980, outro tipo importante de ação emerge - a realização de assembleias e eventos -, demonstrando que tais atores começam a explorar repertórios de ação mais públicos e visíveis no final desse período. Os objetos de reivindicação desse período giram em torno de questões de economia industrial, financeira e agrícola (Apêndices 6, 7, 8 e 9). O período de manifestações mais intenso observado para esse segmento, no entanto, ocorre entre 1995 e No ano de 1995, ocorre um aumento no número de casos promovidos pelo patronato rural que, embora pequeno em números absolutos, corresponde a uma grande diferença em relação ao período anterior na comparação com

23 outros grupos de atores. Nos anos de 2000 e 2005, tanto em números relativos quanto em números absolutos a intensificação das manifestações se estabiliza e tem seu auge. O ano de 2010 marca o fim desse período (Apêndices 6 e 7). Esse segundo período ( ) se destaca pelo uso paralelo de repertórios institucionais e extrainstitucionais. Assim como no primeiro período, empresários rurais continuam utilizando reuniões com autoridades públicas para expressar suas demandas. No segundo, porém, tal repertório é combinado com formas mais disruptivas de ação. O empresariado rural gaúcho passa a utilizar atos, passeatas, carreatas e, principalmente, fechamentos de vias públicas como formas de manifestação. Através do uso desses repertórios, as autoridades públicas são pressionadas a abrir espaços mais institucionais para o diálogo por meio de reuniões. Em nenhum momento desse período, o número de casos de uso desse tipo de ação mais confrontativa é menor que 21% dos casos desse grupo, chegando a 29% no ano de Ao longo desse período, empresários rurais usam até mesmo paralisações, greves e boicotes. Nos anos de 2000 e 2005, esses atores também utilizam eventos e assembleias para apresentar suas demandas. Já no ano de 2000, são também utilizadas manifestações performáticas (Apêndice 8). Os principais objetos de reivindicação desse grupo estão relacionados à economia agrícola. Empresários rurais agem buscando influenciar temas como, por exemplo, os preços para a venda da safra, as políticas governamentais de importação e exportação, os preços dos insumos agrícolas cobrados por outras empresas privadas, entre outros. Tais atores também se posicionam fortemente contra a reforma agrária (Apêndice 9). Por fim, no segundo período de intensificação das manifestações, o alvo mais importante na maior parte dos anos é o Governo Federal. O Governo Estadual é o segundo mais importante, sendo o alvo mais recorrente em 2000 (Governo Olívio Dutra/PT), embora seja observada uma queda expressiva de ações contra o Governo Estadual em 2005 (Governo Germano Rigotto/PMDB). Nesse ano, cresce a importância de confrontos com outras empresas privadas (Apêndice 10). Nesse caso, a dinâmica movimento/contramovimento também é importante. Do primeiro período de maior mobilização desse grupo, durante o Regime Militar, segue a formação dos principais movimentos sociais de trabalhares rurais e sem-terra no Brasil, bem como altos índices de mobilização de sindicatos de trabalhadores rurais. Essa mobilização reativa é semelhante àquela observada no caso dos conflitos industriais e urbanos. No caso dos conflitos rurais, a dinâmica também se inverte no segundo período que, nesse caso, é mais intenso que o primeiro. O segundo período de

