VI CARACTERIZAÇÃO SANITÁRIA- AMBIENTAL DO BAIRRO DA CIDADE DA ESPERANÇA - NATAL/RN
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- Vanessa Lisboa Regueira
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1 VI CARACTERIZAÇÃO SANITÁRIA- AMBIENTAL DO BAIRRO DA CIDADE DA ESPERANÇA - NATAL/RN Roberta Borges de Medeiros Falcão (1) Assistente Social pela Universidade Federal de Pernambuco -UFPE (1985). Especialista em Ciências Sociais (1994) e em Gestão Ambiental (2001) pela UFRN. Assistente Social da CAERN (1989) Marco Antônio Calazans Duarte (2) Eng. Civil e Especialista em Engª. Sanitária UFRN (1980;1991); Mestre em Engª. Civil, área de Rec. Hídricos / Engª. Sanitária UFPB (1999); Engenheiro da CAERN (1982); Professor da Área de Recursos Naturais CEFET-RN (1996). Professor convidado da UnP (1998), Disciplinas Tratamento de Águas e Ciências do Meio Ambiente. Marineida de Oliveira Araújo (3) Assistente Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; Técnica de Engenharia da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grade do Norte - CAERN. Endereço (1) : Av. Rui Barbosa, 1110 Bloco B apto 101 Lagoa Nova Natal/RN CEP: regff@digizap.com.br RESUMO O presente trabalho aborda a caracterização sanitária-ambiental do bairro de Cidade da Esperança em Natal /RN realizada no mês de desembro/1999 objetivando acompanhar o funcionamento do sistema condominial de esgotamento sanitário por parte da população e CAERN, bem como facilitar a realização de um trabalho posterior de Educação Ambiental na medida em que facilita a compreensão dos aspectos sócio-econômicos e culturais da população que concorrem para o quadro ambiental a que está submetida. Em outras palavras, as condições ambientais só poderão ser compreendidas e explicadas à partir da interligação dos diversos fatores onde o salário, o emprego, a moradia, a educação e a saúde contribuem ou para aceleração ou para a retração do processo de degradação ambiental. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa sócio-ambiental, esgotamento condominial e saneamento ambiental MATERIAL E MÉTODOS Conjunto Residencial CIDADE DA ESPERANÇA foi construído através da Fundação de Habitação Popular do Governo do Estado entre os anos 1965 e 1969, onde as casas foram construídas e entregues em 4 etapas. A iniciativa é considerada pioneira na América Latina no que se refere a produção de habitação em massa objetivando beneficiar uma população alijada das condições de acesso à moradia. (IPLANAT/GERINT, 1994). O bairro possui habitantes e aproximadamente unidades residenciais, segundo o IBGE A grande maioria dos moradores são antigos no bairro, 80% residem há mais de dez anos e 83% dos imóveis são próprios, existindo assim uma baixa rotatividade dos usuários migrando de um bairro para o outro, o que contribui fortemente para o processo de conscientização de suas responsabilidades frente ao sistema de esgoto. Referentes aos aspectos comerciais, o bairro da Cidade da Esperança possui lojas especializadas em material de construção, bicicletas, peças de automóveis e confecções, além de quatro supermercados, nove padarias, seis farmácias, e ainda outros pequenos comércios como armarinhos, lanchonetes salões de beleza, bares, cantinas e oficinas SEGUNDO O Perfil Epidemiológico do bairro da Cidade da Esperança, O número de associações de bairros e clubes de Mães é relativamente alto para a comunidade (treze entidades) sem contudo corresponder em expressividade e força política no enfrentamento das questões ABES Trabalhos Técnicos 1
