22. O PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL COMO REPRESENTAÇÃO DO CRITÉRIO DE JUSTO NAS RELAÇÕES PROCESSUAIS BRASILEIRAS
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1 22. O PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL COMO REPRESENTAÇÃO DO CRITÉRIO DE JUSTO NAS RELAÇÕES PROCESSUAIS BRASILEIRAS THE PRINCIPLE OF DUE PROCESS OF LAW AS REPRESENTATION OF THE CRITERIA OF FAIRNESS IN BRAZILIAN PROCEDURAL RELATIONS Autor: Bruno Rodriguez Caldas - Orientador: Prof. Dr. Nelson Néry Junior Campus Franca Faculdade de História, Direito e Serviço Social - Bolsista da Fapesp bru_caldas@hotmail.com Caderno de Pesquisa, Franca, SP, Brasil - eissn está licenciada sob Licença Creative Commons Palavras-chave: normas. política. devido processo legal. Keywords: norms. policy. due process of law. 1 INTRODUÇÃO O direito, como é sabido, é uma estrutura da sociedade cuja função é estabilizar as expectaticas de comportamento, objetivando-se, com isso, a pacificação social. Esta estabilização, com efeito, é feita por meio de normas, cuja função é, justamente, estabelecer a conduta a ser adotada pelos indivíduos ante a situações específicas e determinadas. Ocorre que, para essas normas serem legítimas, elas devem impor condutas que sejam compatíveis com os valores da sociedade que regulamenta. A sociedade moderna, no entanto, é marcada pela sua complexidade, que culmina na fragmentação da sociedade em inúmeros grupos que possuem valores e interesses distintos. Sendo assim, as condutas normatizadas não conseguem se fundamentar nos valores de toda a coletividade, posto que esta detém uma pluralidade de grupos com valores diferentes para a mesma situação. Dessa maneira, o momento de produção normativa passa a ser caracterizado por um enorme embate político a fim de se delimitar qual será o valor tutelado pela norma em elaboração. Esse aspecto político, ademais, avulta-se quando a norma encontra-se encartada no texto constitucional, posto que
2 se trata da Lei Fundamental daquela sociedade, responsável por fundar uma ordem jurídica, estruturando poderes e delimitando direitos e garantias fundamentais. Um dos direitos e garantias fundamentais tutelado na ordem constitucional brasileira, com efeito, é o devido processo legal. Trata-se de uma norma que, pela importância bujante, apresenta como desdobramento inúmeros outros princípios. Partindo deste raciocínio, então, o presente trabalho tenciona demonstrar que o princípio do devido processo legal é, na verdade, fruto de uma decisão política que, embasada nos valores que norteiam a nossa sociedade, incluindo a democracia, escolheu o referido princípio, como a representação do critério de justo nas relações processuais brasileiras. 2 OBJETIVOS Verificar a forma como se realiza o processo de normatização nas sociedades complexas contemporâneas; Evidenciar o caráter político inerente a toda norma jurídica. Característica esta, cabe destacar, que se avulta ainda mais nas normas constitucionais; Expor sobre o princípio do devido processo legal, explorando suas características no que concerne aos seus dois âmbitos, quais sejam, material (substantive due process) e processual (procedural due process); Concluir que o princípio constitucional em análise é o mais importante do processo brasileiro, simbolizando o critério de justo de nossa sociedade em todas as relações processuais. 3 DISCUSSÕES O presente trabalho discute a importância do princípio do devido processo legal nas relações processuais brasileiras. Para o autor, trata-se de um princípio chave de nosso ordenamento. A fim de comprovar tamanha importância, o trabalho parte da análise na importância das normas para o Direito. Ora, o princípio é uma norma jurídica que assim como o Direito objetiva regular a vida social, positivando as condutas a serem adotadas pelos cidadãos ante a uma determinada situação concreta. Essas condutas positivadas, salienta-se, devem ser compatíveis com os valores da sociedade que rege. Ocorre que a sociedade moderna é complexa, isto é, composta por inúmeros grupos com valores e interesses distintos. Diante disso, como escolher o conteúdo das normas? O processo de normatização, então, consiste na primeira discussão realizada no trabalho em exposição.