24 mobilização da classe patronal rural começa em 1995, momento em que as mobilizações dos movimentos sociais rurais formados na década de 1980 atinge seu auge. Ela é, portanto, reativa, tal como a mobilização do segundo período de classe patronal urbana. Profissionais Liberais: No caso dos profissionais liberais também podem ser observados dois períodos de intensificação das mobilizações. O primeiro e menor deles tem seu auge no ano de 1980 e entra em fase de declínio no ano de Nele, são alternados diversos repertórios. Os mais importantes deles são o uso de reuniões e pedidos formais a autoridades públicas e privadas e o uso da grande mídia para a exposição de demandas. Também são realizadas nesse período assembleias e eventos, bem como mobilizadas paralisações, greves e boicotes. Nesse período, tais mobilizações têm como objetivo claro a conquista de melhores salários ou condições de trabalho para os profissionais do setor17 (Apêndices 11, 12, 13 e 14). Embora menor em números absolutos, o período mais intenso de manifestações de profissionais liberais é aquele observado entre 2005 e Nós consideramos esse o mais importante pelo seu fortíssimo crescimento em números relativos à mobilização de outros grupos e, principalmente, porque os profissionais liberais formam um dos poucos grupos de atores que têm um aumento no número absoluto de casos registrados na passagem do ano de 2005 para o ano de (marcado por uma tendência de desmobilização). Assim, esse período de mobilizações se inicia em 2005 e tem seu auge em 2010 (Apêndices 11 e 12). Nesse período, profissionais liberais encontram um repertório preferencial: o uso da grande mídia para expor, justificar e legitimar suas demandas para a sociedade. É comum, por exemplo, o uso de notas no jornal Zero Hora por sindicatos de classe. Outra forma recorrente de uso da mídia é o envio de artigos redigidos por lideranças desses sindicatos para as seções de opinião desse jornal. Além do uso de tais repertórios, apenas casos isolados de repertórios de rua, paralisações e usos de instrumentos jurídicos e legais podem ser observados nesse período (Apêndice 13). 17 É preciso lembrar que sindicatos de profissionais liberais, tais como sindicatos médicos, representam também profissionais assalariados, tais como médicos empregados em hospitais privados, e servidores públicos, tais como médicos empregados em hospitais públicos. 18 Apenas o número de protesto de indígenas e grupos e organizações religiosas também aumenta nesse período em números absolutos.

25 Esse período marca uma importante mudança nos objetos de reivindicação desse grupo. Enquanto que no ano de 2005 nenhum objeto aparece como predominante, no ano de 2010 o principal objeto de reivindicação é a garantia de direitos básicos, em especial, por meio da defesa da melhoria nos serviços de saúde, devido à predominância de ações de sindicatos médicos. Interpretamos essa reorientação como uma mudança nas estratégias de enquadramento dos profissionais liberais. No primeiro período de intensificação das manifestações ( ), esse segmento enquadrou seus interesses como interesses corporativos próprios relacionados ao salário e às condições de trabalho dos profissionais liberais. Nesse segundo período, profissionais liberais passam a enquadrar seus interesses a partir da ideia de que eles representam interesses universais e públicos, tais como a saúde (Apêndice 14). Destaca-se também que, ao contrário do observado nos segmentos anteriores, nos quais os períodos de mobilização mais intensos se direcionavam a alvos específicos, no caso da mobilização dos profissionais liberais seus alvos são mais difusos, embora, em geral, estatais. Principalmente no ano de 2010, a maior parte dos casos de uso de repertórios de reivindicação pública de demandas coletivas se dirige a atores múltiplos situados no Estado, não se direcionando, assim, a um nível específico da federação (Apêndice 15). Comparando Trajetórias: Os dados mostram, portanto, que profissionais liberais e membros da classe patronal urbana e rural têm trajetórias distintas de mobilização. Tais grupos se mobilizam em períodos distintos, por meio de repertórios específicos e expondo reivindicações particulares. No Quadro 1 apresentamos uma comparação dos principais ciclos de protesto de cada um dos grupos analisados.