2 sociais. Na sua grande maioria voltam-se para cursos profissionalizantes, com predominância para trabalhos manuais. As causas do baixo associativismo transcende a dimensão local, sendo uma conseqüência do desmonte dos direitos sociais à nível nacional, as reformas nos sistemas de proteção social que culminam no enfraquecimento das lutas populares. PESQUISA A pesquisa foi elaborada por amostragem piloto obedecendo critérios estatísticos, onde foram aplicados 30 questionários em quadras distintas escolhidas mediante sorteio, após 90 dias da implantação do esgoto. Na pesquisa buscamos dados da família, do tipo de habitação, condições sanitárias do imóvel (número de peças sanitárias interligadas ao sistema, motivo da não interligação, ocorrência de obstrução, e sua freqüência, material encontrado na desobstrução, a resolução do problema), nível de satisfação com o Sistema Condominial e consciência sanitária. RESULTADOS Apesar da implantação do Sistema Condominial de Esgoto ter sido em 100% na comunidade, é ainda baixo o percentual das peças sanitárias interligadas ao sistema. Apenas 57% das residências estão com todas as peças interligadas, 30% não foi feita nenhuma interligação e 10% ligou apenas algumas peças sanitárias, o que significa que ainda persiste o lançamento das águas servidas nas ruas. Pesquisadora Em Visita Domiciliar 2 ABES Trabalhos Técnicos
3 Referente as peças sanitárias há uma preocupação maior dos moradores em interligar o vaso sanitário (22%), em seguida da pia de lavar louça com 21%, conforme se observa na Figura 1 16% 3% 22% 19% 21% 19% VASO SANITÁRIO PIA CHUVEIRO TANQUE LAVATÓRIO OUTROS Figura 1 - Peças Sanitárias Interligadas Ao Sistema No Bairro Cidade Da Esperança, Natal/Rn Os moradores alegam problemas financeiros como fator impeditivo para interligar as peças sanitárias, porém existem aqueles (14%) que reconhecem que o problema não é falta de dinheiro e sim falta de interesse, enquanto outros 14% alegam que há ausência de condições técnicas e 7% afirmam outros motivos (Figura 2) 14% 7% 14% 65% FALTA DINHEIRO FALTA COND. TECNICAS FALTA INTERESSE OUTROS Figura 2 - Motivo A Não Interligação Do Imóvel À Rede Coletora. Dos entrevistados que estão interligados total ou parcialmente, apenas 5% tiveram algum problema com o sistema de esgoto sendo o mesmo relacionado com a obstrução no ramal em 100% dos casos, com uma freqüência de duas obstruções. Segundo os dados fornecidos pelos usuários foram eles quem resolveram o problema e não a CAERN, sendo o lixo o responsável por 100% das obstruções. No que diz respeito às questões de saúde pública 80% dos entrevistados afirmaram que mesmo antes da implantação do esgoto não ocorriam doenças freqüentes na família e dos entrevistados que afirmaram ter tido algum problema de saúde, 50% está relacionado com a verminose, 33% com problemas de pele e 17% com a hepatite (Figura 3). ABES Trabalhos Técnicos 3
4 17% 33% 50% VERMINOSE PROB. DE PELE HEPATITE Figura 3 - Freqüência De Doenças Antes Da Implantação Do Sistema De Esgoto. Todavia, apesar de elevado o percentual dos entrevistados que não possuíam problemas de saúde antes da implantação do esgoto, a opinião de 54% deles é que saúde da família melhorou, 43% alegam que a situação continua a mesma e apenas 3% confirmam uma queda na situação. 43% 3% 54% MELHOROU NA MESMA PIOROU Figura 4 -Opinião Dos Usuários Quanto A Qualidade Da Saúde Após A Implantação Do Esgoto O nível de satisfação dos entrevistados é bastante elevado: 90%estão satisfeitos contra 10% que afirmaram a insatisfação pois 34% preferiam o sistema convencional, 33% alegaram a obra mal construída e outros 33% deram outros motivos (Figuras 5 e 6) 10% 90% SATISFEITO INSATISFEITO FIGURA 5 - Nível de satisfação com o Sistema de Esgoto 4 ABES Trabalhos Técnicos