3 Ato seguinte, discute-se o caráter político inerente a todas as normas jurídicas. Essa vertente das normas, cabe ressaltar, é indubitável, haja vista que a imposição de condutas por meio de normas é um ato de poder e todo ato de poder é político. Esse caráter, ademais, adquire relevo ainda mais significativo no caso das normas constitucionais, haja vista que estas são responsáveis pela própria estruturação do Estado. A segunda discussão realizada, então, tem o fulcro de comprovar o caráter político de toda a norma jurídica, mormente das constituições, como a brasileira, que se caracterizam por ser dirigentes. Realizadas essas discussões gerais sobre as normas jurídicas, o trabalho passará a discutir, especificamente uma norma, qual seja, o princípio do devido processo legal. Tal análise, destaca-se, partirá de uma breve exposição histórica e, posteriormente, debaterá seu aspecto material (substantive due process) e processual (procedural due process). O aspecto processual, por ser mais relevante para a pesquisa em questão, será debatido com mais vagar. Por fim, expostas as principais características do princípio em debate, o trabalho tenciona amarrar todas as discussões passadas e comprovar que toda norma oriunda de uma decisão política. Essa decisão, por sua vez, fundamenta-se por um valor, isto é, a adoção de um critério de justiça frente a uma dada situação. O caráter político, ademais, torna-se ainda mais evidente quando a norma encontra-se encartada em uma Constituição do tipo dirigente, como é a nossa, já que nesta situação a norma não estabelece apenas um critério de justo, mas sim uma diretriz política. Em outras palavras, as normas, neste tipo de Constituição, não revelam apenas um valor, mas também um compromisso, um modelo de Estado que se busca alcançar, ou seja, revelam o plano de concretização dos valores fundamentais e sociais daquela determinada sociedade. Ocorre que as relações processuais, na verdade, decorrem de um único princípio, qual seja, o devido processo legal. Sendo assim, esse princípio, que se divide em vários outros única e exclusivamente com o condão de garantir a sua máxima eficácia e aplicação, na verdade, personaliza, sozinho, os valores e anseios de nossa sociedade no que tange as relações processuais. 5 CONCLUSÕES O Direito é uma estrutura da sociedade que tem por fim a pacificação social. Para tanto, estabiliza, por meio de normas, as expectativas de comportamento, haja vista que o ser humano se sente mais seguro em viver em sociedade quando possui um prévio conhecimento da atitude a ser tomada pelo indíviduo que com ele convive frente a uma dada situação concreta. Ocorre que estas citadas normas, para serem legítimas, devem prever condutas que se coadunem com os valores da sociedade que regulamenta. Em outras palavras, a pacificação social somente é alcançada quando um
4 indíviduo tem segurança ao prever, e concordar, com a conduta a ser adotada pelo outro em determinada situação concreta. O problema, no entanto, acontece quando a sociedade a ser regulada por normas apresenta um elevado grau de complexidade, ou seja, uma grande pluralidade de valores. A sociedade plural, típica da modernidade, todavia, não consegue construir normas que reflitam os ideais de toda a comunidade. Sendo assim, deve-se priorizar alguns valores em detrimento de outros. Esta escolha, com efeito, revela um caráter político do legislador. Esse viés político, inerente a todas as normas, ademais, adquire maior relevo quando o assunto é a Constituição, posto que a Lei Suprema estrutura o Estado, constitui Poderes, delimita a esfera de atuação dos mesmos e tutela os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Um destes direitos, encartado majoritariamente no art. 5º da Carta Magna brasileira, é o devido processo legal. Este princípio, que carrega a responsabilidade de tutelar tudo o que for referente ao trinômio vida-liberdade-propriedade é analisado pela melhor doutrina sob dois aspectos. O primeiro, material (substantive due process) refere-se à atuação do princípio na esfera do direito material e possui incidência em todos os campos do Direito. Já o segundo aspecto, processual (procedural due process), refere-se à tutela de todo o direito material por meio do processo judicial ou administrativo. Este segundo aspecto, cabe ressaltar é o responsável por estruturar todo o sistema processual brasileiro. Tamanha a sua importância que o legislador constituinte, visando facilitar a sua aplicação e garantir a sua amplitude, o desdobrou em diversos outros princípios fundamentais de processo. Esta divisão, contudo, só possui o condão de garantir que o princípio seja aplicado em sua integralidade, pois, na verdade, trata-se de um único princípio, responsável por reger todas as relações processuais brasileiras. Tendo em vista tudo o que foi afirmado e explicado, pode-se concluir que o due process of law é fruto de uma decisão política que, embasada nos valores que norteiam a nossa sociedade, incluindo a democracia, escolheu o referido princípio, tema do presente trabalho, como a representação do critério de justo nas relações processuais brasileiras. REFERÊNCIAS BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3.ed. São Paulo: Malheiros, CANOTILHO, J.J. Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador: contributo para a compreensão das normas constitucionais programáticas. Coimbra: Limitada, Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7.ed. Coimbra: Almedina, FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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