26 Quadro 1 Características dos Principais Períodos de Manifestações da Classe Patronal Urbana e Rural e de Profissionais Liberais Classe Patronal Urbana Classe Patronal Rural Profissionais Liberais Período de Ocorrência 1970 a 1985 (auge até 1975) 1995 a a 2010 Principais Repertório Reuniões e Pedidos Formais a Autoridades Públicas ou Privadas Atos, Passeatas e Carreatas em Locais Públicos (combinados com reuniões de negociação) Manifestação Pública via Meio de Comunicação de Massa Principal Objeto Economia Industrial e Financeira Questões Agrícolas Reivindicação e Garantia de Direitos Básicos (legitimando interesses). Principais Alvos Governo Federal e Governos Municipais Governo Federal e Governo Estadual Alvos Múltiplos (Estado) Fonte: autoria própria. A classe patronal urbana se manifesta publicamente principalmente nos anos 1970 para consolidar seus interesses na política industrial do país por meio de ações menos visíveis e mais próximas às instituições políticas formais. A classe patronal rural produz manifestações principalmente entre 1995 e 2005 para defender seus interesses no campo diante da forte mobilização dos movimentos sociais rurais, buscando pressionar o Governo Federal por meio de repertórios mais confrontativos, tais como o fechamento de vias públicas. Por fim, profissionais liberais se mobilizam principalmente entre 2005 e 2010, utilizando a mídia para enquadrar e legitimar seus interesses como interesses públicos. O aspecto mais semelhante entre esses grupos é a dinâmica movimento/contramovimento que rege os confrontos nos quais a classe patronal urbana e rural estão inseridos. Em ambos os casos, a classe patronal se mobiliza nos anos 1970 para defender seus interesses (de forma mais intensa no meio urbano). Setores populares do campo e da cidade reagem a essa mobilização ao longo dos anos O fortalecimento desses grupos populares entre 1995 e 2000 gera um ciclo reativo de ações das classes patronais em um período posterior (agora mais intenso no campo). Em suma, os dados indicam que a coordenação de esforços de mobilização das classes dominantes brasileiras não é um fenômeno comum no recorte espaço-temporal analisado. Pelo contrário, os três segmentos estudados seguiram trajetórias de mobilização específicas e se envolveram em confrontos políticos distintos. A eventual coordenação de esforços desses atores em um ciclo de protestos unificado, levantada

27 como hipótese pela literatura para analisar a dinâmica das mobilizações a partir de 2013, no entanto, geraria uma confluência de habilidades que potencialmente fortaleceria essa grande coalizão: as classes dominantes brasileiras podem ter combinado a experiência da classe patronal urbana em agir pelas vias institucionais, o conhecimento da classe patronal rural na promoção de ações públicas de confronto e a habilidade dos profissionais liberais em enquadrar seus interesses como questões públicas. Uma combinação de atores e repertórios não vista nos quarenta anos de abrangência dessa pesquisa. Considerações Finais As principais contribuições deste trabalho ao campo de estudos de movimentos sociais podem ser sintetizadas em três aspectos. Em primeiro lugar, esse trabalho buscou contribuir para ampliação do conhecimento empírico dos processos de organização e mobilização das classes dominantes no Brasil em uma perspectiva de longo prazo. Tal contribuição é particularmente relevante frente à tendência das ciências sociais brasileiras concentrarem-se na investigação de objetos estabelecidos pela dinâmica conjuntural imediata, desconsiderando em grande medida o caráter histórico e processual dos fenômenos analisados. Os dados e as análises apresentados ao longo deste trabalho mostram que a explicação do intenso ativismo reacionário de segmentos das classes dominantes observado a partir de 2013 implica continuidades e rupturas em relação à trajetória de ativismo destes segmentos desde os anos Continuidade, por um lado, em termos da presença ativa destas classes como promotoras de manifestações públicas de defesa de seus interesses, confrontando governos e atores sociais oponentes àqueles interesses. Ou seja, o processo de formação e mobilização da coalizão de movimentos de caráter reacionário a partir do ciclo de protestos de 2013 se funda em estruturas de mobilização, repertórios de ação e molduras interpretativas que possuem uma longa e sólida trajetória. Ruptura, de outro lado, em termos da construção de uma coalizão nunca observada no período analisado, que tendeu a unificar de forma inédita as classes dominantes em torno de um processo de mobilização conjunto. A capacidade de romper os enquadramentos corporativos tradicionais de seus interesses reacionários, através da construção e disseminação de uma moldura interpretativa que universaliza tais interesses como a solução para problemas públicos como a corrupção e para a