5 33% 34% 33% QUERIA CONVENCIONAL OBRA MAL CONSTRUIDA OUTROS Figura 6 - Motivo Da Insatisfação Em relaçãoà participação dos moradores nas reuniões da CAERN, 47% dos entrevistados alegam ter participado. Destes, 43% foram a pelo menos uma reunião, 36% a duas e 21% a três reuniões. O nível de conhecimento dos cuidados com o sistema condominial de esgoto é relativamente alto, pois 83% dos entrevistados alegam saber o que fazer para evitar entupimentos e quais os cuidados: 23% afirmam que devem deixar a caixa lacrada, 29% alegam a colocação de ralos na pia e 37% não colocar lixo na caixa de passagem e 11% não colocar água de chuva na caixa (Figura 7). A utilização inadequada da caixa de passagem no fundo do lote como depósito de lixo é um dos principais RESPONSÁVEIS pela obstrução do esgoto condominial onde são encontrados os mais variados objetos. 23% 11% 37% CAIXA LACRADA 29% RALOS NA PIA NÃO JOGAR LIXO NA CAIXA NÃO LIGAR ÁGUA DA CHUVA Figura 7 - Conhecimento Dos Cuidados Com O Sistema Condominial De Esgoto Um outro problema NÃO SÓ para o sistema condominial como para qualquer sistema de esgotamento do tipo separador absoluto é a ligação clandestina de águas pluviais que juntamente com a areia, aumenta sensivelmente o número de obstruções, já que o mesmo não foi projetado para tal finalidade. A educação da população como mudança de comportamento é de extrema importância na operacionalizaçào do sistema, tanto para a redução dos problemas como para a conscientização da sua importância. Se consideramos o nível de consciência sanitária e a percepção dos entrevistados sobre a importância do sistema de esgoto na rua, 34% colocam a melhoria da qualidade da saúde como a grande beneficiada, em seguida de uma maior higiene 22%, a redução dos vetores ficou com 16%, a questão estética teve 23% pois para os entrevistados o saneamento faz com que a rua fique mais bonita, e finalmente 5% privilegia a questão financeira alegando a redução de despesas com limpadoras de fossa (Figura 8). ABES Trabalhos Técnicos 5
6 28% 34% 16% 22% SAÚDE HIGIENE REDUÇÃO DE VETORES ECONOMIA Figura 8 - Importância Do Sistema De Esgoto Para A Comunidade Da Cidade Da Esperança, Natal/Rn. Abordando aspectos de melhoria do meio ambiente, a opinião de 80% dos entrevistados é que após a implantação do esgoto o número de insetos diminuiu, 14% afirmam que continua o mesmo, 3% afirmam que aumentou e outros 3% não souberam informar.(figura 9). 14% 3% 3% 80% DIMINUIU NA MESMA AUMENTOU NÃO SABE Figura 9 - Redução Do Número De Insetos Após A Conclusão Das Obras De Esgoto CONCLUSÕES Mesmo após três meses da execução da obra do esgotamento sanitário é bastante reduzido o número de peças sanitárias interligadas ao sistema, persistindo o problema ambiental, pelo menos durante o período da pesquisa, com a contaminação do lençol freático visto que apenas 21% fizeram sua ligação à caixa de passagem. Devemos considerar, entretanto, as condições financeiras da população, o que talvez justifique o baixo percentual de interligação, pois os próprios comunitários assim o declaram. O questão saúde pública não foi de todo resolvida, pois as demais peças sanitárias (na sua grande maioria) não foram interligadas, sendo lançadas à céu aberto ou diretamente na fossa. Vemos, todavia, o quanto é importante a coleta de esgoto doméstico, pois, segundo os moradores houve uma redução dos problemas de saúde na comunidade resultante da diminuição de insetos. BIBLIOGRAFIA 1. Censo Demográfico (IBGE), Caracterização dos bairros de Natal (IPLANAT/GERINT, 1994). 3. Perfil Epidemiológico do Bairro da Cidade da Esperança, ABES Trabalhos Técnicos
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