28 incompetência de um inimigo comum (o "petismo") estratégia já observada ainda que de forma incipiente no caso dos profissionais liberais - parece ser uma hipótese importante para futuras investigações orientadas à explicação deste processo incomum de unificação da ação política das classes dominantes. A segunda contribuição deste trabalho refere-se à apresentação e difusão de um método, a Análise de Eventos de Protesto AEP. Apesar de possuir uma trajetória fértil e consolidada na literatura internacional, tal método ainda encontra-se pouco presente no campo de estudos de movimentos sociais no Brasil. Além de oferecer recursos metodológicos para operacionalizar a incorporação da dimensão histórica e processual salientada anteriormente, a AEP constitui um importante complemento aos estudos de casos qualitativos que tendem a predominar na literatura brasileira sobre movimentos sociais. O trabalho apresentado demonstra que o deslocamento da perspectiva de análise de casos específicos e localizados temporalmente para um processo amplo possibilita identificar e analisar elementos importantes para a compreensão da configuração dos conflitos sociais e sua evolução ao longo do tempo. Neste sentido, destaca-se a dinâmica relacional entre movimentos e contramovimentos para a compreensão do ativismo das classes dominantes ao longo do período analisado; ou seja, processos de intensificação do ativismo dos oponentes tendem a funcionar como um dos mecanismos produtores do ativismo reativo das classes dominantes e vice-versa. Além disto, os dados apresentados permitem levantar um questionamento que mereceria futuros estudos para sua investigação: frente ao relativo declínio do ativismo dos oponentes, como explicar o intenso ativismo reacionário das classes dominantes a partir de 2013? Neste caso, a dinâmica movimento/contramovimento que focaliza apenas a dinâmica do conflito extra-institucional parece não ser suficiente, sendo importante também incorporar à investigação os processos de inserção de interesses e atores oponentes nos governos e/ou nas políticas públicas como aspectos centrais para explicar a emergência do contramovimento reacionário a partir de A AEP traz outra contribuição importante ao campo de estudos de movimentos sociais ao definir como unidade de análise o evento de protesto (no nosso caso, manifestações públicas de demandas coletivas), fenômeno tradicionalmente pouco abordado pela literatura brasileira, que tende a se concentrar no estudo de atores (ativistas, organizações e redes) dos movimentos sociais.

29 De acordo com a análise realizada, esta metodologia contribui para compreender como, quando e por que os atores de organizações sociais e políticas optam pelo uso de determinados repertórios de ação e como as mudanças nestas opções ao longo do tempo conformam as características do confronto político. Mais especificamente, a AEP contribui para a identificação e análise do caráter relacional do confronto político, que tende a ser secundarizado em análises que tomam os atores isoladamente. Em terceiro lugar, o trabalho buscou contribuir com o alargamento das fronteiras analíticas do campo de estudos de movimentos sociais no Brasil, incorporando como objeto relevante os processos de organização e de mobilização das classes dominantes. Tal incorporação, de um lado, implica na ruptura com certas perspectivas que restringem o conceito de movimentos sociais e o arsenal teórico construído para analisar os "objetos" apreendidos por tal conceito aos processos de organização e de mobilização de segmentos subalternos ou dominados. O presente trabalho demonstra que as ferramentas teórico-metodológicas desenvolvidas no campo de estudos dos movimentos sociais também podem ser bastante úteis e férteis no estudo das ações coletivas das classes dominantes. De outro lado, tal incorporação demanda a construção de novas estratégias de pesquisa para estudar um ativismo que, muitas vezes, se produz através de formas não públicas e, assim, de difícil apreensão através de metodologias voltadas à análise de formas públicas de ação. Assim como salientava Scott (2000) nas suas considerações sobre as dificuldades metodológicas de estudar as formas cotidianas de resistência dos subalternos, uma das grandes dificuldades no estudo do ativismo das classes dominantes é que uma parte significativa de suas ações tem no seu desconhecimento um aspecto fundamental de sua eficácia. Neste sentido, as barreiras ao acesso às informações sobre os processos de organização e mobilização das classes dominantes tendem a ser muito significativos. Um dos limites importantes do estudo realizado é exatamente este: ao focar nas manifestações públicas de demandas coletivas, perde-se grande parte deste ativismo não público das classes dominantes, que exigem outros recursos metodológicos para sua identificação e análise. Avançar na construção de desenhos de pesquisa metodologicamente complexos, com métodos mistos, é um caminho para o enfrentamento destas limitações. Por fim, a incorporação dos processos de organização e mobilização das classes dominantes ao campo de estudos de movimentos sociais também se coloca como um objetivo politicamente relevante. Como já alertava Bourdieu (1983, p.23), "não existe

30 poder que não deva uma parte - e não a menor delas - de sua eficácia ao desconhecimento dos mecanismos que o fundam". Neste sentido, o campo de estudos de movimentos sociais oferece recursos teóricos e metodológicos que podem contribuir para que se identifiquem e analisem mecanismos que fundam a capacidade das classes dominantes brasileiras reproduzirem uma das estruturas sociais mais desiguais do mundo. E tais conhecimentos são estratégicos para aqueles/as que pretendem transformar tais estruturas. Referências Bibliográficas: ANTUNES, Ricardo. As rebeliões de junho de OSAL Observatorio Social de América Latina, Año XIV, Nº 34, p.37-49, noviembre de BIANCHI, Gioroio. Reação. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política vol.1. Brasília: Editora Universidade de Brasília, BONAZZI, Tiziano. Conservadorismo. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política vol.1. Brasília: Editora Universidade de Brasília, BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, BRAGA, Ruy. As jornadas de junho no Brasil: Crônica de um mês inesquecível. OSAL Observatorio Social de América Latina, Año XIV, Nº 34, p.51-61, noviembre de BRAGA, Ruy. Sob a sombra do precariado. IN: Cidades Rebeldes: Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, DOWBOR, Monika; SZWAKO, José. Respeitável Público... - Performance e organização dos movimentos antes dos protestos de In: Novos Estudos, 97, novembro/2013. p DOMINGUES, José Maurício. Las movilizaciones de junio de 2013: Explosión fugaz o novísima historia de Brasil?. OSAL Observatorio Social de América Latina, Año XIV, Nº 34, p.63-73, noviembre de DREIFUSS, René Armand. 1964: A Conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, DREIFUSS, René Armand. O Jogo da Direita na Nova República. Petrópolis: Vozes, EARL, Jennifer; MARTIN, Andrew; MCCARTHY John; SOULE, Sarah. The Use of Newspaper Data in the Study of Collective Action. Annual Review of Sociology, vol. 30, 2004, pp GOHN, Maria da Glória. Manifestações de junho de 2013: no Brasil e praças dos indignados no mundo. Petrópolis: Vozes, HIRSCHMAN, Albert O.. A Retórica da Intransigência: perversidade, futilidade, ameaça. São Paulo: Companhia das Letras, HOCKE, Pieter. Determing the Selection Bias in Local an National Newspaper Reports on Protest Events. Discussion Paper FS III, 1996, p Social Science Research Center Berlin, WZB. KOOPMANS, Ruud; NEIDHARDT, Friedhelm; RUCHT, Dieter (eds). Acts of dissent: New Development in the Study of Protest. Lanham: Rowman & Littlefield, 1999.

31 KOOPMANS, Ruud; RUCHT, Dieter. Protest Event Analizes. In: KLANDERMANS, Bert.; STAGGENBORG, Suzanne. (eds). Methods of Social Movements Research. Minneapolis: University of Minnesota Press, MARENCO, André. As duas caudas de Gauss: minorias, protestos e representação política. In: CATTANI, Antonio David (Org.). #protestos: análises das ciências sociais. Porto Alegre: Tomo, 2014 MEYER, David S. Protest and Political Opportunities. Annual Review of Sociology, v. 30, p , MEYER, David S.; CORRIGAL-BROWN, C. Coalitions and Political Context: U.S. Movement against Wars in Irak. Mobilization: An International Journal, v. 10, n. 3, p , MEYER, David S.; STAGGENBORG, Suzanne. Movements, Countermovements, and the Structure of Political Opportunity. American Journal of Sociology, vol. 101, n. 6, p. 1628, NEIDHARDT, Friedhelm; RUCHT, Dieter. Methodological Issues in Collecting Protest Event Data: Units of Analysis, Sources and Sampling, Coding Problems. In: KOOPMANS, Ruud; NEIDHARDT, Friedhelm; RUCHT, Dieter (eds). Acts of dissent: New Development in the Study of Protest. Lanham: Rowman & Littlefield, pp OLSAK, Susan. Analysis of Events in the Study of Collective Action. Annual Review of Sociology, vol.15, pp , ROHLINGER, Deana A. Framing the Abortion Debate: organizational resources, media strategies, and movement-countermovement dynamics. The Sociological Quarterly, Vol. 43, n. 4, 2002, p SCOTT, James C. Los Dominados y el Arte de la Resistencia. Ciudad de Mexico: Ediciones Era, 2000 SILVA, Marcelo Kunrath; ARAUJO, Gabrielle Oliveira; PEREIRA, Matheus Mazzilli. Análise de Eventos de Protesto no Estudo dos Repertórios Associativos. In: ROBERTT, Pedro; RECH, Carla M.; LISDERO, Pedro; FACHINETTO, Rochele Fellini (Org.). Metodologia em Ciências Sociais Hoje: práticas, abordagens e experiências de investigação (Vol.2). Jundiaí: Paco Editorial, pp SIMÕES, Solange. Deus, Pátria e Família: as mulheres no golpe de Petrópolis: Vozes, SINGER, André. Brasil, Junho de Classes e ideologias cruzadas. Novos Estudos, 97, p.23-40, novembro/2013. SINGER, André. Cutucando Onças com Varas Curtas: o ensaio desenvolvimentista no primeiro mandato de Dilma Rousseff ( ). Novos Estudos, 102, p.43-71, julho/2015. SWANK, Eric. In Newspapers we Trust? Assessing the credibility of news sources that cover protest campaigns. Research in Social Movements, Conflicts, and Change, v.22, p.27-52, TARROW, Sidney. O Poder em Movimento: movimentos sociais e confronto político. Petrópolis: Vozes, TEIXEIRA, Ana Claudia; TATAGIBA, Luciana; TRINDADE, Thiago. Quando a direita saiu às ruas: atores, dinâmicas e discursos nas recentes mobilizações à direita no Brasil ( ). Trabalho apresentado no II Encontro Internacional Participação, Democracia e Políticas Públicas, Campinas, 27 a 30 de Abril de 2015.

32 VAINER, Carlos. Quando a cidade vai às ruas. IN: Cidades Rebeldes: Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, VELASCO e CRUZ, Sebastião; KAYSEL, André; CODAS, Gustavo (orgs.). Direita, volver!: o retorno da direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, ZIBECHI, Raúl. Debajo y detrás de las grandes movilizaciones. In: OSAL Observatorio Social de América Latina, Año XIV, n. 34, noviembre de p Apêndices Apêndice 1 Apêndice 2

33

34 Apêndice 6 Apêndice 7

35

36 Apêndice 11 Apêndice 12

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